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Arquitetura

Krak Des Chevaliers dos cavaleiros hospitalários

Patrimônio mundial, o imponente Krak representa o que de melhor foi criado na era dos castelos, desdobrando-se como um dos mais belos e bem protegidos.


O Krak des Chevaliers
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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 5 minutos
O Krak des Chevaliers (Castelo dos Cavaleiros)
O Krak des Chevaliers (Castelo dos Cavaleiros) – ou Qalajat Al-Husn para os muçulmanos. Localizado na Síria, o governo costuma mantê-lo aberto ao turismo, mas se encontra temporariamente fechado por causa da atual guerra civil que abala o país e, infelizmente, tem causado grandes estragos ao secular Krak des Chevaliers. Créditos: autoria desconhecida.

Tombado como Patrimônio Mundial pela UNESCO, o imponente castelo medieval representa o que de melhor foi criado na era dos castelos, desdobrando-se como um dos mais belos e bem protegidos. Durante as Cruzadas, sediou a Ordem religiosa dos Hospitalários e se tornou símbolo de resistência cristã na Terra Santa.

Sua construção parece ter sido um projeto sem-fim. Os Hospitalários receberam uma primitiva construção em 1141 e teriam feito ao menos duas grandes obras que só findaram em meados do século XIII. Na década de 1930, abandonado e quase em ruínas, passou por grande reforma para lhe trazer de volta sua antiga glória. Em 2008 foi tombado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

A surpreendente construção foi um formidável centro de defesa e controle regional para os cruzados. Construído no alto de um monte no sul da atual Síria, serviu aos propósitos das Cruzadas nos séculos XII e XIII. Estrategicamente posicionado no flanco do antigo Reino Jerusalém, foi um dos grandes responsáveis pela sustentação cristã na “Terra Santa”.

krak des chevaliers
Impressiona a determinação dos crusados para construir tamanha estrutura. Créditos: Ivan Vdovin, 1º de fevereiro de 2006. ©Ivan Vdovin/JAI/Corbis, ID 42-17348582.

Estima-se que na época em que serviu aos Hospitalários, o Castelo já possuía medições de 140 metros x 210 metros. Facilmente defensável, detém um elaborado conjunto duplo de defesas e, quando necessário, a fortificação podia guarnecer pouco mais de 2 mil soldados. Seus armazéns detinham grande capacidade para estocagem de suprimentos. Avalia-se que, quando completamente abastecidos, poderiam suprir as necessidades básicas da guarnição por alguns anos.

A fortificação resistiu a diversas tentativas de tomada por mais de 100 anos (teria repelido ao menos 12 incríveis tentativas). A poderosa construção finalmente caiu em 8 de abril de 1271, depois de resistir a um cerco de aproximadamente seis semanas empreendido pelo sultão do Egito, Baibars.

A tomada do Krak des Chevaliers ainda hoje suscita discussões. As tropas do sultão quando finalmente teriam conseguido “derrubar” uma das torres, depararam-se com algo ainda mais extraordinário, a segunda linha de muros a torre de menagem (típica construção central do castelo europeu). Isto é, um segundo complexo de muros ainda mais difíceis de serem tomados e que deixaria os invasores bem mais expostos.

muralha do krak des chevaliers
A imponência da muralha se sobrepõe de maneira extraordinária aos homens. Reparem nos tamanhos e tentem reproduzir como teriam sido as cenas de combate… Incrível não?
Créditos: autoria desconhecida.

Recuando suas forças e profundamente desanimado com a possibilidade de um assédio (cerco) mais prolongado, o sultão teria criado um documento fictício na qual um dos líderes da Ordem dos Hospitalários estaria dando ordem de rendição, pois não havia como prestar auxílio algum aos defensores.

A ordem foi acatada e os bravos defensores do Krak teriam recebido salvo-conduto para casa. Há referências que apontam discussões que, na verdade, os Hospitalários sabiam que a ordem de entrega do castelo era falsa, mas, querendo camuflar sua desonra diante da derrota iminente, acataram-na fingindo desconhecer o fato.

Os Hospitalários seguiam duros preceitos de conduta e, como as demais ordens religiosas, suas regras incluíam uma rígida disciplina militar, com penas pesadas para quem evitasse o inimigo, deixasse um estandarte baixar ou cair (…). Essas regras eram vistas como um meio de ganhar a salvação e, ao mesmo tempo, manter a honra e o prestígio da cavalaria. (JESTICE, 2012, p. 89-90)

A única coisa que parece ser certa, é que a guarnição do castelo estava reduzida (fim iminente das Cruzadas). Sobre o conhecimento ou não da veracidade documental por parte dos Hospitalários, apenas se sabe que há discussões acaloradas.

visão privilegiada da fortaleza dos cavaleiros hospitalários
Com tamanha visão, nenhum exército inimigo poderia se esconder dos olhos do poderoso Krak. Créditos: autoria desconhecida.
fortaleza dos cavaleiros hospitalários
Maravilha arquitetônica: o Krak des Chevaliers é a mais impressionante construção militar do Oriente próximo. Créditos: Daniel Riffet, 2 de outubro de 2010. © Daniel Riffet / Photononstop / Corbis, ID 42-57857355.
Etapas da escadaria do krak des chevaliers
Etapas da escadaria de pedra extremamente bem preservadas.
Créditos: Christine Osborne. © Christine Osborne/Corbis, ID: OS001430.
aqueduto do krak des chevaliers
Aqueduto para abastecer o Krak com água.
Créditos: autoria desconhecida.
REFERÊNCIAS:
COLE, Emily. História ilustrada da arquitetura: Um estudo das edificações, desde o Egito até o século XIX, passando por estilos, características e traços artísticos de cada período. trad. Livia Chede Almendary. São Paulo: Publifolha, 2011.
DUNN Jr. Jerry Camarillo. Krac des Chevaliers. Acesso em 3 jul. 2014.
FERNANDES, Fátima Regina. Cruzadas na Idade Média. In. MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. 5 ed. São Paulo: Contexto, p. 99-130. 2011.
JESTICE, Phyllis G. História das Guerras e Batalhas Medievais. O Desenvolvimento de Técnicas, Armas, Exército e Invenções de Guerra na Idade Média. trad. Milton Mira de Assumpção Filho. São Paulo: M. Books, 2012.
UNESCO. Crac des Chevaliers e Qal’at Salah El-Din.  Acesso em 3 jul. 2014.
VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002.
WATERSON, James. Espadas Sacras: Jihad na Terra Santa, 1097-1291. trad. Giancarlos Soares Ferreira. São Paulo: Madras, 2012.
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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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