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Idade Moderna

O Grande Incêndio de Londres, 1666

O maior incêndio já ocorrido em Londres, quando por três dias a capital inglesa ardeu em chamas, o que afetou diretamente a vida de um terço da população.


grande incêndio de londres
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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 4 minutos
pintura ilustrando destruição londrina pelo fogo do grande incêndio de londres
O Grande Incêndio de Londres, 1666. Créditos: autoria desconhecida.

Em 1666, o padeiro do rei Charles II se esqueceu de apagar adequadamente o forno e, indiretamente, tocou fogo em Londres! Foi a maior tragédia já ocorrida na capital inglesa, quando afetou a vida de aproximadamente 100 mil pessoas. Londres ardeu por três dias. Após a contenção das chamas, o “quem botou fogo em Londres!?” tomou conta das ruas e um inocente acabou enforcado como culpado.

Na época do desastre, a capital da Inglaterra parecia reunir todos os requisitos para um grande incêndio, bastava-lhe a faísca. As ruas eram estreitas e as casas de madeira. A cidade passava por longos dias quentes, fortes ventos sopravam do leste e a técnica anti-incêndio consistia em derrubar casas antes que o fogo o fizesse.

A tragédia já havia sido anunciada muitos anos antes e incêndios eram até comuns — apesar de nenhum ter sido tão abrasador quanto ao daquele fatídico setembro.

1. O Grande Incêndio de Londres

Na noite de 1º de setembro de 1666, a faísca que desencadearia o Grande Incêndio de Londres havia sido gerada pelo padeiro do rei Charles II em Pudding Lane, Thomas Farynor. Ao que parece, Farynor não teria apagado o forno da sua casa corretamente. Na madrugada do dia 2, um ajudante do padeiro acordou com o calor e a fumaça — tiveram apenas tempo de escapar pelo telhado. Família e funcionários escaparam, exceto por uma empregada doméstica que teria ficado paralisada diante do fogaréu.

pintura ilustrando destruição londrina pelo fogo do grande incêndio de londres
O Grande Incêndio de Londres. Créditos: autoria desconhecida.

As chamas rapidamente se propagaram sobre as casas vizinhas. No dia seguinte, dia 3, a mobilização da população cresceu tanto quanto o fogo. O incêndio estava no auge e à tarde a fumaça já podia ser vista de Oxford. Milícias de cidades vizinhas foram convocadas em socorro e londrinos começaram a fugir para os espaços abertos de Moorfields e Finsbury Hill.

Para barrar o avanço do fogo, a ordem para destruição de casas (técnica da época) foi finalmente ordenada, pois o fogo teria sido subestimado no início. Com a ordem chegando tardiamente às milícias, dezenas casas começaram a ser derrubadas. Sem casas e afins em seu caminho, criam-se espaços vagos onde o fogo não teria o que consumir e, consequentemente, não conseguiria mais se alastrar.

Algumas tentativas para barrar o avanço das chamas falharam — os fortes ventos pareciam fazer com que as chamas “pulassem” os espaços sem material inflamável e chegassem a mais casas. O grande incêndio teria sido finalmente contido no antigo Templo dos Cavaleiros Templários — após três dias de destruição indiscriminada.

2. Pós-incêndio

O número de mortos não encontra conclusão — a maioria das pessoas, sobretudo pobres, não possuía registro civil. Estima-se que o número de afetados pelas chamas se aproxime de 100 mil (um terço da população de Londres na época). O fogo teria consumido 13.200 casas, 84 igrejas, a Catedral de St. Paul (reconstruída anos depois), prédios públicos etc. Acredita-se que os prejuízos girem na ordem dos 10 milhões de libras.

Com as chamas contidas, muitos perguntavam: “quem botou fogo em Londres!?“. Havia rumores de que os franceses, assim como os holandeses, tinham sido os responsáveis. O rei Charles II, entretanto, negou a conspiração estrangeira.

No final de setembro, um relojeiro francês — Roberto Hubert — afirmou ter iniciado o incêndio na padaria com outros 23 conspiradores. Pelas grandes falhas da sua confissão, pareceu evidente que Hubert não poderia tê-lo feito. Muitos diziam que ele era um velho francês desequilibrado.

Após o julgamento de Hubert, o Conde de Clarendon teria dito: “nem os juízes, nem qualquer presente no julgamento acreditava que ele fosse o culpado, mas ele era um pobre coitado distraído, cansado de sua vida e o escolheram.” Robert Hubert terminou enforcado. No júri que o condenou, havia três membros da família Farynor.

Hoje em dia se acredita que o padeiro do rei, Thomas Farynor, tenha sido negligente e, assim, o verdadeiro responsável pelo incêndio ao se esquecer de apagar corretamente o forno da sua padaria. Contudo, sabe-se que Farynor, como muitos outros já tinham feito, apenas deu início à tragédia, pois Londres há muito sinalizava sobre o perigo de incêndio.

Após todo o caos provocado pelo incêndio e a decorrente agitação popular que tomou conta das ruas para se saber quem havia posto fogo na cidade, a situação política do rei Charles II não era das melhores: guerras no exterior e reformas internas já lhe causavam instabilidade política. Agora, com o imenso incêndio da própria capital, ares de conspiração pairavam e se escutava o que não se dizia.

Temendo rebeliões, Charles II rapidamente ordenou a reconstrução de Londres que, embora não tenha sido modernizada como muitos assim desejavam, foi feita com tijolos, pedras e ruas mais largas. Na década de 1670 foi erguido O Monumento em memória ao Grande Incêndio de Londres.

fotografia de O Monumento, Sir Christopher Wren, em memória ao Grande Incêndio de Londres.
“O Monumento”, construção projetada por Sir Christopher Wren em memória ao Grande Incêndio de Londres. Construído na década de 1670, detém estilo romano e impõe 61,5 metros de altura cravados onde o insaciável incêndio teria flamejado suas primeiras centelhas. Fotografia: autor desconhecido.
REFERÊNCIAS:
ALTMAN, Max. 1666 – Grande Incêndio de Londres deixa mais de 100 mil desabrigados. Acesso em: 11 jul. 2013.
BARROS, Jussara. Incêndio em Londres. Acesso em: 11 jul. 2013.
Revista Aventuras na História. O Grande Incêndio de Londres. Revista Aventuras na História. São Paulo: Abril, n. 98, p.12, set. 2011.
ROBINSON, Bruce. London’s Burning: The Great Fire. Acesso em: 11 jul. 2013.
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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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