Armas Históricas Brulote, o mar sob chamas e explosões Carregado e armado para impor pesadas perdas ao destinatário, o brulote — navio em chamas — vem espalhando terror e destroços nos mares desde a Antiguidade. Armas Históricas • Guerras • Idade Antiga • Idade Contemporânea • Idade Média • Idade Moderna • Períodos Autor: Eudes Bezerra Matéria criada em 25 outubro 2013 Atualizada em 7 junho 2017 3 minutos Batalha de Chesma (1770): O autor tentou recriar o exato momento em que um brulote explosivo da Rússia abalroou um grande navio turco otomano de 100 canhões. O bem-sucedido ataque russo fez com que as chamas fossem propagadas às demais embarcações da frota turca, gerando a derrota desta. Pintura de Sergey Panin, Séc. XVIII. O fogo é um elemento vital para o homem e tem sido empregado de modo diversificado há bastante tempo. Na guerra, inclusive naval, não foi diferente: sempre representou um eficiente método de destruição. Enquanto embarcações de madeira dominavam Oceanos e Mares, uma peculiar arma impôs o terror sobre as águas: o brulote — o navio em chamas. Desde a Antiguidade, navios repletos de materiais inflamáveis eram incendiados e lançados contra alvos determinados constituindo uma espécie de arma suicida. Ao se chocar com outros barcos ou construções, seus efeitos costumavam ser amplos e devastadores. Ainda que extremamente perigosos, os brulotes foram diversas vezes utilizados em batalhas navais, sendo considerado muitas vezes um armamento determinante para a sorte destas. Durante a Idade Moderna (1453-1789), com o amplo emprego da pólvora, foram adaptados para explodir em decorrência de fortes abalroadas ou, raramente, de flechas em chamas ou armas de fogo. 1. Todo cuidado é pouco Em contrapartida, tal espécie de navio possuía elevado custo e grande dependência do vento por não possuir timoneiro (condutor) em seus momentos finais. Para o brulote ser utilizado com eficiência, a corrente de ar tinha de estar adequada (favorável à incursão e forte o suficiente para impetrar velocidade), ao ponto que só poderia ser incendiado quando relativamente próximo ao alvo, para maior garantia da manutenção do curso. Além de se atingir o objetivo, as técnicas utilizadas para o lançamento visavam evitar um indesejável acidente, caso retornasse ao seu lançador. Ainda, o navio era um instrumento de manipulação delicada (principalmente quando armados com explosivos): poderiam explodir acidentalmente se as regras de segurança não fossem seguidas à risca. 2. A aposentadoria O brulote militar caiu em desuso em meados do século XIX, quando as consequências da revolução industrial começaram a se fazer sentir na indústria naval. Basicamente, três motivos ensejaram sua aposentadoria: primeiro, o surgimento de modernas embarcações compostas ou revestidas por metal; segundo, na terra ou no mar, a artilharia foi significativamente aperfeiçoada e garantiu a eliminação da ameaça à distância segura; e terceiro, os navios velozes e as técnicas de navegação possibilitaram a esquiva da fúria cega em chamas. 3. TRÊS OPERAÇÕES HISTÓRICAS COM BRULOTES 3.1 O Cerco de Tiro (332 a.c.) — Alexandre, o Grande, sofre com um imenso brulote Durante o sítio à cidade costeira de Tiro, no Mediterrâneo, Alexandre viu seus engenhos arderem em chamas quando um enorme brulote solto pela esquadra de Tiro os atingiu. Os recém-construídos equipamentos do assédio – torres de assalto, catapultas, etc. — foram destruídos quando o brulote acertou pontualmente o aterro em que os engenhos de Alexandre se encontravam. 3.2 A Guerra Anglo-Espanhola (1588) — A marinha britânica ganha tempo contra a Invencível Armada Espanhola Em 28 de julho de 1588, os britânicos, diante do iminente e poderoso ataque espanhol, enviaram antecipadamente oito grandes brulotes a favor do vento em direção à Invencível Armada, que se encontrava ancorada diante dos Calais, na França. Temerosos e enérgicos, dezenas de capitães da coroa espanhola cortaram suas âncoras e se dispersaram, fornecendo precioso tempo para que os ingleses se organizassem. 3.3 A destruição da simbólica Nau Capitânia do Rei Sol, de Luís XIV (1692) A embarcação Soleil Royal (“Rei Sol”) homenageava o monarca francês, Luís XIV, o “Rei Sol”, e as suas decorações barrocas eram tidas como as mais belas e elaboradas de todas as capitânias já feitas pelos franceses. Construída para demonstrar o poder do monarca absolutista, foi considerada uma obra de arte. Possuía 104 canhões e que serviu como capitânia da marinha francesa de 1688 a 1692, quando foi destruída por brulotes em uma ação conjunta de ingleses e holandeses. REFERÊNCIAS: ESTILICÃO, Flávio. Os navios de incêndio na Idade Moderna: Horror incendiário à tona. Acesso em: 23 out. 2013. GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do Tempo. trad. Roger dos Santos. São Paulo: M. Books, 2005. NEWARK, Tim. História Ilustrada da Guerra: Um estudo da evolução das armas e das táticas adotadas em conflitos, da Antiguidade à Guerra de Secessão dos Estados Unidos, no século XIX. trad. Carlos Matos. São Paulo: Publifolha, 2011. Eudes Bezerra37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja. Tags usadas: 1 response to “Brulote, o mar sob chamas e explosões” Olá, Eudes Bezerra, tudo bem? gostaria de saber onde posso encontrar para comprar as referências bibliográficas acima acerca dos brulotes — navios incendiários — Responder Deixe um comentário Cancelar respostaO seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *Comentário * Nome E-mail Veja tambémCaporegime: Entre o Don e o gatilhoBombardeio com as mãos na Grande GuerraEstandarte do Espírito MongolSelo da câmara de Tutancâmon
Olá, Eudes Bezerra, tudo bem? gostaria de saber onde posso encontrar para comprar as referências bibliográficas acima acerca dos brulotes — navios incendiários — Responder