Esportes Pão, circo e sangue ao povo: gladiadores sangram Nas arenas espalhadas por todos os redutos do Império Romano, gladiadores, feras e até imperadores suscitaram o macabro clamor no "circo dos horrores". Esportes • Idade Antiga • Períodos Autor: Eudes Bezerra Matéria criada em 12 setembro 2013 Atualizada em 16 março 2019 5 minutos Pintura Pollice Verso (1872), do francês Jean-Leon Gerôme. A imagem retrata momento crucial em que a vida seria ou não preservada (pollice verso: “polegar virado”). Obra de arte constante no Phoenix Art Museum, Arizona, EUA. Nas arenas espalhadas por todos os redutos do Império, as disputas costumavam ensejar a morte. O sangue jorrava e a multidão se encantava nos circos de Roma. Gladiadores, animais e até imperadores suscitaram o macabro clamor no “circo dos horrores” do mais influente império da História. Vista sua couraça e faça parte do batalhão! SUMÁRIO 1 Contexto Histórico 2 Gladiadores, gladiadoras e bestas na arena ⠀⠀2.1 Espécies de gladiadores ⠀⠀2.2 Mulheres na arena ⠀⠀2.3 Feras também lutavam 3 Podem se matar, mas, por gentileza, sigam as regras 4 O famoso dedo 5 Rudis, a liberdade 6 Gladiadores x Legionários romanos Referências ⠀ 1 CONTEXTO HISTÓRICO Diferente do imaginado, os embates nas arenas de Roma possuíam regras, árbitros e até lutadores ilustres. Utilizando diversos tipos de arma, inclusive os referentes às Legiões Romanas, os combates se sucederam por séculos. Dependendo da época, escravos, prisioneiros, criminosos condenados, voluntários e até imperadores lutaram o jogo mortal. Na mais gloriosa e sangrenta das arenas, o Coliseu, dois dos imperadores tidos como loucos (Calígula e Cômodus) tiveram seu(s) dia(s) de gladiadores. Outros sete imperadores — sem problemas mentais — também teriam lutado no Coliseu, incluindo Tito e Adriano que tanto teriam treinado como gladiadores e lutado como tais. Qual classe venceria: gladiador x legionário romano? Veja ao final dessa matéria! ⠀ 2 GLADIADORES, GLADIADORES E BESTAS NA ARENA Apesar da aversão generalizada à prática na atualidade, era algo absolutamente comum na época. Fazia parte dos “requisitos” para sobrevivência — povos costumeiramente se lançavam em campanhas expansionistas para evitar a dominação estrangeira. “É preciso compreender esse contexto militar em que as virtudes do guerreiro eram exaltadas, para se entender a paixão dos romanos pelos combates de gladiadores e as caçadas que ocorreram nas arenas durante séculos. Esses espetáculos públicos ajudariam a ensinar e a reforçar uma concepção de bravura e a coragem diante da morte, aspecto essencial no cotidiano daquele que vai para guerra.” ⠀ 2.1 Espécies de gladiadores Os gladiadores atendiam a diversas categorias, como Trácios, Secutores, Murmillos, Retiários, Hoplomacos, Dimachaeris e Bestiariis. As referências consultadas mostram claramente os quatro primeiros, os últimos dois mais outros “espécimes” de gladiadores geram alguma confusão. Gladiadores montados — Andabatis e Equites — e mulheres também tinham seu espaço nas arenas da morte. ⠀ 2.2 Mulheres na arena Os duelos femininos, ao que parece, despertavam grande interesse público. Pareciam ser ocasiões especiais onde, “para ‘animar a torcida’, as gladiadoras não usavam capacetes e lutavam com pelo menos um seio aparecendo.” ⠀ 2.3 Feras também lutavam Além de homens e mulheres, feras atuavam no espetáculo do Pão e Circo — dentre os quais, leões, tigres e leopardos, talvez, rinocerontes. “Durante as apresentações e os espetáculos sangrentos nos coliseus romanos, as feras eram soltas dentro da arena para executar os cristãos e os prisioneiros de guerra dos romanos. Todos os dias’ havia espetáculo e em cada um deles era executado um grupo de prisioneiros derrotados nas várias guerras romanas”. (GORZONI, 2010, p. 122) Gladiadores em ação. Créditos: autoria desconhecida. ⠀ 3 PODEM SE MATAR, MAS, POR GENTILEZA, SIGAM AS REGRAS As lutas tinham árbitros para organizá-las e o destino dos vencidos era decidido pelo patrocinador (imperador, senador, abastado, etc.) do evento, mas costumava-se escutar a voz que retumbava das arquibancadas. Seria o juiz, depois de ouvir o patrocinador e o público, que indicaria o veredicto final — morte ou piedade ao(s) gladiador(es) vencido(s). ⠀ 4 O FAMOSO DEDO A questão do famoso dedo (para cima: piedade; para baixo: morte) que decidiria as lutas parece ser a parte mais contraditória das lutas. Talvez, o punho se mantivesse fechado e significasse piedade, enquanto que o dedo estivesse para alto e descesse significasse o movimento da arma sobre o vencido, isto é, a sentença de morte. “Se um gladiador estivesse diante da morte, esperava-se que ele aceitasse seu fim sem choradeira. Após o golpe fatal, seu corpo era removido por um homem vestido como Caronte (o barqueiro mitológico que conduzia as almas para o inferno), que saía do Coliseu pela Porta Libitinensis (Libitina era a deusa da morte).” (ONÇA, 2005, p. 11, grifo nosso) Gladiador com traje especial lutando contra leão. Créditos: autoria desconhecida. ⠀ 5 RUDIS, A LIBERDADE Bons gladiadores costumavam ser bajulados por muitos, os melhores podiam se tornar homens livres e gerar fortuna. “A glória ficava por conta da adoração que os romanos tinham pelos gladiadores. Os mais famosos faturavam prêmios, eram idolatrados pelas mulheres e eventualmente ainda ganhavam uma espada de madeira (chamada rudis) no fim da carreira. Ela simbolizava a liberdade.” (ONÇA, 2005, p. 10) ⠀ 6 GLADIADOR X LEGIONÁRIO ROMANO Em um combate coletivo, provavelmente o legionário venceria (e com facilidade)… Diferentemente do gladiador que era focado em combates individuais ou em pequena escala, o legionário romano agia coletivamente, sendo justamente essa força coletiva o repositório tantos sucessos alcançados para a glória e expansão de Roma. A legião romana era extremamente disciplinada e manobrável para que realizasse movimentos complexos em campo de batalha com velocidade e precisão. Por sua destreza e técnica é referida por muitos especialistas como a melhor expressão de unidade militar da Antiguidade. Contudo, a vitória entre gladiadores e legionários, seja individual seja coletivo, dependeria ainda de muitos outros fatores, não se podendo afirmar com convicção qual lado sairia vitorioso. Um fator importantíssimo e determinante para a glória ou desgraça seria, por exemplo, o senso tático de quem estivesse no comando, visto que bons comandantes costumam operar milagres em campo de batalha, enquanto que os ruins são derrotados pelos bons. Mas, em termos técnicos, sim, o legionário romano levaria a melhor em um confronto coletivo contra a figura do gladiador. ⠀ REFERÊNCIAS: CABRAL, Danilo Cezar. Quais eram os principais tipos de gladiador?. Acesso em: 28 jun. 2013. GILL, N.S.. Roman Gladiators. Acesso em: 28 jun. 2013. GILL, N. S.. How Did Gladiator Fights End. Acesso em: 28 jun. 2013. GORZONI, Priscila. Animais nas Guerras: A força do exército de bichos nas grandes batalhas da História. São Paulo: Matrix, 2010. MAGNOLI, Demétrio (org); MONDAINI, Marco. História das Guerras. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2011. NEWARK, Tim. História Ilustrada da Guerra. trad. Carlos Matos. São Paulo: Publifolha, 2011. ONÇA, Fábio. Os gladiadores romanos. Revista Aventuras na História. São Paulo: Abril, n. 26, p. 10-11, out. 2005. VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002. IMAGEM(NS): Buscou-se informações para creditar a(s) imagem(ns), contudo, nada foi encontrado. Caso saiba, por gentileza, entrar em contato: contato@incrivelhistoria.com.br Eudes Bezerra37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja. Tags usadas: antiguidade Deixe um comentário Cancelar respostaO seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *Comentário * Nome E-mail Veja tambémCaporegime: Entre o Don e o gatilhoEstandarte do Espírito MongolSelo da câmara de TutancâmonO Príncipe Negro vence em Poitiers