Batalhas Históricas Batalha de Zama, 202 a.C.: o fim da Segunda Guerra Púnica Nas planícies de Zama, os maiores comandantes da época, Aníbal Barca e Cipião, o Africano, enfrentaram-se em um sangrento e definitivo embate de gigantes. Batalhas Históricas • Guerras • Idade Antiga • Períodos Autor: Eudes Bezerra Matéria criada em 16 maio 2014 Atualizada em 9 março 2022 4 minutos A Batalha de Zama, 202 a.c., de Giulio Romano (1492-1546). Óleo sobre tela. Museu Pushkin, Moscou, Rússia. The Bridgeman Art Library International. Na histórica Batalha de Zama, os maiores comandantes da época se enfrentaram em um sangrento embate de gigantes, que selou a segunda leva de guerras romano-cartaginesas e foi a primeira grande vitória romana diante de Aníbal e seus lendários elefantes de guerra. 1. A Segunda Guerra Púnica (218–201 a.C.) Iniciada em 218 a.c. com o exército cartaginês sendo imortalizado pela fabulosa travessia dos Alpes, a Segunda Guerra Púnica se aproximou do seu fim no continente africano, em 202 a.c., quando Aníbal Barca e Cipião, o Africano, travaram a derradeira batalha. Após uma série de vitórias na Península Itálica, principalmente em Canas, em 216 a.c., quando aproximadamente 60 mil legionários romanos foram mortos em um só dia, o general cartaginês Aníbal Barca encontrou um oponente à altura e desprovido da pompa romana, Cipião. Apesar de serem adversários e de ambos terem matado familiares do rival no desenrolar da guerra, admiravam-se mútua e grandiosamente. Os bustos do cartaginês Aníbal Barca e do romano Cipião, o Africano. Inimigos por causa da política de seus países e amigos íntimos por escolha própria. Créditos: autorias desconhecidas. 2. Os números de Aníbal e Cipião Engrossando as fileiras do exército de Cartago, espremiam-se aproximadamente 40 mil soldados de diversas origens, incluindo gauleses, ligurianos e um pequeno contingente dos temidos cavaleiros númidas. Na ponta da lança cartaginesa, 80 elefantes de guerra prometiam espetáculo à parte. Do lado romano, 30 mil legionários veteranos da campanha na Península Hispânica se enfileiravam. Cipião, hábil estrategista, havia treinado pessoalmente suas tropas para este dia. A Cavalaria latina, acrescida dos auxiliares númidas massaesílios, superava a de Cartago na ordem de três ou quatro para um. Isto é, pelo menos, três vezes maior que a cavalaria de Aníbal. Apesar do numeroso efetivo, considerável parte do novo exército de Aníbal, incluindo sua carga de elefantes, era composta por novatos e carecia de treinamento adequado e específico. Ainda, a cúpula do poder cartaginesa era covarde e a traição dos cavaleiros númidas massaesílios, que mudaram para o lado romano ao chegar de última hora, contribuiu com generosa dificuldade aos planos do velho comandante cartaginês. 3. A Batalha de Zama Capazes de matar até cinco homens de uma vez (pisando e arremessando-os), os elefantes foram lançados em direção ao centro romano. Cipião, sabendo do grande estrago que os elefantes de Aníbal já haviam causado às tropas romanas na Itália, havia treinando exaustivamente seus homens para aplacar a ameaça paquiderme. As infantarias e cavalarias adversárias acompanharam os animais para entrar em choque no momento seguinte. Quando os elefantes de guerra se aproximaram dos romanos, estes se aglutinaram criando corredores estreitos em que aqueles naturalmente percorreram — a inédita estratégia de Cipião havia dado certa. Com os gigantescos animais circunvalados por centenas de legionários, dardos e lanças foram empregados para o acutilamento dos quadrúpedes, que encontraram seu fim em uma furiosa seção de empalamento coletivo. As cavalarias deram início à luta dos homens nos arredores das infantarias e pouco se distanciaram destas que partiram para o epicentro da carnificina. Aníbal guardou seus veteranos para momento crucial. Conforme se imaginava, o grande momento do confronto seria estrelado pelos centros de cada exército que, no auge no combate, açoitavam-se densa e furiosamente: Utilizando escudos pesados e armaduras e contando com o apoio de uma força experiente na retaguarda, a infantaria romana conseguiu, aos poucos, empurrar a primeira linha cartaginesa para trás. Contudo, a resistência cartaginesa foi reforçada pela presença dos veteranos de Aníbal, e os romanos precisaram fazer um recuo e reorganizar suas fileiras — manobra arriscada e difícil no meio da batalha. Os cartagineses, então, atacaram em massa, e os exércitos se amontoaram em um melê feroz e sangrento, golpeando-se com espadas e lanças. Em pouco tempo, o chão ficou coberto de cadáveres e encharcado de sangue”. (CUMMINS, 2012, p. 33) Apesar da grande brutalidade em que os participantes se projetavam uns contra os outros, a batalha parecia não encontrar definição até que a cavalaria númida a serviço de Roma retornou após vencer os pouco numerosos cavaleiros númidas de Cartago. Arremessando-se como mísseis, os cavaleiros do rei númida Masinissa caíram sobre a retaguarda cartaginesa decretando a derrota de Aníbal e a queda de Cartago. Com os latinos atacando a frente e as tropas auxiliares romanas estrondando sobre a retaguarda, apenas os flancos restaram aos homens de Aníbal que tentaram fugir para salvar a vida, no que os romanos continuaram a persegui-los. Não se tem número exato, mas milhares de cartagineses teriam sido assassinados após se renderem. 4. Pós-batalha de Zama Saldo da batalha: Acredita-se em 20 mil cartagineses mortos, incluindo os que foram assassinados após a rendição, e cerca de 15 mil capturados; do lado romano, as baixas se aproximam dos 6 mil mortos e 4 mil feridos com alguma gravidade. Ignoram-se os números dos cavaleiros númidas massaesílios. Após o embate entre os maiores generais da época, Aníbal, derrotado, passaria o resto de sua vida fugindo de Roma e se dedicando a novas guerras contra sua eterna inimiga. Cipião, por sua vez, ratificou novo tratado romano-cartaginês após rendição cartaginesa e retornou à pátria em triunfo. Por suas decisivas vitórias contra a africana Cartago e, essencialmente, contra o maior inimigo da república romana (Aníbal), recebeu o apelido Africano, tornando-se Cipião, o Africano. REFERÊNCIAS: CAWTHORNE, Nigel. Os 100 Maiores Líderes Militares da História. trad. Pedro Libânio. Rio de Janeiro: DIFEL, 2010. CUMMINS, Joseph. As Maiores Guerras da História. trad. Vania Cury. Rio de Janeiro: Ediouro, 2012. GARRAFFONI, Renata Senna. Guerras Púnicas. In.: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2011. GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do Tempo. trad. Roger dos Santos. São Paulo: M. Books, 2005. IMAGEM(NS): Buscou-se informações para creditar a(s) imagem(ns), contudo, nada foi encontrado. Caso saiba, por gentileza, entrar em contato: contato@incrivelhistoria.com.br Eudes Bezerra37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja. Tags usadas: guerras antigas 1 response to “Batalha de Zama, 202 a.C.: o fim da Segunda Guerra Púnica” Pingback: O METEORO QUE SALVOU ROMA DO EXÉCITO DE ANÍBAL! – Thiago Maia Oficial Deixe um comentário Cancelar respostaO seu endereço de e-mail não será publicado. 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