Armas Históricas

A Horda Mongol de Gêngis Khan

Forjada pelos galopes do grande Khan, a horda liderada pela flecha incansável de Gêngis criou o maior império conquistado por um só homem da História.


arqueiro montado leve da Horda mongol
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Autor: Eudes Bezerra
4 minutos
arqueiro montado leve da Horda mongol
Principal arma do exército mongol: arqueiro montado leve com arco curvado – veloz, flexível e mortal. Após o bombardeio de setas, a cavalaria pesada encerrava a batalha.
Créditos: autoria desconhecida

Com os galopes mais rápidos e implacáveis da era pré-industrial, a horda das estepes asiáticas habilmente liderada por Gêngis Khan forjaram, ao longo do século XIII, tanto o maior território contínuo quanto a segunda maior extensão territorial total de um império da História — conquistando em 25 anos o que civilizações inteiras, como a Pérsia e a república e o império Romano, juntos, não conseguiram em quase 1.000 anos.

Versáteis, bem treinadas, disciplinadas e incrivelmente mortais, as hordas — sustentadas por arqueiros montados e poderosos trabucos (artilharia) — sobrepujaram posições bem defendidas, cidades muradas e exércitos qualificados dos mais variados tipos, em uma ambição conquistadora poucas vezes testemunhada na História.

1. O líder mongol, Gêngis Khan

A horda mongol, guiada pela flecha incansável de Gêngis Khan, arrebatou seus cavaleiros nômades da longínqua e esquecida Mongólia à Europa e ao Oriente Médio. Nascido como Temujim, foi nomeado Gêngis Khan (“Grande Líder”) em 1194 ao unificar seu povo. Orgulhava-se de se vestir e viver como seus guerreiros.

A morte do histórico líder mongol, em 1227, não arrefeceu os ânimos dos seus descendentes que por mais de 150 anos continuaram a conquistar implacavelmente. Comandantes como o proeminente Subotai (1176-1248) e Tarmelão (1336-1405) são reflexos do bem estruturado império forjado pelos galopes do grande Khan.

2. A marca distintiva da Horda

A marca distintiva do exército mongol era o arqueiro montado (60% da horda) que, além de realizar patrulhas e reconhecimento territorial, representava a chave da vitória: emboscava, fustigava e bombardeava tropas inimigas com flechas, dardos e urros para que a cavalaria pesada destruísse o restante dos oponentes já confusos.

“Nas frentes de batalha tática e estratégica, os mongóis demonstravam um conhecimento dos princípios da velocidade, da dispersão e da concentração que nenhum outro exército jamais tivera. Igualmente impressionante era seu domínio da logística. Sempre havia cavalos reservas, na grande maioria éguas, e o leite equino servia de sustento para os cavaleiros em muitas campanhas”. (GILBERT, 2005, p. 63, grifo nosso)

A horda em deslocamento
A horda em deslocamento. Créditos: autoria desconhecida.

3. Características da Horda

3.1 O terror como arma psicológica

Gêngis Khan (1162-1227), valendo-se da sua experiência pessoal de vida, utilizou o terror e o medo como arma psicológica de guerra. A fama de impiedosos e sanguinários dos seus cavaleiros costumava precedê-los e muitas das conquistas mongóis aconteceram sem a perda uma só vida.

Tradicionalmente, os mongóis costumam ser retratados como verdadeiras “pragas”, assim como os Vikings. Entretanto, nas últimas décadas pesquisas têm atenuado esse lado “terrível e sanguinário”.

3.2 O comando por merecimento

Outro ponto forte na estrutura mongol eram seus comandantes. Competentes, leais e escolhidos por merecimento, manobravam suas formações largamente dispersas e velozes com uma série de mensageiros, bandeiras durante o dia e flechas flamejantes à noite.

3.3 Sem medo de aprender

Apesar da ferocidade em suas conquistas, os mongóis sempre estiveram dispostos a aprender com os povos que enfrentaram. De equipamentos a técnicas de combate, os mongóis fizeram grande uso de médicos, engenheiros e técnicos estrangeiros, como chineses e árabes.

Gêngis Khan, de Giuseppe Rava.

4. Anatomia da horda mongol

4.1 Unidade básica

O touman. Esta unidade correspondia estritamente à base do exército mongol e comportava exatos 10 mil homens (60% arqueiros montados). Uma unidade desta era capaz de lutar sozinha ou de se combinar com outro(s) touman(s), maximizando e embrutecendo a força de combate da horda. Suas subdivisões eram de dez, cem e mil homens.

4.2 Principal arma

Arco composto empunhado por leves arqueiros montados. Raramente vestiam armaduras pesadas ou qualquer coisa que pesasse, valendo-se de sua velocidade para evitar e vencer quaisquer tropas inimigas.

4.3 Equipamento

Blindagem (couraça) de couro, malha metálica e seda resistente das estepes. Posteriormente adquiriram a couraça de ombro dos chineses e o elmo (capacete) árabe. Outrossim, os mongóis eram bem receptivos à implementação de novos equipamentos, sendo utilizados a depender da necessidade.

4.4 Principal formação

Em terras hostis ou em marcha contra posições adversárias, os toumans progrediam em paralelo (linha) formando naturalmente uma larguíssima e veloz frente de batalha, o que deveras dificultava a defesa oponente. De acordo com a necessidade, os comandantes de cada divisão retrocediam ou investiam ao redor do epicentro inimigo, de modo extremamente flexível.

REFERÊNCIAS:
CAWTHORNE, Nigel. Os 100 Maiores Líderes Militares da História. trad. Pedro Libânio. Rio de Janeiro: DIFEL, 2010.
GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do Tempo. trad. Roger dos Santos. São Paulo: M. Books, 2005.
GORZONI, Priscila. Animais nas Guerras: A força do exército de bichos nas grandes batalhas da História. São Paulo: Matrix, 2010.
JESTICE, Phyllis G. História das Guerras e Batalhas Medievais. O Desenvolvimento de Técnicas, Armas, Exército e Invenções de Guerra na Idade Média. trad. Milton Mira de Assumpção Filho. São Paulo: M. Books, 2012.
NEWARK, Tim. História Ilustrada da Guerra: Um estudo da evolução das armas e das táticas adotadas em conflitos, da Antiguidade à Guerra de Secessão dos Estados Unidos, no século XIX. trad. Carlos Matos. São Paulo: Publifolha, 2011.
WEATHERFORD, Jack McIver. Gengis Kahn e a Formação do Mundo Moderno. trad. Jorge Ritter. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.
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Eudes Bezerra

37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja.

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