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Setores sociais que se mobilizaram para a derrubada de Dom Pedro II

Quais os setores sociais que se mobilizaram para a derrubada de Dom Pedro II? Cafeicultores, militares, Igreja e escravagistas.


Quais os setores sociais que se mobilizaram para a derrubada do Império de Dom Pedro II?
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Autor: Eudes Bezerra
6 minutos
Quais os setores sociais que se mobilizaram para a derrubada do Império de Dom Pedro II?
Quais os setores sociais que se mobilizaram para a derrubada do Império de Dom Pedro II? Cafeicultores, militares, Igreja e escravagistas. Foram os principais setores que derrubaram o velho imperador. Créditos: Pedro Bruno (pintura) e Mathew Brady (Dom Pedro II) / Fotomontagem: Eudes Bezerra.

Quais os setores sociais que se mobilizaram para a derrubada do Império de Dom Pedro II? Basicamente, os cafeicultores, os militares, os senhores de engenho e a própria Igreja Católica se mobilizaram para a derrubada do Império do Brasil em virtude da proclamação da República.

Desde a independência houve defensores da adoção da república no Brasil. Eram, contudo, vozes minoritárias.

A partir da década de 1870, esse quadro mudou. Até mesmo no interior da tradicional elite política surgiam defensores da república.

Para alguns historiadores, a origem do descontentamento estava na queda do gabinete de Zacarias de Gois, em 1868, e sua substituição por um ministério conservador.

Avolumaram-se a partir de então as críticas aos poderes do imperador que demitira um gabinete que contava com apoio da maioria da Câmara.

No entanto, diversas inversões ministeriais haviam acontecido antes, sem que a república fosse colocada como alternativa. (DOLHNIKOFF, 2020, p. 161, grifo nosso)

Boa leitura!

TÓPICOS SOBRE OS SETORES SOCIAIS QUE SE MOBILIZARAM PARA A DERRUBADA DE DOM PEDRO II

Introdução
1. Contexto histórico
2. Quais os setores sociais que se mobilizaram para a derrubada do Império de Dom Pedro II?
3. Os apoiadores da monarquia se omitiram nesse processo?
Conclusão
Referências

INTRODUÇÃO

Observando com mais atenção, a citação acima apenas mostra um pequeno quadro da situação na década de 1870 em que o imperador Dom Pedro II se encontrava.

Com poderes cada vez mais contestados pelos mais diversos setores da sociedade, sustentar o Brasil com o formato de império se mostrava cada vez mais difícil.

Adversários políticos se acotovelavam por todos os lados, o que incluía os antigos e tradicionais aliados do império e do próprio imperador.

Ainda, faz-se importante destacar que praticamente todas as ex-colônias europeias em toda a América se converteram em repúblicas uma hora ou outra, diferentemente do Brasil que se tornou um império.

A transição do Brasil colônia para um império onde o próprio rei era português — Dom Pedro I, pai de Dom Pedro II —, gera até discussão historiográfica acerca da real data de independência do Brasil.

Setores sociais que se mobilizaram para a derrubada de Dom Pedro II
O brasileiro Dom Pedro II, o segundo e último imperador do Império do Brasil. Créditos: Mathew Brady.

1. CONTEXTO HISTÓRICO

Após a década de 1870, a monarquia brasileira apresentava graves instabilidades como as ocorridas décadas atrás no período regencial.

Entretanto, dessa vez, até setores sociais que geralmente mantinham apoio ao imperador se encontravam gravemente descontentes e começaram a conspirar contra o próprio Estado monárquico brasileiro.

Assim, vários setores se mobilizaram no processo que levou à Proclamação da República do Brasil em 15 de novembro de 1889, sendo os principais setores: os cafeicultores e os militares.

Em uma analogia, os cafeicultores eram os financiadores das forjas que criaram as espadas que os militares “utilizaram” para derrubar Dom Pedro II e, consequentemente, a própria monarquia brasileira.

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“Proclamação da República”, de Benedito Calixto / Pinacoteca Municipal de São Paulo, São Paulo.

2. QUAIS OS SETORES SOCIAIS QUE SE MOBILIZARAM PARA A DERRUBADA DE DOM PEDRO II?

Ocorre que os cafeicultores estavam cada vez mais ricos, as exportações de café tornavam a classe o suprassumo da elite brasileira à época.

Os militares, por sua vez, eram os grandes vitoriosos da Guerra do Paraguai, com carisma e grande estima popular. Contudo, ambos os grupos se viam deixados de lado pela política imperial.

Ainda que não fossem alinhados dentro das mesmas ideias (não eram aliados), os dois grupos enxergaram no republicanismo a solução para se alcançar o almejado poder político, mesmo que em grande maioria também não fossem verdadeiramente republicanos (pelo contrário).

Embora ambas as classes estivessem em destaque, pouco ou nenhum poder político possuíam e isso gerou longo desgaste por décadas.

Estados como Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro dominavam a política brasileira através da antiga elite colonial e os cafeicultores de São Paulo, por exemplo, não possuíam espaço nos círculos de poder.

Ainda, os cafeicultores e principalmente os militares se apoiavam sobre as bases do Positivismo.

O Positivismo, naquele momento, parecia algo promissor a acrescentar às ideias com o intento de derrubar o império — fato este consumado e que ainda hoje sua influência estampa nossa bandeira nacional (com inspiração positivista).

Setores sociais que se mobilizaram para a derrubada de Dom Pedro II
Esboço da então futura bandeira de origem positivista da República do Brasil, datado novembro de 1889. Créditos: Raimundo Teixeira Mendes.

3. OS APOIADORES DA MONARQUIA SE OMITIRAM NESSE PROCESSO?

Na base que apoiaria o governo, teríamos os próprios militares que acabaram migrando de lado após a Guerra do Paraguai pelos motivos já expostos acima.

Dom Pedro II também possuía conflitos de interesse com o setor religioso, um então poderoso aliado da monarquia e que contava com o apoio de grande parte da população brasileira.

Ocorre que o imperador, um reconhecido entusiasta da ciência e da filosofia, por vezes interferiu em assuntos religiosos, sobretudo os católicos, o que fez com que este setor também se voltasse contra a monarquia.

O setor religioso também se encontrava descontente com os benefícios e cargos concedidos aos membros da maçonaria, algo que selaria o não apoio ao governo imperial durante o golpe de estado que derrubou a monarquia.

Ainda, outro grupo de destaque e com grande poder financeiro era formado pela antiga elite tradicional (grandes senhores de engenho escravocratas) e também parte da nova (cafeicultores escravocratas).

Este grupo (senhores de engenho escravocratas), que era beneficiado com as políticas imperiais, ou debandou de lado ou se omitiu durante os eventos de novembro de 1889.

Com a abolição da escravidão, sem a devida indenização ou amortecimento pela perda de mão de obra escrava em que se fundavam sua economia exploratória, muitos de seus membros simplesmente debandaram da base governista, selando de vez o tempo de existência do Império do Brasil.

Setores sociais que se mobilizaram para a derrubada de Dom Pedro II
A pintura “Pátria”, onde é possível ver mulheres, crianças e idosos ao fundo – uma analogia perspicaz sobre o passado e o futuro do Brasil. Os idosos ao fundo como a monarquia e a juventude em destaque como a nova república. Créditos: Pedro Bruno / Museu da República, Rio de Janeiro.

CONCLUSÃO

Pode-se, sinteticamente, concluir que a derrubada da monarquia brasileira foi levada a cabo principalmente por cafeicultores e militares com a benção da Igreja Católica e a omissão e alguns atos da elite escravocrata.

Dessa forma, Setores sociais que se mobilizaram para a derrubada de Dom Pedro II já provinham de grupos favorecidos pelo império de uma forma ou de outra.

Contudo, a derrubada de Dom Pedro II àquele momento era mais vantajosa para a nova e riquíssima elite brasileira, os cafeicultores.

Este seleto grupo, os cafeicultores, viveriam algumas décadas de glória política e financeira até a Quebra da Bolsa de Wall Street em 1929 e a chegada de um novo ciclo encabeçado por Getúlio Vargas

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Senado Federal. Veja os desenhos originais e a pintura que deram forma à bandeira do Brasil. Acesso em: 25 maio, 2022.

DOLHNIKOFF, Miriam. História do Brasil Império. 1. ed., 3ª reim. São Paulo: Contexto, 2020.

FAUSTO, Boris; FAUSTO, Sérgio (colab). História do Brasil. 14ª ed. atual. e ampl., 2º reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2015.

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

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PALAVRAS-CHAVE SECUNDÁRIAS: Império do Brasil, proclamação da república do Brasil, cafeicultores, igreja católica, militares, Guerra do Paraguai, derrubada do império do Brasil, setores sociais que se mobilizaram para a derrubada do Império de Dom Pedro II, Deodoro da Fonseca, Quintino Bocaiuva, Benjamin Constant, Ruy Barbosa, Campos Sales, Floriano Peixoto.

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Eudes Bezerra

37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja.

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