
Dando início a uma das campanhas militares mais extraordinárias da História, o general cartaginês Aníbal transpôs os elevados Pirineus e Alpes com milhares de homens e animais durante a Segunda Guerra Púnica. O feito nunca dantes ocorrido fora algo tão incrível que agraciou o jovem comandante com a imortalidade antes mesmo que desembainhasse sua espada para trucidar romanos.
A Segunda Guerra Púnica (218–201 a.C.)
Deflagrada a Segunda Guerra Púnica, em 218 a.c., o general africano expôs seu ousado plano de invasão da Península Itálica. “Ele reconheceu que a maior força de Roma estava em seu controle da Itália, e urdiu um ousado plano para invasão, prevendo a condução de um exército por terra desde a Espanha, passando pelo sul da França e cruzando os Alpes”. (GILBERT, 2005, p. 28-29)
Em 218 a.c., Aníbal Barca foi reforçado por tropas advindas de Cartago e, diante de aproximadamente 40 mil soldados e 40 elefantes de guerra, marchou em direção a Roma transpondo a neve, sobrevivendo a deslizamentos e infortúnios das mais diversas naturezas.
A travessia dos Alpes

Após atravessar os Pirineus, depois de resistir às emboscadas das tribos gaulesas no sul da atual França, o cansaço corrompedor que se aplacava sobre o exército cartaginês se impôs duramente, principalmente quando na chegada aos pés dos Alpes: diante de tal obstáculo extraordinário e desencorajador, Aníbal imortalizou palavras, das quais se retira:
O que vocês pensam que são os Alpes? Não passam de montanhas altas. Nenhuma elevação é intransponível para homens decididos!”.
Revigorado pelas palavras do general que era comparado a um pai por seus comandados, a centelha da bravura cartaginesa inflamou e o exército seguiu firme para domar os Alpes e guerrear contra Roma. “Por fim, ao cabo de longos quinze dias, os vales férteis da Itália apareceram à frente, como se fossem uma miragem. Toda a marcha, desde Cartago, tinha durado cinco meses; Aníbal perdera 12 mil homens e a maior parte de seus lendários elefantes. Mas tinha chegado à Itália e estava pronto para levar a guerra até Roma”. (CUMMINS, 2012, p. 37)

Após as árduas travessias (Pirineus e Alpes), Aníbal, embora com reduzido número de soldados, prosseguiu e logo dedicou graves derrotas a Roma, nas Batalhas de Ticino e Trébia. Tais vitórias empolgaram tribos gaulesas que lhe prometeram lealdade, constituindo, por fim, um temido exército a serviço de Cartago que imporia uma série de derrotas frustrantes à república romana.
“Enquanto Aníbal é reverenciado pelos historiadores por suas habilidades táticas, a maior parte das pessoas terá na lembrança o fato de ele ter conduzido seu exército, com elefantes, pelos [Pirineus e] Alpes. Isso foi de fato um empreendimento extraordinário – nenhum outro grande grupo humano havia feito essa jornada anteriormente – e mostrou que Aníbal tinha audácia, visão e autoconfiança, apenas por tentar fazer aquilo”. (CUMMINS, 2012, p. 36, acréscimo nosso)