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Idade Antiga

Egito Antigo: a história dos egípcios

Egito Antigo, a mais intrigante civilização da Antiguidade.Terra dos poderosos faraós, das incríveis pirâmides, da Grande Esfinge e do abençoado rio Nilo.


faraós e nefertiti
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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 8 minutos
faraós e nefertiti
Egito Antigo, a mística e intrigante terra dos Faraós, de Cleópatra e dos deuses antropozoomórficos. Créditos: autoria desconhecida.

Egito Antigo, a mais intrigante e famosa civilização da Antiguidade que se tem notícia. Terra dos poderosos faraós (autoproclamados deuses vivos). Região da única das Sete Maravilhas do Mundo ainda existente, das incríveis pirâmides e da Grande Esfinge.

Cortado pelo rio mais longo do planeta, o rio Nilo, o místico Egito Antigo durou milênios e seus mistérios e curiosidades nos cativam, sendo muitos ainda desconhecidos.

TÓPICOS SOBRE O EGITO ANTIGO

1. Região, rio Nilo e os primórdios do Egito
2. Unificação do Egito: Menés e o nascimento da nação
⠀⠀2.1 Alto Egito x Baixo Egito
3. Política do Egito Antigo
4. Antigo, Médio e Novo Império
⠀⠀4.1 Antigo Império (3.200–2.300 a.C)
⠀⠀4.2 Médio Império (2000–1580 a.C)
⠀⠀4.3 Novo Império (1580–525 a.C)
5. Economia egípcia
6. Sociedade egípcia
⠀⠀6.1 Escravos no Egito Antigo
⠀⠀6.2 Primeira greve registrada na história
7. Religião egípcia
Referências

1. REGIÃO, RIO NILO E OS PRIMÓRDIOS DO EGITO

Localizado no nordeste da África, nasceu e floresceu o Egito, a terra dos místicos faraós e da eterna e última rainha egípcia, Cleópatra VII. Região desértica e com clima agressivo e desafiador, mas que já possuía um fator que ainda hoje em dia favorece o estabelecimento humano na região: o poderoso rio Nilo.

O estabelecimento humano na região abençoada pelo Nilo, simplesmente o mais extenso rio do planeta, ocorreu há centenas de milhares de anos e diferentemente dos rios mesopotâmicos Tigres e Eufrates, que possuíam enchentes imprevisíveis e muitas vezes terríveis, o Nilo era um rio de ciclos constantes e fácil controle.

Com a facilidade de permanência e abundância proporcionada pelo rio para a prática da agricultura e do pastoreio, os “egípcios” conseguiram se organizar, criando subdivisões administrativas chamadas de nomos (“povoados”).

Cada nomo era chefiado por um nomarca. Nessa época os egípcios ainda não formavam uma civilização unificada, mas um conglomerado de nomos que compartilhava a “mesma” cultura.

mapa rio nilo
A dádiva do Egito Antigo, o rio Nilo (em destaque azul). Créditos: www.d-maps.com

2. UNIFICAÇÃO DO EGITO: MENÉS E O NASCIMENTO DA NAÇÃO

Por volta do ano 3.200 a.C., um líder político chamado Menés (ou Narmer ou Men ou ainda Meni) conseguiu a façanha de unificar o Alto e o Baixo Egito numa só nação, dando início ao período faraônico no qual o próprio se transformou, sob a proteção divina, no primeiro faraó.

Os registros históricos que marcam esse importante momento de unificação da civilização egípcia se encontram numa paleta encontrada no sítio arqueológico de Hierakonpolis. Trata-se de um monumento de apenas 63 cm de altura, mas extremamente simbólico e divisor de eras para o povo egípcio:

A paleta, em xisto verde, está decorada na frente e atrás. As cenas encontram-se distribuídas em três registros sobrepostos. No alto, duas cabeças de vaca simbolizam a deusa Hathor, divindade cósmica cujo nome significa “morada de Hórus”. Por ser a principal designação do faraó, o rei representado no monumento coloca-se, assim, sob uma proteção divina e celeste.

O anúncio da unificação das duas partes do território egípcio é feito de maneira simples e clara: na frente, o soberano usa a coroa branca do Alto Egito, nas costas usa a coroa vermelha do Baixo Egito. É o primeiro faraó a reinar sobre o Sul e o Norte. O Egito dinástico entra na História. (JACQ, 2007, p. 51)

coroas do baixo e alto egito
As coroas individuais do Alto (branca) e do Baixo (vermelha) Egito, seguidas da coroa da unificação egípcia. Créditos: autoria desconhecida.

2.1 Alto Egito x Baixo Egito

Termos aparentemente simples, mas causadores de alguma confusão. O rio Nilo tem sua foz ao norte, no mar Mediterrâneo, “descendo” para o interior do continente africano e quanto mais ao sul maior o relevo do solo, inclusive com pequenas montanhas (Alto Egito por conta dessa elevação).

A parte mais próxima do Mediterrâneo é marcada por planícies, diferentemente da mais afastada que se caracteriza pela elevação do solo. Isto é, Alto Egito por conta da elevação do solo, encontrando-se na parte sul do país, e Baixo Egito se encontrando ao norte devido às suas planícies.

mapa Alto e Baixo Egito
Alto e Baixo Egito. Créditos: autoria desconhecida.

3. POLÍTICA DO EGITO ANTIGO

Extremamente centralizada, a política dos egípcios era profundamente simbolizada pelo poder faraônico. O faraó, que era considerado um deus vivo, mantinha-se no poder e governava devido ao poder teocrático, visto o abrangente caráter religioso de sua sociedade.

O título de faraó, deixando de lado a suposta parte divina, era o equivalente ao status rei. Portanto, o Egito Antigo era caracterizado como uma monarquia. Pelo seu forte caráter religioso, também se tem a teocracia como marca distintiva, que é quando a religião intervém diretamente na política estatal.

De acordo com os registros históricos conhecidos, o Egito Antigo teria sido governado por 404 faraós distribuídos em 31 dinastias, o suficiente para durar impressionantes milênios.

4. ANTIGO, MÉDIO E NOVO IMPÉRIO

4.1 Antigo Império (3.200–2.300 a.C)

Após a sua unificação sob a liderança do faraó Menés, a capital do Egito passou a ser Tinis e posteriormente Mênfis (atualmente região do Cairo, a capital do Egito moderno).

Esse período ficou marcado por uma relativa estabilidade duradoura e construções imponentes. A população egípcia era obrigada ao trabalho e sem sombra de dúvida o mais importante exemplo fica no Complexo de Gizé, sendo as impressionantes pirâmides de Queóps, Quéfren e Miquerinos. Atualmente é a única das Sete Maravilhas do Mundo ainda existente e são protegidas pela Grande Esfinge de Gizé.

O Antigo Império entrou em declínio por volta de 2.300 a.C, quando as cheias do rio Nilo diminuíram, desestabilizando a vital agricultura. Fome, pestes e revoltas internas e externas contribuíram para seu fim. Os nomarcas, durante essa fase, tiveram expressivo aumento de poder diminuindo a força do faraó.

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As grandes pirâmides do Egito de Quéops (146,5 metros de altura), Quéfren (143 metros) e Miquerinos (61 metros), na Necrópole de Gizé, são protegidas pela Grande Esfinge de Gizé. Créditos: autoria desconhecida.
A Grande Esfinge de Gizé
A Grande Esfinge de Gizé, a protetora eterna do descanso dos deuses (faraós). Créditos: autoria desconhecida.

4.2 Médio Império (2000–1580 a.C)

Sob a liderança do faraó Mentuhotep II, os nomarcas foram derrotados e o poder faraônico restabelecido com grande força. Contudo, parte da nobreza continuou desafiando o faraó em busca da descentralização do poder imperial.

A servidão coletiva foi restabelecida, proporcionando grandes obras hidráulicas. Durante este período, por volta de 1800 a.C, os hebreus começaram a chegar ao Egito, passando a trabalhar nas mais diferentes atividades e pagando impostos, sem, contudo, serem escravizados.

O Médio Império entrou em declínio com a invasão dos hicsos que dominaram o Egito por quase dois séculos. O exército hicso era muito mais avançado, versátil e tecnológico, contando com armamentos de melhor qualidade, cavalaria em larga escala e carros de guerra (bigas; “carroças” puxadas por cavalos).

4.3 Novo Império (1580–525 a.C)

Os egípcios aprenderam as técnicas hicsas e mudaram sua forma de guerrear, conseguindo por fim expulsar os invasores. O faraó Amósis I fez da cidade de Tebas a nova capital.

O Novo Império representou o auge do império egípcio, tendo faraós famosos e guerreiros como Ramsés II, também conhecido como Ramsés, o Grande. As fronteiras do Egito Antigo se expandiram até a atual Síria ao norte e ao sul até o Sudão. Além das guerras, Ramsés também ordenou a construção do magnífico Templo do Sol, Abu Simbel.

Estátua de Ramsés o Grande
Estátua de Ramsés, o Grande. Créditos: Alberto Loyo / Shutterstock.

Seria neste período que ocorreu a escravidão e fuga dos hebreus do Egito em direção à Terra Prometida. Porém, as diferentes datas e controvérsias impossibilitam um apontamento mais detalhado.

O Novo Império encontrou seu fim nas espadas e lanças dos ferozes assírios, tendo o Egito posteriormente passado para o domínio persa, macedônico e romano. A conquista macedônica se deu pela liderança de Alexandre, o Grande, um dos maiores conquistadores da história.

5. ECONOMIA EGÍPCIA

A principal atividade econômica era a agricultura. A imensa produção de cereais possibilitou o comércio com outros povos para a aquisição de mercadorias inexistentes ou de baixa qualidade na região.

O Egito era administrado de acordo com o modo de produção asiático, embora se encontrasse no continente africano. Neste modo de produção, que incita a desigualdade social, o Estado é o dono de absolutamente todos os bens da sociedade, incluindo casas, comida, ferramentas e até roupas, e os distribui de acordo com a sua vontade.

6. SOCIEDADE EGÍPCIA

Igualmente como na Mesopotâmia, a sociedade egípcia era caracterizada por ser estamental. Ou seja, cada egípcio desempenhava uma função que havia sido herdada dos seus antepassados e que seria igualmente transmitida aos seus descendentes.

No topo da hierarquia social se encontravam o faraó, sacerdotes e nobreza. Na parte intermediária os escribas, militares, comerciantes e talvez artesãos. A parte mais baixa era composta pelos camponeses e escravos.

pedra de roseta
A Pedra de Roseta descoberta durante expedição de Napoleão Bonaparte em 1799. Essa peça se mostrou fundamental para a compreensão dos hieróglifos egípcios e consequentemente o funcionamento da sua sociedade. Créditos: autoria desconhecida.

6.1 Escravos no Egito Antigo

Importante ressaltar o baixíssimo número de escravos no Egito Antigo. Um mito muito noticiado é a construção das pirâmides por escravos, quando, na verdade, foram construídas por trabalhadores remunerados.

Povos que usaram escravos em larga escala foram os gregos e os romanos.

6.2 Primeira greve registrada na história

Um fato curioso é que no Egito ouve a primeira greve registrada da história, tendo ocorrido durante o reinado do faraó Ramsés III.

Costumeiramente apontado como o mais antigo registro de greve da história, ainda que tal instituto ainda não existisse, conta-se que durante o reinado do faraó Ramsés III (1187 – 1156 a.c.).

Os trabalhadores egípcios cruzaram os braços por causa das más condições de trabalho e a falta de pagamento (comida, vestuário e afins).

Ramsés III, considerado o último grande faraó do Império Novo, não pagou no dia e a greve pouco tempo depois foi instaurada, mas logo um funcionário do alto escalão egípcio teria convencido os grevistas a encerrar a greve e retornar às atividades, que o pagamento seria normalizado sem mais protelação.

Todavia, a promessa também não foi cumprida pelo patrão (o faraó) e os operários revoltados — que não eram escravos — teriam invadido e ocupado um templo sagrado (possivelmente, tenha sido o túmulo mortuário destinado ao descanso do próprio faraó).

O pagamento só teria sido finalmente executado após dois meses de disputas trabalhistas.

mural antigo do egito
Trabalhadores e trabalhadores no Egito Antigo. Créditos: autoria desconhecida.

7. RELIGIÃO EGÍPCIA

Eram politeístas, acreditando em uma infinidade de deuses antropozoomórficos (mistura de homens e mulheres com animais). Ao longo do tempo deuses e deusas ganharam ou perderam influência sobre os egípcios. Entre os deuses mais famosos, encontram-se Osíris, Ísis, Hathor, Hórus, Set e Anúbis.

Outro importante aspecto da religiosidade egípcia era a crença na vida após a morte. Homens, mulheres e animais eram mumificados em um ritual de preparação para a reencarnação.

A mumificação deu aos egípcios um amplo conhecimento sobre a anatomia humana, possibilitando grande acúmulo de estudos médicos e até cosméticos (as maquiagens, muito além de embelezar, tinham a função de proteger e cuidar da pele).

REFERÊNCIA(S):

BOTTÉRO, Jean. No começo eram os deuses. trad. Marcelo Jacques de Morais. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 3ª ed. reform. e atual. São Paulo: Moderna, 2007.
CLINE, Eric H.; GRAHAM, Mark W.. Impérios antigos: da Mesopotâmia à Origem do Islã. trad. Getulio Schanoski Jr.. São Paulo: Madras, 2012.
GIORDANI, Mário Curtis. História da Antiguidade Oriental. 13 ed. Petrópolis: Vozes, 1969.
JACQ, Christian. O Egito dos Grandes Faraós: história e lenda. trad. Rose Moraes. Rio de Janeiro: Bertrand, 2007.
SOLLA, Walter. Egito Antigo. Acesso em: 20 fev. 2018.
VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002.

IMAGEM(NS):
Buscou-se informações para creditar a(s) imagem(ns), contudo, nada foi encontrado. Caso saiba, por gentileza, entrar em contato: contato@incrivelhistoria.com.br

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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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