Armas Históricas O Mark I, o primeiro tanque de guerra da história O primeiro tanque de guerra em operação foi o Mark I. Durante a Grande Guerra, o veículo causou espanto quando em campo — não havia nada parecido. Armas Históricas • Guerras • Idade Contemporânea • Períodos • Primeira Guerra Mundial Autor: Eudes Bezerra Matéria criada em 12 novembro 2013 Atualizada em 16 março 2019 4 minutos O primeiro tanque de guerra do mundo a entrar em ação, o Mark I. Sua estreia na Primeira Guerra Mundial gerou uma revolução nos campos de batalha. Créditos: autoria desconhecida. 1. Batalha do Rio Somme, França, manhã de 15 de setembro de 1916: Sobre as crateras vinham dois gigantes. Os monstros [ Mark I ] aproximavam-se hesitantes e vacilantes, mas chegavam cada vez mais perto. Para eles, que pareciam movidos por forças sobrenaturais, não havia obstáculos. Os disparos das nossas metralhadoras e das nossas armas de mão ricocheteavam neles. Assim, eles conseguiram liquidar, sem esforço, os granadeiros das trincheiras avançadas”. (GESSAT, 2013, s/p, acréscimo nosso) O relato acima foi fornecido por um desconhecido correspondente de guerra em 1916. Ao lê-lo sem ver a fotografia, certamente teríamos a impressão de algo quase místico, mas sombrio e, talvez, implacável. Quiçá, essa tenha sido a mesma impressão que os soldados alemães tiveram ao serem esmagados pelos primeiros tanques de guerra em ação e que se aproximavam cuspindo fogo — eram os Mark’s I “Male” estreando na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Blindados, tracionados por lagartas em vez dos “atolantes” pneus e movido pela explosão da combustão interna, os Mark’s I partiram para luta no “moedor de carne” chamado de Batalha do Rio Somme. Armado com dois canhões e três metralhadoras, o monstro blindado pesava 28,4 toneladas e media mais de 10 metros de comprimento. Entretanto, sofria de problemas técnicos, tornando-se máquinas confusas e sujeitas a panes. Interessante também registrar a coragem dos alemães, de acordo com um soldado inglês: a coragem dos alemães era fora do comum. Ignorando o fogo das metralhadoras dos veículos, eles tentavam, com uma fúria desesperada, assaltar os tanques e matar a sua tripulação. Eles se alçavam reciprocamente ao teto do tanque, procuravam escotilha ou fendas e atiravam com revólveres nas frestas“. (GESSAT, 2013, s/p) Ilustração de soldados alemães reagindo diante da inovação da guerra. Créditos: autoria desconhecida. 2. O porquê do nome tanque O porquê da alcunha “tanque” suscita ao menos duas hipóteses (talvez, as duas façam parte da mesma ideia): a primeira corresponde ao experimento anterior ao Mark I — chamado de This Thing (“esta coisa”) — que parecia um tanque d’água devido à abertura do seu teto. A segunda seria relativa ao codinome escolhido pelos ingleses e franceses durante o desenvolvimento do projeto que, em meio ao sigilo total, foram apelidados de “tanques” preventivamente para caso tal informação chegasse aos alemães – caso em que se esperaria que estes acreditassem se tratar de reservatórios de líquidos ou afins. Tanque Mark I “Macho” e tropas britânicas em Somme, no dia 25 de setembro de 1916. Depois da artilharia e dos gases tóxicos, o novo engenho prometia encerrar o desgastante impasse da guerra de trincheiras e tomar a iniciativa para os anglo-franceses – mera ilusão. Créditos: Ernest Brooks. 3. Mark I na Batalha de Cambrai (1917) A primeira grande ofensiva liderada por tanques de guerra ocorreu em Cambrai, quando aproximadamente 320 tanques britânicos foram utilizados, mas sem causar o efeito desejado. Faltava experiência no emprego das “confusas” máquinas. Mark I utilizado na Batalha de Cambrai (1917). Créditos: autoria desconhecida. Soldados alemães com os restos de um Mark nocauteado por fogo de artilharia durante contra-ataques alemães perto de Cambrai, 1917. Créditos: Popperfoto / Getty Images. 4. Algumas especificações do Mark I O veículo blindado pesava 28,4 ton., possuía 10,75m de comprimento, 4,12m de largura e 2,41m de altura. Movia-se a 4,5 Km/h e possuía autonomia de apenas 37 km. Detinha dois canhões de 57 mm como armamento principal e três metralhadoras 7,7 mm como secundário. Sua guarnição era composta de 8 homens (que ficava submetida à fumaça e ao forte calor). Apesar da inovadora proposta e surpresa causada, o novo engenho carecia do necessário para se tornar decisivo. Além de problemas técnicos constantes, as próprias táticas da infantaria para acompanhá-los eram inadequadas. Entretanto, sua estreia mostrou o potencial e na década de 1930 novos e mais bem armados modelos surgiriam — tornando-se os chamados “reis do campo de batalha”, sobretudo com os revolucionários panzers alemães. 5. Vídeo amador que consegue transmitir o grande ruído deste monstro blindado: REFERÊNCIAS: BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Século XX. São Paulo, SP: Fundamento, 2008. GESSAT, Rachel. 1916: Primeiro tanque de guerra em ação. Acesso em: 15 jul. 2013. GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do Tempo. trad. Roger dos Santos. São Paulo: M. Books, 2005. Grandes Guerras. Tanque pesado Mk I. Acesso em: 15 jul. 2013. NAVARRO, Roberto. Armamentos: As inovações da morte. Coleção Grandes Guerras: A Primeira Guerra Mundial (1914-1918). São Paulo: Abril, n. 1, p. 64-75, set. 2004. IMAGEM(NS): Buscou-se informações para creditar a(s) imagem(ns), contudo, nada foi encontrado. Caso saiba, por gentileza, entrar em contato: contato@incrivelhistoria.com.br Eudes Bezerra37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja. Tags usadas: primeira guerra mundial Deixe um comentário Cancelar respostaO seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *Comentário * Nome E-mail Veja tambémCaporegime: Entre o Don e o gatilhoBombardeio com as mãos na Grande GuerraEstandarte do Espírito MongolSelo da câmara de Tutancâmon