Biografias

Al Capone, o poderoso chefão de Chicago

Biografia de Al Capone, o mais notório e um dos mais gângsteres que o mundo já conheceu. Dos primeiros anos até a sua morte.


Biografia de Al Capone - o Poderoso Chefão - Origem, duelos, crime e morte do ícone da Máfia ítalo-americana: Al "Scarface" Capone
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Autor: Eudes Bezerra
32 minutos
Biografia de Al Capone - o Poderoso Chefão - Origem, duelos, crime e morte do ícone da Máfia ítalo-americana: Al "Scarface" Capone
Biografia de Al Capone, o Poderoso Chefão: Origem, duelos, crime e morte do ícone da Máfia ítalo-americana: Al “Scarface” Capone!

Na era da Lei Seca e da Grande Depressão, Al Capone — o “Scarface” — governou seu império do crime com força e doses duplas de álcool, sendo o maior símbolo daquele período. Capone lucrou bilhões, financiou artistas e ajudou muitos (e matou outros tantos).

Gabou-se de ter policiais e políticos no bolso, também sendo eleito o homem do ano ao lado de Albert Einstein e Mahatma Gandhi. Na cidade de Chicago, Al Capone, o gângster mais conhecido da história, era rei.

Se lhe fosse pedido para citar um gângster famoso, vivo ou morto, Al “Scarface” Capone seria sem dúvida o primeiro nome que viria à mente de qualquer pessoa.

Ligado para sempre ao massacre do dia de São Valentim e ao contrabando de bebidas, aos speakeasies e aos bordéis, foram feitos mais filmes sobre Al Capone do que sobre qualquer outro gângster da história.

Rod Steiger protagonizou-o no clássico Al Capone, de 1959, Kevin Costner caço-o sem descanso em Os Intocáveis (1987), e a história de Al Capone chegou até a inspirar Billy Wilder a apresentar um enredo secundário de gângsteres em Quanto mais quente melhor.

No entanto, a imagem popular e frequentemente romanceada que o cinema apresenta de Al Capone está bem longe da verdade sinistra que se esconde por trás de sua figura semimítica. (CARTER, 2007, p. 31)

Al Capone chefão mafioso da Chicago Outfit
Trecho da fala de Al Capone no tribunal que o condenou. Créditos: autoria desconhecida / Montagem: Eudes Bezerra.

TÓPICOS SOBRE AL CAPONE

1. Origem, infância e primeiros passos
2. O início da carreira criminosa de Al capone
3. A Lei Seca: Volstead Act (“Ato de Volstead”)
4. Al Capone altruísta?
5. Al Capone assume o poder
6. A guerra contra o north side
7. O Massacre do dia de São Valentim
8. Armando a ratoeira para eliminar os “ratos”
9. Herbert Clark Hoover, presidente dos Estados Unidos da América, e John Edgar Hoover, chefe do FBI, declaram guerra ao crime organizado
10. Julgamento e condenação de Al Capone
11. Últimos anos e morte de Al Capone
Referências

ORIGEM, INFÂNCIA E PRIMEIROS PASSOS

Alphonse Gabriel “Scarface” Capone nasceu em 17 de janeiro de 1899 no Brooklyn, em Nova Iorque.

Filho dos imigrantes italianos Gabriel e Teresa Capone, originários da aldeia de Castellmare di Stabia, próxima a Nápoles, e tendo 11 irmãos, o pequeno Alphonse Capone teve uma infância pouco diferente dos seus futuros aliados e rivais.

Gabriel e Teresa chegaram ainda jovens aos Estados Unidos da América em meados de 1894. Gabriel tinha o ofício de barbeiro e, embora fosse de origem humilde, sabia ler e escrever em italiano.

Teresa, costureira por profissão, desembarcou grávida e com Vicenzo, de 2 anos, e do bebê Rafaelle. Era uma dedicada mãe. A família Capone se instalou em um pequeno apartamento na região pobre do Brooklyn, onde veio a nascer Alphonse Capone.

Gabriel iniciou sua nova etapa de vida como barbeiro e sonhava em abrir a própria barbearia.

Não demorou a que começasse a progredir na vida. Sabendo ler e escrever, logo foi contratado para trabalhar em uma mercearia e Teresa continuou a costurar.

Com as receitas (“salários”) dos dois, a família Capone viveu relativamente bem, sem luxo, mas sem as privações que normalmente passavam os imigrantes recém-chegados à América.

Pouco tempo depois, Gabriel realizou seu sonho ao abrir sua barbearia na Park Avenue, ainda no Brooklyn, mas em uma região melhor.

Mudou-se com sua família para o segundo andar do mesmo edifício em que funcionava seu empreendimento, o que garantiu a presença de toda a família reunida.

Al Capone pescando
“Às vezes é difícil lembrar de que Al Capone realmente existiu e não foi obra de um escritor de romances policiais, tão presente ele está no imaginário popular. Com seus ternos macios, suas gravatas de seda, seu chapéu de feltro e o rosto com cicatrizes horrendas, ele foi a encarnação do gângster americano”. (KERR, 2010, p. 15). Créditos: autoria desconhecida.

Nesse novo endereço, Al, como Capone se referia a si mesmo, deslumbrou-se com a variedade cultural existente: a região era multicultural: alemães, chineses, suecos, irlandeses, italianos, entre tantos outros povos compartilhavam o mesmo ambiente.

Capone gostava dessa experiência cosmopolita e futuramente tal vivência lhe beneficiaria a comandar seu poderoso império do crime, a Chicago Outfit.

Aos cinco anos de idade, Capone entrou no colégio e seu futuro parecia promissor. Seus pais pareciam se importar com os estudos e a educação dos filhos.

Ao que parece, Al nunca teria sido um aluno brilhante, mas se mostrava bem no currículo escolar.

Entretanto, aos 14 anos, teria sido agredido por uma professora por ter gazeado aula (matado aula) e reagiu. Não se sabe exatamente como Capone teria reagido, mas haveria certa violência.

A reação deu origem à sua expulsão e, assim, diz-se que o possível futuro honesto de Capone teria morrido.

Algum tempo depois, toda a família se mudou novamente, dessa vez para Garfield Place.

Nesta nova região o jovem Capone passou por modificações que mudariam para sempre sua vida, transformando-o no futuro rei do crime da cidade de Chicago.

Conheceu sua futura esposa, a irlandesa Mae Coughlin, com quem passaria o restante da sua vida, e seu mentor do crime, Johnny Torrio, conhecido posteriormente como Johnny “The Fox” Torrio.

Mentores de Al Capone Johnny “The Fox” Torrio e Frank Yale
Os responsáveis pelos primeiros anos de crime na vida de Al Capone. À esquerda, Johnny “The Fox” Torrio, 1931. Créditos: © Bettmann / Corbis, ID: U580061INP; à direita, Frank Yale. Créditos: autoria desconhecida.

Torrio, italiano, também de origem napolitana, pertencia à rara espécie de criminosos capazes de enxergar o que seus supostos pares não conseguiam. Era um visionário.

Teria, inclusive, sido ideia de Torrio a formulação das bases do futuro Sindicato Nacional do Crime.

Organismo este que nasceria em meados da década de 1930, também sendo popularmente chamado de A Comissão (onde os dons de cada família mafiosa decidiriam o futuro de todo o crime organizado ítalo-americano e que teria sua “jurisdição” em todo o mundo, exercendo-a especialmente na Itália e nos EUA).

Al, assim como outros delinquentes juvenis, enxergavam em Torrio a possibilidade de ascender na vida. Não de crescer honestamente, mas na criminalidade, de pertencer a uma famiglia mafiosa e ser um “homem de honra”.

Gângsteres como Torrio, muitas vezes foram tidos como exemplos a se seguir, pois, como ainda hoje se referem a si mesmos, são “homens de honra”.

Homens que, de acordo com a essência da Máfia, recusaram/recusam a legitimidade do Estado por não acreditar que este seja capaz de solucionar, com justiça, os conflitos diários da sociedade, sendo a parte mais abastada da população sempre beneficiada em detrimento da porção pobre.

livro sobre a história da máfia - mafia files
Livro que aborda 20 pessoas/casos que possibilitam uma imersão no mundo do crime organizado. Com uma leitura simples e rápida, dá para se ter uma boa noção da História da Máfia. Montagem: Eudes Bezerra.

O INÍCIO DA CARREIRA CRIMINOSA DE AL CAPONE

Capone, como qualquer criança, começou a trabalhar fazendo pequenos serviços, como a entrega de recados.

“‘Eu considerava Johnny meu conselheiro e pai’, disse Capone na meia-idade, ‘e a pessoa que possibilitou que eu desse a arrancada’”. (CARTER, 2007, p. 32).

Torrio e Capone, contudo, passaram pouco tempo juntos, mas a vida ainda os colocaria lado a lado em um futuro próximo.

Torrio se mudou para Chicago por volta de 1909 e Capone se juntou a gangues de ruas, como as Five Point Juniors, South Brookling Rippers e Forty Thieves Juniors, mas seu desempenho nelas não indicava seu futuro como chefão.

Capone ainda era um jovem que se dedicava à família e ajudava nas despesas trabalhando honestamente, quando labutou em uma fábrica de munição e posteriormente como cortador de papel.

Aos 18 anos, sua vida mudou radicalmente quando começou a trabalhar para Frank Yale por recomendação de Johnny “The Fox” Torrio.

Frank Yale era um gângster considerado durão e que acabara de abrir um bar chamado Harvard Inn, em Coney Island.

Capone começou trabalhando como balconista, mas suas funções o faziam garantir a segurança do local, o que o fez usar seus punhos e eventualmente revólver.

Nesta época, trabalhando no Harvard Inn, Capone teria ganhado sua horrível cicatriz, quando desrespeitou a irmã de um assassino local chamado Frank Galluccio.

Reza a lenda que Frank Galluccio teria ido ao bar acompanhado da irmã, e Capone, ao vê-los entrar, teria feito um comentário maldoso sobre a irmã de Galluccio.

Não se sabe ao certo o que teria falado/gesticulado, mas se costuma apontar que Capone fez um comentário maldoso sobre o quadril da moça.

O insulto não poderia passar em branco e Galluccio exigiu desculpas. Capone se recusou.

Galluccio então pegou uma faca e cortou o rosto de Al Capone três vezes, sendo necessários aproximadamente 30 pontos para fechar os ferimentos.

A partir disso, Capone também passou a ser chamado de Scarface (“cara de cigatriz”). Frank Galluccio e Al Capone, posteriormente, foram repreendidos por chefões do crime para que não ocorressem possíveis represálias, sob o risco de morte dos dois.

O ocorrido, entretanto, ao que parece, não parece mexido com Capone que parecia ter mais certeza do seu caminho.

os pistoleiros de Al Capone Scalise e Anselmi
Os pistoleiros de da Chicago Outfit, Scalise e Anselmi, a dupla se mostrou implacável na defesa e execuções do chefão de Chicago, don Al Capone. Créditos: autorias desconhecidas.

Também foi nesta época em Capone teria contraído sífilis pela primeira vez em algum dos bordéis de Torrio, ou talvez de Yale.

No início de 1918, Capone conheceu Mae Coughlin com quem acabou se casando em 18 de dezembro do mesmo ano.

O primeiro filho do casal, Albert Francis Capone, apelidado de Sonny, veio logo em 1919. O garoto teve a benção e proteção de Johnny Torrio, o qual passou a ser seu padrinho.

Capone, durante toda sua vida, mostrou-se um bom pai de família não deixando que nada faltasse aos seus entes.

Ainda no fim de 1919, Capone, que havia se complicado com a polícia por causa de um homicídio, mudou-se à cidade de Chicago, passando a trabalhar de vez para Torrio.

A cidade possuía diversas outras organizações criminosas e Torrio, por sua vez, trabalhava para seu suposto tio, James “Big Jim” Colosimo, um gângster das antigas, que possuía diversos empreendimentos legais e ilegais na cidade.

Torrio tinha suas próprias ambições e logo começou a explorar as oportunidades que lhe apareceram.

Construiu o Four Deuces (“Quatro Duques”), um ambiente que seria considerado um modelo para atividades de entretenimento, como cassinos, bordeis e salões de jogos.

O Four Deuces também dispunha de um pequeno porão, onde Torrio, Capone e outros torturariam e executariam adversários e aliados desleais.

Al Capone fotografado pela polícia de Miami
Capone tranquilo enquanto era fotografado pela polícia de Miami. Créditos: autoria desconhecida.

A LEI SECA: VOLSTEAD ACT (“ATO DE VOLSTEAD”)

No início de 1920, o Congresso Americano aprovou o Ato de Volstead, a Lei Seca, também conhecida como A Proibição.

“Às 12h 1min do dia 17 de janeiro de 1920, a 18ª Emenda à Constituição Americana colocou em vigor o Ato de Volstead (assim chamado em homenagem ao congressista republicano Andrew Volstead, de Minnesota), proibindo a fabricação de cerveja e a destilação e distribuição de bebidas alcoólica. Era a Lei Seca.” (CARTER, 2007, p. 34)

Nas décadas de 1920 e 1930, a Volstead transformaria para sempre as atividades criminosas ligadas, direta ou indiretamente, ao contrabando de bebidas alcoólicas.

Costuma-se, inclusive, apontar que essa representou a época de ouro do crime, organizado ou não.

Os lucros obtidos com a venda de álcool propiciaram a diversificação das práticas criminosas em legais e ilegais, mesmo depois de revogado o Ato de Volstead.

Isto é, os mais diversos grupos criminosos lucraram tanto dinheiro com o contrabando que ao fim da Lei Seca suas atividades em muito se pareciam com as de verdadeiras sociedades empresárias.

O tráfico de álcool passava por todas as fronteiras dos Estados Unidos, ora por terra ora por mar.

O preço do álcool após a Proibição tornou o negócio assustadoramente lucrativo e diversas nações próximas aos Estados Unidos viram suas exportações de álcool subir vertiginosamente, como se mostra a seguir:

A exportação de bebida da Grã-Bretanha para o Canadá subiu seis vezes e conta-se que foram enviadas mais bebidas alcoólicas à Jamaica do que a população seria capaz de beber por um século. (CAWTHORNE, 2012, p. 66)

bar cheio durante a lei seca nos estados unidos
Fadada ao fracasso, muitos se esbaldaram durante a Lei Seca. Créditos: HL Mencken.
bar cheio durante a lei seca nos estados unidos
Bar cheio e feliz durante a Proibição. Créditos: autoria desconhecida.
policiais destruindo álcool na lei seca dos estados unidos
Álcool sendo descartado durante a Volstead. Créditos: Biblioteca do Congresso dos EUA, Divisão Washington.
soldados com faixa dizendo nós queremos cerveja durante lei seca nos estados unidos
Soldados com a clássica mensagem da época da Proibição: “Nós Queremos Cerveja”. Créditos: autoria desconhecida.

Também foi nesta época em que as disputas entre criminosos explodiram por todo o país, destacando-se a parte leste, onde os mais poderosos chefões do crime modificaram para sempre o chamado crime organizado.

A ligação entre ítalo-americanos e judeus se sobrepôs aos tantos irlandeses, ingleses, franceses e alemães.

Enxergando a recém-promulgada Lei Seca como uma poderosa fonte de renda, Torrio tentou alertar James “Big Jim” Colosimo sobre o ingresso necessário no novo mercado.

Contudo, Colosimo, assim como outros chefes que logo foram derrubados, era um criminoso à antiga e não se encontrava adaptado aos novos tempos.

Não adaptado, Colosimo havia se tornado um empecilho à evolução – e própria sobrevivência – dos negócios da famiglia.

Não se sabe ao certo quem teria eliminado James “Big Jim” Colosimo a tiros no vestíbulo do Colosimo’s Café’s.

Sabe-se, porém, que o homicídio ocorreu a 11 de maio de 1920 e, entre os possíveis executores, encontram-se Frank Yale, Al Capone e o próprio Johnny Torrio.

Diz-se que Yale pretendia herdar o império de Colosimo, coisa que Torrio também cobiçaria, mas que, por trabalhar e administrar os negócios do tio, este foi dado como sucessor natural.

Com Torrio na chefia, Capone passou rapidamente a angariar mais e mais poder, tornando-se braço direito e eventual “herdeiro” (na Máfia moderna, raramente se “herda” por estirpe, mas por competência através de indicações de outros chefões).

Posteriormente, desejando não ver uma escalada no número de assassinatos em Chicago, como acontecia em tantas outras cidades dos Estados Unidos, Torrio forjou pactos de paz.

Pactos de paz e até de cooperação mútua com outros chefes da cidade, o que acabou por garantir alguns anos de tranquilidade e parcerias bem lucrativas aos grupos envolvidos entre os anos de 1921 e 1924.

Entre os grupos, encontravam destacadamente o North Side e o West Side.

  • O West Side era dominado pelos chamados “Terríveis Genna”, um grupo de seis irmãos vindos de Marsela, Sicília (Itália), e que ficaram conhecidos por sua violência desmedida.
  • O North Side era liderado por Dean O’Banion, um irlando-americano nascido em Illinois que administrava seus negócios através de uma floricultura de fachada e que seria o responsável por dar o passo inicial à brutal disputa pelo mercado do álcool.
  • O South Side (“lado sul”), por sua vez, pertencia a Torrio, Capone e Yale sob a denominação de Chicago Outfit.

Durante o “período de paz”, diversas ações no sentido de gerar apoio político foram feitas, sendo algo buscado por todos os grupos, pois, independentemente de qual se prevalecesse, os apoios político e policial deveriam ser selados pelo bem dos negócios.

frase famosa de al capone
Al Capone e uma de suas frases famosas. Créditos: autoria desconhecida.

Em 19 de maio de 1924, Dean O’Banion armou uma armadilha para o seu então aliado, Torrio.

O’Banion teria dito que já havia ganho mais do que poderia gastar em uma vida e que estava decidido a vender suas destilarias, bares e afins.

Um encontro foi marcado em uma das destilarias de O’Banion.

Entretanto, quando o italiano chegou ao local indicado, acabou sendo preso pela polícia por sua segunda infração à Lei Seca, o que significava prisão certa e lhe rendeu 9 meses de cadeia.

O’Banion sabia que a destilaria receberia uma batida da polícia e arquitetou a armadilha para Torrio que, além de ser preso, teve 500 mil dólares perdidos (dinheiro que pagou a O’Banion pela compra do negócio).

Quando Torrio descobriu a armação do florista, ficou furioso e tratou de articular sua morte com os irmãos Genna, do West Side.

Pouco tempo após a prisão de Torrio, Mike Merlo, o presidente da Unione Siciliana faleceu e um grande funeral estava marcado para acontecer em Chicago.

A Unione Siciliana, em teoria, era uma associação criada para auxiliar os numerosos imigrantes italianos que chegavam aos Estados Unidos da América.

Todavia, na prática, era controlada por mafiosos italianos.

Em 10 de novembro de 1924, dois assassinos ligados aos Irmãos Genna – Alberto Scalise e Giovanni Anselmi – foram à floricultura de O’Banion, acompanhados por Frank Yale que, no dia anterior, havia encomendado flores para o enterro de Mike Merlo.

O irlando-americano não teria desconfiado de nada.

O’Banion pensou que tinham ido apanhar uma coroa de flores. Estendeu a mão para eles, mas um dos homens, sabendo que o florista sempre mantinha uma das mãos livres para sacar alguma das armas que guardava em três bolsos especiais costurados em seus ternos, agarrou a mão livre.

Seis tiros depois, O ‘Banion estava estendido em uma poça de sangue no chão. Ninguém nunca foi indiciado por sua morte”. (KERR, 2010, p. 17)

Algum tempo depois, Capone, após o enterro de O’Banion, teria dito:

Deany estava indo muito bem e progredindo, mais do que podia esperar.

Mas, como acontece com todo mundo, chegou sua hora. Johnny Torrio ensinou a O’Bannion tudo o que ele sabia e depois O’Bannion juntou alguns dos melhores rapazes que tínhamos e decidiu ser o chefe do contrabando de bebida em Chicago.

Que oportunidade! O’Bannion tinha um jeito muito especial de fazer o negócio ser lucrativo para nós, e ele o fez.

Sua função era acalmar os tiras e nós lhe demos muita autoridade com os compradores de destilados e de cerveja.

Quando ele rompeu conosco, por algum tempo as coisas não foram fáceis. Ele sabia de tudo e nos deixou exaustos. Foi o seu fim”. (CARTER, 2007, p. 38)

Após sair da prisão, Johnny Torrio viajou à Europa em uma espécie de férias sem-fim, deixando Al Capone a cargo das suas atividades e como responsável pela infiltração do grupo no “subúrbio” de Chicago, Cicero.

Al Capone na capa da revista Time
Revista Time: Al Capone, o homem do ano. Créditos: autoria desconhecida.

AL CAPONE ALTRUÍSTA?

Al Capone financiou músicos, pintores e tantos outros artistas, incluindo a lenda Louis Armstrong.

Também criou diversas padarias e soparias para alimentar os famintos que sofriam os efeitos da Quebra da Bolsa de Wall Street, em 1929.

Nesse sentido, costuma-se levantar que Capone se diferenciava dos seus pares, pois não via diferença entre homens brancos, negros e amarelos, o que, à época, era latente, sendo algumas vezes até fatal.

Contudo, não se pode creditar a Capone o título de benfeitor puro e honesto, pois uma das lições ensinadas na escola mafiosa corresponde à assistência.

Capone seguia essa lição à risca, sem, todavia, assemelhar-se aos seus aliados e adversários que costumavam canalizar seus incentivos a poucos grupos, normalmente restringindo aos de mesma origem.

soparia mantida por al capone durante a grande depressão
Um dos tantos estabelecimentos criados por Al Capone, para distribuir sopa e café aos inúmeros desempregados por causa da Grande Depressão, 1 de fevereiro de 1931. Créditos: Corbis, ID: NA002617.
homens comendo em soparia de al capone durante a grande repressão
Homens que comendo no Soup Kitchen, inaugurado por Al Capone, 18 de novembro de 1930. Créditos: Underwood & amp; Underwood/Corbis, ID: VV3608.
Al Capone e seu filho em uma partida de beisebol
Al Capone com seu filho, Sonny, em partida beneficente de beisebol financiada pelo próprio Capone, 1931. O jogador é Gabby Hartnett e está prestes a dar um autógrafo a Sonny. Observe as cicatrizes no rosto de Capone, o que deu origem ao apelido Scarface. Créditos: Bettmann / Corbis, ID: U163900ACME.

AL CAPONE ASSUME O PODER

Al Capone, à frente da Chicago Outfit, tratou de pôr em prática seus próprios interesses e buscou ampliar os negócios da família.

A ida para Cicero se mostraria fundamental, visto que o apoio político em Chicago se encontrava deteriorado e candidatos reformistas, como William E. Dever, desejavam dar um basta à sangrenta disputa entre os criminosos.

Dever era honesto e dedicado ao serviço público e, para o infortúnio de Capone, venceu as eleições em Chicago.

Contudo, nas eleições de 1924, em Cicero, o crime venceu o jogo político e, assim como a política, a polícia também se encontraria a serviço de Al Capone.

A eleição em Cicero também foi tragicamente marcada pela morte do irmão de Al, Frank Capone, que teria sido baleado pela polícia em um tiroteio do lado de fora de uma sessão de votação.

Apesar da morte prematura do querido irmão, Capone não se deixou abalar nem de trabalhar.

Não poderia. O’Banion havia sido derrubado, mas o North Side ainda continuava na disputa.

Ao lado de O’Banion, encontravam-se George “Bugs” Moran, Hymie Weiss e Vincent “The Schemer” Drucci, que ainda se encontravam profundamente tristes e irritados com a morte do patrão-irmão, Dean O’Banion.

Eles deflagraram uma tremenda guerra contra as demais organizações, principalmente contra a Outfit de Capone.

Em pouco tempo, todos os seis irmãos Genna, que dominavam o West Side, assim como muitos outros, encontravam-se mortos ou desaparecidos.

A GUERRA CONTRA O NORTH SIDE

Os ataques Outfit-North Side se proliferaram de modo tão avassalador, que parece ser certo que as clássicas disputas a tiros entre gângsteres nasceram nas ruas da cidade Chicago — tiroteios eletrizantes abordo de veículos velozes amplamente reproduzidos por filmes de Hollywood.

A luta embarcou em uma selvageria em que não se respeitava mais nada, a polícia pouco podia fazer e o número de mortos dos dois lados do conflito crescia regularmente dia após dia, tiroteio após tiroteio, garrote após garrote…

Em 12 de janeiro de 1925, quando Al Capone se direcionava a entrada de um restaurante entre as avenidas State e 55.ª, Moran, Drucci e Weiss passaram abordo de um carro descarregando suas tommy guns (submetralhadoras).

Capone e seus homens se jogaram no chão a tempo e saíram ilesos.

O chefão da Outfit teria tido sua vida salva, quando seu homem de confiança, Frank Rio, atirou-se ao chão o segurando. Somente Sylvester Barton, o motorista, saiu ferido.

Após o atentado Scarface mandou blindar alguns de seus carros, transformando-os em verdadeiros tanques de guerra.

carro cadillac v8 de al capone
O principal veículo de Capone, um Cadillac v8, modelo 1928. “O Cadillac teria mais de mil quilogramas de blindagem sob o chassi tradicional, janelas à prova de balas de 3 centímetro de grossura, uma sirene e uma luz vermelha piscante. Pintado da mesma cor que as viaturas policiais de Chicago, acredita-se ter sido também o primeiro carro particular com receptor da radiofrequência da polícia”. (CAWTHORNE, 2012, p.71) Créditos: Theo Civitello / RM / BNPS.
carro blindado de al capone
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), após o ataque japonês à base naval Pearl Harbor, em 1941, o veículo foi utilizado pelo presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, que temia ser assassinado por espiões ou assassinos a serviço do Eixo (Alemanha, Itália, Japão). Atualmente, o veículo é motivo de disputa entre colecionadores do mundo todo. Créditos: Cadillac v8 de Al Capone. Créditos: Theo Civitello / RM / BNPS.

Ainda no mesmo mês, no dia 24, Torrio, que já havia retornado da Europa, sofreu um atentado que por pouco não lhe tirou a vida: quando voltava para casa após fazer compras com a esposa, Bugs Moran e Hymie Weiss abriram fogo o ferindo gravemente por todo o corpo, incluindo seu rosto.

Com Torrio caído no chão, Moran se aproximou, apontou a arma automática para a têmpora do seu alvo e puxou o gatilho — um clique surdo, seguido de outros…

Para a surpresa do irlando-americano — e felicidade do italiano —, a arma estava descarregada.

A essa altura do atentado, a vizinhança, carros e pessoas já se aglomeravam nos arredores, acabando por fazer com que os atacantes fugissem.

Torrio foi levado ao hospital, recuperou-se, honrou a omertà (“lei do silêncio”), ao não dizer nada às autoridades, e decidiu de vez se mudar para a Itália, passando seus negócios em Chicago a Al Capone definitivamente.

Posteriormente, em 13 de junho de 1925, Bugs Moran e Drucci quase foram mortos por picciottos (pistoleiros), quando, no cruzamento entre as avenidas Sangamon e Congress, passaram em uma limusine negra metralhando os dois, que gravemente feridos foram socorridos ao hospital onde passaram semanas internados.

Dean O’Banion Hymie Weiss Vincent Drucci e George “Bugs” Moran
Os gângsteres do North Side, em ordem sequencial da esquerda à direita: Dean O’Banion, Hymie Weiss, Vincent Drucci e George “Bugs” Moran. Créditos: autoria desconhecida, exceto Moran: Getty Images.

Em 20 de setembro de 1926, em Cícero, ocorreu uma das mais espetaculares tentativas de assassinato da história do crime organizado: uma caravana de seis ou oito carros com membros do North Side desceu a 22ª Avenida em direção ao Anton’s Hotel onde Capone jantava.

Com suas submetralhadoras expostas do fora dos carros, os soldados do norte de Chicago destruíram a balas diversos estabelecimentos no coração do território de Al Capone – ousadia que o teria decidido “encerrar” a guerra.

As ruas estavam apinhadas de gente quando o tiroteio começou à porta do Anton’s Hotel.

As metralhadoras varreram de ponta a ponta as montras da barbearia de Angelo Gurdi, onde Capone fazia diariamente a barba, uma charcutaria, uma lavanderia e o Restaurante Hawthorne.

Numa saraivada assassina final, um homem envergando um macacão de caqui desceu de um dos carros e aproximou-se da entrada principal do Hotel Hawthorne.

Com a metralhadora repousando sobre o joelho, pulverizou o átrio [aposentos] da mesma maneira que um jardineiro apontaria a mangueira para um relvado sequioso.

Depois, os carros atacantes ganharam velocidade, cruzando os limites da cidade de regresso a Chicago”. (CARTER, 2005, p. 200)

A 4 de outubro de 1926, a Outfit tentou nova conciliação com o North Side, com direito a uma entrevista coletiva histórica em que Capone fez um apelo direcionado aos seus concorrentes contrabandistas:

“Há oportunidades suficientes para todos nós sem que precisemos nos matar nas ruas como animais. Não quero morrer na rua crivado de balas de metralhadoras”. (KERR, 2010, p. 19)

O termo de paz parecia certo, contudo, a Capone foi exigido que entregasse os assassinos de O’Banion (Giovanni Anselmi, Alberto Scalise e Frank Yale), coisa que o chefe ítalo-americano se recusou a fazer.

Então Al Capone partiu mais uma vez para o ataque, sendo mais eficiente que os rivais: em 11 de outubro de 1926, Hymie Weiss e outros homens foram crivados de bala. Weiss morreu a caminho do hospital.

Earl Hymie Weiss morto
Earl Hymie Weiss morto. Créditos: Getty Images.

Após a morte de Weiss, outro acordo de paz foi levantado e selado entre os grupos.

Todavia, para “sorte” de Capone, no dia 4 de abril de 1927, Vinnie Drucci acabou morto por um policial que o avistara tentando desarmar outro policial.

Drucci havia tentado saquear um gabinete eleitoral (prática comum e a pedido de políticos envolvidos com o crime).

Com mais essa morte, agora, George “Bugs” Moran se encontrou privado de seus antigos amigos de confiança, ao passo que seu império do crime desmoronava.

O poder da Chicago Outfit aumentava rapidamente com novos territórios anexados e o North Side já não representava o perigo de antes, mas, sempre precavido, Capone tratou de acertar os detalhes do último golpe, ou melhor: rajada de tommy gun.

O réveillon de 1928–1929 foi marcado pelo pleno poder de Al Capone que desfrutou dessa data em sua nova mansão, em Palm Sland, Miami, onde passaria o restante de sua vida.

Com 30 anos de idade incompletos, Capone havia se tornado o chefe absoluto do submundo de Chicago, havia alcançado o que poucos gângsteres conseguiram, o trono régio.

Mansão de Al Capone em Palm Island
Mansão de Al Capone em Palm Island, onde o senhor de Chicago viveu os últimos anos de sua vida, 15 de setembro de 1937. Créditos: Bettmann / Corbis, ID: U410713ACME.

O MASSACRE DO DIA DE SÃO VALENTIM

Na manhã de 14 de fevereiro de 1929, na garagem da SMC Cartage Company, em Lincoln Park, Chicago, os principais homens de George “Bugs” Moran esperavam por um carregamento de uísque e faziam planos para a noite que prometia, era o dia de São Valentim (dia dos Namorados), uma querida data para os apaixonados.

massacre do dia de são valentim
Deixando o amor das namoradas e esposas um pouco de lado, quatro homens acordaram cedo para trabalhar. Era 14 de fevereiro de 1929 e casais nos EUA comemoravam o dia de São Valentim (dia dos namorados). Para este dia, Al Capone e seus homens planejaram algo especial: fechar um grande negócio. Com a assinatura de submetralhadoras Tommy Gun e escopetas, sete homens foram mortos a sangue frio — negócio fechado. A barbárie chocou os Estados Unidos, acentuou a opinião pública contra a Lei Seca e nunca teve seus responsáveis identificados e presos. Créditos: “Massacre do Dia de São Valentim, 1929”, Hulton-Deutsch Collection / Corbis. ID: HU010546.

Embora não se tenha certeza de que esperavam um carregamento de bebida, os homens de Moran aguardavam algo.

A versão mais reproduzida sobre o episódio indica que um carregamento de álcool contrabandeado por algum “desconhecido” seria vendido aos homens do North Side naquela manhã.

Contudo, a entrega de uísque não ocorreria porque não havia carregamento algum – era uma cilada.

Al Capone e seus homens criaram a situação ideal para destruir Moran e seus principais homens ainda vivos.

Perto das 10h30, dois carros – um Cadillac sedan e um Peerless –, com quatro ou cinco homens, estacionaram em frente à garagem, dois policiais saltaram dos veículos e invadiram a garagem, permanecendo o motorista no volante.

Parecia uma batida policial e, calmamente, os sete homens ali encontrados não ofereceram resistência – não havia muitos problemas com a polícia (havia grande corrupção de agentes públicos e provas costumavam “sumir” ou ser “assassinadas”).

Os policiais colocaram todos os homens contra parede, de pernas abertas e mãos para o alto. Os homens foram revistados, suas armas apreendidas e diante disso, apenas aguardavam as algemas.

Outros dois homens, supostamente “detetives” e vestindo sobretudos, entraram armados com submetralhadoras Thompson (tommy gun).

Encostados na parede e de costas para os seus carrascos, os sete homens foram destruídos com mais de 100 tiros à queima roupa.

As fontes, na verdade, são confusas e indicam de 70 a mais de 150 disparos, no entanto, costuma-se apontar 150 disparos, o que muitas vezes faz o evento ser chamado de “O Massacre dos 150 Tiros”.

Na sequência, os homens uniformizados (falsos policiais) escoltaram seus colegas sem uniforme para fora da garagem como se estivessem presos. Entraram no carro e partiram – nunca alguém foi responsabilizado pelo massacre.

Um dos cadáveres era do médico Reinhardt Schwimmer, que parecia apreciar a companhia dos criminosos. Outro cadáver era de John May, um mecânico de carros que prestava serviços. Apenas um cão pastor alemão teve a vida poupada.

Quando a polícia chegou, o principal executor de Moran, Frank Gusenberg, ainda estava vivo. Embora soubesse que estivesse próximo da morte, recusou-se a falar sobre a identidade dos assassinos.

Teria dito: “Ninguém me baleou”. Gusenberg honrou a omertà e morreu horas depois (a omertà — Lei do Silêncio — pressupõe que as disputas devem ser resolvidas sem a interferência das instituições do Estado, visto que este é considerado como um fantoche repleto de “figurões” egoístas e ambiciosos).

O alvo central do ataque era George “Bugs” Moran e seus principais homens, como Gusenberg.

Acreditou-se que Moran estivesse entre os perfilados, mas estava atrasado para o encontro. O atraso teria ocorrido por causa de um acidente de trânsito que deixou Moran preso no tumulto.

Quando finalmente estava perto da garagem, pensou que a polícia estivesse dando uma batida e sumiu.

Quando soube da notícia da morte dos seus homens, fechou a “concorrência” que fazia a Scarface e fugiu, deixando o lado norte da cidade de Chicago.

massacre do dia de são valentim
O Massacre do dia de São Valentim também é conhecido como o Massacre dos 150 Tiros. Créditos: autoria desconhecida.

Ninguém chegou a ser acusado formalmente pelo Massacre do Dia de São Valentim e, oficialmente, o caso continua sem solução. O próprio Capone foi interrogado, mas não havia provas.

Na sequência, deu uma festa para celebridades que assistiam o campeonato de luta mundial.

Quando lhes perguntaram quem achava ser o responsável pelo massacre, disparou: “‘Bugs’ Moran”. Mas parece não haver dúvidas sobre o real responsável — “Somente Capone mata desse jeito”, declarou Moran.

Diversos homens de Scarface foram investigados, mas nunca condenados por falta de provas.

Acredita-se que o astuto e profissional braço direito de Capone, Frank Rio, tenha participado.

Dentre outros possíveis nomes do ironicamente também chamado “Massacre Sem Autoria”, estão Jack “Machine Gun” McGurn, que teria sido o principal articulador do plano, Fred “Killer” Burker, Alberto Scalise, Giovanni Anselmi e George “Shotgun” Ziegler.

Possivelmente, parte dos assassinos tenha vindo de cidades a centenas de quilômetros de Chicago, o que mostra o porquê de nunca terem sido identificados e pelo equívoco de achar que Moran se encontrava entre os sete homens que logo se encontrariam mortos.

O intrigante George “Shotgun” Ziegler teria sido um dos falsos policiais do Massacre do Dia de São Valentim (alguns amigos teriam lhe apontado como tal décadas depois). Ziegler era conhecido por sua marcante cortesia.

Um agente do que viria a se tornar o Federal Bureau of Investigation (FBI) escreveu que Ziegler tinha uma personalidade de infinitas contradições — “De boas maneiras, sempre delicado, era capaz de cometer amplas generosidades e crueldades sem consciência”.

Ainda em 1929, Alphonse Gabriel “Scarface” Capone foi eleito, pela Revista Times, o homem do ano, ao lado do físico Albert Einstein e do pacifista Mahatma Gandhi.

Parecia que a lei não poderia lhe tocar.

ARMANDO A RATOEIRA PARA ELIMINAR OS “RATOS”

Al Capone não chegou ao topo sem tomar cuidado. Muito cuidado. Paralelamente às disputas contra grupos armados e políticos de Chicago e adjacências, Scarface eliminou uma sequência de antigos aliados e inimigos perigosos.

Capone tinha olhos e ouvidos em todos os cantos e pagava caro por isso (informações).

Estima-se que dos 100 milhões de dólares que lucrava ao ano, aproximadamente 30 milhões era destinado ao pagamento de propina (agentes públicos, associados, políticos, jornalistas, juízes, policiais, organizações não governamentais e tantos outros órgãos públicos e privados).

À medida que a Chicago Outfit vencia o North Side, outros inimigos ocultos começavam a se mostrar e a tramar a morte de Al Capone. Um deles era Frank Yale, antigo amigo e ex-patrão de Capone.

A essa altura, mais ou menos em 1926, os negócios de Capone se estendiam por distantes cidades e Yale era o responsável pela supervisão da comercialização do contrabando.

Contudo, muitos carregamentos de álcool estavam sendo interceptados e a cúpula de poder da Outfit se convenceu de que Frank era o responsável.

Al Capone e Frank Yale também se encontravam em discórdia desde 1927, quando aquele decidiu trocar este por Antonio Lombardo no comando dos negócios e, talvez, da direção da decadente Unione Siciliana.

Yale não ficou satisfeito. Capone sabia disso.

Diz-se que:

em 1º de julho de 1928, Frank Yale estava tomando um drinque em um speakeasy [bar clandestino típico da era da Proibição] local quando o barman lhe disse que havia um telefonema para ele em uma das cabinas. Seja o que for que Yale ouviu no telefone, o fez sair correndo para seu carro.

Saiu dirigindo a toda velocidade, mas seu veículo foi interceptado por outro e encurralado na rua 44. Em questão de segundos, o corpo de Yale estava crivado de balas. (CARTER, 2007, p. 44-45, acréscimo nosso)

Um policial ao lado do corpo de Frank Yale
Um policial ao lado do corpo de Frank Yale. Créditos: Policial ao lado do corpo de Frankie Yale. Fotografia: © Bettmann / Corbis, ID: U439958INP.
O corpo de Frank Yale
O corpo de Frank Yale. Créditos: autoria desconhecida.

Em meados de 1929, logo após o Massacre do dia de São Valentim, Capone retornou a Miami — mostrando “desconhecimento” do fato que teve uma imensa repercussão no país — disposto para resolver outro problema:

Descobriu que seus pistoleiros Giovanni Anselmi, Alberto Scalise e Joe “Hop Toad” Giunta também conspiravam contra seu poder.

Giovanni Anselmi e Alberto Scalise eram dois tremendos assassinos da Máfia, sendo dois dos mais bem-sucedidos executores da época, e a concorrência da Outfit parecia não ter ninguém capaz de se defender da dupla.

Ambos italianos, eles entraram clandestinamente nos Estados Unidos da América na década de 1920, quando o Il Duce, Benito Mussolini, declarou guerra à Máfia.

Trabalharam inicialmente para os Terríveis Genna, ficando a cargo dos serviços de Capone posteriormente.

Ficaram conhecidos como “Os Gêmeos Assassinos”, sem, no entanto, possuir vínculo familiar algum. No máximo, Anselmi era considerado o mentor de Scalise.

Para ter certeza da traição dos destacados pistoleiros, Al Capone e Frank Rio forjaram uma discussão, onde Frank teria saído aparentemente contrariado.

Era a isca para que os cabras-machos de Capone lhe oferecessem um acordo para matar Capone e tomar seu império do crime. A traição estava comprovada.

Um grande banquete, então, foi marcado e diversos associados da Outfit compareceram.

Durante o jantar, Capone se levantou, elogiou os convidados e alguém lhe deu seu bastão de beisebol.

Capone teria dito: “Sei que querem meu trabalho. Bem, aqui está ele” e começou a espancá-los furiosamente.

Comeram e beberam até meia-noite, mas quando Al afastou sua cadeira da mesa e começou a falar sobre deslealdade eles [Anselmi, Scalise e Giunta] se deram conta de que tinham um sério problema.

Haviam esquecido a velha tradição siciliana de hospitalidade antes da execução e, pior de tudo, tinha estupidamente deixado suas armas na chapelaria”. (KERR, 2010, p. 22, acréscimo nosso)

Posteriormente, ao menos um tiro na nuca de cada foi dado e seus corpos foram encontrados brutalmente espancados e baleados em uma pista ou parque em Hammond, Indiana.

Ao que parece, o episódio mostrado no início do filme Os Intocáveis (EUA; Palma; 1987) teve inspiração nesse evento.

Todavia, como supramencionado, oferecer uma refeição saborosa antes da execução era um hábito italiano.

Após despachar Scalise, Anselmi e Giunta ao inferno, Capone e seus homens agora tinham Joseph Aiello, o chefe de uma poderosa família da Máfia.

Aiello havia contratado diversos assassinos para dar cabo da vida de Capone, mas nenhum chegou perto de obter êxito.

Diz-se que ele ofereceu a bagatela de 50 mil dólares para qualquer um que conseguisse a cabeça de Capone.

Diz-se que levas e mais levas de assassinos profissionais tentaram, mas, como anteriormente aconteceu, todos falharam, sendo muitos torturados e mortos em represália.

Doravante, a polícia prendeu Joseph Aiello como suspeito da tentativa de um homicídio.

A prisão do chefão mafioso logo chegou aos ouvidos de Capone que expediu ordem a algum de seus caporigemes (“capitães” que comandam até 50 soldados), para que dessem o mesmo destino de Frank Yale: cravejado de bala.

Aiello conseguiu a soltura na polícia, mas se recusou a sair do departamento policial. Seu receio era justo.

Não se sabe quantos carros apareceram subitamente na frente da delegacia, mas o recado era claro: Joseph Aiello deveria ser morto ao sair.

Uma aura sinistra tomou conta das ruas próximas à divisão policial.

Tentando evitar um massacre talvez maior que o do dia São de Valentim, os policiais protegeram e aconselharam Aiello a fugir do país, o que prontamente foi atendido e, assim, a vida do chefão foi salva.

Contudo, Aiello apenas se mudou para Nova Jersey com seus irmãos, Dominic e Tony, e no dia 23 de outubro de 1930 foi finalmente assassinado.

Embora não se saiba o responsável pela execução, suspeita-se de Scarface.

HERBERT CLARK HOOVER, PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, E JOHN EDGAR HOOVER, CHEFE DO FBI, DECLARAM GUERRA AO CRIME ORGANIZADO

Em 1929, a violência das guerras entre criminosos clamava por uma forte intervenção das autoridades, o clamor público cobrava atitudes enérgicas e os homens da lei — Bureau of Prohibition — se mostravam ineficientes.

Acuado, mas decidido, o então Presidente Herbert Hoover endureceu os crivos da lei contra o crime organizado, especialmente para enjaular o perigoso chefão de Chicago.

Para isso, uma destacada força-tarefa foi criada — onde honestidade e bravura eram requisitos — e tamanha foi a sua fama que acabou por inspirar o filme mundialmente aclamado Os Intocáveis (The Untouchables; EUA; Palma; 1987).

Agente especial Eliot Ness
Agente especial Eliot Ness. Homem especialmente designado para prender Al Capone. Créditos: Arquivo / Departamento do Tesouro Americano.

Desejando reverter a caótica situação que assolava os Estados Unidos, o Presidente Hoover, dentre outras medidas, expediu ordem para criação de um esquadrão especial de repressão direta contra o todo-poderoso chefão de Chicago, Alphonse Capone.

Encabeçando tal esquadrão de elite do Bureau Of Prohibition, encontrava-se Eliot Ness, um funcionário da Receita Federal, graduado em Direito e experiente em investigações bancárias em Chicago, que estava disposto a defender a Volstead (Lei Seca). Ness era um idealista.

Eliot Ness dizia:

Afinal, se você não gosta de ação e adrenalina, não vai trabalhar na polícia (…). E que inferno, já descobri que ninguém vive para sempre mesmo”. (CAWTHORNE, 2012, p. 84)

O grande problema para Ness seria encontrar homens que reunissem diversas qualidades, incluindo honra, bravura e — preferencialmente — que não fossem casados. Teria dito:

Defini as qualidades gerais que eu procurava: solteiros, com menos de 30 anos de idade, com disposição física e mental para trabalhar longas horas. Coragem e capacidade para usar punhos, armas e técnicas investigativas especiais.

Precisava de alguém que fosse bom com telefones e pudesse grampear uma linha com rapidez e precisão.

Eu precisava de homens que fossem excelentes motoristas, pois boa parte do nosso sucesso dependeria da habilidade deles em seguir os carros e caminhões da Máfia (…) e de rostos novos, de outras divisões, que não fossem conhecidos dos mafiosos de Chicago”. (CAWTHORNE, 2012, p. 85)

Quando finalmente constituído, o grupo reuniu 50 membros; ao fim das investigações, porém, apenas 9 restavam.

Quando era necessário, outros agentes e policiais auxiliavam os homens de Eliot para que grandes operações fossem realizadas simultaneamente, mas só tomavam conhecimento das ordens no último instante.

Com isso, tentava-se impossibilitar a comunicação entre os agentes da lei corruptos e mafiosos em virtude da saúde da operação e dos agentes honestos.

Nos seis primeiros meses de serviço, os agentes especiais já tinham dado prejuízo superior a um milhão de dólares a Scarface com o fechamento de bares e destilarias.

Apesar da bravura dos jovens agentes, o capo (chefe) de Chicago se mantinha inalcançável. Seria necessária fazer uma exemplar condenação no tribunal.

O seleto grupo de homens honestos foi finalmente batizado de “Os Intocáveis” após rejeições de suborno.

al capone em sua casa em palm island
Al Capone vestindo um maio em sua casa na Flórida. Créditos: autoria desconhecida / Alamy.

Um mensageiro de Capone tentou sucessivamente subornar Ness e outros dois importantes membros.

Havia oferecido 2 mil dólares iniciais a Ness (que recebia apenas 3 mil por ano) e depois jogado envelopes cheios de dólares pela janela do carro em que os três agentes estavam.

Todos os três rejeitaram o suborno arremessando os envelopes no mafioso.

No dia seguinte, diversos jornais relataram o acontecido e um deles consagrou os agentes especiais como “Os Intocáveis”.

Inicialmente, Scarface não pretendia assassinar Eliot.

Na verdade, não desejava atrair mais atenção e disposição das autoridades ao executar o homem que havia sido designado pelo próprio presidente do país.

Entretanto, seus prejuízos o fizeram mudar de ideia e ao menos três tentativas de assassinato foram tentadas — 1º tiros; 2º atropelamento; 3º dinamitação —, mas nada derrubou o cabra macho de Hoover.

Após a tentativa de dinamitação, Ness, desafiadoramente, reuniu 45 caminhões em frente ao hotel que Capone estava hospedado, ligou para seu quarto e disse que olhasse pela janela.

Eliot havia reunido grande número de homens para fechar um grande bar que o mafioso se orgulhava de ter recém-inaugurado, deixando-o transtornado.

Apesar da grande bravura e das 5 mil violações à Lei Seca apresentadas, Os Intocáveis pouco acrescentaram à prisão de Al Capone.

Outro agente, Frank J. Wilson, também da Receita Federal, é quem forneceu as provas essenciais para a condenação do chefão por sonegação fiscal (assunto que será abordado detalhadamente no próximo ponto).

Eliot Ness, por ter desafiado abertamente e sobrevivido à queda do grande capo de Chicago, tornou-se o mais famoso homem da Lei Seca.

Apesar de parecer certo, Eliot e Alphonse Capone nunca estiveram frente a frente.

Ness, o homem do presidente, faleceu no dia 16 de maio de 1957 após um ataque cardíaco.

JULGAMENTO E CONDENAÇÃO DE AL CAPONE

Casos de criminosos absolvidos por falta de provas que, misteriosamente, sumiam ou eram “assassinadas” não faltam no submundo.

Muitos tentaram aplacar o crime organizado, como a honrada Mano Bianca que lutou contra a Mão Negra, mas quase sempre foram derrubados — ora à bala por “homens do botão” (picciottos), ora pela política dos fantoches públicos.

Nos tribunais, criminosos profissionais, valendo-se da Quinta Emenda, permaneciam calados ou invocavam a referida emenda, que lhes assegurava o direito de permanecer calado e, desta forma, evitar a autoincriminação.

A Quinta Emenda também lhes garantia proteção contra buscas e apreensões descabidas.

Quando Herbert Hoover foi eleito Presidente dos EUA, em março de 1929, estava disposto a guerrear contra o crime organizado por todos os meios legais.

Recorreu à unidade especial da Receita Federal (Departamento do Tesouro dos Estados Unidos), que enviou uma equipe especializada e liderada por seu melhor investigador, Frank J. Wilson, um contador muitas vezes reputado como obsessivo por declarações fiscais e de renda.

Al Capone deixando o tribunal federal após uma das audiências de 1931
Al Capone deixando o tribunal federal após uma das audiências de 1931. Créditos: AP Photo.

Ao passo em que o Bureau Of Prohibition fazia batidas nas fábricas e bares clandestinos, a Receita Federal estadunidense, por sua vez, dava combate na guerra fiscal.

A Receita Federal sabia que Al Capone, entre muitos outros, nunca havia declarado qualquer imposto de renda.

Não declaravam seu imposto de renda por um óbvio motivo: não se declara rendimentos de atividades ilegais.

Frank Wilson sabia que seria difícil pegar Capone somente com a caneta.

Certo dia, por ocasião do julgamento de um gângster chamado Manley Sullivan, a Suprema Corte decidiu que a Quinta Emenda não tinha sido aprovada para conceder liberação de impostos aos criminosos, que a utilizavam como blindagem indestrutível.

Munido da decisão da Corte Suprema, Wilson se sentiu revigorado e seus investigadores trabalharam duramente para fechar o cerco contra Scarface.

Al Capone nunca havia feito declaração de imposto de renda, não tinha conta bancária, tampouco assinava cheques ou possuía ativos — ao menos oficialmente.

Não possuía nenhum registro comercial. Era difícil comprovar sua renda, mas, por sua ostentação, acabou perdendo a liberdade. Gastava rios de dólares com facilidade.

Quando o Jake Guzik, contador dos negócios ilegais, teve sua prisão feita, a Outfit começou a ruir.

Ralph Capone, irmão de Capone, e o subchefe Frank “Enforcer” Nitti também foram presos.

Com os livros das movimentações da organização, Frank Wilson apresentou 22 queixas de sonegação fiscal contra Capone.

Foi o prelúdio do fim: a guerra agora seria travada nos tribunais.

Al Capone com advogados
Al Capone (1899-1947) com advogados nas audiências de Júri Federal, onde foi indiciado por sonegação de imposto de renda. Créditos Bettmann/Corbis. ID: BE-040947.

Percebendo a gravidade da situação, os advogados fizeram um acordo com a promotoria, em que Scarface se declararia culpado e receberia uma pena de dois anos e meio no máximo, mas o juiz Herbert Wilkerson rejeitou tal acordo.

Os capangas de Capone correram para subornar o júri para que absolvessem o chefão, mas outro júri foi convocado no último minuto para o início do julgamento. Tudo estava contra o chefão do submundo de Chicago.

Em sua defesa, Capone francamente disse:

Você não pode curar a sede por lei. Ganho dinheiro satisfazendo a demanda do público. Se infrinjo a lei, meus clientes, que somam centenas das pessoas mais respeitáveis de Chicago, têm tanta culpa quanto eu.

A única diferença é que vendo e eles compram (…).

Quando vendo, isso é chamado de contrabando. Quando meus fregueses são servidos em uma bandeja de prata, é hospitalidade”. (CAWTHORNE, 2012, p. 75, grifo nosso)

No final de 1931, Scarface sofreu a maior pena já aplicada por sonegação de impostos nos EUA: condenado a 11 anos de prisão federal, multa de US $ 50.000 e U$ 7.692 cobrados por despesas judiciais, além de U$ 215 mil dólares acrescidos de juros devidos em impostos atrasados.

Apesar de a pena pecuniária ter sido baixa, já que Capone angariava milhões e milhões ao mês, os 11 anos de cadeia foram incrivelmente amargados pelo mandachuva do crime.

Quando Capone foi sentenciado, o juiz Herbert Wilkerson vociferou:

Este é o começo do fim das gangues como Chicago as conheceu nos últimos dez anos”. (CAWTHORNE, 2012, p. 81)

Mas Wilkerson estava tremendamente enganado. “O notório e ostentador Al Capone podia ter sido derrubado, mas os mafiosos que se vestiam modestamente e gostavam de permanecer nas sombras continuaram prosperando”. (CAWTHORNE, 2012, p. 81)

As famiglias mafiosas chegariam muito mais longe que Scarface — e ainda hoje persistem infiltradas em todos os setores da sociedade civil.

Na época em que a Lei Seca foi revogada, em 1933, os contrabandistas haviam angariado tanto dinheiro que diversificaram suas operações em jogos de azar, prostituição e uma grande variedade de negócios legais, sendo muitos destes de caráter altamente altruísta.

ÚLTIMOS ANOS E MORTE DE AL CAPONE

Capone acabou trancafiado na penitenciária federal de Atlanta que, embora tivesse um rígido sistema de segurança, proporcionava-lhe privilégios.

Tudo mudou em 1934, quando Scarface foi enviado à famosa prisão de Alcatraz, na baía de São Francisco.

A prisão, que fica numa ilha, havia sido recentemente construída para criminosos especiais, sendo Capone um dos seus primeiros detentos.

A luxuosa cela de Capone
A luxuosa cela de Capone deteriorada pelo tempo. Entre os privilégios, encontravam-se tapetes orientais, rádio e móveis finos. Créditos: Thom Lang /Corbis, ID: 42-44019531.

Ao que tudo indica, Al Capone parecia estar se saindo bem na prisão, entretanto, sua saúde, prejudicada pela sífilis adquirida nos bordeis de Torrio, havia começado a dar sinais de atividade plena.

Em 1938 a doença começou a dar sinais de sua brutalidade: a demência começou a destruir a mente de Capone.

Solto em 16 de novembro de 1939, Al Capone, após passar 7 anos na cadeia e de ter pago todas as multas e impostos atrasados, contudo, não era mais o mesmo.

Debilitado pela sífilis terciária e mentalmente incapaz, viveu seus últimos anos com a família em Palm Island, em um ambiente isolado até sua morte.

O chefão mafioso de Chicago, o gângster mais conhecido da história, Alphonse Gabriel “Scarface” Capone, finalmente encerrou sua extraordinária vida de mandos e desmandos no dia 25 de janeiro de 1947, tendo seus prezados familiares por perto.

No seu enterro, poucas pessoas compareceram. Nem o seu padrinho do crime, Torrio, apareceu para o último adeus.

…Al Capone ainda chamava muita atenção (e a polícia ainda o vigiava)…

Família Capone reunida em Palm Island
Família Capone reunida em Palm Island: Al com sua esposa, Mae, e filhos após cumprir sua sentença em Alcatraz. Créditos: AP Photo.
Al Capone morto em seu caixão
Al Capone morto em seu caixão. Sua vida foi encerrada em 25 de janeiro de 1947, mas a sua história, lenda e mitos permanecem até os dias de hoje. Créditos: autoria desconhecida.

REFERÊNCIAS:

BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Século XX. São Paulo, SP: Fundamento, 2008.

BURROUGH, Bryan. Inimigos Públicos. trad. Mário Fernandes, Mário Ribeiro, Sheila Mazzolenis. São Paulo: Globo, 2009.

CARTER, Lauren. Os gângsters mais perversos da História. trad. Magda Lopes. São Paulo: Planeta do Brasil, 2007.

CARLO, Phillip. O homem de gelo: confissões de um matador da máfia. São Paulo: Landscape, 2007.

CAWTHORNE, Nigel. A História da Máfia. trad. Guilherme Miranda. São Paulo: Madras, 2012.

Daily Mail. Gangster ride: Capone’s Cadillac complete with steel armour, bulletproof glass and painted like an old Chicago police car go on sale for £325,000. Acesso em: 15 maio 2015.

Deleon White. Collection. Acesso em: 28 maio 2015.

FBI. Solving Scarface. Acesso em: 15 maio 2015.

FBI. Al Capone. Acesso em: 15 maio 2015.

MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime Organizado: aspectos gerais e mecanismos legais. 3. ed. São Paulo: Atlas. 2009.

My Al Capone Museum. Alberto Anselmi and Giovanni Scalise. Acesso em 20 maio 2015.

RIBEIRO, Flávia. Os Donos do Crime. Revista Aventuras na História. São Paulo: Abril, n. 87, p. 28-36, out., 2010.

VOZENILEK, Gina P.. The Murder of Joseph Aiello. Acesso em 20 maio 2015.

SMITH, Jo Durden. A História da Máfia. trad. Beatriz Medina. São Paulo: M. Books do Brasil, 2015.

SMITH, Richard Norton; WALCH, Timothy. The Ordeal of Herbert Hoover. Acesso em: 18 maio 2015.

TESCHKE, Jens. 1931: Al Capone condenado. Acesso em: 25 maio 2015.

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Eudes Bezerra

37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja.

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