Biografias Simo Häyhä, a Morte Branca: o maior sniper da história Em pouco mais de 100 dias de guerra, o patriota Simo Häyhä conduziu mais de 700 soldados soviéticos aos eternos túmulos de gelo da mãe finlandesa. Biografias • Idade Contemporânea • Períodos • Personalidades • Primeira Guerra Mundial • Segunda Guerra Mundial Autor: Eudes Bezerra Matéria criada em 12 setembro 2013 Atualizada em 5 junho 2017 6 minutos Simo Häyhä após tiro que destruiu parcialmente sua mandíbula. Créditos: autoria desconhecida. Perspicaz e ágil como uma águia, Simo Häyhä aterrou o imaginário dos soldados do gigantesco exército de Stalin que invadira a pequena Finlândia, em 1939. Simo defendeu seu país, inspirou seus compatriotas e — em pouco mais de 100 dias — conduziu mais de 700 soldados soviéticos aos eternos túmulos de gelo da mãe nórdica. Equipes especiais foram constituídas para caçá-lo, mas nenhuma sobreviveu, barragens de fogo incendiaram a neve, mas nada lhe aconteceu. Häyhä sofreu apenas um disparo — na cabeça e, incrivelmente, sobreviveu e matou seu pretenso algoz. 1. Infância e juventude conturbada por causa da guerra A extraordinária história de Simo häyhä teve início na cidadela finlandesa de Rautajarvi, em 17 de dezembro de 1905 (há divergência em relação à data de nascimento). Simo, como quase todos na sua cidade, era um simples fazendeiro. Costumava passar horas caçando ou treinando tiro nas florestas para se livrar do tédio. Próximo aos 18 anos de idade se viu envolto de grandes problemas nacionais decorrentes da Primeira Guerra Mundial, das “guerras” de independência contra a Rússia e da Guerra Civil Finlandesa. Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o Império Russo — que já havia capitulado para os alemães em 1917 — deixou de existir perdendo territórios e a pequena Finlândia se tornou livre. Simo descontraído em fotografia durante a Guerra de Inverno. Observações: nota-se a baixa estatura do herói finlandês diante dos soldados alinhados ao fundo: Simo possuía apenas 1,60 m de altura; percebe-se também o uso de esquis. Sem estes, os soviéticos patinaram feio nas planícies de gelo, além de sentir a voracidade do inverno Fino-Escandinavo — mais rigoroso que o “padrão” russo. Créditos: autoria desconhecida 2. A Guerra Russo-Finlandesa (1939-1940) A liberdade finlandesa durou até 1939 quando, mais uma vez, tropas ligadas a Moscou marcharam sobre o solo nórdico. Simo Häyhä, que já havia servido seu período obrigatório, foi readmitido e empregado na honrosa resistência dos patriotas, já que a vitória, por meios próprios, seria praticamente impossível. A superioridade numérica do exército de Stalin era esmagadora, quase quatro vezes maior que o exército finlandês. Ignorando a superioridade soviética, os finlandeses marcharam para a guerra como verdadeiras feras. Lutaram pela Finlândia na derradeira carnificina que ainda jorrava liberdade. Nesse momento, Simo Häyhä inspirou seus compatriotas, intimidou a coragem do exército vermelho e fez o que mais sabia fazer: caçar — soviéticos. 2.1 Caça aos soviéticos: Simo se torna a Morte Branca Häyhä conhecia bem sua região e inimigo algum estaria seguro nas gélidas florestas ao norte do Mar Báltico. Furtivamente, sepultou inimigo após inimigo com precisão e ferocidade ímpar. Em pouco mais de 100 dias de guerra, Simo teria executado mais de 700 soldados inimigos. Simo utilizou seu rifle (Mosin Nagant M28) para abater aproximadamente 542 inimigos, neutralizando outras 200 presas com sua submetralhadora — há confusão sobre a exatidão dos números (geralmente indicam mais). Incrivelmente, a “Morte Branca” — como ficou conhecido — neutralizou a maior parte dos seus alvos sem mira telescópica. Utilizando mira telescópica aberta (sem aparato de precisão), tombou oficiais inimigos com mais de 400 metros de distância, mesmo com as péssimas condições de tiro (inverno). Também era destacado por conseguir atirar melhor sentado do que deitado e que, embora houvesse diversas tropas inimigas patrulhando seu rastro, conseguia se locomover dando, quase sempre, apenas um tiro por posição. Simo Häyhä: incrível instinto de caça, era absoluto no que fazia. Créditos: autoria desconhecida. 2.2 A fúria de Moscou Furiosa, Moscou emitiu ordens para morte ou captura do destacado e “solitário” franco atirador herói. Vários grupos counter sniper (franco atiradores que caçam outros atiradores) foram constituídos e lançados no seu encalço, grupos estes que apenas aumentaram as baixas soviéticas. Sem lograr êxito contra o “fazendeiro”, barragens de fogo foram desencadeadas pela artilharia terrestre soviética. Aviões e navios também teriam participado. Nada funcionou e a Morte Branca continuou a vagar entre as fileiras soviéticas. Simo teria sido ferido apenas uma vez — na cabeça por uma bala, supostamente explosiva, que destruiu parte da sua mandíbula esquerda. Mesmo ferido, rastreou e neutralizou seu atacante. Sobre esse incidente, as fontes divergem um pouco: enquanto alguns afirmam que teria ocorrido na defesa da Finlândia, outros tecem que teria ocorrido por ocasião da invasão alemã à URSS — os finlandeses “auxiliaram” as tropas germânicas, pois Moscou também era sua inimiga. Apesar de ter inspirado seus compatriotas e destes terem lutado de forma extraordinária contra os invasores, a liberdade finlandesa foi sufocada pelo enérgico abraço do urso soviético. 3. O porquê do apelido Morte Branca Costuma-se dizer que a alcunha “Morte Branca” provém do uso da tradicional camuflagem militar finlandesa aliada ao alto número de mortes, mas apenas em pequena parte. Sua origem encontra respaldo nos Brancos vitoriosos que lutaram contra os Vermelhos na Guerra Civil Finlandesa (1918): os Brancos eram contra o domínio russo, sendo apoiados pelos alemães, enquanto que os Vermelhos encontravam seus pares na então URSS. Simo fazia parte dos Brancos, ainda que fosse jovem nos conflitos da época. 4. A recusa a miras telescópicas Sobre a opção de Simo de evitar miras telescópicas, dizia que estas requeriam cuidados que não gostaria de ter, tendo também recusado um modelo de rifle mais avançado pelo motivo de que a mira o faria levantar demais a cabeça para atirar, o que lhe poderia ser fatal. 5. O humilde herói morre de velhice O herói finlandês também era modesto: quando indagado a respeito do seu segredo, respondia que não havia nada de especial. Apenas o amor pelo seu País. Fora isso, apenas o que todo soldado deve saber: conhecer sua arma, região de atuação e paciência para passar dias inteiros esperando uma boa oportunidade. Teria dito: “Cumpri da melhor forma possível as missões que me confiavam“. Simo Häyhä, a Morte Branca, morreu de causas naturais aos 96 anos de idade, em 1º de abril de 2002, na sua tão amada Finlândia. Lápide do históricos sniper Simo Häyhä. Créditos: autoria desconhecida. 6. Pano de fundo: a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) A Guerra Russo-Finlandesa, ou Guerra de Inverno, foi mais um dos desdobramentos da Segunda Guerra Mundial e teve seus dias contados entre 30 de novembro de 1939 e 12 de março de 1940. Ao seu final, a incompetência do exército da URSS se tornaria motivo de piada em diversas cúpulas militares. A soberba de Stalin e de seus generais custou caro à URSS. Ambicionando a reconquista do seu antigo território báltico, desafiou a bravura dos soldados nórdicos e o rigorosíssimo inverno finlandês. A Finlândia tinha um exército de apenas 300 mil homens, sendo que apenas 50 mil eram soldados regulares, o que a obrigou a iniciar seu recrutamento. O exército vermelho (URSS), por sua vez, invadiu com um efetivo que logo alcançaria 1 milhão de soldados mais o grande emprego da aviação e carros de combate. Depois de poucos mais de 100 dias, a Guerra de Inverno teve fim e foi vencida por um exército que não ganhou. O Estado finlandês tinha uma demografia baixa quando comparado ao Estado de Stalin. Simplesmente não havia condições de repor suas baixas em uma guerra prolongada. A Finlândia capitulou, mas em “termos favoráveis”. Os finlandeses perderam aproximadamente 26 mil soldados, enquanto que a URSS amargou 250 mil mortos e 400 mil feridos. Apesar da vitória, o tremendo saldo negativo da Guerra Russo-Finlandesa obrigou a Rússia a escrever mais um capítulo difícil, talvez vergonhoso, já que seu exército foi único europeu a se envolver e perder grandes guerras no último século — Guerra da Crimeia, Guerra Russo-Japonesa e Primeira Guerra Mundial. REFERÊNCIAS: CAWTHORNE, Nigel. Os 100 Maiores Líderes Militares da História. Rio de Janeiro: DIFEL, 2010. GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do Tempo. trad. Roger dos Santos. São Paulo: M. Books, 2005. FURTADO, Lopes. Tropas de Elite. “One shot, one kill”: Guerra da Finlândia – Simo Hayha. Acesso em: 18 abr. 2013. O Uivo do Lobo. Simo Häyhä – “O Morte Branca”. Acesso em: 20 abr. 2013. IMAGEM(NS): Buscou-se informações para creditar a(s) imagem(ns), contudo, nada foi encontrado. Caso saiba, por gentileza, entrar em contato: contato@incrivelhistoria.com.br Eudes Bezerra37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja. Tags usadas: cães de guerra Deixe um comentário Cancelar respostaO seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *Comentário * Nome E-mail Veja tambémCaporegime: Entre o Don e o gatilhoBombardeio com as mãos na Grande GuerraEstandarte do Espírito MongolSelo da câmara de Tutancâmon