Sínodo Cadavérico, o julgamento do papa defunto
Sínodo Cadavérico, o julgamento do papa defunto: quando o corpo do santíssimo padre foi exumado, condenado, excomungado, amputado e jogado ao rio.


Acreditando ter sido injustiçado pelo seu antecessor, o Papa Estevão VI buscou “reparação” levando o corpo de seu predecessor — o Papa Formoso — ao Sínodo (Assembléia eclesiástica). Todavia, Formoso já contava nove meses em seu túmulo.
Possivelmente a história mais bizarra da Igreja Católica, este evento, ocorrido em 897, ficou conhecido pela denominação de Sínodo Cadavérico. Neste ano, o Papa Estevão VI (algumas fontes indicam Estevão VII e não VI) tomou uma atitude que desencadearia um embaraçoso transtorno à Igreja: ordenou a exumação de seu antecessor, o Papa Formoso, para que fosse processado perante o clero romano pelos supostos crimes cometidos durante seu papado.
O Sínodo: julgamento e condenação
Exumado o cadáver do Papa defunto, seu corpo foi trajado com as vestes papais, adornado com seus respectivos signos e levado ao tribunal, acabando por ser condenado por “excesso de ambição”.
No julgamento, com o cadáver de nove meses apoiado em um trono, “Estevão se enfureceu e jorrou acusações no defunto, por achar que ele recebeu injustamente o título de Papa. O cadáver perdeu o julgamento, e Estevão declarou que ele foi um Papa vazio.” (ROMANZOTI, 2013, s/p)
Condenado e excomungado por Estevão VI, o Papa Formoso foi despido de suas vestes papais, teve amputados três dedos da mão direita utilizados na benção dos fiéis e teria tido seu corpo lançado no Rio Tibre (fontes também indicam que o lançamento ao rio só teria ocorrido algum tempo depois).
O fim de Estevão VI
Junto ao corpo de Formoso, foi para o fundo do Rio Tibre a reputação de Estevão VI: considerado louco, este Papa veio a ser morto neste mesmo ano — teria sido deposto e estrangulado em uma rebelião.
O sucessor de Estevão, João IX, anulou o Sínodo Cadavérico e mandou que o corpo de Formoso fosse retirado do rio e enterrado na Basílica de São Pedro.