Arqueologia Vikings na América antes de Colombo? Claro! Bem antes de Cristóvão Colombo, os desbravadores vikings já perambulavam, comercializavam, pilhavam e, claro, arrumavam confusão na América. Arqueologia • Curiosidades e Listas • Idade Média • Períodos Autor: Eudes Bezerra Matéria criada em 31 outubro 2013 Atualizada em 16 março 2019 5 minutos Estátua feita de bronze de Leif Eriksson, Museu Mariners, Newport News, Virginia, EUA. Réplica da projetada por Alexander Stirling Calder. Créditos: autoria desconhecida. Lançando-se em alto mar após infortúnios em terra, os vikings, Erik, o Vermelho, e seu filho, Leif Eriksson, realizaram uma das maiores façanhas da história e ofuscaram a glória total de Colombo, ao pisar na Groenlândia e posteriormente na América — 500 anos antes ao navegador genovês —. Com tal proeza, foi provado mais uma vez que, ao contrário do comumente dito, a História Viking não se resume aos assaltos com machado na mão. Em tela, a estátua de Leif Eriksson. Feita de bronze, a estátua do famoso explorador viking marca a entrada do Mariner’s Museum em Newport News, na Virginia (EUA). A estátua, símbolo da conquista oceânica, é uma réplica da original projetada por Alexander Stirling Calder e foi ofertada pelos EUA como presente, em 1930, ao povo da Islândia. Ousados exploradores — muito mais do que o brevemente ocorrido no Mosteiro de Lindisfarne, em 793 —, os nórdicos possuíam um espírito indomável pela aventura e eram os inventores do melhor barco da época, o poderoso e flexível drakkar (navio-dragão). No comando de seus “dragões”, foram os primeiros a testemunhar a expansão do mundo conhecido. Embora não se saiba o exato motivo da ocultação de tamanha façanha por séculos, atualmente, os Vikings são considerados os verdadeiros descobridores da América. 1. O início da saga nórdica A história que desembocaria nos “descobrimentos” da Groenlândia e América teve seu início na Noruega (terra Viking), quando o brigão Erik, o Vermelho, assassinou um homem e foi banido de sua pátria. Mudou-se para Islândia (também terra Viking), constituiu família e novamente matou outro homem. Os motivos das mortes ainda hoje são desconhecidos, mas, mesmo para os padrões Vikings, Erik gerava desconfiança e acabou sendo banido mais uma vez. Erik, o Vermelho (ou Eric ou Erico, o Ruivo), na verdade, tratava-se de um guerreiro extraordinário (o temido berserker). Temido nos tempos de paz, era memoravelmente lembrado nos de guerra e saques — registros antigos retratam Erik como descendente do próprio Thor (Deus do Trovão na Mitologia Viking). Erik é possivelmente o viking mais famoso da história e teria nascido em 950. A data da sua morte é ignorada. Revoltado com sua segunda expulsão, Erik decidiu desbravar o Atlântico e encontrar as supostas terras relatadas por Gunnbjörn Ulfsson (outro viking). Tais terras ficariam a oeste ou noroeste da Islândia e para lá partiu atrevidamente com seus bravos seguidores, o que incluía seu segundo filho, Leif Eriksson (975-1020). Réplica do Drakkar de Gokstad chamado de “Viking”, na Feira Mundial de Chicago, 1893. Tal tipo de embarcação é considerada uma verdadeira maravilha tecnológica. Créditos: autoria desconhecida. Segundo as Sagas Islandesas, no ano de 900, Gunnbjörn Ulfsson, ao se desviar do seu percurso habitual, deparou-se com imensos rochedos desconhecidos. Ulfsson não teria se animado e retornou para casa apenas relatando o ocorrido — ele, na verdade, avistara o que hoje conhecemos como Groenlândia e mais tarde foi homenageado ao ter seu nome emprestado a mais alta montanha da ilha. 2. O “descobrimento” da América Desbravando o violento Atlântico Norte além do dito por Ulfsson, Erik, o Vermelho, teria pisado na Groenlândia em 984 (ou 985). Como havia sido banido da Noruega e da Islândia, objetivou iniciar uma colonização — a descoberta parece não ter sido capaz de livrá-lo das mortes que cometera. Em 986, Erik trouxe da Islândia 16 drakkar’s (eram 25 inicialmente, mas 9 naufragaram) com os primeiros colonos para a ilha que batizou de Greenland (“Terra Verde”; Groenlândia). O descobrimento da América teria ocorrido entre os anos de 986 e 1000, sob a liderança de Leif Eriksson, o segundo filho de Erik, que já teria falecido. Leif, seguindo passos semelhantes ao do pai, encontrava-se intrigado com o relato de suposta nova terra a oeste ou sudoeste e lançou-se ao mar — como o pai fizera — acabando por realmente encontrá-la. A terra descoberta por Eriksson foi o continente que mais tarde seria chamado de América em homenagem ao navegador Américo Vespúcio. À medida que Leif seguia a costa do recém-descoberto continente americano, promoveu batismos — Helluland (“Terra Pedregosa”), Markland (“Terra da Floresta”) e Vinland (“Terra da Vinha”), que hoje correspondem, respectivamente, ao sul da Ilha de Baffin, Costa do Labrador e Ilha de Newfoundland, no Canadá. Retornando à Groenlândia, Leif teria confirmado a veracidade do dito por Bjarni. Para alguns, Leif Ericsson teria percorrido o caminho descrito pelo também nórdico Bjarni Herjolfsson que, por volta de 986, teria partido da Islândia e atravessado o Atlântico para fazer uma visita ao seu pai que acompanhara Erik, o Vermelho. Bjarni, sem mapa e ao que parece sem qualquer instrumento de orientação marítima, teria partido em direção a Groenlândia, mas teve seu drakkar arrastado por fortes correntezas durante tempestades. Com a mudança de curso, teria avistado terras que acreditou ser a própria Groenlândia. Alguns afirmam que Bjarni teria avistado o Canadá ou mesmo os EUA. 3. O reconhecimento oficial da presença Viking na América Ruínas Vikings de assentamentos encontradas na década de 1960 forneceram provas incontestáveis da presença escandinava na Groenlândia e América. Em 2 de setembro de 1964, o Presidente norte-americano, Lyndon B. Johnson, autorizado por unanimidade pelo Congresso Nacional, ratificou o documento em que registrou o dia 9 de outubro como dia Leif Eriksson. Os governos canadense e groenlandês executaram atos similares. 4. Comprovando a presença Viking na América Comprovando o relatado nas narrativas Vikings, em meados do século XX foram descobertos resquícios de assentamentos nórdicos na América. “Em L’Anse aux Meadows [Canadá], encontraram na década de 60 vestígios arqueológicos de uma vila viking, comprovando a ocupação do local por esse povo e a veracidade de suas histórias sobre Vinland. Hoje a vila consiste em Patrimônio Mundial da Humanidade, pela UNESCO. Os vestígios encontrados datam de cerca do ano 1000, período que os vikings haviam se estabelecido em Vinland”. (VILAR, 2014, s/p, grifo nosso) Pouco se comenta é que os vikings o hábito de escravizar, quando julgavam necessário. Nisso, outro fato alegado se refere à presença de DNA ameríndio entre os islandeses. Segundo “estudo publicado, em 2010, no American Journal of Physical Anthropology, por investigadores espanhóis e islandeses e da empresa Code Genetics, a análise do ADN [DNA] mitocondrial de quatro famílias islandesas e respectivos antepassados (até 1700) revela que eles partilhavam a linhagem C1e, exclusiva dos ameríndios. (…) O mais provável é que os vikings que chegaram à América por volta do ano 1000 tivessem sequestrado uma jovem índia e decidido levá-la no regresso à Islândia”. (HO; MENZIES, 2014, s/p, acréscimo nosso). Nos EUA, há museus de História Natural — como o Smithsonian, em Washington, e o Museu Americano de História Natural, em Nova York — em que há exposições, como a Vikings, a Saga do Atlântico Norte, descrevendo a milenar façanha dos escandinavos. Pesquisadores têm se debruçado para saber o real motivo do encobrimento das fantásticas descobertas. Acredita-se que, por serem tidos como bárbaros e principalmente odiados por diversos povos, a suposta divulgação teria sido taxada como lenda. Há também posição no sentido de que simplesmente teriam ignorado o ato de divulgação. Aproximadamente 500 anos após o desembarque Viking, em 12 de outubro de 1492, Cristóvão Colombo aportou na América (provavelmente na Ilha de San Salvador, nas Bahamas) e a ele foi creditado o título de “descobridor da América” — mas, na verdade, encontrava-se 500 anos atrasado. Agradecimento especial ao Hednir Clan pelo valioso auxílio e disposição prestados. Para conhecer mais sobre o universo Viking e vivenciar um pouco da sua cultura, acesse no Facebook: Hednir Clan. REFERÊNCIAS: FERRONI, Marcelo. Os Vikings e a chegada ao Novo Mundo. Acesso em: 4 jun. 2013. HO, Cheng; MENZIES, Gavin. América: Quem chegou primeiro?. Acesso em: 4 jun. 2013. JOHNSON, Lyndon Baines. Proclamation 3610 – Leif Erikson Day de 1964. Acesso em: 6 jun. 2013. SOMMA, Isabelle. A Fúria Viking. Revista Aventuras na História. São Paulo: Abril, n. 47, p. 38-43, jul. 2007. VILAR, Leandro. A Saga Viking. Acesso em: 11 maio 2013. IMAGEM(NS): Buscou-se informações para creditar a(s) imagem(ns), contudo, nada foi encontrado. Caso saiba, por gentileza, entrar em contato: contato@incrivelhistoria.com.br Eudes Bezerra37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja. Tags usadas: pioneirismo Deixe um comentário Cancelar respostaO seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *Comentário * Nome E-mail Veja também5 Consequências da Guerra dos Cem AnosCaporegime: entre o Don e o gatilhoEstandarte do Espírito MongolSelo da câmara de Tutancâmon