
Em 1666, o padeiro do rei Charles II se esqueceu de apagar adequadamente o forno e, indiretamente, tocou fogo em Londres! Foi a maior tragédia já ocorrida na capital inglesa, quando afetou a vida de aproximadamente 100 mil pessoas. Londres ardeu por três dias. Após a contenção das chamas, o “quem botou fogo em Londres!?” tomou conta das ruas e um inocente acabou enforcado como culpado.
Na época do desastre, a capital da Inglaterra parecia reunir todos os requisitos para um grande incêndio, bastava-lhe a faísca. As ruas eram estreitas e as casas de madeira. A cidade passava por longos dias quentes, fortes ventos sopravam do leste e a técnica anti-incêndio consistia em derrubar casas antes que o fogo o fizesse.
A tragédia já havia sido anunciada muitos anos antes e incêndios eram até comuns — apesar de nenhum ter sido tão abrasador quanto ao daquele fatídico setembro.
1. O Grande Incêndio de Londres
Na noite de 1º de setembro de 1666, a faísca que desencadearia o Grande Incêndio de Londres havia sido gerada pelo padeiro do rei Charles II em Pudding Lane, Thomas Farynor. Ao que parece, Farynor não teria apagado o forno da sua casa corretamente. Na madrugada do dia 2, um ajudante do padeiro acordou com o calor e a fumaça — tiveram apenas tempo de escapar pelo telhado. Família e funcionários escaparam, exceto por uma empregada doméstica que teria ficado paralisada diante do fogaréu.

As chamas rapidamente se propagaram sobre as casas vizinhas. No dia seguinte, dia 3, a mobilização da população cresceu tanto quanto o fogo. O incêndio estava no auge e à tarde a fumaça já podia ser vista de Oxford. Milícias de cidades vizinhas foram convocadas em socorro e londrinos começaram a fugir para os espaços abertos de Moorfields e Finsbury Hill.
Para barrar o avanço do fogo, a ordem para destruição de casas (técnica da época) foi finalmente ordenada, pois o fogo teria sido subestimado no início. Com a ordem chegando tardiamente às milícias, dezenas casas começaram a ser derrubadas. Sem casas e afins em seu caminho, criam-se espaços vagos onde o fogo não teria o que consumir e, consequentemente, não conseguiria mais se alastrar.
Algumas tentativas para barrar o avanço das chamas falharam — os fortes ventos pareciam fazer com que as chamas “pulassem” os espaços sem material inflamável e chegassem a mais casas. O grande incêndio teria sido finalmente contido no antigo Templo dos Cavaleiros Templários — após três dias de destruição indiscriminada.
2. Pós-incêndio
O número de mortos não encontra conclusão — a maioria das pessoas, sobretudo pobres, não possuía registro civil. Estima-se que o número de afetados pelas chamas se aproxime de 100 mil (um terço da população de Londres na época). O fogo teria consumido 13.200 casas, 84 igrejas, a Catedral de St. Paul (reconstruída anos depois), prédios públicos etc. Acredita-se que os prejuízos girem na ordem dos 10 milhões de libras.
Com as chamas contidas, muitos perguntavam: “quem botou fogo em Londres!?“. Havia rumores de que os franceses, assim como os holandeses, tinham sido os responsáveis. O rei Charles II, entretanto, negou a conspiração estrangeira.
No final de setembro, um relojeiro francês — Roberto Hubert — afirmou ter iniciado o incêndio na padaria com outros 23 conspiradores. Pelas grandes falhas da sua confissão, pareceu evidente que Hubert não poderia tê-lo feito. Muitos diziam que ele era um velho francês desequilibrado.
Após o julgamento de Hubert, o Conde de Clarendon teria dito: “nem os juízes, nem qualquer presente no julgamento acreditava que ele fosse o culpado, mas ele era um pobre coitado distraído, cansado de sua vida e o escolheram.” Robert Hubert terminou enforcado. No júri que o condenou, havia três membros da família Farynor.
Hoje em dia se acredita que o padeiro do rei, Thomas Farynor, tenha sido negligente e, assim, o verdadeiro responsável pelo incêndio ao se esquecer de apagar corretamente o forno da sua padaria. Contudo, sabe-se que Farynor, como muitos outros já tinham feito, apenas deu início à tragédia, pois Londres há muito sinalizava sobre o perigo de incêndio.
Após todo o caos provocado pelo incêndio e a decorrente agitação popular que tomou conta das ruas para se saber quem havia posto fogo na cidade, a situação política do rei Charles II não era das melhores: guerras no exterior e reformas internas já lhe causavam instabilidade política. Agora, com o imenso incêndio da própria capital, ares de conspiração pairavam e se escutava o que não se dizia.
Temendo rebeliões, Charles II rapidamente ordenou a reconstrução de Londres que, embora não tenha sido modernizada como muitos assim desejavam, foi feita com tijolos, pedras e ruas mais largas. Na década de 1670 foi erguido O Monumento em memória ao Grande Incêndio de Londres.
