Batalhas Históricas Batalha de Alésia, 52 a.c.: Júlio César conquista a Gália Uma das operações mais extraordinárias história, na qual Júlio César conquistou a Gália ao derrotar Vercingétorix na Batalha de Alésia. Batalhas Históricas • Guerras • Idade Antiga • Períodos Autor: Eudes Bezerra Matéria criada em 31 julho 2013 Atualizada em 17 julho 2022 6 minutos Vercingétorix, o líder gaulês, rendendo-se perante Júlio César após dois meses de cerco com a vitória romana na Batalha de Alésia. Créditos: de Lionel Noël Royer, 1899. Obra constante no Museu Crozatier, em Le Puy-en-Velay, França. A Batalha de Alésia, travada em 52 a.c., representou o último capítulo das Guerras Gálicas (58 a.c. – 52 a.c.), tendo como resultado a submissão definitiva da Gália ao império romano após a execução de uma das mais extraordinárias operações militares da História, o Grande Cerco de Júlio César. Esse memorável cerco chegou ao fim pela derrota simultânea de dois exércitos por um único exército, não maior que um e incomparavelmente menor que o outro. Um exército que não era apenas o que sitiava, mas era ele mesmo sitiado, e tivera que manter em ordem quarenta quilômetros de trincheira, ao mesmo tempo, para atingir seu objetivo e se proteger da derrota. Apesar da escassez e da frequente imprecisão de detalhes fornecidos por César, e da consequente dificuldade em reconstruir alguns dos incidentes, o cerco de Alésia permanece como uma das mais extraordinárias operações registradas na história militar.” (FULLER, apud: CAWTHORNE, 2010, p. 34-35, grifo nosso) TÓPICOS SOBRE A BATALHA DE ALÉSIA 1. A união gaulesa 2. A iniciativa gaulesa 3. O Grande Cerco de César na Batalha de Alésia 4. Curiosidades sobre a Batalha de Alésia: Astérix e Obelix! Referências ⠀ 1. A UNIÃO GAULESA Antes de se encontrar miseravelmente encurralado na cidadela de Alésia, na atual França, o líder gaulês da tribo dos Arvenos, Vercingetórix, além de formidável guerreiro, mostrou-se um hábil político e por pouco não arrebatou a vitória para os gauleses. Fomentando a expulsão dos romanos por toda a Gália (atuais França, Bélgica e Suíça), o líder arveno conseguiu a adesão de várias tribos celtas (estimam-se quarenta e cinco), que lhe elegeram comandante supremo dos exércitos da Gália. ⠀ 2. A INICIATIVA GAULESA Vercingetórix, que significa “o chefe dos grandes guerreiros”, deu início aos seus planos se rebelando implacavelmente contra sua antiga aliada (a república romana), quando massacrou as legiões romanas ali estacionadas e se preparou para a resposta da Península Itálica. Por ter sido treinado por centuriões (“oficiais romanos”), o comandante celta percebia a notável superioridade técnica e logística das legiões em campo aberto. Sabendo disso, empregou duas táticas que acabaram por lograr um grande êxito: a terra seca (ou arrasada) para negar víveres/suprimentos aos invasores; e ataques de guerrilha para fustigar, desmotivar e desmoralizar os mesmos. Assim, os gauleses queimaram e destruíram cidades e vilas inteiras, incluindo depósitos de suprimentos e lavouras, que poderiam cair nas mãos dos romanos. Simultaneamente ao emprego da terra seca, Vercingetórix iniciou eficientes ataques de guerrilha com tropas de cavalaria leve, acabando por impor duríssimas perdas às legiões romanas ao ponto de fazê-las marchar de volta a Roma. Desta forma, Júlio César amargou sua primeira derrota antes mesmo da Batalha de Alésia. Vercingetórix, entretanto, não deu prosseguimento à campanha, o que muitas vezes é apontado como o seu grande erro. A omissão – às vezes chamada de “apatia” – do líder gaulês costuma ser bastante criticada por pesquisadores, pois, em vez de desferir o golpe final contra o cônsul enfraquecido e desmoralizado, recuou. Recuo aparentemente sem motivos relevantes à cidade murada de Alésia, não garantindo, assim, a vitória completa. ⠀ 3. O GRANDE CERCO DE CÉSAR NA BATALHA DE ALÉSIA Júlio César, mesmo depois de sucessivos desgastes sofridos pela guerrilha gaulesa, inverteu o tabuleiro de guerra a seu favor e encurralou o exército celta. Encurralou quando, engenhosamente, criou um cerco formidável com duas linhas de defesa na base da montanha onde se localizava a cidadela, sendo uma linha contra Alésia e outra protegendo sua retaguarda. Em uma das mais bem sucedidas e impecáveis operações militares da história, Júlio César, no comando de 50 mil legionários e seus auxiliares germanos, aproveitou-se da madeira da região e rapidamente cercou todo o platô da cidade murada com uma linha de muros e torres estendida por 16 km. Percebendo que possíveis reforços das demais tribos gaulesas pudessem aparecer em socorro dos encurralados, a construção de uma segunda linha de defesa foi ordenada. Essa segunda linha de defesa com aproximadamente 24 km atrás da primeira linha e voltada para o lado oposto ao das muralhas da cidade sitiada, permanecendo o exército romano entre as duas linhas. A essa altura, a tática de Vercingetórix de aplicar a técnica da terra seca já havia se virado contra os próprios gauleses, que tinham queimado suas reservas. Assim, supôs o líder romano, bastaria resistir às pesadas investidas bárbaras que a fome eliminaria toda resistência dentro dos muros de Alésia. Esquema que visa retratar o Grande Cerco de César. In.: A Batalha de Alésia (vide referências). Acredita-se que o objetivo de César era realmente o de obter a rendição das tropas gaulesas pela imposição da fome, pois o cônsul romano acreditava que não dispunha de recursos. Sem recursos nem condições nem pessoal para invadir e conquistar a cidade murada à força, já que concomitantemente também teria que realizar grandes esforços para resistir aos numerosos gauleses que pudessem aparecer em socorro de Alésia. Em socorro da cidade desafortunada, ao menos outros 60 mil gauleses (algumas fontes citam incríveis 250 mil) marcharam para a escaramuça com os romanos, mas o cerco resistiu e determinou a derrota bárbara nas duas frentes. De acordo com o próprio Júlio César: Quando os gauleses estavam a certa distância das trincheiras, a chuva de dardos que eles descarregaram lhes rendeu alguma vantagem. Mas, quando se aproximaram, de repente, se viram perfurados pelos aguilhões ou caindo nos buracos, sendo então empalados, enquanto outros foram mortos por pesadas lanças do cerco, arremessadas a partir da bateria e das torres. Suas perdas eram intensas em todos os lugares, e, quando chegou o amanhecer, haviam falhado em penetrar nas defesas em todos os pontos”. (CÉSAR, apud: CAWTHORNE, 2010, p. 33-34, grifo nosso) Após dois meses de cerco, Vercingétorix se rendeu ao triunfo romano, sendo finalmente agrilhoado, um troféu que simboliza toda a Gália entregue a César. Vercingétorix teria sido levado à República Romana e lá supostamente decapitado na prisão de Mamertina, em 46 a.C. Vercingetórix se rendendo a Júlio César após a Batalha de Alésia, de Henri Paul Motte, 1886. Estátua de Vercingetórix criada por Viollet-le-Duc, em 1865. A construção, que visa orgulho ao buscar a retratação da resignação do líder gaulês diante da derrota, é repleta de anacronismos. Créditos: autoria desconhecida. A derrota do exército gaulês para as legiões romanas gerou dois principais efeitos. O o primeiro se refere ao triunfo Júlio César que ascendeu como um dos principais líderes romanos, sendo o mais famoso e emblemático de todos; o segundo é que à Gália foi imposto o domínio romano por quase quatrocentos anos consecutivos. A Batalha de Alésia deu provas concretas do domínio de césar sobre o campo de batalha. Futuramente, na atual Turquia, em outra vitória arrasadora sobre Fárnaces, o rei do Ponto, Júlio César teria pronunciado sua máxima: Veni, Vidi, Vici – Vim, Vi, Venci. Tal frase ainda hoje retumba em todos os lugares, incluindo na cultura pop, e marca a genialidade de Julius Caeser. ⠀ 4. CURIOSIDADES SOBRE A BATALHA DE ALÉSIA: ASTÉRIX E OBELIX! – Vercingétorix teria inspirado o conhecido personagem francês Astérix (de Astérix e Obelix Contra César). O certo é que séculos depois foi imortalizado como o primeiro herói francês. – Pela escassez de comida, a antropofagia (canibalismo) se tornou prática comum nas últimas semanas do sítio. Montanha de Alésia, na França, na qual ocorreu a decisiva Batalha de Alésia. Créditos: autoria desconhecida. ⠀ REFERÊNCIAS: CAWTHORNE, Nigel. As Maiores Batalhas da História: Estratégias e Táticas de Guerra que Definiram a História de Países e Povos. trad. Glauco Dama. São Paulo: M. Books, 2010. GELATI, Fernando; GUSMÃO JÚNIOR, Amiraldo Martiniano de. A Batalha de Alésia. Acesso em: 8 jan. 2015. GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do Tempo. trad. Roger dos Santos. São Paulo: M.Books, 2005. NEWARK, Tim. História Ilustrada da Guerra. trad. Carlos Matos. São Paulo: Publifolha, 2011.< LOPES, Reinaldo José. Júlio César. Revista Aventuras na História. São Paulo: Abril, n. 14, out., 2004. IMAGEM(NS): Buscou-se informações para creditar a(s) imagem(ns), contudo, nada foi encontrado. Caso saiba, por gentileza, entrar em contato: contato@incrivelhistoria.com.br Eudes Bezerra37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja. Tags usadas: guerras antigas povos bárbaros roma 1 response to “Batalha de Alésia, 52 a.c.: Júlio César conquista a Gália” Agradeço ter tido conhecimento total da Alesia e da vitoria Julio Cesar e da sua expressão cheguei e venci Responder Deixe um comentário Cancelar respostaO seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *Comentário * Nome E-mail Veja tambémCaporegime: Entre o Don e o gatilhoBombardeio com as mãos na Grande GuerraEstandarte do Espírito MongolSelo da câmara de Tutancâmon
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