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Direitos Humanos

Protesto dos Panteras Negras nas Olimpíadas do México, 1968

Quando Tommie Smith e John Carlos baixaram a cabeça e ergueram seus braços, fazendo a saudação dos Panteras Negras nas Olimpíadas de 1968 no México


panteras negras protestando nas olimpíadas
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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 4 minutos
Panteras Negras nas olimpíadas de 1968
Provavelmente o maior registro das Olimpíadas: o protesto dos Panteras Negras nas Olimpíadas de 1968. Créditos: John Dominis / Montagem: Eudes Bezerra.

O Partido dos Panteras Negras se referia a uma organização de cunho socialista e revolucionário, que atuou nos Estados Unidos entre os anos de 1966 e 1982.

O movimento nasceu da necessidade de dar proteção à população negra que era tratada como de segunda classe e costumeiramente perseguida e agredida pela parte branca da população estadunidense.

A atividade mais realizada pelo Partido dos Panteras Negras, desde a criação em 15 de outubro de 1966, era a patrulha de cidadãos armados para monitorar o comportamento dos oficiais do Departamento de Polícia de Oakland, Califórnia, de modo a desafiar sua brutalidade.

Em 1969, os Panteras Negras desenvolveram uma série de programas comunitários e sociais, sendo estas atividades o objetivo maior do partido.

camiseta partido panteras negras
Camiseta O Protesto dos Panteras Negras nas Olimpíadas do México, 1968

SUMÁRIO

1 Contexto dos Panteras nas Olímpiadas de 1968
2 O protesto dos Panteras Negras nas Olimpíadas
3 Consequências do ato do Protesto dos Panteras Negras nas olimpíadas do México, 1968
⠀⠀3.1 Tommie Smith e John Carlos, os Panteras Negras
⠀⠀3.2 Peter Normal, o branco no pódio
Referências

1 CONTEXTO DOS PANTERAS NAS OLIMPÍADAS DE 1968

A década de 1960 foi um período de muita luta para a população negra dos Estados Unidos.

Buscando ideais de igualdade e justiça e lutando contra a segregação racial, somando com o assassinato de dois dos maiores ativistas políticos negros, Martin Luther King Jr. e Malcom X, a luta dos negros era contra o forte e segregacionista racismo do próprio governo americano.

Atingindo e amplificando suas vozes contra o racismo, essas vozes ecoaram em 1968 no México, mais precisamente no pódio dos 200 metros livres dos Jogos Olímpicos.

O objetivo dos atletas negros que faziam parte dos Panteras Negras era fazer um boicote geral aos jogos olímpicos do México.

Decidiram não o fazer mais, entretanto, foram os mentores no desenvolvimento de uma associação que colocava à mostra estas questões raciais, deixando bem transparente que os negros precisariam ter direitos políticos atuantes e que ninguém poderia ser descriminado pela sua cor da pele.

A associação ficou mais conhecida pela sigla OPHR, que são as iniciais (em inglês) de Projeto Olímpico pelos Direitos Humanos.

2 O PROTESTO DOS PANTERAS NEGRAS NAS OLIMPÍADAS

No segundo dia da competição dos jogos olímpicos, na prova de atletismo de 200 metros livres, o resultado não surpreendeu: dois americanos negros no pódio, e entre eles, em segundo lugar, um australiano.

No momento do hino de seus países, Tommie Smith, medalha de ouro, e John Carlos, de bronze, baixaram ligeiramente a cabeça e ergueram seus braços com a luva preta, na saudação consagrada pelos Panteras Negras, como forma de atestar que o racismo deveria ser combatido.

O corredor australiano, Peter Norman, que estava entre ambos os esportistas saudosos dos Panteras, apoiou os rivais de pódio. Recebeu a prata com um distintivo do OPHR na camiseta.

A imagem dos três no pódio é uma das cenas mais divulgadas e interessantes de todas as Olimpíadas contemporâneas e com o tempo se transformaria num símbolo de resiliência, ousadia e empoderamento, para ressignificar o movimento de afirmação dos negros americanos.

Tommie Smith e John Carlos
O poderoso gesto de rebeldia contra a vergonhosa política racista dos Estados Unidos da América. Créditos: John Dominis.

3 CONSEQUÊNCIAS DO ATO DO PROTESTO DOS PANTERAS NEGRAS NAS OLIMPÍADAS DO MÉXICO, 1968

3.1 Tommie Smith e John Carlos, os Panteras Negras

O Comitê Olímpico Internacional condenou severamente o gesto, afirmando que esporte e política são assuntos separados, não se devendo confundir.

A mídia americana criticou intensamente Smith e Carlos. A revista Time sublinhou a “raiva e a feiura” do protesto. Até as medalhas deles foram ameaçadas de serem canceladas, mas isso não foi feito.

De volta aos Estados Unidos, Smith e Carlos acabaram relegados a um virtual ostracismo pelas autoridades que comandavam o atletismo americano — autoridades brancas, naturalmente.

Para o ato realizado no pódio de 1968 finalmente se transformar em um corajoso ato de resistência foi necessário bastante tempo.

3.2 Peter Normal, o branco no pódio

Menos sorte ainda teve o australiano solidário. Peter Norman passou a ser completamente ignorado pelos chefes do atletismo australiano e pela imprensa local.

O racismo estava presente também na Austrália — onde os aborígines, os primeiros habitantes do país, também eram tratados como cidadãos de segunda classe.

A carreira de Norman foi severamente atingida e isso afetou bastante a sua vida particular.

Mas o gesto de solidariedade e abraço da causa do Protesto dos Panteras Negras nas olimpíadas do México de 1968 nunca será apagado nem dos registros históricos nem de quem presenciou aquele momento.

Em seu funeral, em 2006, Tommie Smith e John Carlos estavam presentes e carregaram o esquife do amigo branco que entrou para a história da luta dos direitos civis dos negros americanos.


Já sabia sobre o Partido dos Panteras Negras? O que achou da reação dos esportistas? Conte aqui nos comentários. Boa leitura e até o próximo artigo!


REFERÊNCIA(S):

BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Século XX. São Paulo, SP: Fundamento, 2008.
BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 3ª ed. reform. e atual. São Paulo: Moderna, 2007.
MONTAGUE, James. O terceiro homem: O esquecido herói do poder negro . Acesso em: 23 jul. 2018
VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002.
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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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