
Em 28 de junho de 1914, Francisco Ferdinando, o sucessor do trono do Império Austro-Húngaro, acabou assassinado pelo nacionalista sérvio Gravilo Princip em Sarajevo, na Sérvia. O assassinato consubstanciou o estopim para a execução de planos de guerra há décadas engavetados e, em 28 de julho, o mundo mergulhou em um dos seus períodos mais sombrios, quando as “nações civilizadas”, com armas, buscaram resolver as suas diferenças. Começava, assim, a Primeira Guerra Mundial.
Desde a queda de Napoleão Bonaparte, na Batalha de Waterloo (1815), a Europa vivia significativa paz dentro de suas fronteiras. As nações europeias disputaram guerras, mas nenhuma foi generalizada ou arrasadora como as do passado. Apesar disso, a animosidade era grande e a paz bem armada.
Com razões que remontavam o disputado século XIX, a Primeira Guerra Mundial foi o evento mais significativo do século XX. Ao abrir as fervorosas portas da Era dos Extremos, a Grande Guerra forneceu generosos subsídios para remodelação do século que se iniciava — o “Século da Violência”.
Antes das bombas explodirem no campo de batalha e destruírem razão, existia a romântica visão dos combatentes que se atiravam heroicamente na defesa de seus lares e pátrias, entretanto, depois dos primeiros embates, essa visão se esfacelou e tudo que restou foi destruição, dor e saudade de casa.
Ao longo do período, duas alianças foram forjadas: de um lado a Alemanha, Áustria-Hungria e Turquia; e de outro a Rússia, Inglaterra, França, Itália (sorrateiramente) e posteriormente os EUA; ao lado das duas coligações, dezenas de outros países pegaram em armas ou forneceram meios para tal.
A guerra perdurou até o fim de 1918, quando oficialmente encerrada em 11 de novembro. No seu rastro, a Europa arrasada. A guerra teria deixado um saldo amargo de 10 milhões de pessoas mortas e 30 milhões de feridos.
As agressões entre os anos de 1914 e 1918 também foram responsáveis por grandes avanços tecnológicos, médico-cirúrgicos e, essencialmente, bélicos. A mesma ciência que destruía e matava também ajudou a curar e os engenhos criados, como o tanque Mark I, adquiririam maturidade na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A Primeira Guerra forneceu definitiva propulsão à Revolução Russa (1917), findou impérios, acabou com a hegemonia europeia e lançou as bases do que seria realizado na Palestina, como a criação de Israel. Incidiu diretamente sobre a Grande Depressão (1929), criou distração para o Genocídio Armênio (1915) e fez a Gripe Espanhola (1918-1919) se alastrar pelo planeta. Estimulou a ascensão Hitler, Mussolini e Franco, entre outros déspotas.
Ao seu fim, com os duros termos da paz ratificados no Tratado de Versalhes (1919), seria iniciada a contagem regressiva para a Segunda Guerra Mundial, onde mais uma vez, com armas, as “nações civilizadas” tentariam resolver as suas diferenças.