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Guerras

Primeira Guerra Mundial: Resumo

Um resumo completo sobre a Primeira Guerra Mundial: causas, batalhas e o fim da Grande Guerra com a semente da 2ª Guerra Mundial.


Primeira Guerra Mundial Resumo
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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 19 minutos
Primeira Guerra Mundial Resumo
Resumo completo sobre a Primeira Guerra Mundial: as diversas causas, batalhas e o fim da Grande Guerra com a semente da 2ª Guerra Mundial. Montagem: Eudes Bezerra.

A Primeira Guerra Mundial — também conhecida como a Grande Guerra — foi um evento mundial que durou entre 1914 e 1918, tendo como estopim o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand da Áustria-Hungria.

Contudo, o assassinato foi apenas um pequenino motivo entre as verdadeiras razões para uma guerra tão bem planejada há décadas e disputada feroz e irracionalmente.

Nota: faz-se importante compreender que a Primeira Guerra Mundial foi um evento que contou com as mais diversas causas e que neste simples artigo você pode ficar surpreso com algumas coisas — leia as referências ao final!

Boa leitura!

TÓPICOS SOBRE A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

1. Primeira Guerra Mundial – Resumo
⠀⠀1.1 Tríplice Aliança: as Potências Centrais
⠀⠀1.2 Tríplice Entente: futura Aliados na Segunda Guerra Mundial
⠀⠀1.3 Fim da Primeira Guerra Mundial e da Era dos Impérios
2. As causas da Primeira Guerra Mundial: o imperialismo
3. As causas da Primeira Guerra Mundial: o processo de Unificação Alemã
⠀⠀3.1 Alemanha: a maior potência da Europa e outras potências
4. As causas da Primeira Guerra Mundial: questões nacionalistas
5. O movimento Pangermânico
6. Os Bálcãs: “o barril de pólvora da Europa” – Pan-Eslavismo
7. Corrida Armamentista
8. O início da 1ª Guerra Mundial
9. As crises de Julho: o colapso da Paz Armada
10. As primeiras ações no Front Ocidental e a Primeira Batalha do Marne
11. As primeiras ações no Front Oriental
12. A continuação da guerra de trincheiras
13. A guerra no mar
14. A campanha em Gallipoli e a Primeira Batalha de Isonzo
15. A Revolução Russa e a entrada dos EUA na Guerra
16. A Segunda Batalha do Marne
17. O fim da guerra da Primeira Guerra Mundial
18. O Tratado de Versalhes
Referências

1. PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL – RESUMO

A Primeira Guerra Mundial, conhecida como Grande Guerra, foi um marco histórico que se desenrolou brutalmente entre os anos de 1914 e 1918.

A Grande Guerra foi o primeiro grande conflito do século XX, também sendo o primeiro confronto que se desenrolou em estado de Guerra Total, quando os recursos nacionais foram controlados e direcionados pelos próprios Estados (as potências beligerantes).

A guerra ocorreu principalmente no continente europeu, mas também foi expandida para o Oriente Médio, para a África e partes da Ásia, além de mares e oceanos.

O seu estopim foi o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand, herdeiro do trono dual da Áustria e da Hungria, e de sua esposa na cidade de Sarajevo, na Bósnia (atual Bósnia e Herzegovina).

Porém, as verdadeiras razões para a 1ª Guerra Mundial foram principalmente o imperialismo, as questões nacionalistas e a corrida armamentista durante a chamada Paz Armada.

paz armada e a primeira guerra mundial fábrica de munição
A chamada Paz Armada representou a preparação “silenciosa” — do aperfeiçoamento bélico! — das potências imperialistas que investiam capitais em quantias estratosféricas desde o século anterior, o XIX. Créditos: autoria desconhecida / Museu Imperial da Guerra, Londres, Inglaterra.

1.1 Tríplice Aliança: as Potências Centrais

Por causa das questões anteriores, os países se dividiram em dois grupos, sendo chamados de tríplices por inicialmente contarem com três supostas potências de cada lado no início.

A Tríplice Aliança, formada por: 

  • Alemanha;
  • Áustria-Hungria;
  • Império Otomano; e a
  • Itália (mudou de lado ainda em 1914, no começo da guerra).

1.2 Tríplice Entente: futura Aliados na Segunda Guerra Mundial

Do outro lado, tínhamos Tríplice Entente, formada por: 

  • Reino Unido;
  • França;
  • Rússia; e os
  • Estados Unidos da América (entrou na guerra em 1917, tendo pouca participação nas batalhas, mas fornecendo recursos financeiros e matérias abundantes durante o conflito).

Ao lado de cada tríplice, encontravam-se dezenas de outros países, ou mesmo colônias, que participaram nas frentes de batalha ou enviaram preciosos recursos materiais às potências em conflito direto.

1.3 Fim da Primeira Guerra Mundial e da Era dos Impérios

Ao final da guerra, foram contabilizados mais de 16 milhões de mortos, incluindo soldados e civis, além de dezenas de milhões de mutilados…

Além disso, houve uma ampla e profunda reformulação do mapa mundial, novas relações de poder e o fim de quatro impérios, quais foram:

  1. O Império da Alemanha;
  2. O Império da Rússia;
  3. O Império da Áustria e da Hungria (Coroa dual); e o
  4. Império Turco Otomano.

Além do fim desses impérios, houve a redução de poder do império britânico que nunca mais alcançou o gigantesco poder que possuía menos um século antes.

A França, por sua vez, encontrava-se severamente arruinada, principalmente por ter sido o principal palco das grandes batalhas da guerra.

Os Estados Unidos da América, no final da guerra, emergiram com distância de todas as outras nações do planeta, financiando e lucrando colossalmente com a reconstrução da Europa arrasada pela Grande Guerra.

mapa das potências centrais e da tríplice entente na primeira guerra mundial
As Potências Centrais (Tríplice Aliança) em laranja e a Tríplice Entente em verde. Em amarelo, países que posteriormente ingressaram (ou não) no conflito, como a Itália que era aliada da Alemanha, mas se aliou secretamente à Tríplice Entente. Créditos: autoria desconhecida / Wikimedia Commons.
mapa mundi na primeira guerra mundial
Como ficou o mapa de alianças no decorrer do conflito, sendo as nações e colônias em tom cinza as neutras no confronto global. Créditos: autoria desconhecida / Wikimedia Commons.

2. AS CAUSAS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL: O IMPERIALISMO

Na segunda metade do século XIX, o capitalismo financeiro e o industrial permitiram a integração econômica no mundo.

Com isso, as nações já industrializadas foram “favorecidas” e conseguiram expandir significativamente o seu território para:

  • Ásia;
  • África; e a
  • Oceania.

Esse momento ficou conhecido como a Segunda Onda de Expansão Colonial, também chamada de Corrida pela África.

Forças europeias — como Reino Unido, França, Portugal e Espanha — literalmente retalharam o continente africano, criando fronteiras arbitrárias.

A Alemanha, entre outros países, tardiamente, entrou nessa corrida após o processo de unificação alemã liderada pelo primeiro-ministro prussiano Otto von Bismarck.

chanceler de ferro otto von bismarck
Otto von Bismarck, conhecido como o Chanceler de Ferro, era reconhecido pelo seu empenho na formação de uma Alemanha militarizada e expansionista, servindo ao kaiser Guilherme I. Créditos: autoria desconhecida / Colorida por Marina Amaral.

3. AS CAUSAS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL: O PROCESSO DE UNIFICAÇÃO ALEMÃ

Na segunda metade do século XIX, a região da Alemanha era apenas uma série de pequenos reinos e ducados de mesma raiz cultural, compartilhando a origem germânica.

O máximo que existia de união eram duas forças hegemônicas:

A Confederação Germânica (liderada pela Prússia sob a dinastia dos Hohenzollern’s) e o Império Austro-Húngaro (sob a longeva dinastia dos Habsburgos).

O projeto de unificação de parte dos dois blocos se iniciou em 1857 com Guilherme I, assumindo o trono prussiano.

Em um pequeno período de apenas sete anos, três importantes guerras foram travadas:

  1. Guerra dos Ducados (1864);
  2. Guerra Austro-Prussiana (1866); e a
  3. Guerra Franco-Prussiana (1870-1871).

Essas grandes guerras estabeleceram de maneira clara a rivalidade França x Alemanha.

Ao final desse processo, a Alemanha se tornou uma potência econômica e militar, começando então a sua busca por colônias, partilhando também a África nas Conferências de Berlim.

proclamação de guilherme i da alemanha no palácio de versalhes
Proclamação de Guilherme I como imperador — no Palácio de Versalhes! — após a Guerra Franco-Prussiana alimentou o revanchismo francês para com a Alemanha, que havia literalmente humilhado a França tanto na guerra quanto no pós-guerra. Créditos: Anton von Werner.

3.1 Alemanha: a maior potência da Europa e outras potências

O rápido e implacável fortalecimento do Estado Alemão causou profundo temor em nações, como a Rússia e a França, e conglomerados, como no caso da Grã-Bretanha.

No início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, a Alemanha era a maior e mais bem preparada potência do planeta nos mais diversos seguimentos, estando atrás apenas da indústria dos Estados Unidos da América.

A Inglaterra possuía um exército pequeno por confiar demais em sua frota naval — frota até então incomparável — por se tratar de uma ilha.

O exército britânico, que não possuía serviço militar obrigatório antes da guerra, contava com apenas 250 mil soldados que mais controlavam as inúmeras colônias sob o domínio britânico ao redor do planeta.

A França, ainda pomposa, era considerada uma potência de segunda grandeza às vésperas da guerra.

Embora tenha sido por muito tempo um país de excessos e esplendor, não estava mais à altura dos seus rivais alemães ao iniciar o conflito — nem mesmo em número populacional.

A Rússia, bem distante da industrialização das demais potências, ainda possuía diversas características feudais e era marcada por inúmeros levantes internos constantes.

Acerca dos impérios Otomano e Áustro-Húngaro, pode se dizer, que já se encontravam em franca decadência.

A Itália, embora mais estável e “recém-unificada”, era relativamente ineficaz quando comparada à Inglaterra, à França e à Alemanha.

Inclusive, durante a Primeira Guerra Mundial, a Itália sofreria golpes históricos contra os seus antigos aliados: os alemães — principalmente através de um famoso comandante da Segunda Guerra Mundial: Erwin Rommel, a Raposa do Deserto.

No mais, muita coisa mudaria no decorrer do conflito e principalmente ao seu término, com a semente maldita semeada e que geraria a Segunda Guerra Mundial (1939–1945).

causa da primeira guerra mundial a alemães comemorando a vitória na guerra franco-prussiana
A Alemanha desde o século XIX vinha desempenhando grandes avanços e ameaçava a hegemonia das potências tradicionais, como a Inglaterra e a França, acabando por superá-las. Créditos: autoria desconhecida / Wikimedia Commons.

4. AS CAUSAS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL: QUESTÕES NACIONALISTAS

Durante uma boa parte do século XIX, as grandes potências europeias mantiveram certo equilíbrio de poder entre si, conhecido como o Concerto da Europa.

Depois de 1848, esse equilíbrio foi sendo cada vez mais ameaçado por uma série de fatores até ser fatalmente destruído.

As questões nacionalistas envolveram diferentes países, começando pelo revanchismo francês.

Após a Guerra Franco-Prussiana, a França nutriu grandes ressentimentos pela Alemanha, pois a sua derrota foi considerada humilhante por:

  • Perder a importante região da Alsácia-Lorena; e
  • Assinar a rendição na Galeria dos Espelhos, dentro do Palácio de Versalhes — o orgulho do mais fino barroco francês.

Nos quarenta anos seguintes, vingar a derrota de 1871 e recuperar a Alsácia-Lorena se tornaram os principais objetivos da França.

napoleão iii capturado após a guerra franco-prussiana com otto von bismarck
Napoleão III, da França, com Otto von Bismarck, da Alemanha, conversando. Um derrotado, capturado e humilhado, o outro totalmente triunfante: um duro golpe no orgulho francês. Créditos: Wilhelm Camphausen.

5. O MOVIMENTO PANGERMÂNICO

O pangermanismo foi um movimento nacionalista que serviu de suporte ideológico para o Império Alemão defender a sua expansão territorial no início do século XX.

A sua ideia era unificar todos os povos de língua germânica em um Grande Reich Germânico (Império Germânico ou Império da Germânia).

O pangermanismo foi bastante influente na política alemã durante a unificação, mas carregava ideologias abertamente etnocêntricas e racistas — ideologias bem comuns entre as nações europeias à época.

6. OS BÁLCÃS: “O BARRIL DE PÓLVORA DA EUROPA” – PAN-ESLAVISMO

A Rússia agia como protetora da Sérvia e de outros estados eslavos, promovendo a ideia do pan-eslavismo.

Enquanto isso, os austríacos consideravam os Bálcãs essenciais para os seus propósitos e compreendiam a expansão sérvia, sobretudo a ideia da formação da Grande Sérvia, como uma ameaça.

Em 1908-1909, causaram a Crise da Bósnia quando anexaram o antigo território da Bósnia e Herzegovina.

Após a Guerra Ítalo-Turca (1911-1912), foi formada a Liga dos Bálcãs, uma aliança entre Sérvia, Bulgária, Montenegro e Grécia.

A Liga logo dominou grande parte da Turquia europeia na Primeira Guerra Balcânica, o que causou tensões com a Áustria-Hungria e o próprio Império Otomano.

Os italianos, por sua vez, também reclamavam territórios nos Balcãs como seus.

Dessa forma, no começo do século XX, os Bálcãs havia se tornado motivo de preocupação para boa parte dos países europeus, visto que as maiores potências possuíam relações com os países diretamente inseridos nas disputas.

No entanto, os sérvios lutavam pela formação da Grande Sérvia, uma ideia apoiada abertamente pela Rússia e desestimulada pelos austro-húngaros e outros.

7. CORRIDA ARMAMENTISTA

Ainda sobre o rol de causas da Primeira Guerra Mundial: a corrida armamentista na Europa depois de 1871, que ocorreu um grande aumento da força industrial alemã (que dava suporte aos austríacos, húngaros e otomanos).

Por meio desse desenvolvimento, o almirante Alfred von Tirpitz criou a Marinha Imperial Alemã.

Havia um forte desejo de superar a Marinha Real Britânica, mas em 1911, o chanceler Theobald von Bethmann Hollweg reconheceu a dificuldade de se igualar em um futuro próximo.

No entanto, estrategicamente realocou grande parte do investimento da marinha para o exército, formando o mais formidável exército da Europa, entre militares capacitados e contingentes de reservistas.

E a Alemanha não foi a única nação a fazer isso, sendo logo em seguida por tantas outras, como a França.

Entre 1908-1913, as principais potências europeias aumentaram os seus gastos com defesa em aproximadamente 50%.

A guerra, há muito tempo planejada, readequada e refinada, era questão de tempo com o emprego de armas incrivelmente letais que definiriam os conflitos até os dias de hoje

armas da primeira guerra mundial
Durante décadas diversos planos foram criados e adaptados de acordo com as novas tecnologias que surgiam. A popularização e aperfeiçoamento de armamentos, como a metralhadora, geraria um imenso impacto no modo de se fazer a guerra industrial moderna. Créditos: autoria desconhecida.

8. O INÍCIO DA 1ª GUERRA MUNDIAL

Em 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do império austro-húngaro, visitou Sarajevo, a capital das províncias da Bósnia e da Herzegovina.

Nesse dia, 6 assassinos do movimento Jovem Bósnia tomaram posição ao longo do seu percurso.

Com armas fornecidas por extremistas da organização de inteligência sérvia Mão Negra, os assassinos esperavam libertar a Bósnia da influência e do domínio político austríaco.

Nedeljko Cabrinovic começou o ataque jogando uma granada no carro do arquiduque.

O ataque de Cabrinovic falhou, resultando em alguns feridos e uma rápida passagem pelo hospital da comitiva de Francisco Ferdinando.

Outras tentativas de assassinato não tiveram como ser executadas ou mesmo longe do sucesso.

No entanto, enquanto Ferdinand voltava da visita aos policiais feridos pela granada de Cabrinovic, seu carro entrou em uma rua fora da rota programada — justamente na qual se encontrava Gavrilo Princip.

Princip percebeu a oportunidade, aproximou-se do carro e disparou sua pistola que acabou por vitimar Franz Ferdinand e a sua esposa, Sofia de Hohenberg.

Francisco Ferdinand e Sofia pouco antes de serem assassinados por Gavrilo Princip
Francisco Ferdinand e Sofia pouco antes de serem assassinados por Gavrilo Princip em Sarejevo, 28 de junho de 1914. Créditos: autoria desconhecida / Museu Imperial da Guerra, Londres, Inglaterra.
Retratação do momento em que Gravilo Princip assassina os monarcas austro-húngaros como estopim da primeira guerra mundial
Retratação do momento em que Gravilo Princip assassina os monarcas austro-húngaros. Créditos: Achille Beltrame.
Gavrilo Princip capturado pela polícia após o assassinato
O extremista Gavrilo Princip capturado e sendo levado ao departamento policial. Gavrilo morreria de pneumonia em uma cela no ano de 1919. Créditos: autoria desconhecida / Wikimedia Commons.

9. AS CRISES DE JULHO: O COLAPSO DA PAZ ARMADA

O assassinato de Ferdinand levou às Crises de Julho, uma série de acontecimentos diplomáticos envolvendo Áustria-Hungria, Alemanha, Rússia, França e Grã-Bretanha.

O primeiro evento diplomático ocorrido foi a Áustria-Hungria enviar um ultimato para a Sérvia.

No ultimato, o império trouxe uma série de demandas, que foram devidamente aceitas, exceto por uma: a maior presença da Áustria-Hungria na supressão de elementos subversivos na Sérvia e na investigação e acusação dos assassinos.

As exigências do ultimato austro húngaro, na verdade, eram praticamente impossíveis de serem integralmente aceitas pelos sérvios — e a Áustria-Hungria apostava nessa impossibilidade, igualmente como outros grupos.

Com isso, em 28 de julho de 1914, a Áustria-Hungria fez uma declaração de guerra contra a Sérvia.

Em resposta, a Rússia declarou ao Império Austro-Húngaro em apoio à Sérvia em 30 de julho. 

No dia 1º de agosto de 1914, a Alemanha também declarou guerra à Rússia após ela não responder ao seu ultimato de não interferência nos Balcãs e parar a mobilização de tropas perto das fronteiras.

Anteriormente, em um telegrama de 28 de julho de 1914, o imperador da Rússia pediu ao imperador da Alemanha (ambos eram primos, juntamente com o rei da Inglaterra):

“Para tentar evitar a calamidade de uma guerra na Europa, eu lhe imploro em nome de nossa velha amizade para fazer o que puder a fim de deter seus aliados de irem longe demais”. (WILLMOTT, 2008, p. 27)

os primos Guilherme II Jorge V e Nicolau II na primeira guerra mundial
Guilherme II (à esq.), kaiser do império alemão, Jorge V (centro), rei do império britânico, e Nicolau II (à dir.), czar do império russo, eram primos, sendo os dois primeiros netos da famosa rainha Vitória, da Inglaterra. Créditos: autorias desconhecidas.

Em 2 de agosto, a Alemanha ocupou Luxemburgo, na Bélgica, com seus exércitos trocando tiros com soldados franceses.

A 3 de agosto, a Alemanha declarou guerra contra a França e exigiu passagem livre pela Bélgica, o que foi recusado.

Em 4 de agosto, a Alemanha invadiu a Bélgica, o que levou a um outro ultimato. Dessa vez, por parte da Grã-Bretanha ao Império da Alemanha.

Como o ultimato foi ignorado pela Alemanha, a Grã-Bretanha também entrou no conflito.

Dessa forma, mesmo que simplificadamente, dá para se imaginar a dimensão que rapidamente a guerra tomou, arrastando dezenas de outras nações ao conflito.

Manfred von Richthofen o Barão Vermelho Ás dos Ases
Da Primeira Guerra Mundial emergiram figuras emblemáticas, como o alemão Manfred von Richthofen — o temido e respeitado Barão Vermelho, o eterno Ás dos Ases. Créditos: autoria desconhecida.

10. AS PRIMEIRAS AÇÕES NO FRONT OCIDENTAL E A PRIMEIRA BATALHA DO MARNE

Em 4 de agosto de 1914, os alemães cruzaram a fronteira da Bélgica e iniciaram a primeira batalha da guerra mundial atacando Liège.

Eles se utilizaram de enormes canhões de cerco para capturar a cidade em 15 de agosto.

Entre os dias 6 e 9 de setembro de 1914, ocorreu a Primeira Batalha do Marne, que envolveu as forças francesas, britânicas e alemãs.

Apesar de sua força, os alemães sofreram um bem-sucedido contra-ataque que os levou de volta ao norte do rio Aisne.

Nisso, teve início a terrível guerra de trincheiras.

A Guerra de Trincheiras, na Frente Ocidental, duraria pelo mais dois anos na 1ª Guerra Mundial antes de começar a guerra de movimento propriamente dita.

cena da primeira batalha do marne na primeira guerra mundial
“O Milagre do Marne”: quando escassas e cansadas tropas francesas conseguiram conter o poderoso exército alemão, muito graças às novas armas, como metralhadoras, e a tenaz resistência francesa até que chegasse o precioso auxílio britânico. Créditos: autoria desconhecida / Wikimédia Commons.

11. AS PRIMEIRAS AÇÕES NO FRONT ORIENTAL

No Front Oriental, as forças russas invadiram a Prússia Oriental e a Polônia e, apesar de conseguirem um razoável avanço sobre o território Alemão da Prússia Oriental, foram duramente castigadas posteriormente pelas tropas germânicas na Batalha de Tannenberg.

Apesar de a gigantesca ofensiva russa ter fracassado e perdido a iniciativa na Frente Oriental, o movimento da Rússia teve um impacto determinante na derrota alemã na Batalha do Marne, na Frente Ocidental.

O que é um dos motivos do chamado Milagre do Marne…

Com a forte resistência aliada (Tríplice Entente ou Potências Centrais) na França, a Rússia conseguiu manter o conflito no leste por um longo tempo, mesmo com duras perdas e o agravamento de diversas crises internas.

Isso acabou alterando o Plano Schlieffen da Alemanha, que esperava inicialmente uma vitória rápida.

Marechal Schlieffen o idealizador do plano Schlieffen
O Plano Schlieffen, inicialmente idealizado pelo Marechal Schlieffen e posteriormente por Moltke, havia sido preparado para a provável guerra em dois fronts de batalha, na qual os alemães sabiam que teriam que dividir suas tropas. Para isso, uma guerra rápida era necessária para encerrar um front e depois concentrar suas forças no outro. Créditos: autoria desconhecida.
O General Helmuth Johannes Ludwig von Moltke primeira guerra mundial
O General Helmuth Johannes Ludwig von Moltke, que deu novos contornos ao Plano Schlieffen ao atenuar a agressividade alemã no Front Ocidental. Créditos: autoria desconhecida.

12. A CONTINUAÇÃO DA GUERRA DE TRINCHEIRAS

As trincheiras foram pensadas como algo temporário, mas acabaram por durar longos anos, causando grandes desgraças, sugando números exorbitantes em vidas e em recursos financeiros, além da praticamente inércia no campo de batalha ocidental.

Dessa forma, ambos os lados tentavam quebrar as trincheiras do adversário a todo custo.

Por exemplo, a Alemanha usou armas químicas na Segunda Batalha de Ypres em 22 de abril de 1915, quando despejou mais de 20 mil cilindros de gás de cloro sobre os adversários, causando um estrago terrível e horrorizando o mundo.

Outro exemplo interessante sobre a tentativa da guerra de trincheiras recai sobre o tanque de guerra, ou carro de combate, com o primeiro modelo operacional, o Mark I britânico, prometendo ser um promissor quebrador de trincheiras.

Em fevereiro de 1916, os alemães atacaram as posições francesas na Batalha de Verdun, o que se arrastou até dezembro.

Conseguiram alguns ganhos iniciais, mas os contra-ataques franceses conseguiram barrar o avanço alemão a duras custas.

Entre julho e novembro de 1916, os ingleses e os franceses iniciaram uma ofensiva conhecida como Batalha do Rio Somme com o objetivo de aliviar a pressão alemã em Verdun, mas a Ofensiva do Somme acabou por se tornar um fiasco gigantesco.

Seu primeiro dia foi o mais sangrento da história do Exército Britânico, tendo nada menos que 57.470 casualidades, sendo 19.240 mortos, na luta contra os alemães que mantiveram as posições.

fotografia aérea da guerra de trincheiras durante a primeira guerra mundial
Os círculos são crateras causadas por explosões e os traços não retos trincheiras. Os traços retos, possivelmente, rodovias ou pistas de barro. Créditos: autoria desconhecida / Newsteam.
gases tóxicos na primeira guerra mundial
As armas químicas foram empregadas na Grande Guerra e o seu resultado, considerado repulsivo e desonroso, acabou por gerar tratados internacionais do banimento que vigora ainda hoje, sendo crime de guerra o seu uso. Créditos: autoria desconhecida.
tropas alemãs usando cortina de gás de armas químicas para atacar na primeira guerra mundial
Tropas de assalto alemãs emergem de uma espessa nuvem de gás tóxico estabelecida pelos próprios alemães para atacar as trincheiras britânicas na França. A nuvem de gás mortífero ofereceu cobertura para os soldados atacantes, que invadiram as trincheiras adversárias com êxito. Créditos: Hulton-Deutsch Collection.
o primeiro tanque de guerra operacional do mundo na primeira guerra mundial
O primeiro tanque de guerra do mundo a entrar em ação, o Mark I. Sua estreia na Primeira Guerra Mundial gerou uma revolução nos campos de batalha, embora ainda fosse um engenho confuso. Créditos: autoria desconhecida.

13. A GUERRA NO MAR

Antes da Primeira Guerra Mundial, a Marinha Real Britânica tinha uma superioridade inquestionável.

Contudo, a marinha alemã teve avanços substanciais, principalmente na guerra submarina, visto que a tentativa germânica de se igualar à marinha de superfície britânica em tão pouco tempo era praticamente impossível.

Contudo, na Batalha de Jutlândia, ocorrida maio de 1916, a superioridade naval britânica foi mantida no Mar do Norte, ainda que os britânicos tivessem sofrido mais perdas que os alemães.

Após esse evento, no entanto, a Alemanha não mais tentaria quebrar o bloqueio naval britânico em vista da superioridade numérica.

Os britânicos, por sua vez, também não tentariam investir sobre o reduto da marinha de guerra alemã, o que fatalmente colocaria sua esquadra à mercê não apenas da esquadra alemã, incluindo submarinos, como das próprias defesas costeiras e da artilharia móvel.

cena da batalha da jutlândia durante a primeira guerra mundial
A Batalha da Jutlândia é, por muitos estudiosos, vista como a maior batalha naval da história, na qual uma imensa quantidade de navios couraçados partiu para um confronto decisivo. Créditos: autoria desconhecida.

14. A CAMPANHA EM GALLIPOLI E A PRIMEIRA BATALHA DE ISONZO

Após o fracasso no Estreito de Dardanelos, as forças lideradas pela Grã-Bretanha tentaram invadir o Império Otomano pela Península de Gallipoli em abril de 1915.

A invasão também foi um fracasso, levando a uma retirada em janeiro de 1916.

Porém, Gallipoli não foi o único ponto de confronto entre as forças otomanas e aliadas, pois também houve conflitos na Mesopotâmia e no Egito.

No norte da Itália, as tropas austríacas se enfrentaram em 12 batalhas ao longo do rio Isonzo.

A Primeira Batalha do Isonzo ocorreu no final da primavera de 1915, logo depois da entrada da Itália na guerra.

Na última batalha, os reforços alemães apoiaram a Áustria-Hungria, levando a uma vitória decisiva.

winston churchilll o idealizador do fiasco da invasão de galipoli na primeira guerra mundial
A ideia para a invasão de Gallipoli por Winston Churchill se mostrou um verdadeiro fiasco e para o resto de sua vida seria lembrado por isso — e que foi usado nos argumentos para não se tornar o primeiro-ministro durante a Segunda Guerra Mundial. Créditos: autoria desconhecida.

15. A REVOLUÇÃO RUSSA E A ENTRADA DOS EUA NA GUERRA

De 1914 a 1916, a Rússia montou uma série de ofensivas no Front Oriental, mas não conseguia quebrar as linhas alemãs, mesmo atacando com surpresa e em grande número.

Isso, combinado com instabilidade econômica e escassez de itens essenciais, levou ao agravamento da impopularidade do czar Nicolau II.

Pode-se dizer que a contraofensiva alemã sobre a Rússia foi arrasadora e uma lição de estratégia militar ao ponto de, inclusive, infiltrar Vladimir Lênin e seus partidários para desestabilizar ainda mais o frágil governo de Nicolau II.

Resumidamente, explodiu a Revolução Russa de 1917, encabeçada por Vladimir Lênin em um processo que aliviou o Front Oriental, fazendo com que os alemães se voltassem totalmente para o Front Ocidental.

Enquanto isso, os EUA estavam em neutralidade, negociando com os dois lados da guerra.

Contudo, isso mudou após o afundamento do Lusitânia por submarinos alemães, que carregava centenas de norte-americanos.

Com isso, em 2 de abril de 1917, os EUA declararam guerra à Alemanha.

Também se faz importante saber que os EUA financiaram muito mais a França e a Inglaterra do que a Alemanha.

Por isso, tinham interesses financeiros em risco e garantir a vitória dos seus devedores era assegurar toda a “ajuda” prestada.

naufrágio do navio lusitânia e a entrada dos estados unidos na primeira guerra mundial
O naufrágio do navio Lusitânia por submarinos alemães catapultou os EUA para a Primeira Guerra Mundial, mostrando-se decisivo para o combate contra os germânicos. Créditos: Arquivo Federal Alemão, ID: DVM 10 Bild-23-61-17.

16. A SEGUNDA BATALHA DO MARNE

Em 15 de julho de 1918, as tropas alemãs livres do Front Oriental se deslocaram para a última ofensiva alemã na Segunda Batalha do Marne, na França.

Apesar disso, os franceses, parte da Força Expedicionária Britânica e 85.000 tropas americanas conseguiram repelir o ataque.

Três dias depois, a tríplice entente lançou sua contraofensiva, causando grandes baixas para a Alemanha.

Dessa forma, a Segunda Batalha do Marne virou a maré da guerra contra Alemanha do orgulhoso kaiser Guilherme II.

17. O FIM DA GUERRA DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Ao fim de 1918, os turcos assinaram uma trégua com a Tríplice Entente.

A Áustria-Hungria, dissolvendo-se por causa de movimentos nacionalistas, também alcançou o armistício em 4 de novembro.

A Alemanha fez o mesmo em 11 de novembro de 1918.

Em 28 de junho de 1919, foi assinado o Tratado de Versalhes que teve seus efeitos muito além dos pretendidos pelos vitoriosos.

18. O TRATADO DE VERSALHES

Com ideias punitivas extremamente brutais à Alemanha, esta se viu humilhada e um perigoso clima de revanchismo foi tomando conta nos anos de miséria daquela que era a grande potência industrial da Europa no pré-guerra.

Esse forte ressentimento nacional levaria à Segunda Guerra Mundial através da canalização dos sentimentos de revanchismo pelo Partido Nazista chefiado por Adolf Hitler, o que ocasionou a maior guerra da história a partir de 1939 e que durou até 1945.

assinatura do tratado de versalhes no fim da primeira guerra mundial
A histórica cena em que Georges Clemenceau, o “Tigre Velho da França”, motivado por ressentimentos profundos para com a Alemanha, assina o Tratado de Versalhes. Fotografia no Salão dos Espelhos do Palácio de Versalhes, França, 28 de junho de 1919. Créditos: autoria desconhecida / Bettmann / Corbis.

PODE USAR TRECHOS DA MATÉRIA. FIQUE À VONTADE!

Só pedimos que cite o site, bastando fazer do seu jeito ou como no exemplo:

Fonte: Incrível História: https://incrivelhistoria.com.br/

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REFERÊNCIAS

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CIMINO, Al. A história da quebra dos códigos secretos: dos antigos códigos secretos à criptografia quântica. São Paulo: M. Books do Brasil, 2018. CUMMINS, Joseph. As Maiores Guerras da História. trad. Vania Cury. Rio de Janeiro: Ediouro, 2012.
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HOBSBAWM, Eric J.. A Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. trad. Marcos Santarrita. 2 ed. 46 imp. São Paulo: Companhia de Letras, 2012.
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WHITE, Matthew. O grande livro das coisas horríveis: a crônica definitiva das cem piores atrocidades da história. trad. Sergio Moraes Rego. Rio de Janeiro: Rocco, 2013.
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PALAVRAS-CHAVE SECUNDÁRIAS: grande guerra, 1ª guerra mundial, guerra mundial, guerra de trincheiras, tríplice entente, tríplice aliança, segunda guerra mundial.

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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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