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Guerras

Reabertura do Japão, nasce o Grande Império do Japão

Acordado de seu descanso secular por canhões estrangeiros, o Japão rapidamente se industrializou e impôs a cartilha imperialista do século XIX.


assinatura do tratado de kanagawa no Japão
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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 3 minutos
assinatura do tratado de kanagawa no Japão
Pintura representativa sobre a assinatura do Tratado de Kanagawa, 31 de março de 1854. Além da determinação da criação de um consulado dos EUA para melhor “entendimento comercial”, o tratado marcou a entrada do Japão na engrenagem capitalista que se encontrava em plena ascensão. Créditos: autoria desconhecida.

Adormecido há séculos, o Japão foi despertado em 1853 pelos canhões norte-americanos que ameaçavam bombardear a atual cidade de Tóquio. O governo americano deseja negociar e os portos japoneses teriam que estar abertos ao comércio internacional. O Japão, ao ser perturbado com tamanha violência, rapidamente compreendeu as regras imperialistas que vigoravam no planeta e poucas décadas depois das salvas de canhões em Tóquio havia se tornado o desafiador Grande Império do Japão.

Na segunda metade do século XIX, os resultados da Revolução industrial se mostravam um sucesso e em plena ascensão. Cada vez mais poderosas, as potências econômicas aperfeiçoavam suas fábricas que produziam em ritmo nunca dantes visto.

Entretanto, os grandes mercados consumidores, sobretudo, os europeus, mostraram-se incapazes de absorver tamanha oferta. Também era necessário alimentar as indústrias com matérias-primas e encontrar meios de resolver o desemprego que crescia tão rápido como a produção.

O Capitalismo se encontrava em efervescência e demandava novos mercados consumidores sob o risco de quebra. Antevendo isso, potências industriais e países semi-industrializados profissionalizaram os crivos do imperialismo ao disputar cada palmo de terra do planeta e, assim, geraram o conhecido Neocolonialismo. O Japão, que se encontrava fechado para o mundo, também “deveria” contribuir e movimentar a engrenagem da economia global.

O despertar de um longo descanso

Em 8 de julho de 1853, diante da ameaça dos canhões da esquadra norte-americana comandada pelo almirante Matthew Perry, que ameaçavam bombardear a Baía de Edo (atual Tóquio), o Japão “reabriu” seus portos selados há mais de dois séculos — desde 1648 — e se dispôs às negociações. O objetivo dos Estados Unidos da América era a criação de um novo — e potente — mercado consumidor.

Em 31 de março de 1854 ocorreu a assinatura do Tratado de Kanagawa. Este tratado marcou a abertura dos ancoradouros japoneses ao comércio, além do estabelecimento de um consulado estadunidense no local. Posteriormente, o Japão negociou com outras nações entrando definitivamente na órbita capitalista e também dando início ao seu processo de modernização.

A Revolução Meiji

Em 1868 ocorreu a extraordinária Revolução Meiji que desencadeou significativas mudanças: pelos pulsos nacionalistas, que desejavam o fim da influência estrangeira e a modernização nacional, o país se prepararia militarmente para se lançar em campanhas expansionistas com a autodenominação de Grande Império do Japão (1868-1947).

O pais passou por uma fulminante europeização que acarretou em profundas transformações científicas, econômicas e militares. Embora tenha despertado tarde, o gigante polvo japonês parecia entender perfeitamente as regras da disputa imperialista e, assim como os concorrentes, também possuía suas ambições.

O Grande Império do Japão ataca a China

Tão grande quanto à fome que o polvo japonês sentia, era a joia do Extremo Oriente: a China. Esta, como objeto de cobiça pelas potências imperialistas, possuía grande território, inúmeros portos e expressivo mercado interno — além de exércitos coloniais. Os japoneses declararam guerra à China em 1894 e a venceram no ano seguinte — episódio conhecido como a Primeira Guerra Sino-Japonesa.

Os resultados deste breve conflito geraram diversos efeitos: marcou o início das ofensivas militares nipônicas; agravou a perda de poder da Dinastia Qing (1644-1912) na China; e, tragicamente, colocou os impérios da Rússia e do Japão em rota de colisão.

Fim da Guerra Sino-Japonesa, que venha a Guerra Russo-japonesa

Após a Guerra Sino-Japonesa, os termos do conflito foram acertados no Tratado de Shimonoseki a 17 de abril de 1895. Entretanto, o Japão, mesmo com a vitória, teve suas ambições limitadas pela intervenção do Império da Rússia. Tal intervenção estrangeira provocou profunda ira nos japoneses, que acabaram por definir que a influência russa deveria ser reduzida para a supremacia nipônica se estabelecer.

Este novo cenário imperialista indicava o choque entre o grande Urso da Rússia e o Polvo Japonês. Ambos imperialistas e aguerridos, tiveram seus interesses colocados em pauta e disputados em campanhas bélicas entre os anos de 1904-1905, na Guerra Russo-Japonesa, onde os japoneses, mais uma vez, triunfaram absoluto fazendo história — pela primeira vez na guerra moderna, uma nação não-europeia venceu um Estado europeu.

REFERÊNCIAS:
BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Século XX. São Paulo, SP: Fundamento, 2008.
GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do Tempo. trad. Roger dos Santos. São Paulo: M. Books, 2005.
Portal São Francisco. História do Japão. Acesso em 9 jun. 2013.
SOMMA, Isabelle. Japão – O dia em que a ilha se abriu ao mundo. Acesso em 9 jun. 2013.
VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002.
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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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