Idade Moderna Reforma Protestante, o Vendaval de Martinho Lutero A Reforma Protestante de Martinho Lutero procurou combater a corrupção, quebra do celibato, venda de indulgências e de cargos no clero. Idade Moderna • Períodos Autor: Eudes Bezerra Matéria criada em 10 maio 2021 8 minutos A Reforma Protestante de Martinho Lutero procurou combater a corrupção, quebra do celibato, venda de indulgências e de cargos no clero. Créditos: autoria desconhecida / Montagem: Eudes Bezerra. A Reforma Protestante desencadeada por Martinho Lutero procurou combater a corrupção, quebra do celibato, venda de indulgências e de cargos no clero. Ainda, visou a reforma da própria igreja, mas escancarou as portas para mudanças internacionais. A Reforma Protestante foi um poderoso movimento religioso que varreu a Europa no século XVI, dividiu a Igreja, provocou numerosas guerras e enfraqueceu a autoridade papal. A Reforma surgiu em resposta à corrupção e aos abusos de poder visíveis na Igreja Católica Romana do final do século XV e início do século XVI e recebeu o ímpeto ainda maior com o espírito de renovação religiosa que exigiu um papel maior para os leigos na vida da Igreja. O resultado foi a tradução da Bíblia para os idiomas vernáculos [de cada país] e a fundação de numerosas igrejas novas, livres da autoridade papal, sob a bandeira geral do protestantismo.” (WOOLF, 2014, p. 156, complemento nosso) Pela citação destacada acima já deu para perceber que a Reforma Protestante foi chumbo grosso, hein? Boa leitura! SUMÁRIO DA REFORMA PROTESTANTE 1. O que foi a Reforma Protestante? Resumo 2. Dia da Reforma Protestante 3. Qual foi o motivo da Reforma Protestante? 4. As Cinco Solas da Reforma Protestante 5. Consequências da Reforma Protestante 6. Aumento de poder dos Estados Modernos 7. Aumento de poder da alta burguesia 8. Perda de poder da Igreja Católica 9. Reforma Protestante e Contrarreforma Referências ⠀ 1. O QUE FOI A REFORMA PROTESTANTE? RESUMO Um movimento iniciado no século XVI desencadeado pelas teses de Martinho Lutero nas quais criticava o poder e controle absolutos, a corrupção e a venda de perdão (indulgências) pela Igreja Católica. O Renascimento Cultural e o fortalecimento dos Estados nacionais e da alta burguesia acabaram por criar diversas frentes contra a Igreja Católica, a instituição mais rica e poderosa da época. Embora a intenção de Martinho Lutero fosse, à primeira vista, uma reforma da própria igreja, acabou por criar diversos movimentos que acabariam por gerar diversas correntes protestantes como: Igreja Luterana; Igreja Anglicana; Igreja Calvinista; Igreja Metodista; e a Igreja Batista. Assim como a criação dessas diversas correntes, entre outras, houve o fortalecimento dos monarcas e da burguesia que não mais se submeteriam ao poder papal como anteriormente. Algumas nações, como a inglesa, romperam completamente com o papado, embora muitos católicos estivessem presentes nesse país. Retratação de Martinho Lutero, o grande responsável pela expansão da Reforma Protestante. Créditos: Lucas Cranach, o Velho. ⠀ 2. DIA DA REFORMA PROTESTANTE O dia da Reforma Protestante que revolucionaria a sociedade europeia data 31 de outubro de 1517, quando Martinho Lutero teria pregado as suas 95 teses na igreja católica de Wittenberg, na Alemanha. Suas ideias chamaram bastante atenção por todos da sociedade, inclusive severas críticas da própria Igreja Católica, que acabaria por excomungar Martinho Lutero. Martinho Lutero era um monge agostiniano revoltado com a contradição existente entre o que o sacerdócio pregava, mas não seguia. Possivelmente, Martinho não pregou as teses na porta da igreja, mas distribuiu panfletos que rapidamente circularam por toda a Europa. Créditos: Martinho Lutero prega suas 95 teses na porta da Igreja, de Ferdinand Pauwels / Coleção: Eisenach, Wartburg-Stiftung, Alemanha. ⠀ 3. QUAL FOI O MOTIVO DA REFORMA PROTESTANTE? Marinho Lutero nasceu na atual Alemanha e entre os diversos motivos da reforma protestantes, encontram-se: A corrupção da Igreja Católica; A venda indulgências (perdão “divino”); A venda de relíquias falsas, como espinhos da cruz de Cristo; A venda de cargos no clero; A quebra do celibato; e a A extrema opulência na riqueza em vez de valores humildes. Ocorre que a Igreja Católica, soberbamente rica, impunha uma vida simples à sociedade, condenado o acúmulo de riquezas, entretanto, era a instituição mais poderosa desde o período medieval. Matinho Lutero trouxe de denúncias de corrupção até discordâncias teológicas acerca das interpretações da bíblia realizadas pela igreja. A tradução da Bíblica era considerada heresia, sendo possível a reprodução apenas em latim ou grego. Lutero enxergava isso como grande dificuldade e que reduzia as interpretações possíveis e o senso crítico dos próprios seguidores católicos, que não podiam tirar suas próprias conclusões. A venda do perdão (indulgências) e das mentirosas relíquias sagradas eram uma das maneiras mais claras de se enxergar o absurdo que no seio de sua própria Igreja, por isso Martinho Lutero elaborou as suas 95 teses que visavam uma reformulação da instituição. Créditos: Augsburg. O celibato dos membros da igreja era considerado uma mentira e as liturgias em latim em meio a uma sociedade que não falava latim etc.. As vendas de falsas relíquias sagradas e de cargos no clero para os filhos mais jovens dos nobres (os quais raramente herdavam algo e por isso a segurança de estar no clero e gozar de uma vida com privilégios). Tudo isso formou um contundente inquietamento geral que percorreu a sociedade, que cada vez mais se mostrava questionadora dos dogmas religiosos. Ainda, a adoração de imagens também era palco de discussões e constante nas chamadas Cinco Solas de Martinho Lutero, que acabaram por representar os princípios gerais da Reforma Protestante. ⠀ 4. AS CINCO SOLAS DA REFORMA PROTESTANTE Lutero não visava uma ruptura com a Igreja Católica, mas uma modernização ou readequação da mesma. Contudo, suas ideias se difundiram profundamente sobre toda a Europa, onde já havia certa animosidade desde o questionador Renascimento. A reforma que Lutero pregava e que acabaram por se tornar os princípios da Reforma Protestante são: Sola fide: “Somente a fé”; Sola Scriptura: “Somente a escritura”; Sola Christus: “Somente cristo”; Sola Gratia: “Somente a graça”; e a Sola Deo Gloria: “Glória somente a Deus”. As solas da Reforma Protestante tinham como objetivo, por exemplo, acabar com a adoração, ou idolatria, de santos e santos por só reconhecer a Santíssima Trindade. ⠀ 5. CONSEQUÊNCIAS DA REFORMA PROTESTANTE O vendaval desencadeado pelas 95 teses de Martinho Lutero repercutiram por toda a Europa, influenciando as monarquias, a alta burguesia e os pensadores. Surgiram doutrinas mais conciliáveis com o Mercantilismo, que visava o lucro, sendo por isso condenado pela Igreja Católica, o que já demonstrava sua contradição por ser extremamente rica. Uma dessas doutrinas, a criada pelo teólogo João Calvino, o Calvinismo, pregava que o trabalho honesto dignificaria o homem, sendo seu fruto (lucro) reconhecimento por seu esforço. Assim, o ócio era condenado e o trabalho recompensado com seus frutos, como a própria riqueza. As ideias do Calvinismo, entre outros aspectos, por sua tolerância à riqueza, assim como o próprio incentivo ao trabalho qualquer que fosse desde que honesto, foram vistos com grande interesse por parte dos monarcas e da alta burguesia. João Calvino, o criador do Calvinismo. Doutrina religiosa protestante que dignificava o trabalho honesto e não condenada o lucro, sendo este uma recompensa supostamente divina. Créditos: autoria desconhecida / Biblioteca Pública e Universitária de Genebra, Suíça. ⠀ 6. AUMENTO DE PODER DOS ESTADOS MODERNOS Ocorre que na medida em que os Estados se tornavam mais fortes e centralizados, mais a autoridade papal se mostrava um incômodo. O fato de uma instituição estrangeira interferir diretamente nos assuntos domésticos/internos das monarquias já não era bem-visto, como também desconfortante pelo fato do monarca dever a sua graça à Igreja. O próprio Martinho Lutero, quando excomungado e perseguido por católicos radicais, acabou acolhido e protegido pelo que hoje chamamos basicamente de Alemanha (à época se tratava do poderoso Sacro Império Romano-Germânico). A influência da Reforma Protestante, inclusive, deu origem a profundas marcas na identidade nacional do que seria tornaria a Alemanha, quando unificada no fim do século XIX. Diversas nações e principados, isto é, monarcas, romperam com o papado e muito além disso: confiscaram as terras e riquezas das Igreja Católica que se encontraram em seus respectivos territórios, como Henrique VIII, o polêmico rei inglês que fundou a Igreja Anglicana. Créditos: Hans Holbein, o Jovem / Galeria de Arte, Liverpool, Inglaterra. ⠀ 7. AUMENTO DE PODER DA ALTA BURGUESIA Ao passo que os monarcas desejavam se tornar mais fortes e livres da autoridade papal, a alta burguesia desejava o mesmo. Sua atividade, plenamente comercial e com o lucro como objetivo final, ainda era vista como imoral e condenada aos olhos da Igreja Católica. A burguesia desejava igualmente se livrar as limitações do Catolicismo e melhorar sua imagem, como também o seu faturamento sem maiores empecilhos. Assim como os reis e as rainhas, os burgueses aproveitaram o momento para contestar os amplos poderes do Catolicismo, tendo a burguesia grande interesse no crescente comércio mercantil, o embrião do capitalismo. ⠀ 8. PERDA DE PODER DA IGREJA CATÓLICA Com os impactos da Reforma Protestante, a Igreja Católica sofreu diversas consequências, como a perda de territórios em diversas regiões da Europa, como na Alemanha e na Inglaterra (onde o rei Henrique VIII fundou a Igreja Anglicana). O conhecimento tão precioso, mas restrito dentro das abadias católicas agora era motivo de grande discussão, tendo a famosa prensa de Gutemberg contribuído para a popularização da bíblia nos mais diversos idiomas. Essa tradução, assim como a própria inovação de Gutemberg (outro alemão), ajudou a difundir o conhecimento que antes era restrito ao clero. Com isso, houve a valorização do indivíduo e o livre arbítrio, que não mais ficaria restrito aos dogmas da Igreja Católica. Dessa forma, o Humanismo renascentista ganhou mais força, representando a evolução do indivíduo enquanto membro da sociedade, ainda que a Igreja Católica, a depender da região, mostra-se forte. A partir da prensa de Gutemberg, que já havia se popularizado, Martinho Lutero teria conseguido a sua panfletagem, atingindo rapidamente um grande público que logo replicaria suas ideias por toda a Europa. Créditos: Uma das reproduções da Bíblia de Gutenberg / Biblioteca do Congresso, Washington D.C. / EUA. ⠀ 9. REFORMA PROTESTANTE E CONTRARREFORMA A reforma protestante, que inicialmente parecia ser uma tentativa de reformulação da Igreja Católica, acabou por gerar diversas outras correntes chamadas de igrejas protestantes, assim como cunhado o termo Protestantismo. A Igreja Católica, por sua vez, deu origem à chama Contrarreforma Católica, cujo objetivo fosse uma readequação da própria igreja para, basicamente, não sucumbir diante da forte onda protestante que estava a varrer a Europa. Em suma, a Reforma Protestante foi a quebra da hegemonia da Igreja Católica sobre a sociedade europeia, que em sua resposta lançaria, entre outras questões, as missões religiosas, como a dos Jesuítas, nos novos territórios coloniais. O primeiro grupo de jesuítas chegou ao Brasil com a expedição de Tomé de Souza em 1549, onde, embora buscasse proteger o indígena dos próprios portugueses, mostrava desprezo pela sua cultura nativa, formando o que hoje chamamos de Eurocentrismo. Pintura: “Na Cabana de Pindobuçu”, de Benedito Calixto de Jesus. Compartilhe esse artigo em suas redes sociais! Você conhece a nossa loja, a Vestindo História? Trata-se uma ótima opção para quem procura por camisetas com frases e imagens históricas! Você conhece a loja Vestindo História? São camisetas com frases e grandes imagens históricas. Acesse já! ⠀ REFERÊNCIA(S): BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 3ª ed. reform. e atual. São Paulo: Moderna, 2007. FAUSTO, Boris; FAUSTO, Sérgio (colab). História do Brasil. 14ª ed. atual. e ampl., 2º reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2015. MICELI, Paulo. História Moderna. 4ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2020. SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. SILVA, Marcelo Cândido da. História Medieval. 1. ed., 2ª reimpressão. Coleção História na universidade. São Paulo: Contexto, 2010. VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002. WOOLF, Alex. Uma nova história do mundo. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2014. IMAGEM(NS): Buscou-se informações para creditar a(s) imagem(ns), contudo, nada foi encontrado. Caso saiba, por gentileza, entrar em contato: contato@incrivelhistoria.com.br Eudes Bezerra37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja. Tags usadas: modernidade renascimento e iluminismo Deixe um comentário Cancelar respostaO seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *Comentário * Nome E-mail Veja tambémCaporegime: Entre o Don e o gatilhoBombardeio com as mãos na Grande GuerraEstandarte do Espírito MongolO Príncipe Negro vence em Poitiers