Arqueologia

Revolução Neolítica, a Revolução da Agricultura

Revolução Neolítica: a transição do estado nômade para o sedentário do ser humano com a fixação local e o desenvolvimento da agropecuária.


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Autor: Eudes Bezerra
5 minutos
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Revolução Neolítica: a transição do estado nômade para o sedentário do ser humano com a fixação local e o desenvolvimento da agropecuária. Créditos: autoria desconhecida / Montagem: Eudes Bezerra.

A Revolução Neolítica, ou da Agropecuária, foi a transição do estado nômade para o sedentário do ser humano, possibilitando excedentes agrícolas e o consequente aumento populacional e a complexidade das sociedades.

Até o final da última Idade do Gelo, por volta de 11.500 anos atrás, o homem era caçador e coletor: caçava animais e colhia plantas silvestres para se alimentar.

Não havia necessidade de procurar além das savanas, estepes e tundras, onde a caça era fácil e abundante.

No entanto, quando as geleiras derreteram, o nível do mar subiu e enormes áreas planas foram inundadas, enquanto, ao mesmo tempo, as florestas avançavam.

Nessas novas condições, os seres humanos tiveram de encontrar novos meios de sobreviver.

Nos 5 mil anos seguintes, o chamado período Neolítico, todos esses fatores provocaram a transição para a agropecuária organizada. (WOOLF, 2014, p. 14)

Boa leitura!

TÓPICOS DA REVOLUÇÃO NEOLÍTICA

1. O que foi a Revolução Neolítica?
2. Quando ocorreu a Revolução Neolítica?
3. Características da Revolução Neolítica
⠀⠀3.1 Caçador-coletor x Agricultura e Pecuária (agropecuária)
⠀⠀3.2 Nômade x Sedentário
⠀⠀3.3 Sociedades complexas
4. Domesticação de animais
5. Doenças e mortes na domesticação de plantas e animais
Referências

1. O QUE FOI A REVOLUÇÃO NEOLÍTICA?

A Revolução Neolítica em resumo foi a transição do modo de vida nômade, quando caçador e coletor, para o sedentário, quando ligado à agricultura e pecuária.

Isto é, a partir da Revolução Neolítica o ser humano passou a cada vez mais se dedicar à agropecuária de modo a modificar o mundo, ainda que em algumas regiões o nomadismo ainda exista.

O excedente agrícola fez com que os pequenos grupos de caçadores e coletores se tornassem grandes povoamentos, dando complexidade às suas sociedades.

2. QUANDO OCORREU A REVOLUÇÃO NEOLÍTICA?

Não há consenso entre os estudiosos, mas se acredita que tenha ocorrido entre 12,5 e 10 mil anos atrás. Possivelmente ocorrido inicialmente no Oriente Médio, mais precisamente na Mesopotâmia e áreas próximas.

Entretanto, a Revolução Neolítica não pode ser considerada como uma revolução realizada em canto específico, ocorrendo em diversas regiões do planeta, como também na Oceania e na América.

A Revolução Neolítica marca o fim do período Paleolítico, a chamada Idade da Pedra Lascada, e precede a Idade dos Metais.

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Sítio de Göbeli Tepe, na Turquia, configura como o mais antigo registro do período neolítico com megalitos (construções grandes ou mesmo monumentais). Göbeli Tepe teria pelo menos 10 mil anos. Créditos: Teomancimit.

3. CARACTERÍSTICAS DA REVOLUÇÃO NEOLÍTICA

A Revolução Neolítica, também chamada de Revolução da Agricultura ou Revolução da Agropecuária, caracterizou-se por diversos fatores, como a domesticação de plantas e animais.


3.1 Caçador-coletor x Agricultura e Pecuária (agropecuária)

Domesticando uma série de plantas, como os cereais (trigo, cevada etc.), tornou-se cada vez mais possível o abastecimento da própria tribo que passou a ganhar tamanho demográfico.

Logo em seguida se teria dado a domesticação, forçada ou não, de animais a partir das plantações que conseguiam sustentar uma população cada vez maior ao ponto de também possibilitar trocas comerciais.

Com isso, o modo de vida caçador-coletor acabou sendo gradativamente “extinto”.


3.2 Nômade x Sedentário

Tradicionalmente, entende-se por nômades aqueles que viviam da caça, da pesca e da coleta. Isto é, caçadores e coletores, não possuindo estadia fixa.

Os caçadores-coletores estavam sempre migrando de local para local e isso se devia ao esgotamento da caça e coleta na área em que estavam.

 

Era costumeiro que caçadores-coletores acompanhassem manadas que pretendiam predar para se alimentar e obter instrumentos, como couro e ossos pontiagudos ou contundentes (para ferramentas ou armas).

Os sedentários, por sua vez, representam o oposto dos nômades, sendo considerados de local fixo, mesmo que ainda coletassem e caçassem em alguma escala.

Essa fixação era proveniente justamente da Revolução da Agropecuária, na qual se permitiu a domesticação de parte da fauna e flora.


3.3 Sociedades complexas

Com a sedentarização do ser humano, houve a criação de vilas que cada vez mais se enchiam de gente.

Com esse crescimento demográfico, as sociedades passaram por inúmeras mudanças, como a criação de classes sociais.

A construção civil, a arquitetura e o comércio floresceram, assim como os meios de cultivo e tradições, formando culturas novas.

A própria invenção da roda e da escrita (cuneiforme), atribuída aos sumérios, provém desse modo de vida, o sedentarismo.

revolução neolítica e o sedentarismo
O sedentarismo permitia a observação da fauna e flora, de modo que cada vez mais se entendia seu ciclo. Com isso, as sociedades foram se sofisticando, como a Suméria, amplamente apontada pelo pioneirismo em diversas áreas, como o comércio e construção civil. Créditos: autoria desconhecida.

4. DOMESTICAÇÃO DE ANIMAIS

Com a experiência humana na coleta de plantas que já remontava o período paleolítico, também foi possível ampliar e aperfeiçoar a domesticação dos animais, talvez sendo uma espécie de um segundo momento da Revolução Neolítica.

Vacas, cabras, carneiros, bisões e tantos outros animais que geravam insumos, como leite, carne, couro e lã, eram de elevado valor para as populações sedentárias, que também poderiam fazer uso da força do animal para arar campos.

Ao passo que os animais se tornavam rebanhos, fortalecia-se o comércio e a diversificação da alimentação.

revolução neolítica e a domesticação de animais
Vaca domesticada sendo ordenhada no Egito Antigo. Créditos: autoria desconhecida.

5. DOENÇAS E MORTES NA DOMESTICAÇÃO DE PLANTAS E ANIMAIS

Ao se fixar com plantas e principalmente animais, também se passou a adoecer mais, visto que as condições de higiene eram primitivas ou inexistentes.

Os rebanhos, como ainda hoje pode ocorrer, acabavam por transmitir doenças que por vezes geravam mortes.

O mesmo acontecia com novas plantas que pouco ou não se conhecia acerca de suas propriedades ou mesmo métodos de preparo.

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Interessante apontar que os grupos a primeiro domesticar plantas e animais, apesar das mortes, tendiam a obter imunidade ou adaptação às doenças de acordo com a teoria da Seleção de Charles Darwin. Créditos: Charles Darwin, fotografado por Julia Margaret Cameron.

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REFERÊNCIA(S):

BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Mundo. trad. Tiberio Novais. São Paulo, SP: Fundamento, 2008.
GIORDANI, Mário Curtis. História da Antiguidade Oriental. 13 ed. Petrópolis: Vozes, 1969.
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. 3. ed., 9ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2020.
WOOLF, Alex. Uma nova história do mundo. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2014.
IMAGEM(NS):
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Eudes Bezerra

37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja.

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