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Idade Moderna

Revolução Puritana, a Revolução Inglesa de 1640

A Revolução Puritana de 1640 ficou marcada pelo enfrentamento da monarquia absolutista e do Parlamento, na qual o rei acabou executado.


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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 8 minutos
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A Revolução Puritana de 1640 ficou marcada pelo enfrentamento da monarquia absolutista e do Parlamento, na qual o rei acabou executado. Créditos: 1ª imagem: autoria desconhecida; 2ª imagem: Samuel Cooper / Fotomontagem: Eudes Bezerra.

A Revolução Puritana de 1640 ficou marcada pelo enfrentamento da monarquia e do Parlamento, na qual o rei Charles I acabou executado, assumindo o poder Oliver Cromwell que instaurou uma república e depois o Protetorado.

As diferenças de classe, de origem social, expressavam-se nas diferenças políticas e religiosas e as reforçavam continuamente. Os lordes praticavam a religião anglicana.

Os partidários dos Comuns eram em geral presbiterianos (da alta burguesia e da gentry) e puritanos (pequeno-burguês, burgueses médios, pequenos proprietários rurais, arrendatários ou yomen, camponeses, artesãos, proletários em formação, desempregados e marginalizados).

Eles deram ao Parlamento uma arma poderosa: o Exército de Novo Tipo. Essa nova formação militar mostrou-se decisiva para a derrota das tropas reais. (BRAICK; MOTA, 2007, 9. 327-328, grifo autoral)

Nota: A chamada Revolução Puritana é um daqueles temas bem controversos. Por isso, não se deprima as coisas ficarem um pouco confusas, pois se trata de um caso bem particular da Inglaterra.

Boa leitura!

SUMÁRIO DA REVOLUÇÃO PURITANA DE 1640

1. O que foi a Revolução Puritana de 1640?
2. Revolução Puritana: Monarquia x Parlamento
3. Causas da Revolução Puritana de 1640
⠀⠀3.1 Tendências absolutistas dos reis ingleses
⠀⠀3.2 Reaproximação do rei com a Igreja Católica
⠀⠀3.3 O estopim: A Guerra dos Bispos
4. Etapas da Revolução Puritana
⠀⠀4.1 Charles I contra o Parlamento: a República
⠀⠀4.2 República inglesa
⠀⠀4.3 Protetorado
⠀⠀4.4 Restauração da monarquia inglesa 1660
5. Revolução Gloriosa de 1688
Referências

1. O QUE FOI A REVOLUÇÃO PURITANA DE 1640?

A Revolução Inglesa de 1640 ― a Revolução Puritana ― corresponde à queda e execução do rei Charles I em 1649 por Oliver Cromwell e seus partidários que, através de conflitos armados, acabaram por encerrar as pretensões absolutistas do monarca inglês.

Ocorre que a chamada Revolução Puritana, ou Revolução Inglesa de 1640 se trata de um dos temas mais debatidos da história da Inglaterra onde historiadores liberais, marxistas e reformistas dão nomeações diferentes aos eventos do século XVI.

Contudo, pode-se afirmar a Revolução Puritana acabou com as pretensões da monarquia inglesa ampliar seu poder aos moldes do absolutismo francês em detrimento do Parlamento.

Dessa forma, houve um fortalecimento do Parlamento Britânico, também despontando a classe burguesa, a qual financiou Oliver Cromwell contra as arbitrariedades da coroa inglesa.

A burguesia, por sua vez, desejava participar do poder político, isto é, ter poder de decisão e isso conflitava diretamente com a monarquia que flertava com o Absolutismo.

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A execução do rei Charles I chocou boa parte da sociedade, mergulhando a mesma em conflitos, ocasião em que a recém-nascida república se tornaria uma ditadura sob o nome de Protetorado. Créditos: autoria desconhecida.

2. REVOLUÇÃO PURITANA: MONARQUIA X PARLAMENTO

O cerne da questão, independentemente da visão que se tenha acerca da Revolução Inglesa e suas guerras, recai de modo contundente sobre o relacionamento monárquico inglês com o Parlamento.

O Parlamento, embora não fosse um órgão regular, funcionava como uma medida de proteção para eventuais abusos por parte do rei.

Entre as suas funções básicas, encontravam-se:

  • Legislar;
  • Servir de conselho ao rei em casos oportunos; e
  • Aprovar ou não a taxação de impostos (motivos de muitos conflitos no passado).

A monarquia (dinastia Stuart), após o fim da dinastia Tudor, acabou cada vez mais por se distanciar do entendimento com o Parlamento, passando até anos sem convocá-lo.

Com o tempo, uma série de questões iriam acirrar a escalada de ânimos, deflagrando as guerras civis da Revolução Puritana.

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Para alguns historiadores, não houve sequer uma revolução nesse período por causa das mudanças efêmeras, visto que a monarquia logo foi restaurada, mesmo sofrendo restrições de poder. Créditos: Philippe de Champaigne  / Museu de Arte de Cleveland, EUA.

3. CAUSAS DA REVOLUÇÃO PURITANA DE 1640

As tendências absolutistas dos monarcas ingleses, o que escanteava o Parlamento, juntamente com uma possível reaproximação da Igreja Católica muito mal-vista pelos protestantes, acabou por criar insatisfações nos mais diversos setores.

A insatisfação popular e da nobreza rural (gentry) também compunham ânimos exaltados para com o então rei Charles I.

3.1 Tendências absolutistas dos reis ingleses

O rei Jaime I e o seu filho e sucessor, Charles I, ambos partidários da Teoria do Direito Divino dos Reis, a qual professava que os monarcas possuíam direitos absolutos, cada vez mais enfrentavam ou negavam a autoridade do Parlamento.

O Parlamento Britânico à época não era um órgão regular, funcionando em determinados momentos, como na aprovação ou reprovação acerca da criação e aumento de tributos por parte do rei.

O Parlamento era o contrapeso do rei inglês, o que acabava por limitar a sua autoridade.

Desejando sair desse controle, o rei James I e posteriormente Charles I acabaram por tornar a situação com os representantes do Parlamento insustentável, como, por exemplo, extinguindo liberdades concedidas durante a dinastia anterior, a Tudor.

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O rei francês Luís XIV, o Rei Sol, personificou a essência do Absolutismo, no qual serviu de modelo para diversos outros monarcas na Europa que ambicionavam o poder absoluto. Créditos: Hyacinthe Rigaud / Museu do Louvre, Paris, França.

3.2 Reaproximação do rei com a Igreja Católica

Outro fator de peso para a Revolução Puritana de 1640, era o fato do rei Charles I ter se casado com Henriqueta Maria em 1625.

Henriqueta era devota da Igreja Católica e a Inglaterra protestante, tendo a sua própria igreja, a Anglicana.

Ocorre que nem Parlamento nem o povo se sentiam confortáveis com essa reaproximação cada vez mais forte com o Catolicismo devido a guerras religiosas anteriores que se difundiram pela Europa a partir da Reforma Protestante de Martinho Lutero.

3.3 O estopim: A Guerra dos Bispos

Em 1639, iniciou-se a já engatilhada Guerra dos Bispos ― Bellum episcopale ― na qual o rei Charles I defendia a união das igrejas da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda (estas duas católicas).

Contudo, para os protestantes, sobretudo calvinistas, as reformas de Charles I flertavam demais com o Catolicismo e quando o rei inglês, mais uma vez, aumentou os impostos para custear o conflito que agora era armado, o Parlamento agiu, dando início às guerras civis.

A Guerra dos Bispos havia demonstrado o claro despreparo de Charles I, que insistia em comandar só e somente só o Estado inglês.

Além de ser derrotado pela Escócia em dois conflitos, assim como perdido terras para a mesma, impôs mais impostos sem consulta do Parlamento.

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Charles I não contava com um exército profissional capaz de fazer com que as suas pretensões fossem alcançadas, sendo este fato um dos marcos distintivos da queda do rei. Créditos: autoria desconhecida.

4. ETAPAS DA REVOLUÇÃO PURITANA

4.1 Charles I contra o Parlamento: a República

O resultado dos acontecimentos anteriores ensejou as guerras civis, sendo a primeira marcada entre os anos de 1642 e 1646 e a segunda entre 1648 e 1649.

De um lado, encontrava-se o rei Charles I e do outro lado o Parlamento. O rei não possuía um exército minimamente profissional, diferentemente do Parlamento que constituiu o chamado Exército de Novo Tipo.

O Exército de Novo Tipo se encontrava sobre a boa liderança de Oliver Cromwell e abateu as forças régias em diversas ocasiões, fazendo Charles I buscar refúgio entre os seus apoiadores na Escócia em 1646.

Logo em 1648 o segundo conflito recomeçaria após Charles I conseguir mais apoio.

Contudo, dessa vez o rei seria não apenas vencido em batalha, mas arrastado para um julgamento onde acabou condenado e executado como traidor em 30 de janeiro de 1649.

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O rei Charles I foi condenado em um julgamento duvidoso e executado diante de muitos. Créditos: autoria desconhecida.

4.2 República inglesa

Com o rei morto, a forma de governo republicana foi instaurada no mesmo ano e Oliver Cromwell se tornou o seu primeiro governante.

O modo com que Cromwell agia causava espanto em alguns, ocasionando raiva em outros, principalmente nos escoceses e irlandeses que, embora tivessem relativa autonomia política, eram controlados militarmente pela Inglaterra.

As insatisfações deram origem a um período turbulento, no qual Cromwell instalaria o chamado Protetorado.

4.3 Protetorado

Em 1653, necessitando aumentar seus poderes e se vendo como protetor da Inglaterra, Cromwell criou a figura do Protetorado que nada mais era que uma ditadura militar, assumindo o título de Lorde Protetor da Inglaterra.

Esse período é marcado pela perseguição política de diversos grupos opositores e radicais, como os levellers, seekers, ranters, quacres entre tantos outros que jogavam a Inglaterra em um caos.

Muitos desses grupos eram, inclusive, antigos aliados de Cromwell durante as primeiras guerras contra as tentativas de Charles I.

Este período ficou marcado por uma agressiva política econômica externa, onde a Inglaterra se beneficiaria bastante, sobretudo sobre os holandeses, que se encontravam em outros conflitos, como no Brasil Colônia.

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O líder da sangrenta Revolução de 1640 Oliver Cromwell na qual se decapitou o rei Jaime I. Créditos: Samuel Cooper / Galeria Nacional de Retratos, Londres, Inglaterra.

4.4 Restauração da monarquia inglesa 1660

Em 3 de setembro de 1658 Oliver Cromwell morre, deixando seu filho como sucessor, Richard, que não corresponde às expectativas do Parlamento.

O Parlamento, que há muito já enxergava Cromwell como um tirano, acabou por destituir Richard Cromwell em benefício do herdeiro de Charles I, Charles II.

Dessa forma, acabou por ser reempossado Charles I.

Apesar dos anos de terror vividos e que teria causado a morte de milhares de pessoas, o Estado inglês se tornou mais forte, sendo agora caracterizado como uma Monarquia Parlamentarista.

Agora, através do Primeiro-Ministro, o poder do monarca estava ainda mais limitado ― na tentativa de se evitar novamente períodos de terror no futuro.

5. REVOLUÇÃO GLORIOSA DE 1688

Por fim, os eventos da Revolução Puritana só seriam, de fato, consolidados na chamada Revolução Gloriosa de 1688, quando mais uma vez a monarquia inglesa flertou com o Absolutismo.

Bem diferente dos anos de terror vivenciados na Revolução Puritana, a Revolução Gloriosa ficou marcada por pouquíssimas mortes na Inglaterra (por isso o termo “gloriosa” em seu título).

Contudo, o mesmo não se pode afirmar sobre o rastro de destruição e mortes ocorridos na Irlanda e Escócia.


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REFERÊNCIA(S):

BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 3ª ed. reform. e atual. São Paulo: Moderna, 2007.
GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do Tempo. trad. Roger dos Santos. São Paulo: M. Books, 2005.
JESTICE, Phyllis G. História das Guerras e Batalhas Medievais. O Desenvolvimento de Técnicas, Armas, Exército e Invenções de Guerra na Idade Média. trad. Milton Mira de Assumpção Filho. São Paulo: M. Books, MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. trad. Antonio Caruccio-Caporale. Porto Alegre: L&PM, 2012.
MICELI, Paulo. História Moderna. 4ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2020.
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. 3. ed., 9ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2020.
VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002.
WOOLF, Alex. Uma nova história do mundo. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2014.
IMAGEM(NS):
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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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