Cisma do Ocidente: o que foi o Grande Cisma do Ocidente?
Crises são recorrentes na história da Igreja Católica e uma das maiores é o Cisma do Ocidente - ou o Grande Cisma do Ocidente.


Crises são recorrentes na Igreja Católica e delas muitas divisões e disputas surgiram na ordem papal. Porém, poucas crises tiveram a mesma força que o Cisma do Ocidente. Mas afinal, o que foi o Cisma do Ocidente?
Boa leitura!
TÓPICOS DO CISMA DO OCIDENTE
1. Qual era o contexto do Cisma do Ocidente?
2. O que levou ao Cisma do Ocidente?
3. O que foi o Cisma do Ocidente?
⠀⠀3.1 Quem apoiou quem?
4. O que foi o Concílio de Pisa?
5. O Concílio de Constança encerra o cisma na história da igreja
Referências
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1. QUAL ERA O CONTEXTO DO CISMA DO OCIDENTE?
O Grande Cisma do Ocidente se trata de um evento que ocorreu entre os anos de 1378 e 1417 na Europa. Nesse período, chegaram a existir três papas que reivindicaram seu poder no mundo cristão ocidental.
Porém, para entender esse período, é necessário conhecer o seu contexto. O Grande Cisma do Ocidente é posterior ao Cisma do Oriente e se ambienta em um dos momentos de crise no século XIV.
Trata-se do final da Idade Média na Europa, que proporcionou um momento de transição marcado por inúmeras instabilidades graves. O crescimento populacional foi atacado pelo colapso demográfico, gerado pela peste negra, fome e guerras.
Enquanto isso, o sistema feudal decaiu, pois não atendia mais aos interesses da sociedade. Ao mesmo tempo, revoltas religiosas e populares ocorriam, tendo destaque a revolta camponesa de 1381.
No entanto, não havia apenas declínio nesse momento: os monarcas europeus cresceram em poder, o que levou ao surgimento dos Estados-nação com apoio da emergente burguesia.
Todos esses elementos contribuíram — de uma forma ou de outra — para o declínio do poder cultural e social da Igreja Católica.

2. O QUE LEVOU AO CISMA DO OCIDENTE?
Nesse contexto de declínio da Igreja e ascensão da monarquia europeia, surgiram dois importantes personagens: o rei da França, Felipe IV, o Belo, e o papa Bonifácio VIII.
Filipe IV decidiu cobrar impostos da igreja. O papa Bonifácio VIII, conhecido como “o papa que desejava ser também imperador”, queria estabelecer uma teocracia pontifícia. Dessa forma, a imposição não foi bem aceita, o que gerou atrito entre as partes.
Após o Papa lhe ameaçar de excomunhão, Filipe convocou uma Assembleia dos Estados Gerais, reunindo clero, nobreza e comerciantes. Ao final, foi decidido pela cobrança dos impostos clericais.
As tensões cresceram e Filipe chegou a enviar tropas francesas contra a cidade de Anagni, onde o papa residia no verão, em 1303. Após atos violentos contra Bonifácio, não demorou um mês para ele morrer enlouquecido e desmemoriado.
Seu sucessor, Bento XI, produziu uma intimação contra os atacantes e Filipe, mas nove meses depois morreu sob a suspeita de envenenamento.
Nesse momento, o caminho ficou aberto para a eleição do papa Clemente V, de origem francesa.
Todas as sentenças contra o rei foram suspensas e a sede do papado foi alterada para Avignon em 1309, período conhecido como cativeiro de Avignon.
Porém, tudo mudou em 1377, quando o Papa Gregório XI decidiu regressar a Roma.
Assim, tem-se o início do que ficou conhecido como Cisma do Ocidente, que o se encontra logo abaixo.

3. O QUE FOI O CISMA DO OCIDENTE?
Após a morte de Gregório XI, um conclave de 16 cardeais acabou sendo pressionado pelo povo por um papa romano. Em 1378, foi eleito o Cardeal napolitano Bartolommeo Prigano, o Papa Urbano VI.
Porém, em 9 de agosto de 1378, um grupo de cardeais (majoritariamente franceses) contestou a eleição. Em 20 de setembro, elegeram o Cardeal de Genebra, Clemente VII, que viria a ser conhecido como antipapa.
Como ambos se declararam legítimos e se excomungaram, surgiu aí o Grande Cisma do Ocidente: o Papa Urbano VI em Roma e o Antipapa Clemente VII em Avignon.
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Quem apoiou quem?
- Apoiadores de Clemente VII: França, Nápoles, Castela, Aragão, Leão, Chipre, Borgonha, Condado de Saboia, Escócia, ducados de Lorena, Bretanha, Áustria e Luxemburgo;
- Apoiadores de Urbano VI: Inglaterra, Flandres, Sacro Império, Hungria, Polônia, Dinamarca, Noruega, Suécia, Irlanda, Portugal e norte da Itália.
4. O QUE FOI O CONCÍLIO DE PISA?
Havia a esperança de uma união conforme os papas morriam, porém, o que se via era a sucessão do Cisma. Ao Urbano VI, sucedeu-se Bonifácio IX, Inocêncio VII e Gregório XII. Ao Clemente VII, sucedeu-se Bento XIII.
Por isso que, em 26 de junho de 1409, foi realizado o Concílio de Pisa, que elegeu Alexandre V para depor ambos os papas. Porém, a deposição não foi aceita, o que levou à coexistência de três papas.
Porém, o Antipapa Alexandre permaneceu no posto por apenas um ano. Para seu lugar, foi escolhido o João XXIII.
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5. O CONCÍLIO DE CONSTANÇA ENCERRA O CISMA NA HISTÓRIA DA IGREJA
Em 1415, Cardeais se reuniram no Concílio de Constança para tomar uma decisão quanto a essa crise. João XXIII foi deposto, Gregório XII abdicou voluntariamente e Bento XIII foi excomungado.
Em 1417, o Concílio decidiu por Martinho V como o Papa legítimo da Igreja Católica, com sede em Roma.
Porém, o Cisma do Ocidente só foi ser encerrado quando o sucessor de Bento XIII, Clemente VIII, renunciou ao seu cargo em Avignon.

REFERÊNCIAS
BLOCH, Marc. A sociedade medieval. trad. Laurent de Saes. São Paulo: EDIPRO, 2016.
BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 3ª ed. reform. e atual. São Paulo: Moderna, 2007.
GOFF, Jacques Le; SCHIMIT, Jean-Claude. Dicionário analítico do Ocidente medieval. vol. 1, trad. Hilário Franco Júnior. São Paulo: Editora Unesp, 2017.
VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002.
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PALAVRAS-CHAVES SECUNDÁRIAS: antipapa, igreja católica, cisma do ocidente, grande cisma do ocidente, monarquia europeia, idade média, história da igreja.