Armas Históricas

Gases venenosos na Primeira Guerra Mundial

Ao lançar inédita ofensiva, os alemães deram o pontapé inicial à nova era de armas de guerra e genocídios: os gases venenosos — tornou-se proibido respirar.


Gases e alemães emergindo da nuvem de fosgênio
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Autor: Eudes Bezerra
4 minutos
Gases e alemães emergindo da nuvem de fosgênio
Tropas de assalto alemãs emergem de uma espessa nuvem de gás fosgênio estabelecido por forças alemãs que atacam linhas de trincheiras britânicas, na França (1917). A nuvem de gás oferece cobertura para os soldados atacantes. Créditos: Hulton-Deutsch Collection / CORBIS. ID: HU037075.

22 de abril de 1915, Segunda Batalha de Ypres, Bélgica. Das trincheiras alemãs uma névoa cinza esverdeada (gases tóxicos) foi soprada em direção às posições defendidas por franceses, britânicos e argelinos.

Em menos de dez minutos, sem derramamento de sangue, mais de 5.000 soldados estavam mortos, 3.000 mil fora de combate e as trincheiras, antes tão agitadas, tornaram-se calmas, convidativas.

A grande nuvem soprada das trincheiras germânicas era gás de cloro, um dos gases altamente venenosos utilizados durante a Primeira Grande Guerra.

No fatídico 22 de abril de 1915, ao sentir os primeiros sintomas, as tropas da Tríplice Entente entraram em pânico, abandonando suas posições, mochilas e armas em fuga desesperada pela vida.

Psicologicamente, o ataque cruel dos germânicos foi um sucesso.

GASES VENENOSOS NA SEGUNDA BATALHA DE YPRES

Embora armas químicas já tenham sido utilizadas na guerra e até antes dela, foi na Segunda Batalha de Ypres que teve seu emprego amplamente deflagrado.

Os franceses já tinham desenvolvidos granadas de gás lacrimogênio e os próprios alemães já tinham feito uso contra os russos.

Contudo, foi em Ypres que a inovação da morte fez-se arrasadoramente presente no front de batalha — ao passo que horrorizou o mundo.

Os britânicos e franceses não deixaram por menos: desenvolveram suas armas e retribuíram com mais gases venenosos especialmente feitos para a aniquilação dos soldados das potências centrais.

Em 1917, os alemães, sempre à frente na guerra química, utilizaram o terrível gás mostarda lançando este a partir de projéteis de artilharia.

O impasse no front de batalha havia sido quebrado e o uso “indiscriminado” de vários agentes químicos municiariam os principais atores da Grande Guerra.

soldados alemães com máscaras químicas para se proteger de gases venenosos
soldados alemães com máscaras químicas para se proteger de gases venenosos, 1915. Créditos: Arquivo Federal Alemão, ID: 183-RS2907.

O emprego de gases venenosos fez parte das sucessivas técnicas da guerra. Diante do impasse da guerra de trincheiras, buscou-se cada vez mais criar e aperfeiçoar técnicas para dar prosseguimento às ofensivas.

A paralisia enfrentada na guerra de trincheira arrefecia o moral das tropas e mais dispendiosos se tornavam os materiais industriais e humanos.

Barrada pelas trincheiras inimigas, a infantaria era alvo fácil para metralhadoras, rifles, canhões e tantas outras armas emblemáticas da guerra.

A artilharia era a promessa que poderia vencer o impasse e oferecer espaço para o avanço dos infantes, mas não pode. A aviação era rudimentar e sujeita ao fogo antiaéreo.

Os comandantes procuravam soluções efetivas para o terrível impasse.

O gás apenas foi um dos elementos utilizados para vencê-lo, mas seu efeito foi temporário.

Depois dos gases tóxicos, foram empreendidos ataques com veículos blindados, principalmente com tanques movidos por motores de combustão interna.

Para conter os gases venenosos, máscaras e medicamentos foram criados para homens e animais.

Com isso, os gases já não eram tão ofensivos para quem estivesse adaptado à guerra química.

Com as máscaras e medicamentos o impasse retornou aos fronts de batalha.

Veículos blindados tentaram quebrar a resistência inimiga, mas armas antiveículo conseguiam destroçá-los.

As nações, mais do que nunca, precisavam de soluções duradouras para acabar com a suposta “guerra que acabaria com todas as demais guerras“.

As armas químicas, entre as quais se encontra o gás mostarda, introduzido pelos alemães em 1917, provocaram durante a guerra um total de 500.000 vitimas, entre as quais 30.000 mortos.“.

Entre as vítimas ilustres das armas químicas, esteve Adolf Hitler, que ficou temporariamente cego.

alemães e cães com máscaras contra gases venenosos
ca. 1916-1918, norte da Alemanha: Máscaras contra gases venenosos usadas por soldados alemães e seus cães, enquanto fazem manobras ao norte da Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial. Créditos: Bettmann / Corbis.

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REFERÊNCIAS:

ALTMAN, Alan. Hoje na História: 1915 – Alemães introduzem o gás venenoso na Primeira Guerra.
Área Militar. 2ª Batalha de Ypres: Iª Guerra Mundial.
DUFFY, Michael. Armas de Guerra: gás venenoso
GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do Tempo. Trad. Roger dos Santos. São Paulo: M.Books, 2005.
MAGNOLI, Demétrio (org); ARARIPE, Luiz de Alencar. História das Guerras. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2011.
MILLER, Goeffrey. Passchendaele, Parte I.
PARRON, Tamis. Proibido respirar. Coleção Grandes Guerras: Iª Guerra Mundial – 1914-1918. São Paulo: Abril, n. 1, set., 2004.

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Eudes Bezerra

37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja.

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