
22 de abril de 1915, Segunda Batalha de Ypres, Bélgica. Das trincheiras alemãs uma névoa cinza esverdeada foi soprada em direção às posições defendidas por franceses, britânicos e argelinos. Em menos de dez minutos, sem derramamento de sangue, mais de 5.000 soldados estavam mortos, 3.000 mil fora de combate e as trincheiras, antes tão agitadas, tornaram-se calmas, convidativas. A grande nuvem soprada das trincheiras germânicas era gás de cloro, um dos gases altamente venenosos utilizados durante a Primeira Grande Guerra.
No fatídico 22 de abril de 1915, ao sentir os primeiros sintomas, as tropas da Tríplice Entente entraram em pânico, abandonando suas posições, mochilas e armas em fuga desesperada pela vida. “Psicologicamente, o ataque cruel dos germânicos foi um sucesso.”
Gases na Segunda Batalha de Ypres
Embora armas químicas já tenham sido utilizadas na guerra e até antes dela, foi na Segunda Batalha de Ypres que teve seu emprego amplamente deflagrado. Os franceses já tinham desenvolvidos granadas de gás lacrimogênio e os próprios alemães já tinham feito uso contra os russos. Contudo, foi em Ypres que a inovação da morte fez-se arrasadoramente presente no front de batalha — ao passo que horrorizou o mundo.
Os britânicos e franceses não deixaram por menos: desenvolveram suas armas e retribuíram com mais gases venenosos especialmente feitos para a aniquilação dos soldados das potências centrais. Em 1917, os alemães, sempre à frente na guerra química, utilizaram o terrível gás mostarda lançando este a partir de projéteis de artilharia. O impasse no front de batalha havia sido quebrado e o uso “indiscriminado” de vários agentes químicos municiariam os principais atores da Grande Guerra.

O emprego de gases fez parte das sucessivas técnicas da guerra. Diante do impasse da guerra de trincheiras, buscou-se cada vez mais criar e aperfeiçoar técnicas para dar prosseguimento às ofensivas. A paralisia enfrentada na “terra de ninguém” arrefecia o moral das tropas e mais dispendiosos se tornavam os materiais industriais e humanos.
Barrada pelas trincheiras inimigas, a infantaria era alvo fácil para metralhadoras, rifles e canhões. A artilharia era a promessa que poderia vencer o impasse e oferecer espaço para o avanço dos infantes, mas não pode. A aviação era rudimentar e sujeita ao fogo antiaéreo. Os comandantes procuravam soluções efetivas para o terrível impasse. O gás apenas foi um dos elementos utilizados para vencê-lo, mas seu efeito foi temporário. Depois dos gases tóxicos, foram empreendidos ataques com veículos blindados, principalmente com tanques movidos por motores de combustão interna.
Para conter os gases venenosos, máscaras e medicamentos foram criados para homens e animais. Com isso, os gases já não eram tão ofensivos para quem estivesse adaptado à guerra química. Com as máscaras e medicamentos o impasse retornou aos fronts de batalha. Veículos blindados tentaram quebrar a resistência inimiga, mas armas anti-veículo conseguiam destroçá-los. As nações, mais do que nunca, precisavam de soluções duradouras para acabar com a suposta “guerra que acabaria com todas as demais guerras”.
“As armas químicas, entre as quais se encontra o gás mostarda, introduzido pelos alemães em 1917, provocaram durante a guerra um total de 500.000 vitimas, entre as quais 30.000 mortos.” Entre as vítimas ilustres das armas químicas, esteve Adolf Hitler, que ficou temporariamente cego.
