Pular para o conteúdo
Brasil

A Gripe Espanhola – o mundo doente

Enquanto as potências mundiais se digladiavam na Primeira Guerra Mundial, um inimigo silencioso e ainda mais devastador surgiu: a Gripe Espanhola.


gripe espanhola
avatar
Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 3 minutos
Hospital para vítimas gripe espanhola
Hospital militar de emergência montado no Kansas (EUA) para tratar as vítimas locais da pandemia de gripe espanhola. O cenário de aflição encontraria milhares de “réplicas” por todo o globo. Créditos: National Museum of Health and Medicine, Armed Forces Institute of Pathology.

Enquanto as potências mundiais se digladiavam na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), um inimigo silencioso e ainda mais devastador surgiu: a gripe espanhola.

O planeta foi arrebatado por uma terrível pandemia de gripe que mataria mais que a Primeira Guerra Mundial., relembrando a terrível Peste Negra.

A GRIPE ESPANHOLA APÓS O FIM DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Com o término da Grande Guerra e o consequente retorno de milhões de pessoas envolvidas para seus países de origem, a disseminação foi rápida e implacável.

Estima-se que a avassaladora influenza tenha matado entre 30 e 100 milhões de pessoas. Muito mais do que as mortíferas armas da Grande Guerra.

A epidemia ocorreu entre 1918-1919 e percorreu os mais longínquos e aparentemente “isolados” lugares da Terra.

Europa, América, Ásia, África e Oceania, nenhum continente saiu ileso. Até mesmo os vilarejos esquimós no Círculo Polar Ártico foram varridos.

“Acampamentos aborígenes de lugares remotos da Austrália e em assentamentos nas selvas africanas e sul-americanas. Matou milhões de pessoas na Índia.
Apareceu em navios em alto-mar.
Sob o nome de gripe espanhola, matou mais pessoas que a Primeira Guerra Mundial”.

A gripe infectou cerca de 500 milhões de pessoas.
Os médicos encontravam dificuldade para diagnosticar os casos e a demanda ferozmente crescia.

Embora a gripe em si tenha matado, a maioria das pessoas morreu de pneumonia severa desenvolvida a partir da gripe inicial.

Gripe Espanhola: Condutor de bonde de rua proibindo a entrada de passageiro
Condutor de bonde de rua em Seattle, EUA, proibindo a entrada de passageiro sem máscara, 1918. Créditos: autoria desconhecida.

A GRIPE ESPANHOLA EM DUAS ONDAS

Na primeira (primeira metade de 1918), teve efeitos “pequenos”, mas, na segunda (final de 1918), depois de sofrer uma mutação, sua agressividade aumentou.

Tornou-se perturbadora e a velocidade com que se alastrou e os estragos causados se mostraram sem equivalentes na história – nunca a guerra, catástrofe ou epidemia tinha feito tantas vítimas em tão pouco tempo.

A gripe espanhola foi implacável e universal.

Não se sabe ao certo quando ocorreu o primeiro caso da gripe e menos ainda o número aproximado de vítimas fatais.

Embora se acredite que alguns dos primeiros casos tenham ocorrido na Espanha, muitos pesquisadores acreditam que a doença tenha surgido nos EUA.

A partir dos EUA acabou irradiado para a Europa através dos soldados estadunidenses, que desembarcavam em números cada vez maiores na Europa em guerra.

Em fevereiro de 1918, a cidade de San Sebastián, na Espanha, foi infestada pela influenza e, diferentemente dos países envolvidos na Primeira Guerra que censuraram notícias relativas, as notícias sobre a doença foram amplamente divulgadas.

Os países beligerantes na guerra não permitiram a divulgação da notícia tentando evitar o caos nas fileiras dos exércitos.

Também há o fato de os governos sempre atribuírem o nome de doenças a outros Estados: “a moda de uns países atribuírem a outros a origem de doenças não é nova; quando a sífilis apareceu, na Idade Média, os franceses chamavam-na de ‘mal napolitano’, e os italianos de ‘mal francês’.”

A GRIPE ESPANHOLA NO BRASIL

Antes do desembarque do vírus no Brasil, sua marinha, que se encontrava empregada na guerra, já contabilizava altíssimo número de mortes.

A gripe teria infectado 90% dos 1.500 tripulantes causando a morte de 125 marinheiros.

No Brasil, acredita-se que a o vírus tenha chegado por ocasião do navio inglês Demerara, que havia atracado em Recife e em Salvador ainda em 1918.

O grande contingente migratório que o Brasil recebia também é apontado como grande causa do alastramento da gripe.

As causas que teriam favorecido o surto epidêmico ainda são confusas e parecem estar longe de serem apontadas de forma definitiva.

REFERÊNCIAS:

BONALUME NETO. Ricardo. Gripe espanhola castigou Marinha do Brasil na Primeira Guerra.

BORGES, Jerry Carvalho. 1918, um ano funesto.Link inativado por motivos externos.

Cruz Vermelha portuguesa. Factos Números sobre desastres.Link inativado por motivos externos.

PORTO, Fernando; CAMPOS, Paulo Fernando de Souza, OGUISSO, Taka. Cruz Vermelha Brasileira (filial São Paulo) na imprensa (1916-1930).

SCLIAR, Moacyr. A fúria da gripe espanhola.

SEED. Gripe: O Vírus Comum que Pode Matar: A Pandemia de Gripe Espanhola de 1918. Link inativado por motivos externos.

avatar
Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Top