Idade Antiga Período Homérico, Grécia Antiga O período Homérico é o segundo momento de formação da Grécia Antiga e o seu nome decorre do poeta Homero, criador da Ilíada e Odisseia. Idade Antiga • Períodos Autor: Eudes Bezerra Matéria criada em 25 fevereiro 2022 6 minutos O período Homérico é o segundo momento de formação da Grécia Antiga e o seu nome decorre do poeta Homero, criador da Ilíada (Guerra de Troia) e Odisseia (Retorno de Odisseu após a Guerra de Troia). Créditos: Giovanni Domenico Tiepolo / Galeria Nacional, Inglaterra. O período Homérico corresponde ao segundo momento de formação da Grécia Antiga e tem o seu nome diretamente associado ao poeta grego Homero, criador de dois clássicos ocidentais: a Ilíada e a Odisseia. Boa leitura! TÓPICOS DO PERÍODO HOMÉRICO 1. O que é o período Homérico? 2. Como funcionavam os genos na Grécia Antiga? 3. Como ocorreu a decadência dos genos? 4. Como acontece a reestruturação social no Período Homérico? 5. Por que período Homérico? 6. O que marca a transição do período Homérico para o Arcaico? Referências ⠀ 1. O QUE É O PERÍODO HOMÉRICO? O Período Homérico representa a segunda fase da formação da Grécia Antiga e tem a sua cronologia imprecisa por conta da ausência de registros, principalmente os escritos. No entanto, há de se situar habitualmente entre 1100–800 a.C. O nome do período, como se imagina, recai sobre o poeta grego Homero, autor dos maiores poemas sobre a época e clássicos da literatura mundial (a Ilíada e a Odisseia). O período é precedido pela invasão dos povos dórios e a consequente Primeira Diáspora Grega, do Período Pré-Homérico. Após os eventos acima, os gregos se reestruturaram e formaram os genos, o sistema gentílico, no qual a propriedade rural era cultivada por todos os membros. Os genos representaram uma sociedade marcada pelo isolamento e autossuficiência de recursos, na qual era formada basicamente como uma grande família tendo por isso a gestão familiar no seu centro. O pater era a autoridade máxima e a ele se concentravam os poderes políticos, militares e religiosos. Assim, os genos compunham uma sociedade patriarcal, onde os membros compartilham laços consanguíneos. ⠀ 2. COMO FUNCIONAVAM OS GENOS NA GRÉCIA ANTIGA? Em essência, a economia dos genos era agropastoril, dependendo basicamente da disponibilidade e qualidade das terras que se encontravam sob a posse de uma família. Não havia exatamente um proprietário, então a riqueza da terra era dividida entre os membros. Da mesma forma, as tarefas diárias eram divididas entre todos não havendo ninguém de maior ou menor importância nessa questão — mas se lembre do campo político que era ocupado pelo pater. Conforme os genos produziam excedentes, essa riqueza era utilizada na compra de escravos e na contratação de artesãos. Porém, com o tempo, os genos começaram a não mais sustentar toda a população, gerando a escassez de gêneros alimentícios. As técnicas agrícolas empregadas eram pouco desenvolvidas, o solo por si só era pouco fértil e tudo isso não permitia acompanhar a velocidade com que as comunidades gregas cresciam. O uso de terras menos férteis, o aumento da mão de obra e a especialização do trabalho foram usados para reduzir o ritmo do problema que surgia, mas sem conseguir frear de vez a decadência do sistema gentílico. Se por um lado, o relevo montanhoso da Grécia oferecia barreiras naturais contra invasores, por outro não favorecia a produção agrícola, o que agravou o sistema gentílico no período homérico. Créditos: Chris Burkard. ⠀ 3. COMO OCORREU A DECADÊNCIA DOS GENOS? Com graves problemas de produtividade, ocorreu uma diminuição dos recursos das comunidades e os parentes mais distantes do pater, que se encontravam em desvantagem aos mais próximos, reivindicaram melhores condições. Os líderes continuaram a distribuir os bens — fruto do trabalho de todos — progressivamente, mas ainda de forma desequilibrada, sendo os membros mais próximos do pater privilegiados com as melhores terras, por exemplo. Assim como a maresia que corrói a estrutura de ferro ao longo do tempo, o prejuízo dos familiares mais distantes corrompeu toda a estrutura, o que consequente desintegrou as comunidades gentílicas. Da decadência dos genos, decorreu a Segunda Diáspora Grega, quando os desfavorecidos migraram para outras áreas, como a península Balcânica e a Ásia Menor. Paralelamente a isso, o favorecimento também foi gerando instituições políticas oligárquicas controladas pela aristocracia rural, que definiria o rumo da Grécia Antiga nos próximos séculos. Enquanto as comunidades gentílicas ruíam e causavam êxodos, uma pequena parte beneficiada acabaria se tornando os “bem-nascidos” — os grandes proprietários de terras férteis que absorviam os menores, gerando a propriedade privada. Créditos: autoria desconhecida. ⠀ 4. COMO ACONTECEU A REESTRUTURAÇÃO SOCIAL NO PERÍODO HOMÉRICO? Como já vimos, as famílias acabaram por restringir o número de parentes próximos, tendo os descendentes diretos do pater recebido as melhores terras da comunidade. Assim, formou-se naturalmente uma aristocracia rural montada em cima do controle das terras mais valiosas (em detrimentos das menos ou nada férteis e seus infelizes “proprietários”). Tudo isso levou ao emblemático surgimento da propriedade privada e de uma estrutura social muito mais complexa, gerando os status dos “membros” da sociedade: Eupátridas (“bem-nascidos”); Georgóis (“agricultores”); e Thetas (“marginais”). Obviamente, os eupátridas possuíam o maior poder político de todos e o utilizavam para controlar de forma geral todas as instituições (políticas e religiosas), o comércio, o exército etc. Os eupátridas se uniram a outros eupátridas alinhados com o mesmo pensamento (ideias e poder) para aumentar e assegurar o controle sobre amplas áreas, fortalecendo essa classe política ainda mais. Isso levou ao surgimento das fratrias gregas que nada mais eram que a união de várias famílias poderosas (famílias antigas e beneficiadas lá atrás). Por sua vez, as fratrias gregas se somaram com outras fratrias e originaram as tribos, que, quando também unidas a outras tribos, davam origem aos demos. Assim, com toda essa organização/complexidade, as comunidades gentílicas finalmente desaparecem por completo, dando lugar à formação inicial das pólis gregas (cidades-Estado da Grécia Antiga), o que marca o início do Período Arcaico (e fim do Homérico). ⠀ 5. POR QUE PERÍODO HOMÉRICO? Tradicionalmente, este período da Grécia Antiga é chamado de Período Homérico por conta do poeta Homero e os seus poemas a Ilíada e a Odisseia. Ocorre que Homero é comumente associado aos primeiros registros escritos com datação histórica da Grécia Antiga. Antes, a tradição oral era ampla e por isso a imprecisão em conhecer os primeiros períodos da história grega. Enquanto que a ilíada aborda a Guerra de Troia (Troia também era chamada Ílion, por isso o nome Ilíada), a Odisseia corresponde às aventuras e aos infortúnios do herói grego Odisseu (Ulisses) em seu longo retorno a Ítaca e a Penélope, sua amada esposa. No entanto, há uma grande consideração a ser feita: o poeta Homero viveu séculos após os eventos por ele narrados (e atribuídos), de modo que existem diversas variações de interpretação entre os especialistas do tema. Em virtude da busca por fatos comprováveis, a arqueologia tem desempenhado papel fundamental para a reconstrução e o consequente encaixe de peças da história da Grécia Antiga. Créditos: Máscara do rei Agamenon, autoria desconhecida / Museu Arqueológico Nacional de Atenas, Grécia. ⠀ 6. O QUE MARCA A TRANSIÇÃO DO PERÍODO HOMÉRICO PARA O ARCAICO? Acima de tudo, a transição do Período Homérico para o Arcaico é o início da formação das pólis gregas em decorrência da decadência do sistema gentílico. Após as comunidades gentílicas, surgiram as poleis ou pólis, no singular, e que teriam o seu apogeu no Período Clássico. Acerca das pólis, cada uma representava um Estado independente, tendo os seus próprios códigos de leis e governos, ainda que fossem bem parecidas em diversos aspectos. Todos os cidadãos tinham o direito de intervir nos assuntos públicos. Porém, antes da democracia ateniense, só eram considerados cidadãos os aristocratas da época (mulheres e estrangeiros abastados, por exemplo, nunca alcançaram a cidadania). Com a organização da pólis independente e uma melhor estruturação da sociedade como um todo, ocorreu um crescimento populacional em toda a região grega, sendo ocupadas várias terras ao longo do Mar Mediterrâneo. Assim como a metalurgia e o uso de moedas, o comércio marítimo voltou a desempenhar papel importante, como na compra de produtos agrícolas. Dessa forma, encerrou-se o Período Homérico, surgindo o Arcaico (o período pré-clássico). ⠀ REFERÊNCIA(S): BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 3ª ed. reform. e atual. São Paulo: Moderna, 2007. FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. 6 ed., 4ª reim. São Paulo: Contexto, 2021. GIORDANI, Mário Curtis. Antiguidade Clássica I: História da Grécia. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1972. VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002. WOOLF, Alex. Uma nova história do mundo. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2014. IMAGEM(NS): Buscou-se informações para creditar a(s) imagem(ns), contudo, nada foi encontrado. Caso saiba, por gentileza, entrar em contato: contato@incrivelhistoria.com.br PALAVRAS-CHAVE SECUNDÁRIAS: período homérico, período arcaico, sistema gentílico, genos, tribos, fratias, demos, Grécia antiga, Homero, Ilíada, Odisseia. Eudes Bezerra37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja. Tags usadas: antiguidade grécia Deixe um comentário Cancelar respostaO seu endereço de e-mail não será publicado. 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