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Guerras

Alanos: história e características desse grande povo bárbaro

Alanos: guerreiros especialistas em saques velozes que enfrentaram o império romano, mas não resistiram aos hunos e aos mongóis.


alanos história e características do povo bárbaro
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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 6 minutos
alanos história e características do povo bárbaro
Alanos: guerreiros especialistas em saques velozes que enfrentaram o império romano, mas não resistiram aos hunos e aos mongóis. Créditos: Autoria desconhecida / Montagem: Eudes Bezerra.

 Os alanos eram formavam um povo guerreiro que facilmente conseguia saquear os grandes impérios do seu tempo. Contudo, invasões como a dos hunos e mongóis devastaram, fazendo-os sumir da história ao se fundir com outros povos.

Boa leitura!

SUMÁRIO DA HISTÓRIA DOS ALANOS

1. Origem e modo de viver dos Alanos
2. A Guerra Alana
3. A chegada dos hunos
4. União dos Alanos Ocidentais e Vândalos
⠀⠀4.1 Os Alanos se fundem aos Vândalos
5. Outras migrações dos Alanos
6. Alanos Orientais e os Hunos
7. Alânia medieval
8. Invasões Mongóis com Tamerlão e o fim dos alanos
Referências dos Alanos

1. ORIGEM E MODO DE VIVER DOS ALANOS

Pouco se sabe acerca de vários pontos da história alana e o que se sabe geralmente é por conta de registros externos, como os do império bizantino, o que por vezes ou se mostra confuso ou pouco confiável.

Os alanos seriam provenientes do nordeste do mar Cáspio e de origem iraniana, compartilhando assim uma cultura similar à persa (iraniana), sendo por isso especialistas em cavalos.

Pode-se dizer que no início do século IV, os alanos formavam uma bem-sucedida sociedade, ainda que fossem nômades e os seus principais proventos eram gerados nas rápidas pilhagens que conseguiam com grande êxito.

cavaleiro dos alanos
Como demandava a tradição da região, o emprego eficiente de montarias para rápidas e fulminantes investidas era uma das tradições alanas. Créditos: autoria desconhecida.

2. A GUERRA ALANA

Os alanos foram bem-sucedidos em diversos ataques contra o Império Romano, sendo igualmente eficientes contra o Império Parta.

Muitas das histórias dos aguerridos Citas, inclusive, seriam na verdade dos alanos, que também eram mestres na montaria.

Os alanos saquearam os Medos, a Armênia e diversos outros povos com relativa tranquilidade, gerando grande ódio e temor por parte dos povos e das tribos da região.

3. A CHEGADA DOS HUNOS

Com a chegada dos hunos por volta de 370, os alanos tiveram as suas posses tomadas e vontades arruinadas pelos grilhões dos invasores, vendo-se obrigados a fugir ou lutar inutilmente.

Na dúvida entre buscar refúgio ou encarar o novo adversário (hunos), houve uma grande rachadura entre os próprios alanos, onde parte dos mesmos se voltou para o Ocidente, adentrando na desguarnecida Gália romana.

cavaleiro huno contra alanos
Eram pastores nômades e seriam habilidosos guerreiros nas mais diversas formas de luta. Contudo, suas habilidades guerreiras foram sobrepujadas mais de uma vez, como no caso dos aparentemente imbatíveis cavaleiros hunos. Créditos: autoria desconhecida.

4. UNIÃO DOS ALANOS OCIDENTAIS E VÂNDALOS

Durante as suas investidas na Gália, os alanos acabaram por forjar uma duradoura aliança com os vândalos, estabelecendo-se finalmente na Península Ibérica e posteriormente ao norte da África.

Na Ibéria, atuais Portugal e Espanha, a coalizão entre vândalos e alanos foi vencida pelos Visigodos (Godos do Oeste), o que os obrigou a se retirar da Ibéria, fincando-se no norte africano com sede na antiga cidade de Cartago.

Teria sido nessa época em que os alanos foram incorporados aos vândalos, deixando de existir como povo independente.

4.1 Os Alanos se fundem aos Vândalos

Acontece que após a morte do seu rei, Átax, em 426, os próprios alanos teriam nomeado Gunderico, o rei vândalo, também como rei dos alanos.

Com isto, fundou-se o Reino dos Vândalos e Alanos que, na prática, era um reino vândalo pela proporção de seus números e poder político através de um rei vândalo.

Posteriormente, Genserico, um dos principais reis bárbaros da época e sucessor de Gunderico, realizou grandes mudanças e promoveu o impressionante Saque de Roma em 455 (por isso o nome vândalo tem atualmente uma conotação negativa).

Entretanto, o reino não duraria muito. Sem sucessores capazes no trono como Genserico, o Império Bizantino reconquistou o território dos Vândalos e Alanos no século VI em uma tentativa de recompor a glória antigo Império Romano.

alanos e vândalos saqueiam roma em 455
Em 455 os Vândalos saquearam a cidade de Roma e provavelmente os alanos estavam juntos nesse saque, que acabou por tornar o termo extremamente pejorativo. Créditos: “Genserico saqueia Roma em 455”, de Karl Briullov / Galeria Estatal Tretyakov, Moscou, Rússia.

5. OUTRAS MIGRAÇÕES DOS ALANOS

No caminho até a Gália, surgiram novas divisões dos alanos que teriam buscado refúgio na atual Polônia e posteriormente pedido ajuda ao imperador bizantino no início do século VII.

O Império Romano do Ocidente já havia sucumbido em 476 diante das Invasões Bárbaras (que os próprios alanos e vândalos tomaram parte), assim como os próprios hunos já representavam coisas do passado.

Estas divisões por vezes são apontadas como os antepassados dos croatas e sérvios, formando com diversos outros povos, os chamados eslavos.

6. ALANOS ORIENTAIS E OS HUNOS

Os alanos orientais que tentaram inutilmente conter os hunos acabaram por ser completamente subjugados e obrigados a entrar para a confederação huna.

Após o declínio huno, pouco depois da metade do século V, rebelaram-se com outros povos, como os Ostrogodos (Godos do Oriente), acabando de vez com a confederação e expulsando os hunos que restavam.

7. ALÂNIA MEDIEVAL

No século VIII, um reino alano floresceu novamente ao norte do Cáucaso, perto das atuais Circássia e Ossétia.

Devido a isso, acredita-se que os alanos são ancestrais dos modernos ossetas.

Ainda no século VII fizeram aliança e se mostraram leais com os Khazares, uma rica civilização de religião judaica ao norte.

Contudo, no início do século X, sob influência do Império Bizantino, os alanos, que tiveram até líderes convertidos ao Cristianismo Ortodoxo, alinharam-se com Bizâncio para combater os seus antigos aliados, os khazares.

Os khazares deram combate aos alanos, vencendo-os e capturando seu rei. Com isso, novamente os alanos se aliaram aos khazares, sendo dessa vez através do matrimônio do rei khazar com a filha do rei alano.

Na segunda metade do século X, o poderio dos khazares se encontravam em declínio e os alanos mais uma vez se juntaram aos bizantinos, formando uma grande liga com outros povos.

O objetivo dessa vez era diferente: era frear as investidas de povos das Estepes Asiáticas, como os quipchacos, assim como eventuais investidas do Império Turco Otomano, que ameaçava Constantinopla frequentemente.

8. INVASÕES MONGÓIS COM TAMERLÃO E O FIM DOS ALANOS

Aproximadamente em 1395, as tropas mongóis lideradas pelo Flagelo da Ásia, Tamerlão, invadiram o Cáucaso pelo norte deixando um rastro de destruição que parecia seguir os galopes dos grandes khans mongóis do passado…

Os alanos foram massacrados brutalmente e se espalharam pela região, principalmente ao sul, onde se integraram com outros povos também vítimas do Império Timúrida (de Tamerlão).

busto de tamerlão o conquistador da ásia
Tamerlão não era um conquistador qualquer, o homem possuía a destreza militar e a astúcia de um lobo. Conseguiu vitórias contra tudo e todos, incluindo a conquista da riquíssima Déli, na Índia, e a captura do sultão Otomano, Bayazeto I. Créditos: Reconstrução facial por M.Gerasimov, 1941 / shakko / Wikimedia Commons.

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REFERÊNCIAS DOS ALANOS:

GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do Tempo. trad. Roger dos Santos. São Paulo: M. Books, 2005.
GIORDANI, Mário Curtis. Antiguidade Clássica II: História de Roma. Petrópolis: Vozes, 1965.
GIORDANI, Mário Curtis. História dos Reinos Bárbaros I. Petrópolis: Vozes, 1993.
GOLDSWORTHY, Adrian. Em nome de Roma: conquistadores que formaram o Império Romano. trad. Claudio Blanc. São Paulo: Planeta do Brasil, 2016.
KULIKOWSKI, Michael. Guerras Góticas de Roma. trad. Glauco Micsik Roberti. São Paulo Madras, 2008.
IMAGEM(NS):
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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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