Idade Antiga

Ciência: Conceitos, Origem e Revolução Científica

O que é ciência? A origem da ciência, a Revolução Científica, Ciência x senso comum, o Cientificismo e Ciência x religião.


a ciência de marc cloch escola dos annales
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Autor: Eudes Bezerra
7 minutos
a ciência de marc cloch escola dos annales
O que é ciência? Origem da ciência, Revolução Científica, Ciência x senso comum, Cientificismo e Ciência x religião. Créditos: autorias desconhecidas ou nas imagens no post/ Montagem: Eudes Bezerra.

A ciência é tanto o processo de investigação que leva ao conhecimento, quanto o conjunto de conhecimentos construídos com base na observação empírica.

Em ambos os casos, tem-se o objetivo de permitir que a humanidade viva mais e melhor, aperfeiçoando sempre coisas simples ou mesmo complexas.

No entanto, a ciência nem sempre é utilizada para a melhoria da qualidade de vida da humanidade, como nas armas de destruição em massa, mesmo com a energia nuclear sendo algo incrível.

Prossiga e entenda mais sobre o saber científico!

 

gráfico mostrando os resultados da ciência e um bonequinho comemorando
Pode-se afirmar que o aumento da estimativa de vida crescente das pessoas é o resultado direto ou indireto da ciência, que compreende todos os campos do saber. Créditos: lovebeer / Adobe Stock.

TÓPICOS SOBRE A CIÊNCIA

1. Afinal, o que é ciência?
2. A origem da ciência
3. O que foi a Revolução Científica?
4. Ciência x senso comum
5. O problema do cientificismo
6. Ciência x religião
Referências

1. AFINAL, O QUE É CIÊNCIA?

A ciência, em seu sentido geral, é o conjunto de conhecimentos ou práticas organizadas de maneira sistemática (sempre de maneira sistemática).

Também é, em seu sentido estrito, o sistema utilizado para adquirir conhecimento com base no método científico.

O método científico é o conjunto de regras utilizadas para a realização de pesquisas para produzir conhecimentos seguros ou mesmo corrigir e aperfeiçoar os conhecimentos já existentes.

As regras limitam a subjetividade, de forma que a pesquisa produza saber científico (válido) em detrimento da subjetividade do ser humano que é passível de falhas, quando não parcial ou mesmo fraudulento intencionalmente.

Resumidamente, a ciência pode ser:

  • Experimental (hipotético-dedutivo, de observação, de medição);
  • Dialético;
  • Empírico-analítico; e
  • Histórico.

Porém, há uma terceira forma de definir a ciência que é mais simples: o esforço para resolver problemas em que apenas o ser humano se coloca.

A partir dessa definição mais básica, é possível localizar a ciência há cerca de 10 mil anos, no Oriente Médio, como na Mesopotâmia.

um esqueleto de dinossauro t-rex como ciência da paleontologia
A ciência passou por inúmeras fases, mesmo quando ainda não se chamava ciência. E mais: por vezes, associamos ciência a coisas como cálculos e afins (“exatas”), quando existe uma imensa variedade de outras, como as ciências sociais (“humanas”). Créditos: David Monniaux / Wikimedia Commons. 

2. A ORIGEM DA CIÊNCIA

Para diversos autores, a ciência teria surgido no momento em que o homem reuniu conhecimentos sobre plantas, animais e formas de dominação e transformação da natureza.

Apesar de não serem conhecimentos sistematizados, muitos elementos do saber científico atual já podiam ser encontrados neles: a observação dos fenômenos naturais, a experimentação, a coleta de dados etc.

Contudo, na “ciência primitiva”, havia muitos aspectos do sobrenatural que poderiam influenciar os métodos mais sistêmicos da investigação científica.

Com isso, é muitas vezes ignorada na ciência moderna, apesar do misticismo ser encontrado na origem da própria ciência.

De qualquer forma, a base da Revolução Científica na Idade Moderna foi a antimagia, que se fez contra o místico da ciência primitiva, causando uma verdadeira divisão que ainda passaria por muitos refinamentos.

história da ciência: mulheres prestes a serem queimadas por serem consideradas bruxas pela inquisição
Durante a Idade Média da Europa, por exemplo, muitas mulheres foram queimadas vivas pela Santa Inquisição por conhecerem bem elementos da natureza, como o uso de ervas. Créditos: Bessonov Nicolay.

3. O QUE FOI A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA?

A Revolução Científica foi uma mudança drástica ocorrida no pensamento científico entre os séculos XVI e XVIII, como influência do Renascimento e as suas características humanistas.

Uma nova visão da natureza surgiu, substituindo a visão grega que dominou a ciência primitiva, tornando a ciência, in stricto sensu, em uma disciplina autônoma da filosofia greco-romana.

Ao fim desse período, a ciência acabou substituindo de vez o Cristianismo como elemento principal da civilização europeia.

Além disso, também promoveu a reeducação do senso comum em favor do raciocínio abstrato, além de proporcionar:

  • O desenvolvimento de um método científico;
  • A visão da natureza como uma “máquina” e não só um organismo;
  • A substituição da visão quantitativa pela qualitativa da natureza; e
  • A aprovação de novos critérios de explicação, que enfatizavam o como e não o porquê.
samurais tomando chás como um remédio natural e baseado na ciência primitiva
Na medicina asiática, o uso de chás, por exemplo, remonta milênios. Samurais tomaram, Dalais-Lamas tomaram, chineses usam assiduamente ao ponto de terem influenciado profundamente a sua futura colonizadora: a Inglaterra, que é tão famosa pelo uso de chá. Créditos: autoria desconhecida.

4. CIÊNCIA X SENSO COMUM

Para Rubem Alves, senso comum não é o sinônimo de um comportamento pouco inteligente ou simplista.

Na verdade, ele e a ciência são expressões utilizadas para a mesma necessidade básica: a de compreender o mundo para viver melhor e/ou sobreviver.

Segundo este autor, a noção de senso comum como o campo do irracional foi criado para alguns cientistas se sentirem superiores.

Ele não é inferior à ciência, pois garantiu a sobrevivência do ser humano em períodos sem algo próximo no atual nível científico.

Enquanto isso, a ciência moderna traz diversas ameaças à sobrevivência do próprio ser humano e sabemos o porquê, principalmente quando nas destrutivas guerras.

ciência utilizada para o mal: vítimas dos campos de concentração nazista
A “ferramenta” ciência, quando bem utilizada, produz efeitos extremamente benéficos (efeitos que já usamos). Em contrapartida, quando utilizada para fins perversos, pode servir, direta ou indiretamente, para males terríveis, como o Shoah (Holocausto). Créditos: Revista Life.

5. O PROBLEMA DO CIENTIFICISMO

O cientificismo foi uma ideologia da ciência como forma de saber superior que foi criada pela corrente positivista no século XIX.

Segundo o mesmo, a ciência é pensada como a busca da verdade pela observação empírica rigorosa, sem imaginação ou emoção.

O problema é que essa visão positivista tem sido questionada, visto que a técnica e a ciência não são neutras: ambas servem àqueles que têm controle ou poder sobre a sociedade (e podem influenciá-la).

Na verdade, é possível encontrar muita criação e imaginação na ciência.

Por esse motivo, a visão positivista da ciência tem sido cada vez mais questionada e encontrada e defendida por poucos seguidores.

Ideias positivistas influenciaram diretamente crimes contra humanidade, a segregação e a marginalização de determinadas classes, como fez a Teoria do Criminoso Nato de Cesare Lombroso.

pseudociência de Cesare Lombroso e a teoria do criminoso nato
A pseudociência eugenia implica no racismo e no estigma de determinados grupos e foi extremamente influente da virada para o século XIX para o XX. Créditos: autoria desconhecida.

6. CIÊNCIA X RELIGIÃO

Além do senso comum, a ciência passou a conflitar com a religião, algo que já acontecia mesmo antes da Reforma Protestante de Martinho Lutero.

Isso é algo que parece irônico, já que todos os filósofos naturais da Revolução Científica tinham motivações ou crenças religiosas.

Gente como:

  • Johannes Kepler, que buscava descobrir o padrão de Deus para o Cosmo; e
  • Isaac Newton, que acreditava na hipótese criacionista para a origem do universo;
  • Entre inúmeros outros que estudamos desde as escolas.

Ainda, a ideia da forte presença do ateísmo não era algo comum até o século XIX, visto que os principais pensadores modernos eram bastante religiosos.

A grande separação teve início quando as principais áreas científicas se desligaram por total, ou quase totalmente, da filosofia e da teologia.

A especialização das ciências foi o auge do Cientificismo, levando à crença da ciência como uma religião que libertaria homens e mulheres da pura ignorância.

Porém, essa visão positivista (cientificista) foi logo questionada, como já visto anteriormente e ainda continua a ser, principalmente pela Escola dos Annales, que cada vez mais evolui e arregimenta novos teóricos fabulosos.

Curiosidade: um dos fundadores da Escola dos Annales, Marc Bloch, participou da resistência francesa.

Bloch acabou capturado, torturado e assassinado pela Gestapo durante a Segunda Guerra Mundial em 16 de junho de 1944. Bloch era judeu.

fotografia de marc bloch sorrindo
A Escola dos Annales representou um grande avanço, tendo teóricos de ampla influencia em todo o mundo. Figuras como Lucien Febvre, Marc Bloch, Fernand Braudel, Jacques Le Goff e Pierre Nora. Créditos: Marc Bloch / autoria desconhecida.

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Só pedimos que cite o site, bastando fazer do seu jeito ou como no exemplo:

Fonte: Incrível História: https://incrivelhistoria.com.br/

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REFERÊNCIAS

BRADFORD, Alina; HAMER, Ashley. Science and the scientific method: Definitions and examples. Acesso em: 2 set., 2022.

ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA. Science. Acesso em: 1º set., 2022.

PRINCIPE, Lawrence M.. Scientific Revolution.  Acesso em: 1º set., 2022.

SCIENCECOUNCIL. Our definition of science.  Acesso em: 2 set., 2022.

SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. 3. ed., 9ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2020.

IMAGEM(NS):
Buscou-se informações para creditar a(s) imagem(ns), contudo, nada foi encontrado. Caso saiba, por gentileza, entrar em contato: contato@incrivelhistoria.com.br

PALAVRAS-CHAVE SECUNDÁRIAS: senso comum, cientificismo, saber científico, revolução científica, ciência moderna, investigação científica, método científico.

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Eudes Bezerra

37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja.

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