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Idade Média

Renascimento Cultural: o que foi, características (resumo)

O Renascimento Cultural foi um dos grandes fenômenos, caracterizados pelo amplo desenvolvimento da postura crítica e das artes.


Renascimento Cultural
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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 8 minutos
Renascimento Cultural
O Renascimento Cultura foi um dos grandes fenômenos, caracterizados pelo amplo desenvolvimento da postura crítica e das artes. Créditos: Autorias e detalhes no decorrer da matéria / Montagem: Eudes Bezerra.

O Renascimento Cultura foi um dos grandes fenômenos, caracterizados pelo amplo desenvolvimento da postura crítica e das artes. As características do Renascimento Cultural propagaram um verdadeiro vendaval, como o Humanismo, as Grandes Navegações e a Reforma Protestante.

Uma facilidade de que vamos abrir mão aqui, entretanto, é considerar o Renascimento ― uma palavra que quer dizer muito ― algo que pode dizer tudo, ou a expressão de uma espécie de modelo que permitiria, por exemplo, encaixar personagens como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Martinho Lutero, Thomas More, Maquiavel Fraçois Rabelais, Giordano Bruno, Galileu e outros representantes da cultura renascentista em uma espécie de gaveta conceitual à qual se pregaria uma etiqueta classificadora: homens do renascimento, ou artistas e pensadores do Renascimento”. (MICELI, 2020, p. 27, grifo autoral)

A citação acima reflete um constante pensamento (e debate) sobre o termo Renascimento Cultural e sua aplicação correta ou equivocada.

Contudo, tradicionalmente, por Renascimento Cultural se reconhece e se refere ao dado período, como estudaremos melhor nesta matéria.

Boa leitura!

SUMÁRIO SOBRE O RENASCIMENTO CULTURAL

1. Resumo: Renascimento – afinal, o que foi o Renascimento Cultural?
2. Críticas aos renascentistas: a Idade Média é a Idade das Trevas?
3. Transição ou ruptura total com o sistema feudal?
4. Críticas do Renascimento Cultural à Igreja Católica
5. Características do Renascimento Cultural
⠀⠀5.1 Racionalismo
⠀⠀5.2 Humanismo
⠀⠀5.3 Individualismo
⠀⠀5.4 Naturalismo
⠀⠀5.5 Heliocentrismo e geocentrismo
⠀⠀5.6 Hedonismo
6. Arte renascentista
7. Mecenas e o mecenato
8. Vários artistas italianos se destacaram no Renascimento Cultural
Referências

RESUMO: RENASCIMENTO – AFINAL, O QUE FOI O RENASCIMENTO CULTURAL?

O Renascimento Cultural foi um fenômeno artístico e intelectual que se manifestou nas mais diferentes áreas do saber e que teria sido iniciado na Itália em meados do século XIV, findando no século XVI, tradicionalmente.

Ficou marcado por profundas mudanças de pensamento, tendo a razão “prevalecido” sobre a religiosidade sem, contudo, desacreditar na crença religiosa, pois o ser humano passa a ser o centro do Universo (antropocentrismo), mas continua a ser uma criação de Deus.

O antropocentrismo renascentista pôs o homem não apenas no centro do mundo, como se costuma apontar (e está correto), mas também no centro do campo espiritual, firmando a valorização dos mais diversos estudos para compreender o mundo e a si mesmo.

O Renascimento cultural foi um período que buscou muito do conhecimento do mundo antigo, sobretudo da Antiguidade Clássica ― Grécia e Roma antigas, para recriar um novo modo de se enxergá-lo.

renascimento cultural homem vitruviano de leonardo da vinci
Homem vitruviano, de Leonardo da Vinci, é provavelmente uma das imagens mais difundidas sobre o Renascimento Cultural.

2. CRÍTICAS AOS RENASCENTISTAS: A IDADE MÉDIA É A IDADE DAS TREVAS?

Se por um lado os renascentistas buscavam beber dos valiosos conhecimentos adquiridos ainda na Antiguidade, como os estudos de Sócrates, Aristóteles e Platão, houve um grande desmerecimento da Idade Média e mesmo de outros povos, como os da Antiguidade Oriental.

Não é comum hoje em dia vermos pessoas ou textos falando sobre a chamada Idade das Trevas ao se referirem ao período medieval.

No entanto, faz-se preciso saber que a Idade Média durou cerca de mil anos e foi neste período que as abadias da Igreja Católica consumiram e preservaram os escritos da Antiguidade que poderiam ter se perdido com a queda de Roma.

As próprias universidades surgiram no seio da Igreja Católica, que era a instituição mais poderosa do Medieval (continuando muito forte ainda após o Renascimento, inclusive).

3. TRANSIÇÃO OU RUPTURA TOTAL COM O SISTEMA FEUDAL?

Não. O decadente modelo feudal não resistiria à Crise do Século XIV e aos avanços do Renascimento Cultural, que teria vertentes diferentes a depender da região em que florescesse.

Contudo, grandes mudanças não ocorrem de um dia para o outro sendo um longo e gradual processo, sendo atualmente vista como uma transição da Idade Média para Idade Moderna.

Processo este que, dependendo da região e do período, poderia ser maior ou menor grau de desenvolvimento a depender do momento, como no caso de Portugal.

Portugal se unificou antes de países como Inglaterra e França e se tornou o pioneiro nas Grandes Navegações ― tudo isso graças ao Renascimento Cultural Português, no qual as técnicas marítimas foram criadas ou aprimoradas e o misticismo de monstros marinhos e terra plana caíram em desuso diante dos navegantes.

Tão importante quanto valorizarmos os valores da época é conhecer os seus próprios limites, para não endeusar fenômenos culturais como o próprio Renascimento em prejuízo de outras culturas ou mesmo épocas diferentes.

renascimento cultural e o primeiro atlas verdadeiro
As Grandes Navegações iniciadas por Portugal desencadearam uma ideia de mundo novo, tomando conta do imaginário de toda a população europeia. Créditos: Teatro do globo terrestre, de Abraham Ortelius.

4. CRÍTICAS DO RENASCIMENTO CULTURAL À IGREJA CATÓLICA

A centralização do conhecimento pela Igreja Católica acabou sendo paulatinamente enfrentada, de modo que a Reforma Protestante seria um dos seus maiores reflexos através do monge agostiniano alemão, Martinho Lutero.

A Igreja Católica, embora possuísse o conhecimento, fazia interpretação sob sua ótica de modo a continuar dominando o mundo medieval em todos os seus aspectos, incluindo a esfera íntima dos seus súditos.

Desejosos por mudanças sociais da valorização do ser humano, os renascentistas, que se formavam de uma imensa gama de pessoas das mais variadas áreas, como política, filosofia e artes, inovaram ao enxergar o passado para solidificar sua base para construir um novo presente.

Para este novo presente era vital uma série de reformas na sociedade.

5. CARACTERÍSTICAS DO RENASCIMENTO CULTURAL

“Qual das alternativas abaixo apresenta características do renascimento cultural?”.

Uma questão bem pedida em provas… E são muitas as características do Renascimento Cultural e vamos lá!

O Renascimento Cultural causou uma verdadeira ânsia pelo conhecimento no que diz respeito à condição humana, de forma a desenvolver as características do Renascimento.

E não apenas conhecimentos na matemática e na política, mas também na natureza e nos prazeres carnais antes tão perseguidos pela Igreja Católica, embora houvesse prostíbulos onde os homens poderiam “aliviar” seus descontentamentos, fazendo assim uma espécie de contenção social.

renascimento cultural nicolau copérnico
O astrônomo Nicolau Copérnico, o primeiro a fundamentar a teoria de que o Sol era o centro do sistema solar (Heliocentrismo). Créditos: Jan Matejko , Museu da Universidade Jagiellonian, Cracóvia, Polônia.

5.1 Racionalismo

inspirado nas obras da Antiguidade Clássica, os renascentistas começaram a refletir sobre o papel da natureza e dos fenômenos naturais de modo a explicá-los melhor sob o ponto de vista da razão.

Essa mudança quebrava radicalmente a ideia intervenção divina tão propagada durante a Idade Média, como, por exemplo, a Peste Negra, que, entre as possíveis causas, estaria um castigo divino, quando na verdade era uma bactéria que causou o pandemônio todo.

A interpretação racional e críticas reformistas diminuiu o poder do clero que utilizava os mesmos documentos da Antiguidade, mas sob sua interpretação ― supostamente divina.

Para se ter uma ideia, a mera tradução da bíblia em outro idioma que não o latim ou grego era considerada heresia.

Em suma, da reflexão da realidade em torno do ser humano deu origem e dinamizou diversas características, como possíveis formas de governo e os limites entre a religião e o Estado ― que se tornaria laico.

5.2 Humanismo

Uma nova reinterpretação dos antigos valores cultivados pelos gregos e romanos, promovendo o antropocentrismo em detrimento do teocentrismo.

Isto é, para o Humanismo, era o ser humano no centro da vida em sociedade e detentor de seu próprio caminho, não mais sendo censurado e punido pelos dogmas religiosos.

5.3 Individualismo

O humanismo promoveu a valorização do indivíduo como ser único, como um ser com sua capacidade subjetiva tida como única.

Era uma forma de respeito à pessoa em si e às suas vontades.

5.4 Naturalismo

Unindo o ser humana e a natureza, aquele poderia se beneficiar desta de forma que haveria um ganho na qualidade de vida de todos.

Teoricamente, o uso da natureza pelo ser humano com sabedoria traz benefícios incalculáveis.

5.5 Heliocentrismo e Geocentrismo

O Sol no centro do Sistema Solar, “descartando” a ideia geocentrista que punha o planeta Terra no centro em prol do Heliocentrismo comprovado por Copérnico.

Consequentemente reduzindo o poder da Igreja Católica (um longo processo).

Se o ser humano foi feito à imagem e semelhança de Deus, a Igreja Católica, por sua vez, como detentora e protetora dos ensinamentos divinos, acabaria por ter sua posição supostamente legitimada.

Contudo, ideias coma a do Heliocentrismo a Igreja Católica acabou perdendo poder, mesmo que se trata-se de algo a longo prazo.

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Mapa entre a Islândia e a Noruega mostrando supostos monstros marinhos incrivelmente gigantes (maiores até que a Islândia). Créditos: Olaus Magnus.

5.6 Hedonismo

Valorização do corpo, dos prazeres. Não apenas estéticos ou sexuais, mas também espirituais.

A Igreja controla diversos aspectos da sociedade, incluindo o privado e o íntimo (e obviamente o público).

Através do Hedonismo se impunha mais uma barreira à instituição religiosa de modo favorecer a subjetividade do ser humano.

6. ARTE RENASCENTISTA

Principalmente na pintura, sem dúvida, é o efeito mais visível (e notoriamente conhecido) na qual é possível enxergar não só a mudança no estilo como também nas temáticas exploradas.

Se antes as pinturas eram desproporcionais e quase sempre sacras; agora, entretanto, também contemplavam diversos temas, exploravam a perspectiva, profundidade e a própria nudez humana aos padrões da época.

Por isso, vários artistas italianos (local onde essa identidade artística foi mais forte) se destacaram no Renascimento Cultural, diferentemente de outros cujas áreas de atuação eram, digamos, “menos interessantes” ao público geral ― como ainda hoje acontece.

7. MECENAS E O MECENATO

Durante esse período, ficou bem popularizado a figura dos mecenas que pessoas de poder aquisitivo (nobres e principalmente burgueses) que financiavam os artistas renascentistas.

Por isso é nítida a qualidade das imagens que encontramos a partir de um determinado período em os mecenas compravam pinturas de si ou de seus feitos, assim como de belas paisagens ou centros urbanos.

O objetivo profundo do mecenato era a manifestação de intenção de poder por parte dos abastados e das autoridades.

8. VÁRIOS ARTISTAS ITALIANOS SE DESTACARAM NO RENASCIMENTO CULTURAL

Sem dúvida, o mais famoso artista (e inventor) italiano no Brasil é Leonardo da Vinci. Gênio, produziu uma grande infinidade de projetos que vão desde a anatomia do corpo humanos até carros de guerra e instrumentos aéreos.

Inúmeros são artistas italianos que se destacaram, como Sandro Botticelli, Rafael Sanzio e Michelângelo, o pintor da impressionante Capela Cistina, no Vaticano.

Renascimento Cultural criação de adão capela sistina
Um pequeno fragmento (A Criação de Adão) do gigantesco afresco criado por Michelangelo no teto da Capela Sistina, Vaticano.

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REFERÊNCIAS:

BEZERRA, Eudes. Formação dos Estados Modernos (resumo). Acesso em: 13 fev. 2020.
BEZERRA, Eudes. Grandes Navegações, a Era dos Descobrimentos. Acesso em: 13 fev. 2020.
BEZERRA, Eudes. O que é Feudalismo? Características do sistema feudal. Acesso em: 13 fev. 2020.
COLE, Emily. História ilustrada da arquitetura: Um estudo das edificações, desde o Egito até o século XIX, passando por estilos, características e traços artísticos de cada período. trad. Livia Chede Almendary. São Paulo: Publifolha, 2011.
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. 3. ed., 9ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2020.
SILVA, Marcelo Cândido da. História Medieval. 1. ed., 2ª reimpressão. Coleção História na universidade. São Paulo: Contexto, 2010.
MACELI, Paulo. História Moderna. 1. ed. 4º reimpressão. Coleção História na universidade. São Paulo: Contexto, 2020.
WOOLF, Alex. Uma nova história do mundo. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2014.
IMAGEM(NS):
Buscou-se informações para creditar a(s) imagem(ns), contudo, nada foi encontrado. Caso saiba, por gentileza, entrar em contato: contato@incrivelhistoria.com.br

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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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