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Cinema

A história real de Eliot Ness, de Os Intocáveis

O agente Eliot Ness caçou mafiosos e sobreviveu ao chefão de Chicago, Al Capone, e se tornou inspiração para o filme Os Intocáveis (The Untouchables).


eliot ness olhando para câmera
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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 3 minutos
eliot ness olhando para câmera
A história real de Eliot Ness, de “Os Intocáveis”.
Créditos: Arquivo / Departamento do Tesouro Americano.

1929, a Lei Seca vigorava nos Estados Unidos e criminosos lucravam milhões ao custo de contrabando, politicagem e muita violência. Os homens da lei se mostravam ineficientes e massacres chocavam o país. Decidido, o então Presidente Herbert Hoover endureceu os crivos da lei contra o crime organizado, especialmente para enjaular o chefão de Chicago, Al Capone. Para isso, uma destacada força-tarefa sob o comando de Eliot Ness foi criada e tamanha foi a sua fama que inspirou o filme Os Intocáveis (The Untouchables; EUA; Palma; 1987).

Agentes honestos e resistentes, uma raridade encontrar

Que Inferno! Se você não gosta de ação e adrenalina, não vai trabalhar na polícia. Já descobri que ninguém vive para sempre!” — agente especial Ness.

Desejando reverter a situação caótica que se encontravam os Estados Unidos, Hoover, dentre outras medidas, expediu ordem para criação de um esquadrão especial de repressão direta contra Alphonse Capone — o todo-poderoso chefão de Chicago. Encabeçando tal esquadrão se encontrava Eliot Ness, um funcionário da Receita Federal, graduado em Direito e experiente em investigações bancárias em Chicago, que estava disposto a defender a Volstead (Lei Seca). Ness era um idealista.

O grande problema para Ness seria encontrar homens que reunissem diversas qualidades, incluindo honra, bravura e — preferencialmente — que não fossem casados. Teria dito:

Defini as qualidade gerais que eu procurava: solteiros, com menos de 30 anos de idade, com disposição física e mental para trabalhar longas horas. Coragem e capacidade para usar punhos, armas e técnicas investigativas especiais…”. (CAWTHORNE, 2012)

Quando finalmente constituído, o grupo reuniu 50 membros; ao fim das investigações, entretanto, apenas 9 restavam. Quando necessário, outros agentes e policiais auxiliavam os homens de Eliot para que grandes operações fossem realizadas simultaneamente, mas só tomavam conhecimento das ordens no último instante. Com isso, tentava-se impossibilitar a comunicação entre os corruptos e mafiosos em virtude da operação e vida dos agentes honestos.

O início da caçada do agente especial Ness

Nos seis primeiros meses de serviço, os agentes especiais já tinham dado prejuízo superior a um milhão de dólares a Scarface com o fechamento de bares e destilarias. Apesar da bravura dos jovens agentes, o capo de Chicago se mantinha inalcançável. Seria necessária fazer uma exemplar condenação no tribunal.

Eliot Ness e seu olhar decidido
Eliot Ness e seu olhar decidido. Créditos: autoria desconhecida.

O seleto grupo de homens honestos foi finalmente batizado de “Os Intocáveis” após rejeições de suborno. Um mensageiro de Capone tentou diversas vezes subornar Ness e outros dois importantes membros. Havia oferecido 2 mil dólares iniciais a Ness (que recebia apenas 3 mil por ano) e depois jogado envelopes cheios de dólares pela janela do carro em que os três agentes estavam. Todos os três rejeitaram o suborno arremessando os envelopes no mafioso. No dia seguinte, diversos jornais relataram o acontecido e um deles consagrou os agentes especiais como “Os Intocáveis“.

Inicialmente, Scarface não pretendia assassinar Eliot. Na verdade, não desejava atrair mais atenção e disposição das autoridades ao executar o homem que havia sido designado pelo próprio presidente do país. Entretanto, seus prejuízos o fizeram mudar de ideia e ao menos três tentativas de assassinato foram tentadas — 1º tiros; 2º atropelamento; 3º dinamitação —, mas nada derrubou o cabra macho de Hoover.

Após a tentativa de dinamitação, Ness, desafiadoramente, reuniu 45 caminhões em frente ao hotel que Capone estava hospedado, ligou para seu quarto e disse que olhasse pela janela. Eliot havia reunido grande número de homens para fechar um grande bar que o mafioso se orgulhava de ter recém-inaugurado, deixando-o transtornado.

As provas para condenação de Al Capone

Apesar da grande bravura e das 5 mil violações à Lei Seca apresentadas, Os Intocáveis pouco acrescentaram à prisão de Al Capone. Outro agente, Frank J. Wilson, também da Receita Federal, forneceu as provas essenciais para a condenação do chefão por sonegação fiscal (imposto de renda).

Eliot Ness, por ter desafiado abertamente e sobrevivido à queda do grande capo de Chicago, tornou-se o mais famoso homem da Lei Seca. Apesar de parecer certo, Eliot e Alphonse Capone nunca estiveram frente a frente. Ness, o “cabra macho” do presidente, faleceu no dia 16 de maio de 1957 após um ataque cardíaco.

REFERÊNCIAS:
BURROUGH, Bryan. Inimigos Públicos. trad. Mário Fernandes, Mário Ribeiro, Sheila Mazzolenis. São Paulo: Globo, 2009.
CARTER, Lauren. Os maiores gângsters da História. trad. Isabel Teresa Santos. Lisboa: Editorial Estampa, 2005.
CAWTHORNE, Nigel. A História da Máfia. trad. Guilherme Miranda. São Paulo: Madras, 2012.
MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime Organizado: aspectos gerais e mecanismos legais. 3. ed. São Paulo: Atlas. 2009.
SMITH, Richard Norton; WALCH, Timothy. The Ordeal of Herbert Hoover. Acesso em: 13 ago. 2013.
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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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