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Idade Contemporânea

Massacre de Munique e a Cólera de Deus (resumo)!

O que foi o Massacre de Munique? O Setembro Negro? Qual a vingança de Israel? Essas e outras respostas sobre o Atentado das Olimpíadas de 1972 aqui!


membro do setembro negro Massacre de Munique
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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 9 minutos
terrorista do setembro negro Massacre de Munique
Massacre de Munique: membro do grupo terrorista – Setembro Negro – que atacou a delegação israelense nas Olimpíadas de 1972 na histórica cidade alemã de Munique. Créditos: Time & Life Pictures / Getty Images.

Tudo foi pensado para que em nada lembrasse as Olimpíadas de 1936 sob as imponentes bandeiras da Alemanha Nazista de Adolf Hitler. Contudo, o que deveria ser a maior celebração do esporte mundial se transformou em tragédia quando terroristas do Setembro Negro atacaram membros da delegação israelense, o que manchou os jogos para sempre e ficou conhecido como o Massacre de Munique.

Não temos alternativa senão atacar as organizações terroristas sempre que possível. É nossa obrigação conosco e com a paz. E cumpriremos essa obrigação incansavelmente – Golda Meir, Primeira-Ministra de Israel, setembro de 1972. (WILLIAM; HEAD, 2010, p. 154)

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SUMÁRIO DO MASSACRE DE MUNIQUE

1. As Olimpíadas de Verão de 1972 no berço do Nazismo: Munique
2. O que foi o Setembro Negro?
3. O que foi o Massacre de Munique?
4. O Atentado de Munique em detalhes
⠀⠀4.1 Primeiro dia: os terroristas invadem os alojamentos dos israelenses
⠀⠀4.2 Segunda dia: o fiasco da emboscada alemã no aeroporto
5. Suspensão dos jogos olímpicos
6. Desfecho do Atentado de Munique
7. Operação Cólera de Deus: o Mossad e a vingança israelense
8. Alemanha indeniza as famílias das vítimas
9. Sugestão de filme: Munique
Referências

1. AS OLIMPÍADAS DE VERÃO DE 1972 NO BERÇO DO NAZISMO: MUNIQUE

Os Jogos Olímpicos de 1972 (Olympische Sommerspiele 1972, em alemão) representavam uma grande oportunidade para que a Alemanha se mostrasse ao mundo após o fim do regime nazista.

Por se tratar da icônica cidade de Munique, o berço do partido nazista, o evento possuía um grande simbolismo e tudo pareceu ter sido planejado e executado para que em nada lembrasse os dias sombrios das décadas de 1930 e 1940.

Havia grande euforia por parte de todos. As Olimpíadas são eventos verdadeiramente incríveis, onde as diferenças entre as nações parecem sumir, tornando-as inesquecíveis.

Entretanto, após 10 dias de muita alegria, o mundo acabou por assistir pela tevê um novo e terrível marco na história dos jogos: o terrorismo.

Yossef Romano e Zelig Struch Olimpíadas de 1972
O halterofilista de sorriso frouxo e esperança de medalha de Israel, Yossef Romano, divertindo-se com Zelig Struch (atirador) antes da abertura das Olimpíadas. “Ele [Yossef Romano] era tão dedicado ao seu ofício que um membro do Comitê Olímpico de Israel relembra: ‘Ele era tão louco por esportes que perdeu dois empregos porque passava mais tempo treinando do que trabalhando’”. (, s/p, 2020, acréscimo nosso). Créditos: Alon, Dan e Stockton, Carla, Munich Memoir: Untold Story of Survival de Dan Alon , Dapt’d, 2012, p.14.

2. O QUE FOI O SETEMBRO NEGRO?

Como supramencionado, o Setembro Negro foi a organização responsável pelo planejamento e execução do Atentado de Munique, sendo financiado – secretamente – por governos do mundo árabe (com os quais Israel entrara em guerra por vezes ou por países que apoiavam outros países contra Israel).

Os ataques encontrariam sua justificativa em uma possível vingança pela morte de 4 mil palestinos ocorrida em 1970 em Amã, capital de Jordânia, durante conflitos no país.

O próprio nome da organização, Setembro Negro, viria justamente do fato de que o seu maior atentado terrorista aconteceu no mês de setembro.

Os membros da facção terrorista faziam parte de outras organizações palestinas, como o Fatah e a Organização para a Libertação Palestina (OLP), sendo indicado como o grande idealizador Ali Hassan Salameh e Yasser Arafat.

3. O QUE FOI O MASSACRE DE MUNIQUE?

Também conhecido como o Atentado de Munique, entre os dias 5 e 6 de setembro de 1972, durante a segunda semana dos Jogos Olímpicos, ocorreu a infame ação, que é considerada até hoje como o maior atentado terrorista envolvendo um evento esportivo.

A Olimpíada de 1972 ficou marcada para sempre com o ataque covarde do Setembro Negro a atletas israelenses, que resultou na morte de 11 desportistas israelenses, além de 1 policial alemão e 5 elementos do Setembro Negro.

O atentado, iniciado no dia 5 de setembro e terminado no dia 6, inclusive, é considerado até hoje como um dos maiores e mais repercutidos da história.

O mundo assistia aos jogos com grande vibração e isso tornou a propagação do atentado em algo de gigantescas proporções.

O evento desencadeou uma frenética vingança por parte de Israel através dos seus agentes do serviço secreto, o sinistramente eficiente Mossad, na chamada Operação Cólera de Deus, onde o longo braço israelita eliminou seus alvos em diversos países.

quarto dos atletas israelenses massacre de munique
Quarto onde os dois primeiros membros da delegação esportista de Israel foram mortos, onde é possível ver as marcas de tiro e sangue dos atletas. Créditos: AP Images.

4. O ATENTADO DE MUNIQUE EM DETALHES

4.1 Primeiro dia: os terroristas invadem os alojamentos dos israelenses

O atentado começou por volta das 4 horas e 30 minutos da manhã do dia 5 de setembro. Os Jogos Olímpicos se encontravam na segunda semana do maior e mais famoso evento esportivo do mundo.

Oito homens mascarados escalaram o muro de 2 metros de altura da Vila Olímpica, mais precisamente do alojamento da equipe de Israel, carregando com eles mochilas carregadas de pistolas, rifles e granadas.

Os atletas israelenses, naquela mesma noite, antes da tragédia, festejaram a noite afora e aproveitaram a peça teatral “Um Violinista no Telhado”.

Quando os terroristas invadiram o alojamento, acordaram o árbitro de Wrestling Yossef Gutfreund, que percebeu que homens estavam armados e mascarados.

Yossef gritou na tentativa de alertar os companheiros, que estavam adormecidos. O árbitro ainda tentou barrar a porta e foi justamente essa ação que deu tempo ao seu colega de quarto, Tuvia Sokolovsky, de fugir pela janela.

Moshe Weinberg, treinador de 32 anos, tentou lutar com os terroristas, mas foi baleado na boca.

Com feridas no rosto, Moshe foi levado pelos terroristas até o segundo andar e mentiu para os mascarados que naquele local não havia israelenses.

Moshe ainda serviu de guia para os atacantes, que foram levados até o apartamento 3, onde os terroristas fizeram mais alguns reféns. Era o quarto dos lutadores israelenses e o treinador acreditou na possibilidade de que eles conseguissem neutralizar a ameaça.

Entretanto, a equipe foi toda pega de surpresa e os agressores conseguiram capturá-los.

Moshe Weinberg ainda tentou atacar os terroristas. Durante a tentativa, Gad Tsobari conseguiu escapar até a garagem, enquanto Moshe era morto a balas.

Yossef Romano, veterano da Guerra de Seis Dias, também foi responsável pela tentativa, porém foi morto assim que conseguiu ferir um deles.

Os terroristas então anunciaram fazer parte da facção terrorista Setembro Negro, capturando 9 reféns.

Os criminosos exigiram a libertação de 234 palestinos que se encontravam presos em diversos países, incluindo na própria Alemanha.
O grupo, até então, era desconhecido, mas já eram responsáveis pela organização de ao menos outros dois ataques.

4.2 Segunda dia: o fiasco da emboscada alemã no aeroporto

helicóptero destruído massacre de munique
Um dos helicópteros destruídos pelos terroristas durante a péssima atuação da polícia alemã, que não possuía treinamento antiterrorismo nem aceitou a ajuda oferecida pelo governo israelense. Créditos: Departamento de Polícia Alemã / Picture Alliance DPA / AP Images.

Inicialmente a exigência dos terroristas era a libertação de 234 palestinos, que estavam presos, porém, os pedidos mudaram e os sequestradores teriam exigido helicópteros e um avião para a fuga.

Entretanto, o intuito da polícia alemã era outro: emboscar os terroristas quando eles estivessem embarcando no avião. Sendo assim, posicionaram atiradores de elite na localidade.

A distância dos apartamentos, onde os terroristas se encontravam e os helicópteros era de apenas 200 metros e para lá seguiram em segurança.

O que pegou a polícia alemã de surpresa foi o fato de que ao menos um dos terroristas resolveu inspecionar o caminho entre os helicópteros e o avião, um Boeing, antes de transferir os reféns.

Desta maneira, muitos agentes alemães precisaram se mover às pressas e a tentativa de emboscar os atacadores foi em vão, pois alguns dos terroristas perceberam a movimentação estranha…

Um dos membros do Setembro Negro, assim que percebeu a emboscada, resolveu descarregar sua arma nos reféns amarrados no helicóptero 1 e prestes a embarcar no avião, terminando por jogar ao menos uma grana em nos helicópteros.

A partir daí não tinha mais volta. O tiroteio entre os terroristas e a polícia da Alemanha foi intenso e, devido à falta de equipamentos necessários, assim como uma polícia especializada em ações antiterroristas, a emboscada se revelou um fiasco absoluto.

Todos os 9 reféns foram mortos no mesmo instante ou pouco tempo depois.

O atentado terminou com pouco mais de 24 horas depois, três terroristas se entregaram, tendo um deles conseguido empreender fuga, mas foi encontrado e morto nas redondezas.

No total de mortes, dezessete pessoas foram mortas no Massacre de Munique, sendo 5 terroristas, 1 policial alemão e 11 reféns (dois nos alojamentos e nove no aeroporto).

A emboscada alemã foi mal preparada e resultou em caos e muitas críticas negativas.

O governo israelense, que já possuía tropas especiais em virtude dos vários conflitos com países árabes, havia solicitado permissão para agir em conjunto com o governo alemão, mas teve seu pedido recusado.

5. SUSPENSÃO DOS JOGOS OLÍMPICOS

Inicialmente houve uma resistência na suspensão dos Jogos Olímpicos, porém o Comitê Organizador das Olimpíadas resolveu finalmente suspendê-los.

O estádio olímpico de Munique foi local da cerimônia de encerramento, cerca de 80.000 espectadores e 3.000 atletas estavam presentes.

Diversas autoridades, de vários países, ao redor do mundo, condenaram os atentados.

Bandeira Olímpica a meio mastro no Massacre de Munique
Pendurada a meio mastro no estádio olímpico, a bandeira das Olimpíadas era uma das cenas mais perceptíveis durante a cerimônia em homenagem aos atletas assassinados no atentado. Créditos: Departamento de Polícia Alemã / Corbis.

6. DESFECHO DO ATENTADO DE MUNIQUE

Após o atentado muita coisa ainda aconteceu com membros do Setembro Negro sobreviventes.

Terroristas do Massacre de Munique:

  • Após dois meses do Massacre de Munique, o voo 615 da Lufthansa foi sequestrado por terroristas palestinos que simpatizavam pela facção Setembro Negro;
  • A soltura dos terroristas da Tragédia de Munique foi exigida pelos sequestradores;
  • O pedido foi atendido pelo governo da Alemanha, porém houve muito protesto de autoridades de Israel;
  • Na Líbia, os terroristas do Massacre de Munique foram recebidos como heróis;
  • Foi dito pelos terroristas que a intenção do atentado era chamar atenção do mundo todo para a independência da Palestina, que se encontrava ocupada pelos militares de Israel desde os últimos anos da década de 1960;
  • Dois desses terroristas foram mortos após a perseguição do Mossad, a mando da Primeira-Ministra de Israel, Golda Meir;
  • A operação foi nomeada de Cólera de Deus;

7. ALEMANHA INDENIZA AS FAMÍLIAS DAS VÍTIMAS:

  • Os descendentes das vítimas, receberam do governo alemão, cerca de 3 milhões de euros como indenização;
  • O governo alemão fundou a unidade policial, o GSG 9, com o intuito de ser uma unidade antiterrorismo.

Memorial do Massacre de Munique

8. OPERAÇÃO CÓLERA DE DEUS: O MOSSAD E A VINGANÇA ISRAELENSE

O evento causou tremenda tristeza que logo foi canalizada pela raiva e sede de vingança. Israel vivia em guerra contra seus vizinhos e uma vingança foi assinada pela então Primeira-Ministra, Golda Meir.

O temido e ultrassecreto Mossad foi engatilhado para a caçada, o que fez de modo fulminante em diversos países. Foram muitos acertos e alguns erros, que acabaram por ceifar a vida de inocentes.

O Mossad já tinha dado provas de sua competência ao sequestrar com sucesso o nazista Adolf Eichmann que vivia pacificamente na Argentina e julgá-lo em Israel.

Na guerra contra o terrorismo e os inimigos do Estado de Israel, nada se mostraria longe do Mossad e dos seus assassinos.

9. SUGESTÃO DE FILME: MUNIQUE

O filme Munique (2006), de Steven Spielberg, que conta um pouco da história do Atentado de Munique, focando na caçada aos terroristas do Setembro Negro pelo Mossad, o serviço secreto de Israel.

Vencedor de diversos prêmios, incluindo óscars de Hollywood, a trama mostra bem a caçada e os perigos da ação.


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REFERÊNCIA(S):

CIE. Israeli Olympian Yossef Romano Is Born in Libya. Disponível em: << https://israeled.org/israeli-olympian-yossef-romano-born-libya/ >>. Acesso em: 6 out. 2020.
DIOGO, José-Manuel. As grandes agências secretas: os segredos, os êxitos e os fracassos dos serviços secretos que marcaram a história. São Paulo: Via Leitura, 2013.
FRATTINI, Eric. Mossad – os carrascos do Kidon: a história do temível grupo de operações especiais de Israel. adp. Alessandra Miranda de Sá. São Paulo: Seoman, 2014.
HEIN. Matthias von. 1972 Munich Olympics massacre – an avoidable catastrophe?. Disponível em: << https://www.dw.com/en/1972-munich-olympics-massacre-an-avoidable-catastrophe/a-40405813 >>. Acesso em: 29 set. 2020.
WILLIAMS, Anne; HEAD, Vivian. Ataques terroristas – A face oculta da vulnerabilidade. trad. Débora da Silva Guimarães Isidoro. São Paulo: Larousse, 2010.
IMAGEM(NS):
Buscou-se informações para creditar a(s) imagem(ns), contudo, nada foi encontrado. Caso saiba, por gentileza, entrar em contato: contato@incrivelhistoria.com.br
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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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