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Idade Moderna

Colonização inglesa: a América Britânica

A tardia colonização inglesa da América se distanciou profundamente dos modelos adotados por outras potências, destacando-se a colônia de povoamento.


colonização inglesa da américa do norte
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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 7 minutos
colonização inglesa da américa do norte
A tardia colonização inglesa da América se distanciou profundamente dos modelos adotados por outras potências, destacando-se a colônia de povoamento. Créditos: autoria desconhecida / Montagem: Eudes Bezerra.

A colonização inglesa da América se distanciou profundamente dos modelos adotados por outras potências, como Espanha e Portugal.

A colonização inglesa teve um misto de exploração e povoamento, que no futuro acabaria por desvelar um futuro único entre as colônias americanas formando os Estados Unidos da América.

Boa leitura!

TÓPICOS COLONIZAÇÃO INGLESA

1. A Inglaterra e a expansão marítima tardia
2. Motivação para a colonização: conflitos religiosos e pobreza
⠀⠀2.1 Conflitos e perseguições religiosas
⠀⠀2.2 Cercamentos de Terras
3. Tipos de colonização da América Inglesa: Exploração e Povoamento
⠀⠀3.1 Colônias de Exploração
⠀⠀3.2 Colônias de Povoamento
4. As Treze Colônias Inglesas
⠀⠀4.1 Colônias do Norte
⠀⠀4.2 Colônias do Sul
⠀⠀4.3 Colônias do Centro
5. Relação entre as colônias inglesas
6. Relação das colônias com a metrópole inglesa
7. Influência inglesa sobre as Américas Espanhola e Portuguesa
⠀⠀7.1 Influência inglesa sobre a América Espanhola
⠀⠀7.2 Influência inglesa sobre a América Portuguesa
Referências

1 – A INGLATERRA E A EXPANSÃO MARÍTIMA TARDIA

No século XV, enquanto Espanha e Portugal se expandiam pelo planeta nas Grandes Navegações, conquistando e colonizando imensas porções de terra, principalmente na América, a Inglaterra se encontrava mergulhada em crises políticas e guerras.

Conflitos como a Guerra dos Cem Anos contra a França e a Guerra das Duas Rosas (conflito entre as casas de Lancaster e York), haviam deixado a Inglaterra em um momento sensível.

Somente com a rainha Elizabeth I, que governou entre 1558 e 1603, as navegações inglesas tiveram o grande impulso que necessitavam e que se seguiriam nas próximas décadas.

O resultado foi a criação da primeira colônia inglesa na América do Norte, a Virgínia no início do século XVII, provavelmente em 1607.

Colônia que recebeu esse nome em homenagem à rainha Elizabeth I que nunca se casaria.

colonização inglesa e a guerra dos cem anos
A Guerra dos Cem Anos consumiu recursos financeiros, humanos e, assim por dizer, “colonizáveis” da Inglaterra e da França, diferentemente das potências ibéricas (Portugal e Espanha). Créditos: autoria desconhecida.

2 – MOTIVAÇÃO PARA A COLONIZAÇÃO: CONFLITOS RELIGIOSOS E POBREZA

Entre os inúmeros motivos para a colonização da América, destacam-se as perseguições religiosas e a grande pobreza da população inglesa.

2.1 Conflitos e perseguições religiosas

Após a Reforma Protestante , logo no início do século XVI, e o estabelecimento da Igreja Anglicana através de Henrique VIII, a Inglaterra passou por graves distúrbios de ordem religiosa.

Milhares foram mortos em uma série de conflitos nos quais pequenos ou grandes grupos religiosos se revezavam em perseguir ou ser perseguidos.

Não apenas na Inglaterra, mas também na Europa ocorreram diversos conflitos, como a arrasadora Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), onde milhões foram mortos.

Diante disso, cada vez mais ingleses (entre tantos outros), cansados dos conflitos e decididos a mudar de vida, lançaram-se em direção ao continente americano através de empreendimentos da burguesia: as companhias de comércio.

colonização inglesa e a reforma protestante
A Reforma Protestante é apontada como um dos grandes “atrasos” das navegações inglesas, embora atraso não fosse exatamente o que representasse e mais: a própria Inglaterra vivia os frutos de sua política beligerante. Créditos: Martinho Lutero prega suas 95 teses na porta da Igreja, de Ferdinand Pauwels / Coleção: Eisenach, Wartburg-Stiftung, Alemanha.

2.2 Cercamentos de Terras

No século XVIII, a Inglaterra, embora bem distante dos grandes empreendimentos espanhóis, portugueses e holandeses, preparava-se para dar o seu grande salto: a Revolução Industrial.

Uma de suas políticas públicas que mais contribuiu para o “êxodo” da Inglaterra para à América do Norte recai sobre os cercamentos de terras, onde pequenas e médias propriedades foram expropriadas pelo Estado para a criação de ovelhas e afins.

O objetivo dessa política era a obtenção de matéria-prima para alimentar as manufaturas têxteis, que logo se tornariam as indústrias têxteis.

Milhares de famílias acabaram na pobreza, migrando para os centros urbanos que cada vez mais se tornavam populosos e desorganizados.

Com isso, a imigração para a América ganhou grande força, principalmente através da publicidade realizada pelo próprio governo inglês e as companhias de comércios que precisavam resolver a questão demográfica.

3 – TIPOS DE COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA INGLESA: EXPLORAÇÃO E POVOAMENTO

A colonização inglesa na América se assemelharia e se distinguiria largamente dos modelos espanhóis e portugueses.

Diferentemente dos sucessos empreendidos pela Espanha, que logo encontrou ouro, prata e outros metais preciosos, a Inglaterra pouco ou nada encontrou na América.

Contudo, também conseguiu alcançar grandes êxitos comerciais nas colônias americanas com dois modelos que se adaptaram às regiões em que se localizavam.

3.1 Colônias de Exploração

As chamadas colônias de exploração seguiam os mesmos moldes das realizadas nas américas portuguesa e espanhola, no qual o objetivo era para exportação através do trabalho escravo.

Além da clássica procura por metais preciosos, as monoculturas (plantation) dominavam esse tipo de colonização, destacando-se na América Inglesa o tabaco e evidentemente a produção de algodão.

Como visavam a exportação para a metrópole, ficou marcado por um sistema altamente dependente do cultivo e da compra da produção por parte da metrópole (Inglaterra).

Da mesma forma, as colônias de exploração ficavam dependentes de grande parte dos produtos manufaturados da Inglaterra, o que mudaria gradualmente como veremos mais a frente.

3.2 Colônias de Povoamento

Bem diferente das colônias de exploração, as de povoamento formaram uma “exceção” à regra mercantilista.

Nessas colônias, a liberdade era maior e a mão de obra escrava bem inferior. A agropecuária foi inicialmente familiar, passando a ser mais ampla e assalariada.

As colônias de povoamento possuem esse traço marcante em virtude das regiões onde prosperaram (clima impróprio para o cultivo e pouco ou nenhum metal precioso).

Contudo, justamente nessas colônias se desenvolveram manufaturas que futuramente teriam um papel decisivo na América Inglesa e posteriormente na industrialização dos EUA após a independência (1776).

4 – AS TREZE COLÔNIAS INGLESAS

4.1 Colônias do Norte

As colônias inglesas do Norte ficaram marcadas pela colonização de povoamento, sendo elas:

  1. Massachusetts;
  2. Nova Hampshire;
  3. Connecticut; e
  4. Rhode Island.

4.2 Colônias do Sul

As colônias inglesas do Sul foram colônias de exploração, sendo os estados de:

  1. Virgínia;
  2. Maryland;
  3. Geórgia;
  4. Carolina do Norte; e a
  5. Carolina do Sul e Geórgia.

4.3 Colônias do Centro

As colônias inglesas do centro, as últimas a serem estabelecidas após conflitos e negociações com a Holanda (Nova Iorque, por exemplo, chamava-se Nova Amsterdã por ser colônia holandesa).

Essas colônias, por estarem no meio das colônias do norte (povoamento) e as do sul (exploração), acabaram por mesclar elementos dos dois tipos de colonização.

Atualmente, são os estados de:

  1. Delaware;
  2. Nova Jersey;
  3. Pensilvânia; e
  4. Nova Iorque.
colonização inglesa - as treze colônias inglesas
Mapa da divisão das colônias norte, centro e sul da colonização inglesa na América do Norte. Créditos: no rodapé da própria imagem.

5 – RELAÇÃO ENTRE AS COLÔNIAS INGLESAS

Apesar das grandes diferenças que acabariam moldando a cultura como ainda hoje vemos, à época era comum o comércio regular e o entendimento mútuo.

As colônias do norte (povoamento), por exemplo, comercializavam escravos comprados na África com as colônias do sul (exploração).

No entanto, as relações iriam entrar em conflito após o forte desenvolvimento do norte industrial, diferentemente do sul que insistia e padecia com os arcaicos sistemas exploratórios que cada vez mais eram reduzidos no continente americano.

6 – RELAÇÃO DAS COLÔNIAS COM A METRÓPOLE INGLESA

Uma característica bem clássica da colonização inglesa era a liberdade que as colônias americanas possuíam, bem diferente do exclusivismo comercial impostos por Portugal e Espanha às suas colônias.

Embora subordinadas à metrópole inglesa, as colônias possuíam liberdade para se autogovernar e foram se aperfeiçoando com o passar do tempo, criando verdadeiras sociedades complexas e órgãos administrativos.

A ideia da Inglaterra à época era dar autonomia aos colonos para evitar levantes de independência, resolver a questão demográfica interna e abastecer suas manufaturas com matérias-primas vindas da América.

7- INFLUÊNCIA INGLESA SOBRE AS AMÉRICAS ESPANHOLA E PORTUGUESA

A Inglaterra, apesar de tardiamente se ter lançado nas Grandes Navegações, desde cedo atuou com corsários e contrabando contra as colônias da Península Ibérica, sobretudo, as espanholas.

7.1 Influência inglesa sobre a América Espanhola

Muitos dos movimentos de independência das colônias da Espanha tinham o apoio da Inglaterra que buscava quebrar os monopólios colônia-metrópole da Espanha.

Assim, independentes, as antigas colônias espanholas poderiam comercializar com os ingleses que desejavam escorrer sua produção manufatureira.

Simón Bolívar
Simón Bolívar trocou cartas com a Inglaterra com a intenção de ocasionar a independência da América Espanhola. Créditos: Ricardo Acevedo Bernal.

7.2 Influência inglesa sobre a América Portuguesa

No caso português, a Inglaterra atuou de forma mais “recatada” visto que possuía uma antiga aliança político-militar com Portugal, o Tratado de Windsor de 1386 (ainda vigente).

Contudo, em 1808, com a invasão das tropas de Napoleão Bonaparte sobre Portugal, a Inglaterra passou a ter privilégios de comercialização com as colônias brasileiras após a chamada Abertura dos Povos às Nações Amigas.

Por “Nações Amigas”, entenda: a Inglaterra.

A Inglaterra pagou sua parte no acordo através de sua poderosa marinha de guerra que escoltou tanto a família real quanto grande parte da nobreza portuguesa às terras brasileiras.

Colonização inglesa da américa Tratado entre Inglaterra e Portugal
Curiosidade: Em 9 de maio de 1386, Portugal e Inglaterra assinaram o que atualmente é reconhecido como o mais antigo pacto político e militar ainda em vigor do planeta, o Tratado de Windsor. Créditos: autoria desconhecida.

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REFERÊNCIA(S):

LOCKHART, J.; SCHWARTZ, S. B. A América Latina na época colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
KARNAL, Leandro (org). História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. 3. ed., 1ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2013.
PROBST, M. História da América: da era pré-colombiana às independências. Curitiba: InterSaberes, 2016.
IMAGEM(NS):
Buscou-se informações para creditar a(s) imagem(ns), contudo, nada foi encontrado. Caso saiba, por gentileza, entrar em contato: contato@incrivelhistoria.com.br

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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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