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Guerras

Como o Cristianismo sobreviveu ao fim de Roma?

Como o Cristianismo sobreviveu ao fim de Roma? Simples. Em 4 pontos esclarecemos esse mistério que ninguém parece dizer claramente


Como o Cristianismo sobreviveu ao fim de Roma? Em 4 pontos esclarecemos esse mistério que ninguém parece dizer claramente. Créditos: autoria desconhecida; Thomas Cole / Montagem: Eudes Bezerra.
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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 6 minutos
Como o Cristianismo sobreviveu ao fim de Roma? Em 4 pontos esclarecemos esse mistério que ninguém parece dizer claramente. Créditos: autoria desconhecida; Thomas Cole / Montagem: Eudes Bezerra.
Como o Cristianismo sobreviveu ao fim de Roma? Simples. Em 4 pontos esclarecemos esse mistério que ninguém parece dizer claramente. Créditos: autoria desconhecida; Thomas Cole / Montagem: Eudes Bezerra.

Como o Cristianismo sobreviveu ao fim de Roma? Conversões de líderes bárbaros, expedições missionárias e até o politeísmo germânico contribuíram para a preservação do Cristianismo após a queda de Roma.

Muito se pergunta e quase nada se responde de forma direta sobre como o Cristianismo sobreviveu ao fim de Roma, certo?

Os povos da Germânia, por exemplo, ou não estavam nem aí para o Cristianismo ou uma parte importante até já era de cristãos convertidos ou conheciam bem a crença estrangeira.

Vamos ver isso direitinho agora. Boa leitura!

TÓPICOS SOBRE A SOBREVIVÊNCIA DO CRISTIANISMO APÓS A QUEDA DE ROMA

1. O politeísmo dos povos bárbaros
⠀⠀1.1 Uma analogia: o Politeísmo Grego
2. Bárbaros convertidos
3. Roma e mosteiros isolados
4. Missionários e as expedições de conversão e propagação do Cristianismo
5. Sintetizando como o cristianismo sobreviveu ao fim de Roma
Referências

#1 COMO O CRISTIANISMO SOBREVIVEU AO FIM DE ROMA? O POLITEÍSMO DOS POVOS BÁRBAROS

Os povos bárbaros eram politeístas, tinham seus deuses e suas deusas, o que, na prática, implicava que um deus a mais ou a menos tanto fazia para esses povos…

Ou seja, o Deus Cristão, nesse caso, era quase indiferente aos bárbaros igualmente como tantas outras divindades de outros povos muito além de Roma.

Inclusive, era muito comum que deuses ganhassem e perdessem relevância no decorrer do tempo dentro do mesmo povo.

Da mesma forma, novos deuses e deusas poderiam ser incluídos ou mesmo excluídos do panteão divino (no politeísmo).

Saque visigodo a roma - como o cristianismo sobreviveu ao fim de roma visigodos saque roma
Visigodos, ostrogodos, hunos, Alanos, hérulos, francos e tantos outros povos chamados de bárbaros possuíam uma infinidade de deuses e deusas de modo que o Deus Cristão representava apenas mais uma divindade. Créditos: autoria desconhecida.

1.1 Uma analogia: o Politeísmo Grego

Fazendo uma simples simulação usando a fama e magnitude da mitologia grega, vamos perceber bem a “irrelevância” de determinados deuses e deusas para povos politeístas.

Quantos deuses e deusas existiam no Olimpo?

Apenas 12 divindades. O próprio Hades não consta na lista, embora seja um dos maiores e mais famosos deuses e irmão de Zeus.

E os deuses menores? São dezenas. Dezenas de deuses e deusas que não são menos importantes.

Ainda existem os inúmeros semideuses que também eram divindades — as chamadas divindades menores —, como Hércules e Perseu, dois dos tantos filhos do líder do Olimpo, Zeus.

Com isso, já se dá para entender o tamanho e complexidade das religiões politeístas.

Por isso, o Cristianismo tinha certa “tranquilidade” nessa vastidão de deuses e deusas. Não havia uma perseguição sistemática como os próprios romanos fizeram aos cristãos antes de deixarem o politeísmo e se converterem ao monoteísmo cristão.

Isto é, antes do Império Romano ter o Cristianismo como religião oficial.

Captou a ideia?

feiticeiras germânicas - como o cristianismo sobreviveu ao fim de roma visigodos saque roma?
A mitologia germânica, ou viking (os vikings eram germânicos de origem), funcionava de modo similar à mitologia grega ou mesmo à egípcia e assim em diante – todas politeístas e geralmente mais abertas a outros deuses e deusas. Créditos: Carl Larsson.

#2 COMO O CRISTIANISMO SOBREVIVEU AO FIM DE ROMA? BÁRBAROS CONVERTIDOS

Antes mesmo da queda de Roma, muitos clãs bárbaros já se encontravam convertidos à religião cristã, ainda que formassem uma sociedade bem complexa nesse sentido.

Muitos dos próprios líderes bárbaros que atuaram como federados de Roma eram cristãos convertidos.

Líderes de destaque, como o gigante Estilicão, de origem vândala, e o competente Alarico — o visigodo que saqueou Roma em 410!

Ou seja, de uma forma ou de outra, os chamados povos “bárbaros” já estavam bem acostumados com o Cristianismo e vice-versa.

Saque Vândalo a Roma - como o cristianismo sobreviveu ao fim de roma visigodos saque roma
Saque a Roma do ano de 455 levado a cabo por Genserico, rei icônico dos Vândalos. Créditos: Karl Briullov / Galeria Estatal Tretyakov, Moscou, Rússia.

#3 COMO O CRISTIANISMO SOBREVIVEU AO FIM DE ROMA? ROMA E MOSTEIROS ISOLADOS

Após a queda do império ocidental em 476, a Igreja perdeu bastante espaço e influência, é verdade, mas sobreviveu na própria cidade de Roma e em mosteiros isolados.

Nesses mosteiros, monges copistas continuaram a se dedicar à criação de cópias dos textos sagrados e afins, fazendo uma espécie de backup, entende?

Registrar a memória sempre foi importante e o trabalho dos monges copistas nos auxilia a entender aquele período, diferentemente de outras regiões nas quais não se fazia registros escritos (onde prevalecia a tradição oral).

Mesmo que o registro escrito possa ter pouca ou nenhuma imparcialidade, faz-se importante o ato de registro.

Roma, ainda, contava com certa proteção do Império Bizantino de modo que, mesmo tomada por sucessivos povos bárbaros e com Bizâncio distante, a população romana era grande, possuía cultura robusta e alguma influência sobre os seus conquistadores.

Monges copistas - como o cristianismo sobreviveu ao fim de roma visigodos saque roma
Monges copistas em uma típica iluminura do período medieval europeu. Créditos: autoria desconhecida / Iluminura do Livro dos Jogos de Afonso X (o Sábio), de Leão e Castela, 1283.

#4 COMO O CRISTIANISMO SOBREVIVEU AO FIM DE ROMA? MISSIONÁRIOS E AS EXPEDIÇÕES DE CONVERSÃO E PROPAGAÇÃO DO CRISTIANISMO

Apesar da queda do império ocidental, muitas, muitas expedições missionárias já tinham sido despachadas aos povos germânicos bem antes da queda de Roma em 476 d.C.

E claro: com o propósito de conversão

Muitas dessas expedições haviam partido do Império Romano do Oriente e até havia uma grave discordância interna dentro da própria Igreja, que bem posteriormente teria até o Grande Cisma do Oriente.

No entanto, o fato é que o Cristianismo de uma visão ou outra acabava por ser propagado.

Primeiro de modo bem forte pelo império do oriente e depois a partir de Roma, a cidade “herdeira” do antigo império do ocidente.

Nisso, essas expedições missionárias foram, pouco a pouco, convertendo as regiões de forma similar à ocorrida aqui, na América Latina, após as chamadas Grandes Navegações e a consequente montagem da colonização no Brasil.

Mas, claro, após a queda de Roma, não havia imposição como ocorreria na América uma vez que eram os povos germânicos eram os conquistadores e os propagadores do Cristianismo os vencidos.

5. SINTETIZANDO COMO O CRISTIANISMO SOBREVIVEU AO FIM DE ROMA

  • Ponto 1: Politeísmo germânico: Um deus a mais ou a menos pouca diferença fazia;
  • Ponto 2: Muitos bárbaros já eram convertidos ao Cristianismo antes mesmo da queda do império;
  • Ponto 3: Roma e os mosteiros isolados: os monges copistas e o backup das escrituras sagradas e dos registros romanos; e o
  • Ponto 4: As expedições missionárias: os missionários convertendo pouco a pouco os povos germânicos.

REFERÊNCIAS:

BEARD, Mary. SPQR: uma história de Roma Antiga. trad. Luis Reyes Gil. São Paulo: Planeta, 2017.

CAWTHORNE, Nigel. As Maiores Batalhas da História: Estratégias e Táticas de Guerra que Definiram a História de Países e Povos. trad. Glauco Peres Dama. São Paulo: M. Books, 2010.

CUMMINS, Joseph. As Maiores Guerras da História. trad. Vania Cury. Rio de Janeiro: Ediouro, 2012.

GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do Tempo. trad. Roger dos Santos. São Paulo: M. Books, 2005.

GIORDANI, Mário Curtis. Antiguidade Clássica II: História de Roma. Petrópolis: Vozes, 1965.

GIORDANI, Mário Curtis. História dos Reinos Bárbaros I. Petrópolis: Vozes, 1993.

GOLDSWORTHY, Adrian. Em nome de Roma: conquistadores que formaram o Império Romano. trad. Claudio Blanc. São Paulo: Planeta do Brasil, 2016.

KULIKOWSKI, Michael. Guerras Góticas de Roma. trad. Glauco Micsik Roberti. São Paulo Madras, 2008.

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PALAVRAS-CHAVE SECUNDÁRIAS: Como o Cristianismo sobreviveu ao fim de Roma, Cristianismo, paganismo, Império Romano do Ocidente, Roma, povos bárbaros, Invasões Bárbaras, conversão ao cristianismo.

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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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