
Chamado por alguns de o Grande Cisma, trata-se do momento de divisão da Igreja que ocorreu em 1054. Como consequência, surgiram a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Ortodoxa.
Contudo, essa divisão da Igreja não surgiu do nada e já existia bem antes de se tornar oficial coexistindo por séculos.
Veja melhor essa parte da história da Igreja!
Ver também: Cisma do Ocidente — posterior ao Cisma do Oriente.
TÓPICOS DO CISMA DO ORIENTE
1. Qual era o contexto do Cisma do Oriente?
⠀⠀1.1 Por que havia diferenças entre as duas vertentes?
2. Quais eram as diferenças entre as duas vertentes da Igreja Católica?
⠀⠀2.1 Monofisismo
⠀⠀2.2 Iconoclastia
⠀⠀2.3 Cesaropapismo
3. O que foi o Cisma do Oriente?
4. Uma possível reconciliação entre Igrejas
Referências
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1. QUAL ERA O CONTEXTO DO CISMA DO ORIENTE?
O Cisma do Oriente se trata de um evento ocorrido em 1054 d.C. na Igreja Católica, que a dividiu em Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja Ortodoxa.
A primeira era chefiada pelo papa em Roma e a segunda pelo patriarca em Constantinopla.
Porém, antes disso ocorrer, havia um contexto que levou a isso. Antes da divisão, existia uma unificação entre as igrejas, pois a estrutura do Império Romano permitia essa unidade. Mesmo subdivididas, a capital era Roma e as duas sedes existiam.
Em Roma, residia o papa, que era a autoridade máxima da Igreja Católica. Em Alexandria (Egito) e Constantinopla (atualmente Istambul), patriarcas eram a autoridade (depois da anexação do Egito ao Império Muçulmano, Alexandria perdeu importância).
No ano de 286, de modo temporário, o Império Romano foi dividido em Oriental e Ocidental por Diocleciano, tendo a capital em Milão e em Constantinopla.
Na parte Ocidental, invasões bárbaras alcançaram o Império, o que levou à sua queda em 476.
Assim, restou apenas o Império Romano do Oriente (com capital em Constantinopla), posteriormente conhecido como Império Bizantino.

1.1 Por que havia diferenças entre as duas vertentes?
As diferenças, em suma, correspondem ao intercâmbio cultural com outros povos existentes nas regiões em que viviam, visto que o antigo território romano era vasto e se estendia por três continentes.
Ocorre que após o Concílio de Niceia, em 325, acabou ocorrendo a divisão da Igreja Católica em duas vertentes. Apesar disso, diversos outros concílios ecumênicos ocorreram, mantendo a união da cristandade e a crença na divindade de Cristo.
Mesmo assim, as diferenças persistiam e geravam atritos cada vez maiores. O ocidente começou a mudar bastante com as invasões e migrações bárbaras, recebendo a influência dos povos germânicos.
Enquanto isso, a cultura oriental permaneceu ligada e influenciando a tradição bizantina.
O Império Bizantino fazia fronteira com diversos territórios árabes e os imperadores de Bizâncio (Constantinopla) tentavam conviver pacificamente com a maioria dos povos muçulmanos que habitavam nas fronteiras e proximidades.

2. QUAIS ERA AS DIFERENÇAS ENTRE AS DUAS VERTENTES DA IGREJA CATÓLICA?
A divisão do Império Romano de 286 — o império romano só seria definitivamente dividido em 395 — levou a um gradual afastamento da concepção doutrinária entre as vertentes da Igreja Católica.
A partir desse momento, algumas práticas consideradas heréticas pela Igreja Ocidental começaram a coexistir no Império Bizantino.
Essas práticas, em parte, foram resultados do Império buscando manter a sua unidade, assimilando as características dos povos asiáticos, mais ligados à espiritualidade.
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2.1 Monofisismo
O monofisismo se trata de uma doutrina surgida na Escola Teológica de Alexandria no século V, que teve seu auge no reinado de Justiniano.
Através dela, considerava-se que Jesus Cristo tinha uma natureza unicamente divina, separando-a de sua parte humana.
Além disso, a doutrina era contra o dogma da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) — o que gerava muita, muita tensão e conflito.
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2.2 Iconoclastia
Na iconoclastia, os católicos orientais se opunham à adoração de imagens e pregavam a destruição de ídolos religiosos.
Obviamente, isso ia contra os fundamentos cristãos pregados pelo Papa em Roma, sendo outra grande discussão entre ocidente e oriente.
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2.3 Cesaropapismo
O cesaropapismo se trata da subordinação da Igreja a um chefe secular, que era uma prática recorrente na Igreja de Constantinopla. Isto é, o chefe da igreja era o imperador bizantino.
Nela, o Imperador era o eleito de Deus e tinha o poder para controlar os conflitos causados pelas heresias.
Essa prática surgiu no contexto de instabilidade pelas novas doutrinas, o que levou o Imperador a intervir na área administrativa da Igreja de Constantinopla.
Apesar disso, a crise de autoridade cristã aumentou e o ocidente se opôs ao cesaropapismo.
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3. O QUE FOI O CISMA DO ORIENTE?
A preparação para o Cisma se inicia em 1043, quando Miguel Cerulário se tornou o patriarca de Constantinopla. Cerulário iniciou uma campanha contra as igrejas latinas na cidade, ordenando o fechamento de todas em 1053.
Em 1054, o legado papal (representante do papa) viajou para Constantinopla, de forma a se opor ao título de Patriarca Ecumênico de Cerulário. O legado também queria que ele reconhecesse Roma como a mãe das igrejas.
Como imaginado, o patriarca não aceitou as demandas, o que levou o líder do legado, Cardeal Humberto, a excomunga-lo.
Consequentemente, Cerulário também excomungou Humberto e todos os legados, gerando uma profunda crise na igreja.
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4. UMA POSSÍVEL RECONCILIAÇÃO ENTRE IGREJAS
Diversos eventos, como o Massacre dos Latinos (1182), o Saque de Tessalônica (1185), o cerco de Constantinopla (1204), assim como a imposição dos patriarcas latinos, dificultaram ou mesmo distanciaram a reconciliação.
Apesar disso, houve tentativas nos Concílios de Lyon (1274) e de Florença (1439).
Por fim, a mútua excomunhão só foi retirada pelas duas igrejas em 1966 e o fim do Cisma do Oriente só começou a ser considerado em 2016.
Nesse momento, Papa Francisco e Patriarca Cirilo I promoveram o primeiro encontro de líderes em quase 1000 anos.

REFERÊNCIAS
BLOCH, Marc. A sociedade medieval. trad. Laurent de Saes. São Paulo: EDIPRO, 2016.
BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 3ª ed. reform. e atual. São Paulo: Moderna, 2007.
GOFF, Jacques Le; SCHIMIT, Jean-Claude. Dicionário analítico do Ocidente medieval. vol. 1, trad. Hilário Franco Júnior. São Paulo: Editora Unesp, 2017.
VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002.
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PALAVRAS-CHAVE SECUNDÁRIAS: cisma do oriente, igreja católica apostólica romana, igreja ortodoxa, iconoplastia, monofisismo, cesaropapismo, igreja católica, império bizantino, império romano.