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Batalhas Históricas

Hernan Cortez e a conquista do México

Hernan Cortez conseguiu a façanha de conquistar o império asteca (México) com um punhado de soldados, astúcia e doenças mortais.


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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 10 minutos
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Hernan Cortez conseguiu a façanha de conquistar o império asteca (México) com um punhado de soldados, astúcia e doenças mortais. Créditos: Emanuel Leutze / Coleção Museu Wadsworth Atheneum. Montagem: Eudes Bezerra.

sdasdsadasHernan Cortez conseguiu a façanha de conquistar o império asteca com um punhado de soldados e muita astúcia, anexando o território mexicano à Coroa espanhola e abrindo de vez as portas para outros conquistadores que dominariam a América.

Na época em que os espanhóis chegaram, esse território consistia numa confederação instável de uns cinquentas Estados menores, habitados por oito milhões de pessoas, cuja magnífica capital Tenochtitlán recebia os mercadores que vinham negociar tecidos finos, prata, ornamentos e madeira, além de objetos de obsidiana. (CUMMINS, 2012, p. 108)

Nota: Para fins didáticos, os termos mexicas (como se chamavam), astecas (como os espanhóis os chamavam) ou México (nome moderno e derivado dos mexicas) representarão o povo asteca.

Boa leitura!

TÓPICOS DA CONQUISTA DE HERNAN CORTEZ

1. Cristóvão Colombo e o estabelecimento no Caribe
2. Quem foi Hernan Cortez?
3. A expedição de Hernan Cortez
4. Fundação de Vila Rica de Vera Cruz
5. Hernan Cortez faz aliados poderosos: totonacas e tlaxcalas
6. Hernan Cortez e Montezuma II
7. Hernan Cortez e a conquista do México
⠀⠀7.1 Hernan Cortez conquista Tenochtitlán pela primeira vez
⠀⠀7.2 Rebelião asteca, morte de Montezuma II e expulsão dos espanhóis
⠀⠀7.3 Relatos dos sacrifícios astecas
⠀⠀7.4 Epidemia de Varíola em Tenochtitlán
⠀⠀7.5 Hernan Cortez conquista Tenochtitlán
8. Hernan Cortez, o conquistador do México
9. Impérios Asteca e Inca
Referências

1. CRISTÓVÃO COLOMBO E O ESTABELECIMENTO NO CARIBE

Em 12 de outubro de 1492, o navegador genovês sob a bandeira da Espanha, Cristóvão Colombo, desembarcou nas Bahamas, no Caribe, estabelecendo os primeiros contatos com os indígenas.

À época da primeira chegada de Hernan Cortez, em 1504, já havia posições estabelecidas e rumores de um grande império e muito ouro em alguma parte do recém-descoberto (para os europeus) continente americano.

2. QUEM FOI HERNAN CORTEZ?

Hernán Cortés de Monroy y Pizarro Altamirano, ou simplesmente Hernan Cortez ou Hernán Cortés, ficou gravado na história como o grande conquistador do México. Isto é, dos astecas (mexicas).

Nascido em 1485 em Medellín, na Espanha, Cortez pertencia à nobreza espanhola, mas suas condições eram humildes e não parecia muito apegado ao trato com canetas, fazendo-o abandonar a faculdade de direito.

Posteriormente se alistou na armada espanhola que a cada retorno da América à Europa enchia de novidades as mentes das pessoas (e os cofres da Coroa).

Hernan Cortez, como muitos de sua época ― era das Grandes Navegações ―, almeja reconhecimento e fortuna.

Sua primeira viagem à América teria ocorrido em 1504 na qual trabalhou como escrivão para o conquistador e governador perpétuo de Cuba, Diego Velázquez.

Hernan Cortez acabou por ascender socialmente, ganhando terras e escravos indígenas.

Contudo, seu ímpeto e vontade de aço alimentado pela cobiça o fizeram transgredir algumas regras, no qual sua expedição foi alertada sob ordem de prisão.

Antes de ser proibido e talvez preso, Cortez e seus soldados partiram em direção ao atual México, onde havia rumores de uma civilização rica ― eram os astecas.

Hernan Cortez faleceria aos 62 anos em 2 de dezembro de 1547 em Sevilha, na Espanha.

retrato de hernan cortez
O conquistador espanhol, Hernan Cortez, já bem mais velho do que quando conseguiu dominar os mexicas (astecas). Créditos: autoria desconhecida / Real Academia de Belas-Artes de São Fernando.

3. A EXPEDIÇÃO DE HERNAN CORTEZ

No começo de 1519, a expedição de Hernan Cortez partiu de Cuba, deixando Velázquez furioso, e chegou à Península de Yucatán.

Velázquez ficou furioso porque a expedição de Cortez era de mero reconhecimento e não invasão. Tanto Velázquez quanto Cortez almejavam conquistas.

Em sua expedição, Cortez teria contado com 11 navios, transportando cerca de 600 soldados, 16 cavalos, 14 canhões e 13 mosquetes, além de muito aço espanhol (de excelente qualidade).

A partir de abril ou maio do mesmo ano, navegando na costa do México, Cortez sondou o litoral para escolher bem onde desembarcar e fundar um assentamento.

retrato de Diego Velázquez
Uma expedição enviada por Diego Velázquez foi enviada para deter Cortez, mas facilmente dominada pelo gênio tático e impetuoso do conquistador transgressor, que ainda conseguiu converter muitos dos soldados que lhe prenderiam em soldados ao seu comando com a promessa de riqueza e renome. Créditos: Diego Velázquez autoria desconhecida / John Carter Brown Library.

4. FUNDAÇÃO DE VILA RICA DE VERA CRUZ

A 10 de julho de 1519 Hernan Cortez fundou Vila Rica de Vera Cruz, o que lhe daria suporte para as futuras empreitadas, assim como a desassociação de Cuba.

Quando Hernan Cortez fundou Vera Cruz, isso lhe trouxe legitimidade e independência perante Cuba, de modo que Cortez passou a se comunicar diretamente com a Coroa Espanhola.

Sem intermédio do governador de Cuba (Diego Velázquez), que à essa altura considerava Cortez um concorrente ou mesmo inimigo, pode prosseguir com os seus planos ambiciosos.

Nas cartas direcionadas à Espanha a partir de Vera Cruz, Cortez afirmava que levaria a fé cristão aos nativos e que proporcionaria riqueza, o qual, de bom grado, acabou por ser acatado pela Coroa espanhola.

Cortez, habilidoso escrivão, também tratou de escrever tudo que acontecia em suas expedições.

Essas anotações, contudo, carecem de veracidade em alguns pontos atualmente, mas à época, pleno século XVI, soavam bem aos ouvidos espanhóis.

Hernan Cortez fundando Vila Rica de Vera Cruz
Cortez e seus companheiros durante a construção da Vila Rica de Vera Cruz. Créditos: José Luis Pescador.

5. HERNAN CORTEZ FAZ ALIADOS PODEROSOS: TOTONACAS E TLAXCALAS

A partir de Vera Cruz, os caminhos de Cortez se chocaram com outros povos indígenas com o espanhol levando a melhor nas escaramuças e fazendo alianças importantes, como os totonacas e tlaxcalas.

Reforçado por inimigos mortais dos astecas, os tlaxcalas e outros povos detalharam o império que deixaria Cortez impressionado ― e que também seria o seu destruidor.

A partir de Vera Cruz, Hernan Cortez teve seu primeiro contato com emissários de Montezuma II, o imperador asteca.

6. HERNAN CORTEZ E MONTEZUMA II

Costuma-se tratar Montezuma como ingênuo ou mesmo um idiota na literatura tradicional, entretanto, o chefe mexica (asteca) sabia das intenções de Cortez e acreditava que pudesse fazê-lo ir embora.

Cortez, por sua vez, encontrava-se determinado a conquistar todo ouro que pudesse levar em seus barcos e nada ficaria no seu caminho, como mostra o desbravamento selva adentro realizado.

Tanto Cortez quanto Montezuma II travaram uma série de presentes, negociatas e batalhas em um jogo de gato e rato que até o momento pendia para os astecas.

Hernan Cortez desembarcando na América
Afinal, como um punhado de soldados estrangeiros conseguiria vencer milhões em seu próprio território? O conquistador Hernan Cortez sabia como… Créditos: Desembarque de Hernan Cortez, de Antonio María Esquivel / Museu das Américas, Madrid, Espanha.

7. HERNAN CORTEZ E A CONQUISTA DO MÉXICO

Os espanhóis eram em grande parte soldados calejados e experientes da Guerra de Reconquista e de tantas expedições marítimas.

Nas guerras travadas contra os mouros (muçulmanos que habitavam a Península Ibérica), os espanhóis haviam aprendido a pensar como o adversário e a vital busca por intérpretes.

Com uma intérprete conhecida dentre outros nome por La Malinche, ou Marina, que teria aprendido um pouco do espanhol e conhecia o dialeto asteca, Cortez conseguiu comunicação plena com os demais povos da região.

Com astúcia, Hernan Cortez que já sabia da dimensão demográfica do império que estava a caminho, conseguiu se aproveitar de inúmeras desavenças indígenas com os astecas, conseguindo aumentar em muito seu exército.

7.1 Hernan Cortez conquista Tenochtitlán pela primeira vez

Os soldados espanhóis chegaram à capital dos mexicas por volta de 8 de novembro de 1519, sendo recebidos por uma comissão que os levaria a uma audiência com o imperador asteca, Montezuma II.

Dentre os relatos da opulência da capital asteca, localizada no Lago Texcoco (atual Cidade do México), vale destacar:

Quando vimos todas aquelas cidades e aldeias construídas na água e outras grandes vilas em terra seca, e aquela passagem direta e nivelada, pelo meio da água que levava ao México, ficamos boquiabertos.

Aquelas grandes cidades e aqueles templos e edifícios que se erguiam da água, todos feitos de terra, pareciam uma visão encantada saído do Romance de Amadis.

Na verdade, alguns dos nossos soldados se perguntaram se aquilo não era um sonho. (CASTILLO, 1999, p. 238)

Cortez e Montezuma tiveram sua reunião, mas o espanhol capturou o imperador asteca, fazendo-o seu refém.

Sem liderança adequada e em grande discordância entre si (e os povos que haviam dominados), os astecas por um breve momento passaram para o domínio espanhol de modo rápido e assustador.

Hernan Cortez desejava a desunião do império ameríndio, o que fatalmente facilitaria seus objetivos.

localização da capital asteca tenochtitlán
Localização da capital asteca na qual se erguia os famosos templos religiosos dos mexicas. Sua posição dificultava um ataque anfíbio, mas estava cercada por povos oprimidos e que desejavam sua libertação. Créditos: Sémhur / Creative Commons.

7.2 Rebelião asteca, morte de Montezuma II e expulsão dos espanhóis

Logo após a conquista de Tenochtitlán, Cortez recebeu informações que a expedição enviada por Diego Velázquez se encontrava no seu encalço sob o comando de Pánfilo de Narváez.

Cortez deixa seu lugar-tenente, Pedro de Alvarado, um cristão fervoroso e leal a Cortez, no comando de Tenochtitlán e parte para interceptar a força de Narváez, a qual era muito superior em números, mas facilmente foi derrotada.

Enquanto Cortez cuidava de seus pretensos captores, estourou uma rebelião na capital asteca na qual Montezuma teria sido morto a pedradas por seu próprio povo quando tentava acalmar os ânimos.

Ocorre que Pedro de Alvarado, cristão fervoroso, havia intervindo em um ritual religioso asteca e massacrado centenas, senão milhares de ameríndios, o que desencadeou a rebelião que pôs os espanhóis em fuga.

O próprio Cortez, que já se encontrava na capital asteca, e seus principais capitães por pouco não foram eliminados ou capturados para serem oferecidos nos rituais astecas.

7.3 Relato dos sacrifícios astecas

Em comemoração à expulsão dos invasores, os astecas fizeram seus tradicionais sacrifícios humanos aos seus deuses.

Ouvia-se o sinistro bater dos tambores (…), de muitas outras conchas, cornetas de chifre e coisas como trombetas, e o som delas todas era aterrorizante, e nós todos olhávamos na direção da alta pirâmide… e vimos que nossos companheiros… estavam sendo carregados à força pelos degraus acima…

Nós os vimos colocar plumas na cabeça de muitos deles, e com coisas como leques as mãos eles os forçaram a dançar diante deles (…), e depois que haviam dançado, eles imediatamente os colocaram deitados de costas em pedras bem estreitas… e com algumas facas abriram seus peitos e tiraram seus corações palpitantes e os ofereceram a seus ídolos [os deuses].

Jogaram os corpos degraus abaixo, aos pontapés, e os carniceiros indígenas que esperavam embaixo cortaram seus braços e pernas, e arrancaram a pele dos rostos e a preparavam depois como couro de luvas, ainda com a barba… e a carne eles a comeram em chilmole. (DÍAZ, apud: WHITE, 2013, p. 201)

hernan cortez sacrifício asteca
Os astecas promoviam mega rituais religiosos aos seus deuses no qual, do alto dos seus templos, toda a cidade poderia tomar parte. Créditos: Pierre Joubert.

7.4 Epidemia de Varíola em Tenochtitlán

Durante boa parte de 1520, exaustos e precisando de descanso, os soldados espanhóis procuraram recuperar suas forças e construir uma série de novos engenhos para o cerco e assalto anfíbio definitivo à capital dos astecas.

Enquanto isso, uma epidemia de varíola varreu a cidade enfraquecendo o esforço de guerra nativo.

epidemia de varíola em tenochtitlán
Uma epidemia de varíola arruinou a resistência asteca em 1520, provavelmente provocada pela expedição de Pánfilo Narváez, facilitando a vitória da Espanha sobre o grande império asteca. Créditos: Bernardino de Sahagún.

7.5 Hernan Cortez conquista Tenochtitlán

Após a expulsão, Cortez e seus aliados ameríndios se reagrupam na capital dos tlaxcalas e iniciaram os planos para derrubar de vez o império asteca.

A capital asteca estava se reforçando contra o possível ataque espanhol, mas se encontrava debilitada pela epidemia de varíola (algo que já havia se tornado bem comum com as populações nativas que tinham contato direto com os europeus).

No fim de abril de 1521, Cortez e seus aliados iniciaram o cerco à cidade de Tenochtitlán, cortando seus recursos e utilizando barcos especialmente projetados e armados com canhões e flechas para o Lago Texcoco.

Tenochtitlán resistiu por pouco mais de 3 meses, mas caiu em 13 de agosto de 1521 com a rendição formal do último imperador asteca, Cuautémoc, que se entregou a Cortez pedindo paz.

Era o fim do Império Asteca.

Caso deseje se aprofundar na Batalha de Tenochtitlán, basta clicar aqui.

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Cerco a Tenochtitlán, de William Prescott.

8. HERNAN CORTEZ, O CONQUISTADOR DO MÉXICO

Hernan Cortez, ao conseguir destruir talvez o maior império da América e encher a Espanha de ouro e prata, acabou por se tornar uma figura lendária na Espanha por séculos.

Atualmente, seu nome permeia os termos herói e vilão.

Mas uma coisa ninguém duvida: Hernan Cortez era um astuto líder que conseguiu a façanha de conquistar um imenso território ao ponto de chegar perto dos 7 maiores conquistadores da história.

9. IMPÉRIOS ASTECA E INCA

O modus operandi utilizado por Cortez para conquistar os astecas seria utilizado novamente, sendo desta vez por outro conquistador para conquistar outro grande império, Francisco Pizarro e o Império Inca.

Apesar de muito se atribuir aos conquistadores espanhóis tal façanha nas conquistas militares, muito dos êxitos espanhóis (e europeus de forma geral) foram grandemente facilitados pelas epidemias, como as de sarampo e varíola.

Estima-se que em 1518 existiam 8 milhões de habitantes na Mesoamérica então controlada pelos astecas.

Esse número reduziu drasticamente para aproximadamente 2,6 milhões em 1560


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REFERÊNCIA(S):

CASTILLO, B. D. D. História verdadeira de la conquista de la Nueva España. Madri: Castalia, 1999.
CORTEZ, Hernan. A Conquista do México. trad. Jurandir Soares dos Santos. Porto Alegre: L&PM, 2011.
CUMMINS, Joseph. As Maiores Guerras da História. trad. Vania Cury. Rio de Janeiro: Ediouro, 2012.
MCLYNN, Frank. Heróis e Vilões. trad. Adriana Marcolini e Constantino Kouzmin-Korovaeff. São Paulo: Larousse do Brasil, 2008.
WEIR, William. 50 Líderes Militares que Mudaram a História da Humanidade. trad. Roger Maioli dos Santos. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2009.

WHITE, Matthew. O grande livro das coisas horríveis: a crônica definitiva das cem piores atrocidades da história. trad. Sergio Moraes Rego. Rio de Janeiro: Rocco, 2013.
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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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