Guerras

Resumo da Segunda Cruzada (1147-1149)

A Segunda Cruzada foi uma resposta à conquista de Edessa pelos muçulmanos em 1144 e foi marcada pela presença de reis da Europa Ocidental.


Segunda Cruzada São Bernardo de Claraval estimulando a Segunda Cruzada
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Autor: Eudes Bezerra
6 minutos
Segunda Cruzada São Bernardo de Claraval estimulando a Segunda Cruzada
A Segunda Cruzada (1147–1449) foi uma resposta à conquista de Edessa pelos muçulmanos em 1144 e foi marcada pela presença de reis da Europa Ocidental. Créditos: Émile Signol / Montagem: Eudes Bezerra.

A Segunda Cruzada foi uma campanha militar organizada pelo Santo Padre (papa) e pelos nobres europeus entre 1147 e 1149. A Segunda Cruzada, dessa forma, foi uma resposta à conquista de Edessa pelos muçulmanos em 1144 e foi marcada pela presença de reis da Europa Ocidental.

Contudo, ela não foi um sucesso estrondoso como a Primeira Cruzada. Continue a leitura e entenda o porquê!

Saiba de TUDO. Matérias sobre as cruzadas que ajudam a entender o panorama geral das principais Cruzadas:

1 – O Concílio de Clermont e a Primeira Cruzada
2 – Causas e Contexto da Primeira Cruzada
3 – A Primeira Cruzada (1096-1099)

Boa leitura!

TÓPICOS SOBRE A SEGUNDA CRUZADA (RESUMO)

1. Introdução: qual é o contexto histórico da Segunda Cruzada?
2. O que levou à Segunda Cruzada?
3. Como foi o começo da Segunda Cruzada?
4. Os cruzados também tinham desconfianças dele por três motivos:
5. Os desastres da Segunda Cruzada
6. Os sucessos da Segunda Cruzada: a Reconquista Ibérica
7. Quais foram as consequências da Segunda Cruzada?
Referências

1. INTRODUÇÃO: QUAL É O CONTEXTO HISTÓRICO DA SEGUNDA CRUZADA?

A Primeira Cruzada teve fim em 1099, resultando na criação de quatro Estados cruzados na região da atual Palestina: o Condado de Edessa, o Principado de Antioquia, o Condado de Trípoli e o Reino de Jerusalém.

Porém, ainda houve mais uma expedição militar motivada pela Igreja Católica, que ficou conhecida como a Cruzada de 1101. Esta não obteve nenhum sucesso e mostrou aos povos islâmicos que os cruzados poderiam ser derrotados.

Além disso, dos quatro estados cruzados, Edessa era o mais distante, sem região costeira no mar Mediterrâneo, mais fraco e menos populoso — características que o tornavam extremamente vulnerável.

Somado a isso, Joscelino II, de Edessa, entrou em conflito com Raimundo II de Trípoli e Raimundo da Antioquia. Nesse cenário, Edessa estava sem aliados.

A Segunda Cruzada tentou repetir os feitos da primeira mas fracassou
A Primeira Cruzada obteve êxitos que a Segunda não conseguiria nem, de longe emplacar, ocasionando a Terceira Cruzada, a chamada Cruzada dos Reis. Créditos: A Tomada de Jerusalém, de Émile Signol / Palácio de Versalhes, França / Montagem: Eudes Bezerra.

2. O QUE LEVOU À SEGUNDA CRUZADA?

Em 1128, o seljúcida Zengui de Mossul assumiu o governo de Alepo, uma cidade importante para o domínio da Síria. No final de 1144, Joscelino II, decidiu atacar Alepo. Porém, Zengui cercou Edessa e a tomou em cerca de um mês depois, no dia 24 de dezembro.

Joscelino II ainda tentaria retomar o seu condado, aproveitando que Zengui fora morto em 1146. Contudo, o filho de Zengui, Noradine, o derrotou.

Voltando para 1144, os cristãos de Edessa fizeram um apelo a Igreja Católica e aos nobres da Europa Ocidental para defender a região. O papa Eugênio III atendeu ao pedido e realizou a convocação para a Segunda Cruzada em 1º de dezembro de 1145.

São Bernardo de Claraval estimulando a Segunda Cruzada em Vézelay
O Então abade Bernardo de Claraval estimulando a Segunda Cruzada em Vézelay. Créditos: Émile Signol.

3. COMO FOI O COMEÇO DA SEGUNDA CRUZADA?

Um fato que diferencia a Segunda Cruzada da Primeira é que ela foi comandada por dois monarcas europeus: Luís VII da França e Conrado III da Germânia. Seus exércitos marcharam da Europa para a Constantinopla no verão de 1147.

As tropas francesas e germânicas encontraram os italianos, norte-europeus e cruzados franceses no Levante (região da Palestina e adjacências). Acontece que essas tropas viajaram pelo mar, ao invés de marcharem pela terra.

O problema da Cruzada começa no Império Bizantino, antes do encontro no Levante. Apesar de Manuel I Comneno, o imperador Bizantino na época, ser simpático ao ocidente, ele tinha desconfianças acerca dos cruzados.

Ocorre que na Primeira Cruzada houve desordem, perseguições religiosas e pilhagens na passagem dos Cruzados por Constantinopla, principalmente através da conhecida Cruzada dos Mendigos.

Pedro Eremita e a Cruzada dos Mendigos
Pedro, o Eremita, pregando a Cruzada Popular. Ilustração: James Archer.

4. OS CRUZADOS TINHAM DESCONFIANÇAS DO IMPÉRIO BIZANTINO POR TRÊS MOTIVOS:

1 – O Império Bizantino havia atacado a Antioquia, sob o controle dos cavaleiros das cruzadas;

2 – Ainda havia os atritos entre as igrejas decorrentes do Grande Cisma; e

3 – Manuel assinou uma trégua com os turcos, pois no curto prazo, os homens de origem duvidosa entre os cruzados eram uma ameaça maior.

Mesmo assim, Manuel estava ao lado dos cavaleiros das cruzadas e os avisou para ficarem na segurança do litoral. Entretanto, os cruzados não ficaram e assim começaram os desastres…

5. OS DESASTRES DA SEGUNDA CRUZADA

Conrado III e seu exército germânico foram os primeiros a sofrer derrotas, sendo atacados por turcos seljúcidas em Dorileia, no ano de 1147. Ferido, Conrado foi levado para Constantinopla.

Luís VII conseguiu derrotar os seljúcidas no mesmo ano, mas a sua vitória foi curta: em 1148, as forças francesas foram derrotadas numa batalha pelas Montanhas Cadmus.

Porém, a pior derrota viria no Sítio de Damasco. Luís, já na Antioquia, decidiu ir para Damasco em 1148, junto com os sobreviventes germânicos, e ali começar um cerco. Ele durou apenas 4 dias, com pesadas baixas de ambos os lados, mas nenhum avanço real.

Dessa forma, os líderes cruzados preferiram se retirar e combater em outro dia, o que não ocorreu. Conrado voltou para a Europa em setembro e Luís fez o mesmo 6 meses depois.

6. OS SUCESSOS DA SEGUNDA CRUZADA: A RECONQUISTA IBÉRICA

Não houve apenas derrotas na Segunda Cruzada, pois nesse momento ocorreu o final da Reconquista Ibérica.

A chamada Reconquista vinha ocorrendo desde 718 (ou 722) e o começo do seu fim foi com o envio de 160-200 navios genoveses para Lisboa.

Os navios tinham a intenção de dar assistência ao Rei Alfonso Henrique de Portugal na retomada da cidade dos muçulmanos.

A ação foi um sucesso e a Reconquista continuou, tendo seu fim pela conquista do Emirado de Granada em 1492, o que mostra que essa “cruzada” foi, na verdade, uma longa e custosa guerra contra os mouros (muçulmanos da Península Ibérica).

A reconquista de de Granada em 1492
A rendição do Emirado de Granada em 1492, de Francisco Pradilla.

7. QUAIS FORAM AS CONSEQUÊNCIAS DA SEGUNDA CRUZADA?

Noradine continuou tendo sucesso na consolidação do seu império, tomando a Antioquia em 1149 e decapitando o seu governante, Raymond.

Em 1154, ele tomou Damasco e uniu a Síria muçulmana. Manuel ainda conseguiu retaliar com sucesso entre 1158 e 1176.

Porém, a Segunda Cruzada foi um sinal claro da permanente ameaça dos povos islâmicos.

Essa ameaça constante seria consolidada por Saladino, cuja vitória na Batalha de Hattin em 1187 seria o estopim para a Terceira Cruzada.

O episódio mais marcante sobre a Batalha de Hattin teria sido o sacrifício dos cavaleiros templários e hospitalários que, diante da oportunidade de se salvarem renunciando a fé cristã, preferiram a morte.

sacrifícios dos cavaleiros templários e hospitalários em Hattin
A obra “Saladino e Guy de Lusignan após a Batalha de Hattin, em 1187″, de Said Tahsine. Saladino logo depois teria ordenado a libertação de Guy de Lusignan (monarca regente de Jerusalém) e feito a famosa – e ofensiva – proposta aos soldados da Cruz que originou o famoso sacrifício de vida das ordens religiosas.

REFERÊNCIAS

BATISTA, Rodrigo. Segunda Cruzada. Acesso em: 12 abr. 2022.

CUMMINS, Joseph. As Maiores Guerras da História. trad. Vania Cury. Rio de Janeiro: Ediouro, 2012.

FERNANDES, Fátima Regina. Cruzadas na Idade Média. In. MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2011.

JESTICE, Phyllis G. História das Guerras e Batalhas Medievais. O Desenvolvimento de Técnicas, Armas, Exército e Invenções de Guerra na Idade Média. trad. Milton Mira de Assumpção Filho. São Paulo: M. Books, 2012.

WATERSON, James. Espadas Sacras: Jihad na Terra Santa, 1097-1291. trad. Giancarlos Soares Ferreira. São Paulo: Madras, 2012.

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PALAVRAS-CHAVE SECUNDÁRIAS: primeira cruzada, império bizantino, reconquista ibérica, Europa ocidental, povos islâmicos, cavaleiros das cruzadas, igreja católica.

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Eudes Bezerra

37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja.

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