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Guerras

Guerra de trincheiras: conceitos, exemplos e fotos

Guerra de Trincheiras: conceitos, exemplos, defesa em profundidade e guerra de mobilidade (blitzkrieg).


guerra de trincheiras
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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 5 minutos
guerra de trincheiras
Guerra de Trincheiras: conceitos, exemplos, defesa em profundidade e guerra de mobilidade (blitzkrieg). Créditos: autoria desconhecida / Fotomontagem: Eudes Bezerra.

A guerra de trincheiras ocorre quando dois ou mais adversários, por não terem força de ataque suficiente, acabam por criar sistemas defensivos para se defender e lançar ataques contra as defesas adversárias, sendo o maior exemplo a Primeira Guerra Mundial.

TÓPICOS SOBRE A GUERRA DE TRINCHEIRAS

1. O que foi a guerra de trincheiras
2. A guerra de trincheiras na Primeira Guerra Mundial
3. Defesa em profundidade e trincheiras de comunicação
4. Guerras de trincheiras e Guerras de mobilidade
Referências

soldado britânico atolado em uma trincheira alagada
Soldado britânico atolado em uma trincheira alagada. Nas trincheiras, era imprescindível manter os pés secos para evitar o “pé de trincheira”, que teria matado, só na parte britânica, cerca de 75.000 soldados. Créditos: autoria desconhecida.

1. O QUE FOI A GUERRA DE TRINCHEIRAS

Na prática, o conceito de guerra de trincheiras recai sobre duas fortificações adversárias (sistema de trincheiras) que não conseguem se sobrepujar.

Isto é, não se teve ou se perdeu a preciosa iniciativa de combate.

Desta forma, é recorrente a criação de um sistema de defesa (trincheira) para manter a posição e repelir qualquer ofensiva adversária, sempre visando proteger determinado território.

Geralmente, a tradicional guerra de trincheiras decorre de duas ocasiões:

  1. Decorre quando a única opção é se entrincheirar por não ter os meios de atacar e vencer as posições adversárias. Entrincheirar-se para se defender é uma das melhores coisas a serem feitas nesse momento; e
  1. Quando há um equilíbrio de forças ou comando ineficiente, que resultam em um impasse. Este impasse, embora não optativo, é forçado por conta de fatores que impossibilitam o avanço.
Trincheiras durante a Batalha de Sebastopol na Guerra da Crimeia
As trincheiras são quase tão antigas quanto à própria guerra, mas começaram a ganhar particulares rapidamente com o desenvolvimento das armas no século XIX. Créditos: Franz Roubaud – Cerco de Sebastopol, Guerra da Crimeia (1853–1856).

2. A GUERRA DE TRINCHEIRAS NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Durante a Grande Guerra (1914–1918), a temida guerra de trincheiras ganhou ampla notoriedade pelo atrito causado, sendo um dos fatos mais marcantes do conflito.

De um lado, os alemães que haviam perdido a iniciativa na Frente Oriental, mas repousavam em posições estrangeiras e de lá não pretendiam retroceder.

Do outro lado, ingleses e franceses que conseguiram conter o ataque alemão, que se baseava no Plano Schlieffen (com diversas modificações).

Em ambos os casos, o atrito gerado resultou em um tremendo desgaste em recursos materiais e humanos, gerando até levantes internos nos países envolvidos.

As novas armas eram extremamente letais, mesmo quando diante de uma poderosa ofensiva composta por milhares de adversários.

Ou seja, as táticas militares não evoluíram junto com o refinamento bélico — muito do calculado no campo de batalha remontava as táticas do século XIX.

Nesse cenário de guerra de trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial, duas batalhas merecem destaque: a de Batalha de Verdun e a Batalha do Somme.

metralhadora lewis usada na guerra de trincheiras da primeira guerra mundial
Durante a Primeira Guerra Mundial, o avanço tecnológico das armas não encontrou sua equivalência entre os comandantes militares, que acreditavam erroneamente que seria uma guerra curta. Créditos: Harris & Ewing / Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.
Foto aérea do sistema de trincheiras da primeira guerra mundial
Círculos são buracos causados por explosões e os traços não retos trincheiras. Os traços retos, possivelmente, rodovias ou pistas de barro. Créditos: autoria desconhecida / Newsteam.
marcas da guerra de trincheira mais de 100 anos depois
Mesmo após 100 anos passados, ainda é possível ter uma ideia das trincheiras da Primeira Guerra Mundial, como nesta incrível fotografia. Créditos: Michael St. Maur Sheil.

3. DEFESA EM PROFUNDIDADE E TRINCHEIRAS DE COMUNICAÇÃO

Cada vez mais elaborada, as trincheiras foram aperfeiçoadas de meras “valas” para verdadeiras fortificações defendidas com inúmeras armas extremamente letais, como a metralhadora, a mina e a artilharia.

Os alemães aperfeiçoaram a partir de 1916 a chamada defesa em profundidade para um entrincheiramento mais eficiente.

O uso da defesa em profundidade é antigo, mas ganhou novas linhas com o sistema defensivo alemão, que basicamente consistia em um incrível sistema defensivo sucessivo.

A defesa alemã poderia facilmente se estender por 10 km de profundidade, oferecendo um tremendo desgaste aos franceses e ingleses que tentavam avançar.

Era tão intricado e complexo que enormes trincheiras de comunicação eram necessárias, nas quais muitas vezes a comunicação mais rápida era feita por cães mensageiros e pombos-correios.

cão mensageiro durante a primeira guerra mundial
Um pastor alemão utilizado durante as operações da Grande Guerra. Repare que até munição e mantimentos poderiam ser levados com facilidade. Créditos: autoria desconhecida.

4. GUERRAS DE TRINCHEIRAS E GUERRAS DE MOBILIDADE

Ao passo que as guerras de trincheiras se caracterizam pela estabilidade, um caráter estático com poucos movimentos e ganhos reais irrisórios ou nulos, a guerra de mobilidade é justamente o oposto.

A guerra de mobilidade, como o próprio nome diz, refere-se ao conflito marcado por rápidos avanços sobre o terreno adversário.

Possivelmente, o mais famoso exemplo desse tipo de guerra foi a blitzkrieg — a guerra relâmpago —, uma tática revolucionária empregada pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial (1939–1945).

Tamanho foi o êxito alemão que as bases da blitzkrieg foram copiadas por todos os exércitos do mundo, sendo paulatinamente atualizadas de acordo com o desenvolvimento de novas tecnologias.

O pai da Blitzkrieg, o alemão Heinz Guderian, acreditava na soma e comunicação das mais variadas armas e dos suportes para uma guerra rápida e implacável.

A sua criação, a blitzkrieg, ocasionou a provavelmente mais vexatórias derrota anglo-francesa da História por ocasião da Batalha da França (1940), na qual ocorreu a Evacuação de Dunquerque.

Tamanho foi o sucesso que surpreendeu até o Estado-Maior da Alemanha, que por vezes não sabia a localização exata de determinadas unidades, como a Divisão Fantasma — comandada pelo exímio Erwin Rommel.

Heinz Guderian - o pai da Blitzkrieg e da guerra móvel
Mesmo treinando inicialmente com TANQUES DE PAPELÃO devido às proibições do Tratado de Versalhes, Guderian percebeu que a velocidade coordenada entre as unidades formavam o ponto chave de uma rápida e estonteante vitória. Créditos: Ludwig Knobloch/ Arquivo Federal Alemão.

REFERÊNCIAS

CUMMINS, Joseph. As Maiores Guerras da História. trad. Vania Cury. Rio de Janeiro: Ediouro, 2012.

GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do Tempo. trad. Roger dos Santos. São Paulo: M. Books, 2005.

LIDDELL HART, Basil Henry. As Grandes Guerras da História. 3.ed. trad. Aydano Arruda. rev. e anot. tec. Gen. Reynaldo Mello de Almeida. São Paulo: IBRASA, 1982.

MAGNOLI, Demétrio; BARBOSA, Elaine Senise. Liberdade versus igualdade: O mundo em desordem (1914-1945). Rio de Janeiro: Record, 2011.

WILLMOTT, H. P.. Primeira Guerra Mundial. trad. Cecília Bartalotti, Myriam Campello, Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

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PALAVRAS-CHAVE SECUNDÁRIAS: guerras, dicionário militar, sistemas defensivos, trincheiras, guerras de atrito, guerra de mobilidade, blitzkrieg, primeira guerra mundial, segunda guerra mundial.

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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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