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Idade Contemporânea

Centralização e Unificação na Formação dos Estados Nacionais

A centralização e unificação na formação dos Estados Nacionais compõem os pré-requisitos básicos que por vezes são ignorados.


A centralização e unificação na formação dos Estados Nacionais
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Escrito por Eudes Bezerra
Leitura: 6 minutos
A centralização e unificação na formação dos Estados Nacionais
A centralização e unificação na formação dos Estados Nacionais compõem os pré-requisitos básicos que por vezes são ignorados. Créditos: A Tomada de Granada em 1492, de Francisco Pradilla / Fotomontagem: Eudes Bezerra.

A centralização e unificação na formação dos Estados Nacionais compõem os pré-requisitos básicos que por vezes são pouco observados com a devida atenção.

Contudo, sobre esses dois alicerces as monarquias obtiveram o grande poder político, caminhando cada vez mais pela trilha do que viria a ser chamado de Absolutismo.

Nota: Artigo introdutório, didático e focado nessas duas características dos Estados Nacionais Modernos.

Abaixo, links pertinentes para a compreensão do tema por inteiro.

  1. Formação dos Estados Modernos (resumo)
  2. Características dos Estados Modernos
  3. Formação dos Estados nacionais: Inglaterra, França, Espanha e Portugal

Boa leitura!

TÓPICOS SOBRE A CENTRALIZAÇÃO E UNIFICAÇÃO NA FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS

1. Introdução à centralização e unificação na formação dos Estados Nacionais
2. Formação dos Estados Nacionais: a Centralização
3. Formação dos Estados Nacionais: a Unificação
Referências

1. INTRODUÇÃO À CENTRALIZAÇÃO E UNIFICAÇÃO NA FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS

Introdutoriamente, a centralização e unificação na formação dos Estados Nacionais são características fundamentais e basilares.

Fundamentais para qualquer pessoa que deseja entender minimamente a criação do Estado Moderno e as suas características essenciais.

Isso ocorre por conta da ampla divisão de poder (descentralização) realizada durante o período medieval entre os inúmeros senhores feudais.

Os senhores feudais poderiam eram tanto suseranos quanto vassalos, que criavam as suas próprias regras e tendiam a entrar em conflito com frequência excessiva a ponto de fragilizar a região.

Por isso, a necessidade de centralizar o poder nas mãos do rei que, embora já existisse à época, tinha, na prática, o seu poder limitado pelos maiores senhores feudais.

E mais: o próprio rei era um senhor feudal com o status de monarca.

Consequentemente à centralização, surgiu a necessidade de unificação dos feudos em uma só bandeira.

Isso acabou por corresponder à formação dos Estados nacionais ao unir centenas ou mesmo milhares de feudos de determinado território.

Dessa forma, se criou inúmeras regras uniformes e muito mais simples de se entender, acabando com tantas divisões existentes.

a centralização e a unificação dos estados nacionais possibilitou empreendimentos que o velho sistema feudal não conseguiria fazer
Ao centralizar o poder na figura do monarca diante de um Estado nacional unificado, acabou por ser possível empreender façanhas antes praticamente impossíveis de se financiar pelos antigos senhores feudais, como as Grandes Navegações nas quais os portugueses estiveram na dianteira da Europa. Créditos: autoria desconhecida.

2. FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS: A CENTRALIZAÇÃO

Começando com um exemplo: a ampla fragmentação (descentralização) do poder político francês (exemplo válido para tantos outros países em formação).

 Com centenas ou milhares de senhores franceses feudais disputando autoridade e criando suas próprias regras e alianças, deu-se origem a fragilidades, como a própria dificuldade de auto-organização.

Nenhum senhor feudal conseguia se sobrepor a outro sem o apoio de outros senhores, sejam vassalos sejam suseranos, da mesma forma que o rei tinha o seu poder diminuído…

Ainda havia o elemento: traição. Não se deixe levar pelos filmes de Hollywood que abordam o Medieval de forma romântica e esplendidamente romântica. Em grande parte, trata-se de “mentira” para vender.

Nesse cenário, todos governando, ainda que limitadamente, não conseguiam conter determinadas revoltas camponesas ou solucionar o fim de doenças e períodos de grande fome.

Da mesma forma, as tantas facções francesas não conseguiram dar conta dos ingleses por ocasião do início da Guerra dos Cem Anos.

a guerra dos cem anos como fator decisivo na centralização e unificação da frança
Durante a Guerra dos Cem anos, inúmeras gerações de representantes da nobreza francesa foram facilmente abatidas por simples soldados e arqueiros ingleses. Créditos: autoria desconhecida.

Guerra esta que acabaria por finalmente unir os franceses, mas só nos últimos estágios do conflito.

E uma curiosidade: não foram todos os senhores feudais franceses que lutaram contra os ingleses. Muitos franceses não lutaram ou mesmo possuíam acordos com a Inglaterra.

Afinal, falando popularmente:o feudo é meu e dele faço o que eu quiser, inclusive, nada. Mas a gente pode entrar num acordo, rei da Inglaterra”.

No entanto, a guerra acabou por favorecer a centralização e o consequente retorno do grande poder político à figura do monarca, o rei.

Ocorre que os suseranos e seus vassalos não mais conseguiam conter as fortes crises do campesinato, sendo os próprios vassalos, no fim da hierarquia social, os camponeses. Tornou-se insustentável.

Também houve a necessidade de centralizar o poder na mão de uma só pessoa, para evitar ou mesmo reduzir as disputas internas. 

Ada mesma forma, acabar com centenas, senão milhares, de divergências comerciais (taxas) de feudo para feudo francês, o que engessava o comércio já quase inexistente e ainda arrasado por tantos conflitos e doenças.

Essa centralização no rei ocorreu concretamente com formação de um exército regular financiado pela burguesia em ascensão social — que não fazia parte da nobreza nem do clero — e ansiava por melhores condições para seus empreendimentos.

O rei, por sua vez, desejava novamente o poder central sem depender tanto da nobreza ou mesmo da Igreja, conseguindo com isso, também, a unificação nacional como veremos agora.

exércitos financiados pela burguesia favoreceram a unificação e a centralização do rei
A burguesia enxergava na monarquia uma chance de criar melhores condições comerciais, por isso se aliou e investiu pesadamente em projetos como a construção de um exército que nenhum senhor feudal era capaz de se contrapor. Créditos: autoria desconhecida. 

3. FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS: A UNIFICAÇÃO

A unificação veio a galope com a centralização do poder nas mãos do monarca e o Renascimento em países como Portugal, Espanha, Inglaterra e França.

Aparentemente distante, o Renascimento, respeitando as individualidades de cada caso, ajudou a florescer os questionamentos acerca do mundo, como, por exemplo, no caso português.

O Renascimento Português veio sob a forma das Grandes Navegações, que superaram o misticismo da terra plana e dos monstros marinhos, para a criação e o aprimoramento de instrumentos náuticos.

Esses instrumentos só foram possíveis devido aos fortes ventos levados pela Crise do Século XIV e do Renascimento (como o próprio nome em si já diz).

Eventos que marcaram a perda de poder da Igreja Católica (chamada apenas de Igreja à época), assim como o aprofundamento dos mais diversos conhecimentos.

A Igreja controlava todos os aspectos da vida e blindava o conhecimento de modo a cesurar a sociedade tão fragmentada e fechada em seus inúmeros feudos.

Com a unificação e o aumento do poder dos monarcas, as forças sociais foram se reequilibrando com o tempo, o que inclui os burgueses financiadores.

Antes da centralização e da unificação, determinados empreendimentos eram proibitivos pelas inúmeras dificuldades já mostradas aqui.

Agora, entretanto, eram possíveis, incentivados e patrocinados (pela Coroa e pelas companhias de comércio dos burgueses).

porto francês mercantilista
A burguesia desempenharia um papel fundamental no Mercantilismo, no qual possibilitou a expansão comercial por todo o planeta, favorecendo o futuro sistema capitalista. Créditos: Claude Lorrain.

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Só pedimos que cite o site, bastando fazer do seu jeito ou no modelo abaixo:

Exemplo: Fonte: Incrível História: https://incrivelhistoria.com.br/

Obrigado!


REFERÊNCIAS

BEZERRA, Eudes. Guerra dos Cem Anos, a mais longa guerra da história. Acesso em: 20 jul., 2022.
BEZERRA, Eudes. Burguesia: Origem e características (resumo). Acesso em: 20 jul., 2022.
BEZERRA, Eudes. Formação dos Estados Modernos (resumo). Acesso em: 20 jul., 2022.
BEZERRA, Eudes. Grandes Navegações, a Era dos Descobrimentos. Acesso em: 20 jul., 2022.
BEZERRA, Eudes. O que é Feudalismo? Características do sistema feudal. Acesso em: 20 jul., 2022.
BEZERRA, Eudes. O Concílio de Clermont e a Primeira Cruzada. Acesso em: 20 jul., 2022.
SILVA, Marcelo Cândido da. História Medieval. 1. ed., 2ª reimpressão. Coleção História na universidade. São Paulo: Contexto, 2010.
MACELI, Paulo. História Moderna. 1. ed. 4º reimpressão. Coleção História na universidade. São Paulo: Contexto, 2020.
WOOLF, Alex. Uma nova história do mundo. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2014.

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PALAVRAS-CHAVE SECUNDÁRIAS: formação dos estados nacionais, formação dos estados modernos, centralização e unificação dos estados nacionais, centralização nacional, unificação nacional, fim dos feudos.

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Eudes Bezerra

35 anos, pernambucano arretado, bacharel em Direito e graduando em História. Diligencia pesquisas especialmente sobre História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e principalmente executar o que planeja. Na Internet, atua de despachante a patrão, enfatizando a criação de conteúdo.

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