Idade Antiga

Roma: Império Romano (Resumo)

O Império Romano (27 a.C. – 476 d.C.) representou o período de maior esplendor da Roma Antiga e é reconhecida por seu legado ao Ocidente. Resumo.


Império Romano e seus legionários
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Autor: Eudes Bezerra
15 minutos
Império Romano e seus legionários
O Império Romano (27 a.C. – 476 d.C.) representou o período de maior esplendor da Roma Antiga e é reconhecida por seu legado ao Ocidente. Resumo. Créditos: autoria desconhecida.

O Império Romano desponta como o mais procurado período da Roma Antiga, ainda que a República Romana tenha sido muito mais complexa. Filmes e séries elevam Roma ao máximo e mostram o quão influente a civilização romana foi na formação do mundo ocidental.

Com Otaviano, que governou como Augusto (27 a.C.-14 d.C), Roma gozou de uma época de paz e estabilidade. Ele criou o sistema de governo conhecido como principado, que mantinha muitas das instituições da República, como o Senado, mas confiava ao imperador o poder político supremo.

Com o tempo, os imperadores ficaram cada vez mais autocráticos e o Senado se reduziu a um corpo consultivo.
Depois de morto, Augusto passou a ser adorado como um Deus, e essa tradição se manteve para todos os imperadores bem-sucedidos que o sucederam.

Com tanto poder concentrado nas mãos de um homem só, o estado do império dependia, inevitavelmente, da qualidade do imperador. (WOOLF, 2014, p. 72)

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SUMÁRIO DO IMPÉRIO ROMANO

1. Império Romano – Resumo
2. Decadência da República Romana e nascimento do Império Romano
3. Pax Romana (Paz Romana): séculos I e II da Era Cristã
4. Principado x Dominato
5. Divisão do Império Romano
⠀⠀5.1 Tetrarquia de Diocleciano
⠀⠀5.2 Conquistas de Constantino, o Grande
⠀⠀5.3 Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente
6. Sociedade no império romano
7. Economia no império romano
8. Religião no império romano: Paganismo e Cristianização do império
⠀⠀8.1 Por que os romanos perseguiram os cristãos?
⠀⠀8.2 Édito de Milão: fim do paganismo
⠀⠀8.3 Édito de Tessalônica
9. Cultura no império romano
10. Queda do Império Romano
⠀⠀10.1 Fatores Internos da queda de Roma
⠀⠀10.2 Fatores Externos da queda de Roma
⠀⠀10.3 Marco da queda do Império Romano do Ocidente
11. Legado do Império Romano
Referências

1. IMPÉRIO ROMANO – RESUMO

O Império Romano (27 a.C. – 476 d.C.) é o período de maior esplendor da Roma Antiga e é reconhecida por seu legado ao Ocidente.

A partir da investidura de Otávio como imperador do agora Império Romano, inauguram-se os períodos conhecidos como o principado e a Pax Romana, na qual Roma desfrutaria de boa paz, crescimento econômico e militar nos séculos I e II da era cristã.

Nos séculos III e IV, entretanto, o império se encontrava em crise financeira e algumas tentativas administrativas ocorreram, como a tentativa de controlar a forte inflação e a própria divisão do império, que por sua magnitude e poder centralizado, não se mostrava mais eficiente.

Houve a tentativa de tetrarquia, que trouxe mais problemas e guerras civis, mas no final a divisão do império romano acabou formalizada em Império Romano do Ocidente (com sede inicial em Roma) e Império Romano do Oriente (com sede em Constantinopla).

O século V, o último do Império Romano do Ocidente ficou marcado pelas chamadas Migrações ou Invasões Bárbaras, sobretudo as germânicas e huna, que já vinham ocorrendo desde o século III e acabariam por decretar oficialmente o fim da Roma Antiga como se conhecia.

O Império Romano do Oriente, que ficou conhecido também como Império Bizantino, duraria quase mil anos a mais até ser sobrepujado pelos turcos otomanos na Batalha de Constantinopla em 1453.

Odoacro depondo Rômulo Augusto do Império Romano
Rômulo Augusto sendo deposto por Odoacro, rei germânico dos hérulos. As insígnias imperiais de Rômulo foram enviadas ao Império Romano do Oriente, que, sem ter como mudar o fato, aceitou a queda de Roma. Créditos: autoria desconhecida.

2. DECADÊNCIA DA REPÚBLICA ROMANA E NASCIMENTO DO IMPÉRIO ROMANO

Já durante a fase republicana de Roma, o seu vasto território era impressionante — crescimento maior que o da fase imperial — e isso trouxe muito mais do que riquezas e poder à Roma, trouxe corrupção, necessidade de reformas, revoltas, conflitos e até guerras civis.

A vastidão dos domínios revelava os mais diversos tipos de adversários vencidos ou reduzidos à “aliados” de Roma. Generais romanos disputavam entre si na política e por vezes nos campos de batalha, colocando romanos contra romanos.

Em suma, no fim do século II a.C. os problemas da república começaram a se intensificar e no século seguinte a república chegou ao fim, mais precisamente em 27 a.C., com a chegada ao poder imperial de Otaviano (ou Otávio), sobrinho-neto e filho adotivo de Júlio César (assassinado em 44 a.C.).

Otávio havia vencido a guerra contra Marco Antônio, antigo braço direito de Júlio César, e a rainha do místico Egito, Cleópatra, fato consumado na Batalha Naval do Áccio em 31 a.C..

Batalha do Áccio império romano
A Batalha do Áccio, 2 de setembro de 31 a.C.. Créditos: Lorenzo A. Castro. Obra constante no Museu Marítimo Nacional, Londres, Inglaterra.

3. PAX ROMANA (PAZ ROMANA): SÉCULOS I E II DA ERA CRISTÃ

Uma série de reformas autoritárias solidificaram o alicerce do império, o que permitiu um logo período de paz conhecido como Pax Romana, na qual por aproximadamente 200 anos Roma teria uma relativa paz e um forte progresso nas mais diversas esferas do conhecimento, assim como o reforço de suas próprias estruturas.

Sem grandes adversários, como a Guerrilha de Viriato, a fúria de Filipe V da Macedônia ou o habilidoso general cartaginês Aníbal Barca, Roma agora colhia os frutos das inúmeras guerras que disputou, sangrou e venceu.

Seu exército foi paulatinamente reformulado e melhor disposto geograficamente, sendo capaz de proteger bem as suas fronteiras de qualquer adversário que surgisse eventualmente.

As ameaças bárbaras estavam contidas e alguns poucos tumultos locais foram rapidamente controlados. Roma era temida e todos os seus vizinhos sabiam que se tratava de adversário mortal. Mesmo que derrotada em alguma guerra, Roma voltaria, pois sempre encerrava seus assuntos.

No entanto, ocorreram algumas campanhas desastrosas como a sofrida contra os germânicos liderados por Armínio na Batalha na Floresta de Teutoburgo em 9 d.C., onde três legiões foram completamente arrasadas, causando um desconforto gigantesco no império (que se vingaria anos depois assassinando Armínio).

Batalha de Teutoburgo durante o Império romano
Pântano, tempestade torrencial, árvores derrubadas, gritos, deserções e um fulminante ataque surpresa iniciado com lanças e flechas. Uma emboscada… E assim três legiões romanas foram completamente arrasadas na Batalha da Floresta de Teutoburgo (Alemanha), destruindo de vez qualquer pretensão de conquista do Império Romano sobre a Germânia. Créditos: Batalha de Teutoburgo, de Paja Jovanovic.

4. PRINCIPADO X DOMINATO

Antes de abordar as diferenças, faz-se importante entender que, na prática, um instituto se apresenta como a evolução do outro, sendo primeiro o momento o do principado e posteriormente do dominato.

O Principado foi inaugurado com o primeiro imperador de Roma, Otávio, que, 27 em a.C., em além de Augusto, tornou-se também o príncipe (primeiro cidadão de Roma).

Sua natureza jurídica é imprecisa, mas havia um respeito maior pelas instituições existentes e algum caráter que camuflava o real poder do imperador.

O principado durou aproximadamente até o ano de 285 d.C., quando o imperador Diocleciano assumiu de vez as rédeas do poder e tirou o manto que escondia o seu grande poder, vestindo o império sob o dominato até o ano de 476.

Dessa forma, o período do dominato (senhor; governante absoluto) ficaria caracterizado pelo caráter absolutista, onde o imperador se assemelhava a um deus em terra.

O período entre 235 e 285 é caracterizado por graves conflitos internos, tendo Roma dezenas de imperadores e quase todos morrendo de causas não naturais (assassinados).

Otaviano primeiro imperador romano
Otaviano agora como Augusto, o primeiro imperador oficial de Roma (Júlio César já era na prática). Créditos: autoria desconhecida / Museus Vaticanos.

5. DIVISÃO DO IMPÉRIO ROMANO

Os séculos I e II do novo milênio, como já vistos, foram de relativa estabilidade econômica, boa produção artística, desenvolvimento militar e crescimento do comércio.

Entretanto, a partir do século III se iniciou uma crise de comando e financeira que levaria à desagregação da unidade romana e uma lenta e dolorosa decadência do próprio império.

Povos bárbaros também começaram a se agitar nas fronteiras e testavam as habilidades dos romanos que cada vez mais tinham o poder centralizado nas mãos de uma só pessoa, o imperador.

Este ponto (invasões bárbaras) será abordado mais a frente, no capítulo específico acerca da queda do Império de Roma. Ou, caso prefira uma matéria específica, basta acessar a nossa sobre as Invasões Bárbaras.

 5.1 Tetrarquia de Diocleciano

Administrar um império tão vasto com poder tão centralizado não era das tarefas mais fáceis. A corrupção, a vaidade e as disputas internas sugavam os cofres públicos e uma crise financeira estava definitivamente instaurada em meados do século III.

O imperador Diocleciano, que governou entre os anos de 284 e 305, tentando melhorar a administração imperial, visou implantar a tetrarquia por volta do ano 300, que seria, como o nome já diz, a divisão do império em 4 partes.

Contudo, a tetrarquia, pouco durou e o próprio Diocleciano teria abandonado a ideia, restando alguns vestígios.

Na prática, a divisão entre 4 “césares” poderia ter arruinado de uma vez o império, visto que a expressiva política de caráter militar (período do dominato) poderia levar a mais guerras civis, como as que derrubaram a república (e de fato ocorreriam novamente).

5.2 Conquistas de Constantino, o Grande

Proclamado imperador por suas legiões (sem a aprovação de Roma), Constantino I deu início a reunificação total do império, acabando com os vestígios da tetrarquia após vencer os imperadores Magêncio e Licínio.

Constantino também lutou contra diversos povos germânicos, como os alamanos, francos e visigodos, vencendo todos.

Em 330 fundou a cidade de Constantinopla (atual Istambul) a partir de uma pequena e antiga cidade grega chamada Bizâncio, que viria a se tornar a capital do império romano até o ano de 395.

A cidade de Constantinopla se recebeu uma série de investimentos e se tornou mais próspera e rica que Roma, além de ser incrivelmente mais fácil de ser defendida atrás de suas incríveis muralhas.

Muralhas estas, aliás, que por volta de 410 receberiam uma segunda linha de fortificações com o imperador Teodósio II, fazendo de Constantinopla uma cidade praticamente blindada aos recursos bélicos da época (e mesmo da Idade Média e boa parte da Idade Moderna por sua facilidade de defesa).

Constantinopla também representava um ponto estratégico que ligava a Europa Continental à Ásia Menor e sobreviveria por mais mil após a queda do Império Romano do Ocidente, fato consumado oficialmente em 476.

Muralha de Constantinopla do Império Romano
Pequeno trecho da incrível Muralha de Constantinopla restaurada. Por mais de um milênio dezenas de exércitos tentaram tomar a cidade antes que finalmente caísse diante do poderio turco otomano em plena ascensão. Créditos: Bigdaddy1204

5.3 Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente

Cerca de um século após a tentativa da tetrarquia, em 395, o imperador Teodósio I, também conhecido como Teodósio, o Grande, dividiu formalmente o vasto Império Romano em duas porções, ficando uma conhecida como Império Romano do Ocidente e a outra como Império Romano do Oriente.

O império do Ocidente voltou a ser sediado em Roma e a capital da porção oriental ficou na magnífica Constantinopla, que também seria chamada de Bizâncio (antigo nome dado pelos gregos, por isso o termo Império Bizantino).

Assim, Teodósio I (o Grande) ficou conhecido como o último imperador a governar Roma em sua completude.

Divisão do Império Romano mapa
Mapa da dividão do Império Romano em 395 depois de Cristo. Créditos: Geuiwogbil / Wikimedia Commons.

6. SOCIEDADE NO IMPÉRIO ROMANO

A sociedade do império romano, apesar da gigantesca diversidade de todos os povos que estavam sob seu jugo, mostrava-se de alguma forma estranhamente coesa.

Roma, de fato, era uma cidade cosmopolita e assim abrigava pessoas de todos os cantos do império (e de fora também).

Espaços públicos, como anfiteatros e fóruns, eram construídos em todos os redutos do império para facilitar a aproximação do povo. Isso garantia um certo bem-estar na integração às leis de Roma, principalmente quando recente a “união”.

A mobilidade social é algo confuso de se entender, mas era possível. Por exemplo, que um escravo poderia ter mais posses que um cidadão livre ou mesmo um comerciante poderia ter, até certo ponto, poder a conseguir se aproximar dos senadores.

Assim, havia menor rigidez na hierarquia social, possibilitando a ascensão ou queda na hierarquia da sociedade romana.

O próprio imperador Diocleciano, por exemplo, seria filho de um escriba ex-escravo (ou escravo liberto) que foi elevado ao título imperador no final do século III pelo exército romano (na prática, cada vez mais o exército colocava e assassinava os imperadores).

O traço mais marcante da sociedade do império romano residia no fato de ter cidadãos e os livres e não livres. Como a sociedade era caracterizada pela já mencionada mobilidade social, podendo um escravo se tornar livre e um não cidadão se tornar um cidadão.

mosaico de escravos romanos
Os escravos romanos eram utilizados nas mais diferentes tarefas, inclusive no próprio exército romano. Créditos: Pascal Radigue / Mosaico do século II, de Dougga, no Museu Nacional do Bardo, na Tunísia.

7. ECONOMIA NO IMPÉRIO ROMANO

Durante a Pax Romana, a economia do império cresceu bastante, tendo destaque o comércio que passou a trazer bens de todos os cantos do império à sua capital, Roma.

Além de escravos e pilhagens feitas a partir da guerra, Roma recebia enormes quantidades de tributos de povos conquistados ou mesmo “vassalos”, assim como a extração de recursos naturais dessas províncias.

A partir do século III as coisas começaram a mudar: as contas públicas se encontravam no vermelho e a moeda desvalorizada provocava alta nos preços e as consequentes revoltas populares.

O imperador Diocleciano (o mesmo da tetrarquia) investiu o Edito Máximo em 301 d.C., onde buscou organizar as casas de cunhagem (“casas da moeda”) e estipulou limites nos valores de venda sob risco de pena de morte.

8. RELIGIÃO NO IMPÉRIO ROMANO: PAGANISMO E CRISTIANIZAÇÃO DO IMPÉRIO

A propagação da fé dos hebreus é um dos fenômenos mais curiosos e interessantes, visto que nunca havia sido criado um reino ou algo parecido forte o suficiente para não ser conquistado por povos vizinhos.

De acordo com o professor Funari:

Os apóstolos iniciaram a propagação da boa nova, o que foi ganhando adeptos de toda ordem.
O mais notório dos casos teria sido a conversão de Saul, um fariseu da cidade de Tarso, que passou de perseguidor a grande propagador dos ensinamentos de Cristo, com o nome romano de Paulo”. (GONÇALVES, apud: FUNARI, 2020, s/p)

8.1 Por que os romanos perseguiram os cristãos?

Sem dúvida o Cristianismo tem sua história inicial intimamente entrelaçada com a do Império Romano, que perseguiu os seguidores de Jesus de Nazaré, mesmo com o número crescente dos mesmos.

Provavelmente o maior problema da questão e que tenha dado origem à perseguição decorra do fato do monoteísmo cristão, que além de negar todos os demais deuses, também negava o caráter divino dos Augustos (os imperadores romanos).

Em um exemplo bem claro: os romanos eram bem abertos a novos deuses e deusas, que por vezes eram incluídos no seu próprio panteão divino. Não fazia muita diferença ter um ou outro deus a mais ou a menos. Era algo extremamente comum à época.

Contudo, o Cristianismo pregava a crença em um único Deus e isso, para as demais religiões, era uma considerada uma afronta, principalmente aos romanos que cultuavam seu imperador ainda em vida — coisa que os cristãos se negavam a fazer e, basicamente por isso, os séculos de perseguição.

Cristo crucificado pelo Império Romano
Mãe chorando ao ver o Filho crucificado… Jesus na cruz. Créditos: James Tissot.

8.2 Édito de Milão: fim do paganismo

 Em 313 d.C., o imperador Constantino I decretou o Édito de Milão, onde as práticas religiosas, incluindo a cristã, tornavam-se livres. Contudo, o então paganismo romano acabou sendo reduzido e Constantino dedicou grandes somas de capital ao fortalecimento de templos cristãos (católicos).

É importante ressaltar que o termo paganismo é uma acepção moderna (não se falava assim na Idade Antiga). Antigamente a diversidade de deuses e deusas era algo completamente comum.

Constantino, a fim de fortalecer o Cristianismo como religião oficial (Catolicismo), teria se convertido pouco antes de sua morte em 337. Entretanto, não se mudava algo tão importante e sagrado do de um momento para o outro.

8.3 Édito de Tessalônica

Ainda havia bastante resistência e algumas revoltas por grande parte da população em negar seus deuses antigos e aceitar um novo Deus, que era “incentivado” pelo Estado.

Um dos que tentaram reverter a situação foi o imperador Juliano, sendo o último imperador pagão e ficando conhecido como apóstata. Juliano tentou, mas sua vontade acabou suprimida de vez por todas por Teodósio I posteriormente.

Com o Édito de Tessalônica, decretado por Teodósio I em 27 de fevereiro de 380 d.C., o Cristianismo teve sua maior vitória dentro das fronteiras romanas, pois agora era a religião oficial do Estado.

9. CULTURA NO IMPÉRIO ROMANO

Estudos mais recentes têm atenuado o que seria a opressão romana para com os povos conquistados. Na verdade, parece ter ocorrido um grande intercâmbio de ideias e uma frenética assimilação entre todos os povos que vieram a estar sobre o domínio romano.

Roma parecia tanto aprender quanto compartilhar, exceto por algumas questões, como o culto ao imperador que deveria ser extremamente respeitado (o título de Augusto conferia uma natureza divina).

Literatura, pintura, Direito, arquitetura, música etc., Roma conservou e produziu muito, principalmente a cada nova assimilação de povos.

Diversas línguas têm influência do latim, como a francesa, italiana e o próprio português.

10. QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO

10.1 Fatores Internos da queda de Roma

Crises econômicas e agrárias, declínio no comércio, fim das expansões militares, rivalidade entre generais beligerantes.

Roma, criada como uma máquina de guerra, havia parado de se expandir ainda durante a Pax Romana. Sem guerras nem anexações novas, Roma deixou de receber as pilhagens, novos tributos e principalmente novas terras para seus generais que as dividiam entre os legionários romanos.

A mão de obra escrava, que alicerçou a expansão romana desde a república, teve um peso fundamental de modo que a economia começou a encolher, já que poucas pessoas eram incapazes de prover tamanho império.

Povos germânicos, como os visigodos, fizeram acordo com Roma e tiveram permissão para entrar no império. Contudo, seus nobres exigiam cargos de magistratura (“funcionários públicos”) e terras para cultivar em troca do fornecimento de tropas auxiliares e segurança à Roma.

Tratados com extremo desdém, os soberbos romanos não haviam percebido ainda que tinham aberto a porta para os próprios vencedores do seu império.

Roma muito prometia, mas pouco cumpria aos bárbaros e nos séculos finais a sua proteção, as suas forças armadas, as suas tão elogiadas legiões, já se confundiam com as “tropas bárbaras”. O tempo do melhor exército da Idade Antiga havia chegado ao fim.

invasões bárbaras no império romano
As migrações e conquistas dos povos bárbaros durante as chamadas Invasões Bárbaras, que dilaceraram o antigo e glorioso Império de Roma. Créditos: Voelkerwanderungkarte.png / Wikimedia Commons.

10.2 Fatores Externos da queda de Roma

Sem dúvida o principal fator externo provinha dos chamados “bárbaros”, principalmente os germânicos que compuseram um fabuloso obstáculo ao crescimento de Roma naquela direção.

No século III, os numerosos Godos (Visigodos e Ostrogodos) começaram a migrar em direção às fronteiras do império, o que acabou empurrando outros povos germânicos menores a encontrar novos destinos e as frágeis fronteiras romanas lhes eram bem atraentes.

Com a chegada dos hunos liderados por Átila, os povos germânicos se espalharam ainda mais, ficando uns ficando do lado romano e outros do lado dos velozes hunos.

De uma forma geral, a ameaça huna foi breve apesar de destacada e influente, diferentemente dos germânicos que ora faziam acordos ora faziam Roma sangrar.

invasões bárbaras os hunos
O exército huno, típico das Estepes Asiáticas, era extremamente veloz e cruel com os adversários que se opunham às suas exigências. Créditos: autoria desconhecida.

10.3 Marco da queda do Império Romano do Ocidente

Em 476, o rei germânico dos hérulos, Odoacro, depôs o último imperador ocidental, Rômulo Augusto (ironicamente, o nome do histórico fundador de Roma que também foi chamado de Rômulo, de Remo e Rômulo).

Rapidamente os antigos domínios romanos foram dominados por diversos povos germânicos, que se espalharam não só na Europa como no norte de África também.

No Oriente, contudo, permanecia vivo e forte o Império Romano do Oriente que, aceitando a queda do seu equivalente ocidental, duraria cerca de mil anos a mais (até o ano de 1453 quando os turcos otomanos conquistaram Constantinopla).

queda do império romano
A queda de Roma, a cidade que parecia imbatível, representou um período de grandes mudanças de fronteiras na Europa e no Norte da África. Das cinzas do império romano nasceriam os Estados Modernos, sendo muito mais do que a chamada Idade das Trevas, que é um termo que cada vez mais é rechaçado pelos estudiosos. Créditos: O Curso do Império – A Destruição, de Thomas Cole.

11. LEGADO DO IMPÉRIO ROMANO

O legado de Roma é gigantesco e pode ser visto nas mais diferentes esferas do saber. O próprio conhecimento grego foi preservado e por vezes aperfeiçoado em Roma.

O Império Bizantino, antigo Império Romano do Oriente, continuou a tradição, aperfeiçoando e difundindo ainda mais as contribuições greco-romanas.

Pode-se afirmar sem medo que o Império Romano é um dos maiores responsáveis, talvez o maior, pela formação do mundo Ocidental da forma que o conhecemos.

A queda do Império Romano do Ocidente não significou, de modo algum, a extinção do patrimônio cultural de Roma, construído durante tantos séculos e difundido com pertinácia e sabedoria através do Mundo Mediterrâneo.

Apesar dos bárbaros, Roma continuou a estar presente nos longos séculos da Idade Média Ocidental e Oriental, no Tempos Modernos, e bem viva e influente, na Idade Contemporânea. (GIORDANI, 1965, p. 388)

Roma, seja monarquia seja república seja império, continua pop e isso é facilmente verificado nos cinemas e na literatura.
Você certamente já utilizou algo hoje em sua casa, que ou foi criado ou preservado e retransmitido pelos romanos.


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REFERÊNCIA(S):

BEARD, Mary. SPQR: uma história de Roma Antiga. trad. Luis Reyes Gil. São Paulo: Planeta, 2017.
CAWTHORNE, Nigel. As Maiores Batalhas da História: Estratégias e Táticas de Guerra que Definiram a História de Países e Povos. trad. Glauco Peres Dama. São Paulo: M. Books, 2010.
CUMMINS, Joseph. As Maiores Guerras da História. trad. Vania Cury. Rio de Janeiro: Ediouro, 2012.
GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: Conflitos Mundiais Através do Tempo. trad. Roger dos Santos. São Paulo: M. Books, 2005.
GIORDANI, Mário Curtis. Antiguidade Clássica II: História de Roma. Petrópolis: Vozes, 1965.
GIORDANI, Mário Curtis. História dos Reinos Bárbaros I. Petrópolis: Vozes, 1993.
GOLDSWORTHY, Adrian. Em nome de Roma: conquistadores que formaram o Império Romano. trad. Claudio Blanc. São Paulo: Planeta do Brasil, 2016.
KULIKOWSKI, Michael. Guerras Góticas de Roma. trad. Glauco Micsik Roberti. São Paulo Madras, 2008. https://amzn.to/2GcPt3C
MACEDO, José Rivair. Conquistas Bárbaras. In.: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2011.
WOOLF, Alex. Uma nova história do mundo. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2014.
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Eudes Bezerra

37 anos, recifense, graduado em Direito e História. Diligencia pesquisas especialmente sobre Antiguidade, História Militar, Crime Organizado e Sistema Penitenciário. Gosta de ler, escrever, planejar e executar o que planeja.

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